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Teorias feministas

Existem algumas correntes associadas ao feminismo que continuam a ser discutidas: o feminismo socialista, o feminismo radical, o feminismo liberal, o feminismo cultural e ainda o feminismo pós-estruturalista. Apesar de todas as teorias pretenderem provocar mudanças na forma de pensar o mundo social, cada uma tem uma focalização específica relativamente à importância das diferenças sexuais, à sua natureza e origens. A crítica aos modelos dominantes faz parte do discurso comum.

O feminismo socialista

O feminismo socialista ou marxista-socialista é uma tendência particularmente importante na Europa Ocidental. O seu pressuposto base é que o estatuto das mulheres e a sua posição em relação aos homens no mundo social são consequências do capitalismo e, em particular, da definição de família associada ao tipo de organização do trabalho. Este feminismo tem origem no socialismo dos séculos XIX e XX, estando as suas ideias ligadas ao marxismo, no sentido em que aplicam o pensamento relativo ao sistema económico e do trabalho à problemática do género. Nesta perspectiva (Nogueira, 2001: 147), o estatuto das mulheres é o resultado de um processo de dominação, comandado pela exploração capitalista, sendo, deste modo, central nesta teoria pôr termo ao capitalismo e à sua visão de família. Desta forma, associa-se a luta de sexos à luta de classes, sendo que, na proposta do comunismo duma sociedade plenamente igualitária, visualiza-se, a par da supressão das diferenças de classe, a supressão também de qualquer distinção de sexo.

Nesta perspectiva, os papéis de género não são vistos como causa das desigualdades, mas antes como resultado do sistema e é por isso mesmo que aqui se ataca o modelo tradicional das diferenças sexuais inscrito no sistema capitalista que o origina. Precisamente,

com a Revolução Industrial, é reforçado na concepção de família o papel do homem enquanto suporte económico familiar, alterando-se, assim, a organização do trabalho familiar no sentido duma clara distinção de papéis sexuais. Esta teoria feminista critica exactamente o modelo convencional dos estereótipos sexuais, em que ao homem é atribuído o papel “instrumental”, associado à esfera pública e à mulher o papel “expressivo”, associado à esfera privada.

Na teoria feminista socialista, idealizam-se as relações entre os sexos como relações entre duas pessoas, homem e mulher, que são tidos como iguais em termos de competências e direitos. As oposições em termos dualísticos activo/passivo, público/privado, são vistas como “o resultado da cultura patriarcal que é sustentada por uma relação opressiva entre os sexos no domínio privado, e pela discriminação contra as mulheres no domínio público” (Nogueira, 2001: 148).

O feminismo radical

O feminismo radical desenvolveu-se a par do feminismo socialista, sugerindo que “para cada mulher se identificar como mulher, e ser identificada nos termos do grupo de mulheres, é necessária a exclusão do masculino da definição de self” (idem), pressupondo assim uma cultura feminina e, de alguma forma, a exclusão subjectiva da cultura masculina. Muitas feministas radicais, que assumem esta posição, evitam as relações heterossexuais com os homens, constituindo-se a identificação lésbica como um protesto político, evidenciando-se a sexualidade uma preocupação central. Segundo esta teoria, apenas criando uma cultura alternativa se pode criar uma alternativa e autêntica definição de feminilidade.

O feminismo liberal

Um terceiro modelo de feminismo é o feminismo liberal e está associado aos Estados Unidos da América e à Organização Nacional para Mulheres, fundada em 1963 por Betty Friedan, autora do livro The Feminine Mystique. Depois dessa data, esta teoria e prática feministas têm sido criticadas por todas as outras teorias feministas, na medida em que vêem naquelas um posicionamento reformista. A esta tendência feminista tanto aderem mulheres como homens, por acreditarem que os problemas da desigualdade de género podem ser solucionados por via da lei e de campanhas sensibilizadoras e firmes, de forma a modificar as atitudes discriminatórias. No fundo, procuram mudar a opinião pública, acreditando que as reformas progressivas levarão à completa igualdade entre as mulheres e os homens.

Apesar de não ser uma voz muito importante na teoria feminista, é a tendência mais conhecida e reconhecida pela opinião pública, sendo as suas opiniões apresentadas pela comunicação social e por alguns sectores políticos. Não obstante, é considerada elitista, na medida em que se preocupa apenas (dizem as críticas) com a entrada das mulheres em domínios “de sucesso”, no mundo que vêem definido pelos homens, baseando-se na crença que se pode mudar o sistema aumentando o número de mulheres em lugares tradicionalmente masculinos, em vez de combater o sistema social como um todo, originador da discriminação.

O feminismo cultural

Nesta teoria, as preocupações centram-se nos sistemas de significação cultural e, embora reconhecendo a importância das estruturas sociais (foco do feminismo socialista), argumenta-se que os problemas estruturais são mais profundos, uma vez que estão contidos na linguagem. Esta, neste contexto, cria o sentido, não sendo apenas o veículo através do qual as ideias são transmitidas. Desta forma, ao analisar o género ao nível da linguagem, estaria a aceder-se ao seu significado no pensamento social e cultural.

Para as feministas que se enquadram nesta tendência do feminismo, a diferença sexual surge da criação de significado cultural, bem como da reprodução desse significado através de formas de linguagem e de discurso. Estas feministas, como explicita Conceição Nogueira (2001: 151), “Assumem diferenças de género, mas consideram que o que é importante é como essas diferenças sexuais se vivem, não as diferenças por si próprias.”. A “essência” do género encontra-se, nesta perspectiva, nas relações de poder, uma vez que a cultura masculina controla a feminina. Questionando as concepções monolíticas universais, defende-se que as experiências das mulheres não se podem incluir nos esquemas dominantes masculinos.

O feminismo pós-estruturalista ou pós-moderno

Influenciadas pelo pós-modernismo e pós-estruturalismo, surgem novas formas de feminismo, baseando-se em preocupações relativas ao poder, à pluralidade e à diversidade (Evans, 1994; Nogueira, 2001; Scott, 1990); destaca-se a crítica do dualismo homem-mulher e da crença em “essências” femininas e masculinas, pressupostos das demais perspectivas feministas. No pós-estruturalismo, a subjectividade é conceptualizada de tal forma que põe em causa a possibilidade de um self (ou identidade) “essencial”, sendo pois antes socialmente construído (Saavedra, 2005: 29). Um traço fundamental do feminismo pós-estruturalista é a

ideia de desconstrução, nomeadamente, em torno das dicotomias igualdade-diferença e público-privado.

Teoria dos papéis

As teorias sociológicas sobre os chamados papéis que remontam a Talcott Parsons ajudaram a perceber como o desempenho social do indivíduo resulta dos comportamentos que interiorizou, no decurso do seu processo de socialização, em função das expectativas geradas no grupo e pelo grupo de pertença. A partir desta teoria, poderão tornar-se visíveis nas crianças algumas avaliações dos papéis do homem e da mulher, no que diz respeito, quer à vida familiar e doméstica, quer à profissional, portanto, à divisão sexual do trabalho; simultaneamente, processam-se uma assimilação e uma identificação com os respectivos papéis de género, em função do sexo biológico.

Frequentemente se fez corresponder ao campo emergente da sociologia do género uma sociologia dos papéis sexuais, expressão que foi abandonada devido ao facto de ignorar a variação situacional da afirmação dos papéis. No entanto, a teoria dos papéis revela-se importante, na medida em que ainda se podem reconhecer papéis sociais exclusivos ou largamente específicos de um sexo. Um exemplo de um tema amplamente estudado, no que respeita aos papéis femininos, é a conciliação entre a vida familiar e profissional, no fundo, entre os papéis domésticos e os de emprego. Os conflitos de papéis não se colocam para os homens enquanto as expectativas em torno dos papéis masculinos derem prioridade ao emprego relativamente aos cuidados de família. Para as mulheres, as definições culturais vão no sentido oposto, de tal forma que em caso de conflito de papéis, ainda é esperado por muitos sujeitos sociais que elas dêem prioridade à família.

A tese central desta teoria é então que as diferenças de género resultam dos papéis sociais de género que se assumem na vida adulta e baseiam-se nas expectativas partilhadas acerca das qualidades e comportamentos adequados para os indivíduos em função do seu género socialmente definido. Essa distinta distribuição em função dos géneros vai reflectir-se nas expectativas dos actores sociais acerca das características femininas e masculinas. Estamos como que perante um ciclo vicioso, uma vez que homens e mulheres não estão representados de forma equitativa em papéis sociais específicos, acabando por adquirir crenças e competências diferenciadas, que, por sua vez, afectam o seu comportamento social, ajudando a (re) definir e reforçar os respectivos papéis de género.

Algumas limitações desta teoria são a ausência dum questionamento acerca das origens dos papéis de género e, mesmo que se enfatize o processo de socialização na aprendizagem dos papéis, não se questiona o sistema social das relações de género.

Teoria da socialização - social learning theory

A teoria da socialização (ou da aprendizagem social) das crianças começou por assentar no conceito de papel, sendo o enfoque nos processos básicos através dos quais as crianças desenvolvem adequadamente as suas identidades de género e aprendem comportamentos normativos de género. Na perspectiva da teoria da aprendizagem social, a qual foi desenvolvida com base na tradição behaviorista, a criança é socializada, isto é, adquire os comportamentos, atitudes e valores culturalmente apropriados para o seu sexo/género, através do reforço selectivo e da observação de modelos reais ou simbólicos, particularmente do mesmo sexo/género. O processo de aprendizagem do género começa desde o nascimento, ou antes (em termos das expectativas geradas em torno da criança), a partir do momento em que se dá a categorização sexual.

Através de sanções positivas e negativas na (não) adopção dos comportamentos apropriados ao seu sexo biológico, e a partir da identificação com os pais, professores e amigos do mesmo sexo, as crianças vão assimilando quais os tipos de atitudes e actividades que deverão adoptar para interagirem de acordo com o seu sexo, no fundo, para assumirem um papel de género adequado. Assim, as crianças desenvolvem comportamentos sexuais tipificados só porque outras pessoas reforçam as actividades, brincadeiras e jogos que se conformam às expectativas do seu grupo sexual respectivo. Pressupõe-se então que a diferenciação de género, assim como outros comportamentos sociais e cognitivos, se aprendem através do reforço, da recompensa (positiva e negativa), da observação e da imitação social.

Enfatiza-se aqui a importância dos factores ambientais no desenvolvimento do género nas crianças, aprendendo o seu papel sexual através de tratamentos, recompensas e punições diferenciados. A aprendizagem dos comportamentos apropriados de género é concretizada a partir da observação e imitação dos modelos comportamentais nos adultos mais próximos, quase sempre os parentes do mesmo sexo. Uma vez que a teoria da aprendizagem social enfatiza o reforço sucessivo, os comportamentos estereotipados serão cada vez mais notórios com o aumento da experiência e da idade. As crianças assumem um papel relativamente passivo no processo de aprendizagem; este modelo explicativo sofreu algumas críticas

precisamente por desvalorizar variáveis como os conceitos previamente aprendidos, a percepção da situação e a motivação, as quais interferem no processo complexo da aprendizagem por observação.

Interaccionismo simbólico

O interaccionismo simbólico enfatiza os processos de interacção através dos quais se (re) produzem as diferenças de género no quotidiano, no fundo, os processos de negociação dos papéis de género, que aqui não são vistos duma forma estática. Nesta perspectiva, quer a idade da criança, quer o contexto social envolvente, têm que ser tidos em conta, na medida em que os significados do(s) género(s) variam consoante o nível cognitivo da criança e o seu modelo de aprendizagem social. Esta abordagem, que combina a psicologia da personalidade com a psicologia social, reconhece a influência recíproca do indivíduo e da sociedade na construção social da realidade, enfatizando o papel do indivíduo do ponto de vista cognitivo.

Destaque-se a importância dada nesta perspectiva à negociação de papéis, em detrimento da concepção parsoniana de papel, estática e determinística9. Opõe-se, portanto, a uma perspectiva unidireccional, colocando em evidência os efeitos de retorno dos comportamentos das crianças sobre as atitudes dos pais. Desta forma, as crianças são aqui vistas, não como organismos passivos, mas como seres que estão activamente envolvidos nas interacções nos vários contextos físicos e sociais. A designação de interaccionismo simbólico justifica-se na medida em que, para além da ênfase sobre os padrões dinâmicos das interacções, evidencia-se a comunicação simbólica, portanto, a linguagem verbal e não verbal – exemplos desta última são os gestos, o vestuário, as expressões faciais, etc. –, sendo a globalidade destes aspectos bastante relevante para a análise das situações sociais em que o género é construído processualmente.

Esta teoria é essencial para se perceber em que medida o género não pode ser estudado, nem a um nível micro individual, nem como se tratasse duma característica estável duma estrutura ou sistema social. Neste projecto adopta-se pois uma abordagem interaccionista e processualista no estudo da construção social do género nas crianças, portanto, uma perspectiva que reconhece o processo, através do qual o género é construído, como interactivo, na medida em que reflecte uma contínua relação entre a criança e os vários

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Parsons sustenta que as mulheres têm um instinto para cuidar, como resultado do seu papel fundamental na reprodução, o que as faz estarem idealisticamente adaptadas ao seu papel expressivo na família, que envolve tomar conta das necessidades físicas e emocionais dos membros da família, particularmente das crianças. Em contraste, o papel instrumental masculino envolve o aprovisionamento do suporte económico e o estabelecimento de relações com o mundo exterior à família.

contextos sociais onde ela se move. O self aparece pois como processo, tal como na teoria da identidade social, já abordada no ponto anterior.

Teoria do desenvolvimento cognitivo - cognitive developmental theory

A teoria do desenvolvimento cognitivo é uma teoria interaccionista que se revela como a maior alternativa à teoria da aprendizagem social. Esta teoria foi inicialmente proposta por Kohlberg em 1966 e procura descrever a interacção progressiva entre a criança e o meio, realçando a importância, quer das dinâmicas do seu desenvolvimento cognitivo, quer da compreensão da estabilidade da identidade de género. Segundo esta perspectiva, quanto maior o conhecimento dos estereótipos de género e quanto maior for a consciência que a criança tenha da imutabilidade do seu género, maior será a diferenciação de comportamentos em função do género.

De acordo com o que Piaget delineou (Basow, 1992: 122-125), as crianças atravessam várias etapas no seu desenvolvimento cognitivo. Primeiramente, elas percebem o mundo em função das suas capacidades senso-motoras, podendo dar-se o exemplo de começarem a gatinhar. De seguida, aprendem a categorizar o mundo. Mais tarde, tornam-se capazes de realizar operações concretas nesse mundo, sendo capazes finalmente de pensar abstractamente, mas pouco frequentemente antes dos oito anos.

De acordo com esta teoria, por volta dos cinco anos ainda não se tem uma identidade de género consistente. A partir desta idade, a auto-categorização (a tipificação do sujeito enquanto rapaz ou rapariga) possibilita organizar futuros comportamentos. As crianças começam a avaliar comportamentos de pessoas do mesmo sexo, procurando de seguida modelos e situações de acordo com a categorização já realizada, de forma a se manterem auto-consistentes. Isto é, depois de se estabelecerem como seres masculinos ou femininos, as crianças olham à sua volta procurando as pessoas que se identificam com a sua categoria. Segundo esta perspectiva, só a partir do momento em que a identidade de género já se encontra estabilizada, é que a criança poderá identificar-se com o parente do mesmo sexo. A teoria de Kohlberg defende, portanto, que é o estabelecimento da identidade de género que guia a percepção dos estereótipos de género e o consequente desenvolvimento dos atributos de género.

Não obstante, por volta dos dois ou três anos, já se pode notar uma preferência por bonecos estereotipados de género, para além de as crianças brincarem mais com crianças do mesmo sexo. O que acontece, de acordo com esta perspectiva, é que a consciência da

identidade do género, ou seja, a consciência de que o género se mantém fixo ao longo duma variedade de situações e comportamentos (constância) só se dá por volta dos cinco, seis anos, sendo vista essa “constância” de género como indispensável para o alcance duma identidade de género em sentido completo. À medida que aquela aumenta, as crianças ficam mais atentas aos modelos e, assim, tornam-se mais tipificadas em termos de género.

Desta forma, Kohlberg, baseando-se na teoria de Piaget, argumenta que as crianças aprendem o seu papel sexual e desenvolvem a sua identidade de género em função do seu nível de entendimento do mundo. Esta teoria sobre o desenvolvimento cognitivo nas crianças e adolescentes pressupõe então que os adolescentes têm a capacidade de conceptualizar as possíveis consequências dos comportamentos, de pensar duma forma dedutiva, de reflectir sobre os pensamentos de outra pessoa e sobre o “eu”, ou self. Nesta perspectiva, podem igualmente pensar de forma abstracta nos grupos de referência e usar estes outros generalizados para avaliar o self. De certa forma, estas teorias psicológicas estão associadas à perspectiva interaccionista, que dá especial relevância a uma abordagem cognitiva, com ênfase no papel do indivíduo, isto é, na posição ou função que a pessoa ocupa num determinado contexto social.

Enfatiza-se assim o papel interpretativo das crianças na aquisição dos comportamentos associados a cada um dos papéis sexuais, assumindo-se participantes activos na aprendizagem do género, socializando-se activamente para serem masculinos ou femininos.

Teoria do esquema de género - Gender Schema Theory

Destaca-se agora uma teoria que articula todas as anteriores, Gender Schema Theory, onde os esquemas de género10 constituem esquemas cognitivos utilizados para organizar a informação com base em categorias de género. Esta teoria parte do princípio que todas as crianças formam um conceito de género que afecta as suas atitudes e comportamentos, mas, simultaneamente, reconhece que o significado de género para uma criança depende da sua história de aprendizagem social.

A teoria do esquema de género contém, pois, elementos das teorias da aprendizagem social e do desenvolvimento cognitivo, assim como reconhece a importância dos factores culturais no estabelecimento de traços que fazem parte dos estereótipos de género e que as

10 Os esquemas cognitivos são sistemas organizados de informação em relação a um objecto ou conceito, sendo

os esquemas de género estruturas cognitivas que processam a informação relacionada com o género. É de realçar que foi nos anos 80 que o termo “esquema” começou a ser aplicado ao estudo do desenvolvimento dos papéis de género.

crianças aprendem a codificar como masculinos ou femininos. Uma explicação coordenada deste tipo assume o papel activo das crianças no desenvolvimento dos conceitos de masculinidade e feminilidade, bem como na organização dum mundo consistente com o seu nível de desenvolvimento cognitivo. À medida que o esquema de género duma criança se desenvolve, a criança julga o seu próprio comportamento como apropriado ou inapropriado em termos de género. É este processo de autoavaliação que motiva a criança a se conformar às normas e valores culturais dominantes referentes ao género.

Desta forma, as crianças aprendem comportamentos apropriados de género, ao mesmo tempo que formam conceitos de comportamento “feminino” e “masculino”, não sendo considerados os pais a única fonte de influência e socialização. As crianças aprendem e constroem as suas identidades de género através da observação de variados modelos, surgindo diversas modalidades de género a partir da interacção com outros seres sociais “masculinos” e “femininos”; é pois nestas interacções em situações específicas que as crianças vão construindo as suas identidades de género e as respectivas definições de papéis de género apropriados (ou não). Os estereótipos de género operam aqui como esquemas cognitivos cujas funções principais são a regulação de comportamentos, o controlo do processamento de informação e a estruturação de inferências e interpretações. Nesta teoria dá-se então especial relevância à forma como as crianças percepcionam e se comportam em relação ao contexto social, com base nos seus esquemas cognitivos de género.

Esta teoria é consistente com o pressuposto da teoria do desenvolvimento cognitivo que o processo cognitivo das crianças muda ao longo do tempo e, consequentemente, alteram-se também os esquemas relativos aos estereótipos de género. À medida que as crianças vão ficando mais velhas, os seus esquemas de género ficam mais complexos, passando o género a