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Teoria de ideologia

No documento MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL (páginas 43-53)

1 TEORIAS E MÉTODO

1.2 Teoria de ideologia

Neste tópico, será apresentado um resumo da teoria de ideologia proposta por John B. Thompson (2009) em seu livro Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Thompson (2009) propõe uma

definição crítica do termo ideologia, a qual vem sendo utilizada nas pesquisas do NEGRI que tratam da articulação do fenômeno ideológico e a construção social da

infância. Assim, esta dissertação adota o sentido crítico de ideologia. Para o autor, o estudo da ideologia está primordialmente interessado no entrecruzamento das formas simbólicas com relações de poder, ou seja, nas maneiras como o sentido pode construir e sustentar relações de dominação.

Dois termos, nessa conceituação, merecem destaque: relações de dominação e formas simbólicas. Para Thompson (2009), poder e dominação não são sinônimos: poder é entendido como a capacidade conferida aos sujeitos, social ou institucionalmente, para tomarem decisões, alcançarem seus objetivos e de agirem de acordo com seus interesses. Relações de dominação, por seu lado, são relações de poder sistematicamente assimétricas, ou seja, o poder de grupos de atores sociais torna-se permanente e inacessível a outros grupos de atores sociais. A seguir, vejamos como o autor procedeu para chegar a sua concepção de ideologia.

Thompson (2009), a partir da análise que faz sobre o legado histórico dos sentidos atribuídos ao conceito de ideologia, parte da distinção entre concepções neutras e críticas. As primeiras são as que conceituam os fenômenos ideológicos como um conjunto de ideias, valores, crenças, como cimento social. Em português, o termo poderia, facilmente, ser substituído por ideário, conjunto de ideias. Por seu lado, as acepções críticas conceituam ideologia de forma negativa, pejorativa:

(...) implicam que o fenômeno caracterizado como ideologia – ou como ideológico – é enganador, ilusório ou parcial; e a própria caracterização de fenômenos como ideologia carrega consigo um criticismo implícito ou a própria condenação dos fenômenos (THOMPSON, 2009, p.73).

A criação do termo ideologia ocorreu em 1776, na França. Seu autor, Destutt de Tracy, conceituou-o de modo neutro, em seu sentido literal, de “ciência das idéias”. Para de Tracy, essa ciência possibilitaria a compreensão da natureza humana e, com isso, levaria à reestruturação da ordem social e política de acordo com os interesses humanos (THOMPSON, 2009).

Na recuperação do percurso histórico, Thompson (2009) assinala que Napoleão Bonaparte, apropriou-se do termo ideologia em 1800, alterando seu sentido inicial, atribuindo-lhe conotação pejorativa. A “ideologia” tornou-se, então, uma teoria entre outras, deixando de se referir a uma ciência das ideias para se referir às ideias mesmas.

A ideologia como ciência positiva e eminente, digna do mais alto respeito, gradualmente deu lugar a uma ideologia como idéias abstratas e ilusórias, digna apenas de ridicularização e desprezo. Uma das oposições básicas que caracterizaram a história do conceito de ideologia – aquela entre um sentido positivo e neutro de um lado, e de um sentido negativo e crítico de outro (...) (THOMPSON, 2009, p. 48).

Na sequência de reconstrução da história do conceito, Thompson (2009) analisa as concepções de Marx, autor que também atribuiu sentido negativo ao termo. Suas contribuições são centrais na história do conceito de ideologia e, em sua obra, estudiosos como Thompson (2009) identificam concepções que se sobrepõem umas às outras e que se relacionam de formas distintas com os diferentes movimentos de seu pensamento. As concepções de Marx, identificadas por Thompson (2009), constituem o arcabouço da conceituação proposta por esse último autor e que orientou esta pesquisa.

Uma primeira conceituação, identificada por Thompson (2009) na obra de Marx, é a que denomina de “concepção polêmica de ideologia”: “(...) uma doutrina teórica e uma atividade que olha erroneamente as idéias como autônomas e eficazes e que não consegue compreender as condições reais e as características da vida sócio-histórica” (p. 51). Para Thompson (2009), em A Ideologia alemã

(1845), Marx e Engels tecem críticas aos jovens hegelianos, cujos estudos opunham ideias a ideias, sem, contudo, promoverem mudanças no mundo real e sem perceberem a conexão existente entre as ideias e as condições sócio-históricas alemãs.

No decorrer dos escritos de Marx, Thompson (2009) identifica outra

conceituação de ideologia, que denomina de “concepção epifenomênica”10: “(...) um

sistema de ideias que expressa os interesses da classe dominante, mas que representa relações de classe de uma forma ilusória” (p. 54). Para Thompson (2009), Marx buscou construir uma conceituação que possibilitasse a caracterização, de forma mais geral, da estrutura social, não se limitando apenas à crítica aos jovens hegelianos.

10 Essa concepção pode ser identificada mais claramente no prefácio, de autoria de Marx, no livro de Marx e Engels Uma contribuição à crítica da economia política, do ano de 1968, citado por Thompson

Thompson (2009) capta, ainda, uma terceira concepção de ideologia menos explícita que as anteriores, mais evidente no texto de Marx Dezoito Brumário de Luís Bonaparte de 1851: uma “concepção latente”.

(...) um sistema de representações que servem para sustentar relações existentes de dominação de classes através da orientação das pessoas para o passado em vez de para o futuro, ou para imagens e ideais que escondem as relações de classe e desviam da busca coletiva de mudança social (THOMPSON, 2009, p. 58).

Nos estudos subsequentes do marxismo − como em disciplinas das Ciências

Sociais − Thompson (2009) assinala que ocorreu uma tendência para a

neutralização do conceito.

No marxismo, essa neutralização resultou de uma tentativa de generalização implícita dos usos conceituais da “concepção epifenômenica” de ideologia, generalização que fazia parte da elaboração de estratégias de luta de classe. Isto é, para essa corrente marxista, “(...) ‘ideologia’ se refere às ideias que expressam e promovem os respectivos interesses das principais classes engajadas no conflito” (THOMPSON, 2009, p. 64). De acordo com Thompson (2009), essas formulações implicam na neutralização implícita do conceito de ideologia por eliminarem o “aspecto assimétrico” da “concepção epifenomênica” de Marx. Lenin figura entre os autores assinalados por Thompson (2009) que adotaram essa perspectiva, neutralizando o conceito.

Fora do contexto de estudos marxistas, Mannheim (1936, apud THOMPSON, 2009) apresenta a primeira elaboração sistemática de uma definição neutra do conceito, conforme apontado por Thompson (2009). O objetivo desse estudioso foi transformar a ideologia em uma Sociologia do Conhecimento, cuja definição se referia ao sistema de idéias e pensamentos situados em contextos sociais compartilhados pelas pessoas. Seu estudo buscou analisar as formas como esse conjunto de idéias e pensamentos é influenciado social e historicamente. Mannheim denominou essa definição de “formulação geral”, a qual implica em uma análise ideológica que deixa de ser uma arma no campo intelectual, para se constituir como método de pesquisa da Sociologia do Conhecimento (THOMPSON, 2009).

Na obra de Mannheim, Thompson (2009) identifica, ainda, a “formulação restrita” do conceito de ideologia: “(...) idéias discordantes da realidade e não concretizáveis na prática” (THOMPSON, 2009, p. 69). Essa concepção mantém a negatividade, mas não faz menção ao fenômeno da dominação.

A partir da reconstrução crítica da trajetória do conceito nos últimos séculos no ocidente, Thompson (2009) sintetiza os pontos cruciais das concepções que apropria para construir sua própria definição de ideologia. Para tanto, Thompson (2009), alerta quanto a um perigo a ser evitado: é a neutralização do conceito, identificada nas definições propostas por Destutt de Tracy, Mannheim na “formulação geral” e alguns marxistas como Lenin. Portanto, Thompson (2009) adota uma concepção crítica que pode oferecer uma base para o estudo da ideologia com um enfoque na análise concreta de fenômenos sócio-históricos relacionados ao poder.

A “concepção latente” de Marx é um marco importante para a reformulação do conceito proposta por Thompson (2009), pois considera a participação das formas simbólicas na sustentação de relações sociais, não somente determinadas e totalmente explicadas pelas condições econômicas de produção. Porém, para Thompson (2009), se reconhece a capacidade constitutiva da realidade social por parte do sentido mobilizado pelas formas simbólicas. Ela desconsidera o fato de as formas simbólicas estarem ativamente envolvidas na criação e manutenção das relações entre grupos e pessoas.

Duas outras divergências são estabelecidas por Thompson (2009) em sua definição de ideologia frente à marxiana: a primeira delas é que, para Thompson (2009), formas simbólicas não são necessariamente errôneas e ilusórias para serem ideológicas. Esse seria, para o autor, apenas um dos modos de operação da ideologia e não o único, como será visto adiante.

A outra divergência é que, enquanto na proposta marxiana as relações de dominação são sustentadas por relações de classe, para Thompson (2009), as relações de classe constituem apenas um dos eixos de desigualdade social, que pode ser estruturada, também, em torno de relações de gênero, de raça, de Estado- nação e de idade. Em Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa, Thompson (2009) menciona, então, as relações

(...) parece-me fundamental reconhecer que existem relações de poder sistematicamente assimétricas que estão baseadas em fatores diferentes dos de classe – que estão baseadas, por exemplo, em fatores de sexo, idade, origem étnica – e parece- me essencial ampliar o marco referencial para a análise da ideologia para dar conta desses fatores (p.127).

Seguindo o conjunto de análises e argumentos aqui resumidos, Thompson (2009) propõe sua conceituação de ideologia, como as maneiras pelas quais

(...) o sentido, mobilizado pelas formas simbólicas, serve para estabelecer e sustentar relações de dominação: estabelecer, querendo significar que o sentido pode criar ativamente e instituir relações de dominação; sustentar, querendo significar que o sentido pode servir para manter e reproduzir relações de dominação através de um contínuo processo de produção e recepção de formas simbólicas (THOMPSON, 2009, p. 79).

Formas simbólicas são entendidas como um amplo conjunto de ações, falas, imagens, textos, expressões lingüísticas faladas ou escritas, sendo elas e os sentidos por elas mobilizados, constitutivos da realidade social (THOMPSON, 2009).

Nas Ciências Humanas e Sociais, formas simbólicas têm sido estudadas a partir do conceito de cultura. São considerados importantes os estudos de fenômenos culturais, pois a vida se constitui de elementos materiais como também de ações e expressões significativas (símbolos, textos) de sujeitos que produzem, circulam e recebem essas formas simbólicas em contextos determinados (THOMPSON, 2009).

Thompson (2009) formula um conceito estrutural de cultura, o qual entende fenômenos culturais como formas simbólicas que são produzidas, circulam e são recebidas dentro e por meio de contextos sócio-históricos estruturados. Esse processo é marcado, nas sociedades ocidentais modernas, pela midiação da cultura: a emergência e o desenvolvimento da comunicação de massa geraram e foram geradas por transformações profundas na sociedade e, consequentemente, na produção, circulação e recepção das formas simbólicas. Nas sociedades modernas ocorre a crescente mercantilização e a transmissão de caráter global das formas simbólicas.

A expressão “estrutura social” é utilizada por Thompson (2009) para se referir às assimetrias relativamente estáveis que caracterizam os contextos sócio-históricos de interação entre sujeitos e instituições sociais. Essas assimetrias se configuram em função da distribuição do acesso ao poder e às oportunidades sociais. Por essa razão, a análise da estrutura social deve se engajar na identificação dessas assimetrias e de suas categorias e de seus princípios subjacentes.

(...) a produção de formas simbólicas envolve o uso dos recursos disponíveis e a implementação de regras e esquemas de vários tipos por um ou mais indivíduos situados em determinada posição ou posições dentro de um campo ou instituição. Um indivíduo emprega recursos, baseia-se em regras e implementa esquemas com o objetivo de produzir formas simbólicas para um receptor particular ou para um conjunto deles, e a expectativa de recepção de tais formas faz parte das condições de sua produção (THOMPSON, 2009, p. 200-201).

Assim como a produção das formas simbólicas, sua recepção e circulação também ocorrem em contextos sócio-históricos específicos:

Tais formas [simbólicas] são recebidas por indivíduos que estão situados em contextos sócio-históricos específicos, e as características sociais desses contextos moldam as maneiras pelas quais as formas simbólicas são por eles recebidas, entendidas e valorizadas (THOMPSON, 2009, p. 201).

Contudo, esse processo de recepção das formas simbólicas não ocorre de forma passiva. Os sujeitos interpretam e avaliam as formas simbólicas de forma ativa e criativa, produzindo significados no próprio processo de recepção. Ao utilizarem recursos, regras e esquemas disponíveis no contexto social específico, os sujeitos interpretam os conteúdos das formas simbólicas de acordo com a posição que ocupam social ou institucionalmente (THOMPSON, 2009). Assim, o processo de reprodução social se constitui como particularmente importante para a análise da ideologia, pois seu estudo está interessado nas maneiras pelas quais as formas simbólicas mobilizam significados que servem para manter e reproduzir relações de poder sistematicamente assimétricas (THOMPSON, 2009).

Esta interdependência entre ideologia, sentido e contexto sócio-histórico leva à conclusão que fenômenos simbólicos não são ideológicos em si: somente o são

quando servem em circunstâncias particulares, para criar e manter relações de dominação. Portanto, para analisar a ideologia, é imprescindível situar o contexto sócio-histórico dos fenômenos simbólicos, os quais podem ser estruturados por relações de dominação, por desigualdades no acesso a recursos e oportunidades ou, ainda, pelas maneiras como aspectos simbólicos da vida social são produzidos, transmitidos e recebidos (THOMPSON, 2009).

Em relação aos modos de operação, Thompson (2009) apresenta algumas possibilidades de operação da ideologia e como elas podem estar, tipicamente, associadas a estratégias de construção simbólica, em contextos particulares. É necessário, porém, lembrar que esses modos de construção simbólica apresentados não são os únicos modos de operação da ideologia e não necessariamente aparecem de forma isolada. Ao contrário, podem sobrepor-se e reforçar-se (ver quadro 3).

Quadro 3 - Modos de Operação da Ideologia

Fonte: THOMPSON (2009, p. 81).

Descreveremos, resumidamente, cada um desses modos de operação da ideologia.

Legitimação: relações de dominação são representadas como justas e dignas de apoio. Ela pode se expressar via estratégias típicas, tais como:

Modos gerais de operação Algumas estratégias típicas de construção simbólica

Racionalização Universalização Narrativização Deslocamento Eufemização

Tropo (sinédoque, metonímia, metáfora) Estandardização Simbolização da unidade Diferenciação Expurgo do outro Naturalização Eternalização Nominalização/passivização Legitimação Dissimulação Unificação Fragmentação Reificação

• racionalização: construção, na forma simbólica, de uma cadeia de raciocínios que defendem e justificam um conjunto de relações assimétricas, entre pessoas e instituições sociais, como dignas de apoio;

• universalização: acordos institucionais de interesse de alguns indivíduos são apresentados, nas formas simbólicas, como servindo ao interesse de todos “(...) esses acordos são vistos como estando abertos, em princípio, a qualquer um que tenha a habilidade e a tendência de ser neles bem sucedido” (THOMPSON, 2009, p. 83);

• narrativização: relações de dominação podem ser estabelecidas e mantidas por formas simbólicas que tratam o presente como uma tradição eterna e aceitável. Dissimulação: relações de dominação são estabelecidas e mantidas por serem ocultadas, obscurecidas ou negadas, nas formas simbólicas, desconsiderando interações existentes entre sujeitos e fenômenos sociais, desviando a atenção de seus pormenores. Dentre elas, o autor sugere as estratégias:

• deslocamento: um termo usado, em formas simbólicas, para definir determinados objetos ou pessoas, é transposto a outros, e, dessa forma, as características positivas ou negativas referendadas pelo termo também são transpostas;

• eufemização: formas simbólicas que descrevem e redescrevem ações, instituições ou relações sociais de modo que desperte uma valoração positiva;

• tropo: uso figurativo da linguagem, nas formas simbólicas, formado por um grupo de

estratégias discursivas dentre as quais Thompson (2009) destaca a metonímia, a sinédoque e a metáfora.

Unificação: relações de dominação podem ser estabelecidas e sustentadas pela construção, nas formas simbólicas, de uma unidade entre sujeitos, como uma identidade coletiva, sem relevar suas idiossincrasias. As estratégias apresentadas são:

• padronização: adaptação das formas simbólicas a um referencial padrão que é apresentado como aspecto partilhado e aceitável de troca simbólica;

• simbolização da unidade: formas simbólicas representam símbolos de unidade, de identidade e identificação coletiva, difundidos por uma ou mais instâncias grupais e apresentam os sujeitos como pertencentes a um conjunto mais amplo de pessoas.

Fragmentação: relações de dominação são estabelecidas e sustentadas pela apresentação, nas formas simbólicas, de modo segmentado, ou projetando-os como

maus, perigosos e ameaçadores, de tal maneira que possam se caracterizar como ameaça aos grupos dominantes. Suas estratégias habituais seriam:

• diferenciação: formas simbólicas enfatizam os aspectos que diferenciam e separam

as pessoas e os grupos, impedindo-os de se constituírem como participantes efetivos no poder;

• expurgo do outro: formas simbólicas expressam a construção de um inimigo,

retratado como mau, perigoso, contra o qual as pessoas são chamadas a resistir coletivamente, expurgando-o;

• estigmatização é um tipo específico de diferenciação e expurgo do outro por meio do

qual as formas simbólicas apresentam os sujeitos ou grupos enfatizando alguma deficiência ou alteração física, moral e social, desapropriando o indivíduo ou grupo do exercício de sua humanidade. Pode ser expressa pela argumentação dramática que sobrevalorize aspectos discriminatórios, que descreva os sujeitos como subumanos, sem autonomia e carentes de salvação (ANDRADE, 2001).

Reificação: uma forma de estabelecer e sustentar relações de dominação por meio da representação, nas formas simbólicas, de situações históricas e transitórias como naturais e atemporais, ou seja, não são considerados os processos sociais e históricos dos fenômenos sociais. As estratégias arroladas por Thompson (2009) foram:

• naturalização: elementos de caráter sócio-histórico são expressos em formas

simbólicas como inevitáveis, naturais;

• eternalização: formas simbólicas apresentam fenômenos sócio-históricos

esvaziando-os de seu caráter histórico, os fenômenos são cristalizados, descritos como eternos, imutáveis e recorrentes. São tomados como costumes, tradições sociais e sua existência e manutenção são inquestionáveis;

• nominalização/passivização: fenômenos sociais são descritos, nas formas

simbólicas, por nomes que apagam as ações e atores e delimitam processos e acontecimentos como objetos. Considera-se a estratégia de passivização quando o relato é construído por meio da voz passiva. Nestes casos, a construção simbólica desvia a atenção dos indivíduos para alguns temas com prejuízo de outros, eliminando a referência aos atores e aos contextos espaciais e temporais específicos.

A síntese do aporte teórico de Thompson (2009) a esta pesquisa não estaria completa sem uma referência ao método. Com efeito, para Thompson (2009), as discussões teóricas geram implicações metodológicas para a realização de pesquisas sobre ideologia. Assim, propõe para a análise das formas simbólicas um referencial metodológico geral que descreveu como hermenêutica de profundidade, a qual será sintetizada na próxima seção deste capítulo.

No documento MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL (páginas 43-53)

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