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Para uma maior compreensão da escola abordamos algumas teorias que sustentam os modelos organizacionais e administrativos da instituição escolar no sentido de podermos evoluir para as morfologias dos modelos organizacionais que a sustentam e à forma como a escola respondeu aos apelos da globalização. Segundo Lima (2006) “o carácter complexo da escola como organização educativa formal e aparelho administrativo indispensável à realização de uma política educativa escolar contrasta com as focalizações de tipo predominantemente normativo e prescritivo que, ao longo de muitas décadas, vêm contribuindo para a naturalização e a reprodução de um dado modelo de escola” (p. 7).

As teorias que sustentam as organizações remontam ao final do século XIX, e delas surgiu a necessidade de uma nova abordagem da administração. No início do século XX surgiram as primeiras abordagens conceptuais da administração e a partir daí desenvolveram-se outros pensamentos. Assim, de acordo com Chiavenato (2001, p.12) no período de 1903 a 1972 surgiram as principais teorias que sustentam as organizações: teoria da administração científica (Taylor); teoria da burocracia (Weber); teoria clássica (Fayol); teoria das relações humanas (Mayo); teoria estruturalista; teoria dos sistemas; abordagem sociotécnica; teoria neoclássica; teoria comportamental (McGregor); desenvolvimento organizacional e teoria da contingência. Como refere Firmino (2002) “chegados ao ano 2001 uma boa parte dos gestores (…) adopta estilos de gestão típicos deste período” (p.14). O desenvolvimento industrial dos países desenvolvidos deu-se nos anos entre 1950 e 1990 e associadas a este período temos as teorias neoclássicas, estruturalista, comportamental, sistémica e contingenciais. O índice de produtividade da empresa era o foco principal das primeiras teorias. Importa-nos aqui explorar os princípios básicos de algumas teorias.

No início do século XX, 1903, Frederick Taylor apresentou os princípios da Administração Científica, publicado em 1911, e o estudo da Administração como Ciência. O autor propunha o planeamento de tarefas, a padronização de instrumentos e ferramentas, a especialização do trabalhador, e, entre outros, o controlo. Ficou conhecido como o precursor da teoria da administração científica, Taylor preconizava a prática da divisão do trabalho, enfatizando tempos e métodos a fim de assegurar os seus objectivos de

39 produtividade, seguindo os princípios da selecção científica do trabalhador, do tempo padrão, do trabalho em conjunto, da supervisão e da eficiência. Segundo a sua perspectiva, a organização é comparada com uma máquina, privilegia a divisão das tarefas de produção, domina “a lógica do actor racional” (segundo Peters e Waterman, citado por Firmino, 2002, p. 14), e pode ser vista enquanto um sistema fechado ou aberto.

Paralelamente, Henri Fayol defendia princípios semelhantes aos métodos de Taylor, atribuía funções essenciais à gerência administrativa, como: planear, comandar, organizar, controlar e coordenar. A Teoria Clássica defendida por Fayol considera: a obsessão pelo comando, a empresa como sistema fechado e a manipulação dos trabalhadores, que semelhante à Administração Científica, desenvolvia princípios que procuravam “explorar” os trabalhadores em prol da produtividade, no fundo privilegiava as tarefas da organização e a estrutura formal da empresa.

A partir de 1940, Elton Mayo desenvolveu a escola das relações humanas, nos Estados Unidos, com o nome de Teoria do Comportamento Organizacional. Esta teoria foi, basicamente, um movimento de reacção e de oposição à Teoria Clássica da Administração, com ênfase centrada nas relações humanas, sendo “o enfoque dado às necessidades e motivações do indivíduo” (Firmino, 2002, p. 18). Surgiu da necessidade de humanizar e democratizar a administração, o desenvolvimento das chamadas ciências humanas (introduziu-se a área da psicologia e sociologia), as ideias da filosofia pragmática de John Dewey, da Psicologia Dinâmica de Kurt Lewin e as conclusões das Experiências de Hawthorne (Firmino, 2002). Esta teoria parte do pressuposto que o nível de produção é resultante: da integração e do comportamento social do trabalhador; da formação de grupos informais; das relações interpessoais; da tomada de decisão dos grupos; da importância do cargo que desempenha e dos aspectos emocionais.

A partir de 1950 foi desenvolvida a Teoria Estruturalista que pretendia integrar todas as teorias das diferentes escolas acima enumeradas, que teve o seu início com a Teoria da Burocracia de Max Weber, que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios às suas finalidades, para que se obtenha o máximo de eficiência.

A Teoria de Sistemas foi desenvolvida a partir de 1970, passou a abordar a empresa como um sistema aberto em contínua interacção com o meio que o envolve. Para a Teoria da Contingência, desenvolvida no final da década de 1970, a empresa e a sua administração

40 são variáveis dependentes do que ocorre no ambiente externo, isto é, à medida que o meio ambiente muda, também ocorrem mudanças na empresa e na sua administração como consequência.

Após 1970, desenvolveu-se uma abordagem sociocognitiva na organização, defendida por Karl Weick, que assenta na acção e na adopção de estratégias, assim como na tomada de decisões que permitam a obtenção de recursos necessários para a sobrevivência da organização, esta abordagem assenta numa gestão participativa favorecendo a inovação e a mudança, “tornando a empresa mais competitiva” (Firmino, 2002, p. 25).

Destacam-se as perspectivas e contributos no estudo das organizações, de entre outros, de Friedberg, Crozier e Mintzberg, com realce na definição do tipo de poder exercido numa empresa relacionando-o com a gestão de conflitos e até mesmo com os interesses do grupo (objectivando os resultados), a mencionar: o poder democrático, tecnocrático, burocrático e autocrático. Estes autores salientam a existência de relações do tipo formal, em que é necessário a intervenção da administração, assim como, a existência de grupos informais que tendem a aviltar a comunicação/informação entre os diferentes estratos da hierarquia empresarial.

Referente às teorias da contingência há a mencionar a importância do meio exterior, ou seja, o meio que circunda a organização. Na era do global, o exterior pressiona e delimita o carácter do poder e as finalidades da organização. Em súmula, os princípios fundamentais das Teorias de Taylor, Fayol, Mayo e Weber foram e serão sempre os pilares da evolução e do desenvolvimento da ciência da Administração e, ainda “hoje”, continuam a motivar e impulsionar as investigações, estudos e obras dos seus seguidores.

3.2. Reflexão das Ideologias do Sistema Educativo Português na Era da