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Para a realização deste trabalho, inicialmente foram consideradas e avaliadas algumas estratégias de pesquisa, como por exemplo a possibilidade de realização de um experimento, um levantamento, análise de arquivos, pesquisa histórica ou estudos de casos. Em função da forma da questão de pesquisa proposta, que busca respostas para questões do tipo “como” e “por que” migrar competências de inovação, decidiu-se por adotar os estudos de casos como a melhor opção para abordar de forma explanatória estas questões. O suporte para o planejamento desta estratégia de estudo de casos derivou-se da obra de Robert Yin (2005).

Uma preocupação inicial com a opção pela estratégia de estudo de casos é que estes oferecem pouca base para se fazer generalizações científicas. Portanto, para minimizar esta preocupação, adotou-se uma estratégia de replicar o estudo de caso em mais de uma organização. Neste sentido, buscou-se fazer uma análise generalizante e não particularizante através da adoção de uma estratégia de estudos de casos múltiplos. Esta lógica de replicação aplicada a mais de um estudo de caso, diferencia-se da lógica de amostragem comumente aplicada em levantamento de dados, pois não há ênfase no cômputo operacional necessário para os procedimentos estatísticos. Apenas como definição de unidade de análise, entenda- se que cada caso será baseado em uma empresa de alta intensidade tecnológica distinta, cada qual com um reconhecido passado inovador.

O alvo da pesquisa foram as empresas de alta intensidade tecnológica, que atuam no mercado Brasileiro e que possuem alguma experiência de sucesso ou de insucesso com serviços de características inovadoras, de acordo com o conceito de inovação proposto por Schumpeter: uma inovação ocorre quando um novo elemento ou uma nova combinação de velhos elementos é introduzida no mercado. Inicialmente, nove organizações potenciais foram identificadas e cinco delas foram priorizadas de acordo com fatores como maior aderência à questão de pesquisa, proximidade geográfica e disponibilidade de contatos internos à organização, capaz de facilitar e viabilizar os procedimentos de pesquisa. Mas ao final, apenas três

estudos de caso tornaram-se viáveis e foram cuidadosamente realizados. As empresas avaliadas foram a CTF Technologies, CpQD e Lucent Technologies do Brasil. Para as duas primeiras organizações não houve nenhum limite temporal, porém para a Lucent do Brasil, limitou-se o período de pesquisa entre sua fundação no Brasil em 1996 até o período que antecede a fusão com a Alcatel em 2006. Este cuidado foi necessário para reduzir a probabilidade de afetar a qualidade da pesquisa com algum viés ocasionado por um período de transição tão crítico.

As evidências para os estudos de casos vieram de fontes distintas como documentos, entrevistas, observações direta ou participante e também de artefatos físicos. Sempre que possível, buscou-se desenvolver linhas convergentes de investigação, como em um processo de triangulação, para maximizar a confiabilidade de cada estudo de caso. As técnicas de coleta de informações empregada foram baseadas tanto em pesquisa de dados primários quanto secundários:

• Pesquisa de dados secundários: coleta e análise de dados pesquisados por terceiros, que neste caso foi baseado nos principais autores que escreveram sobre o tema de inovação em serviços e também nos resultados da Pesquisa de Inovação Tecnológica 2005, publicado pelo IBGE / FINEP em meados de 2007. Também foram levantados dados complementares, disponíveis sobre as empresas tanto na internet quanto na mídia escrita.

• Pesquisa de dados primários: estudo de casos com coleta de dados através de entrevistas e questionários com questões objetivas e subjetivas. As entrevistas foram realizadas preferencialmente de forma presencial, mas houveram casos onde estas foram conduzidas de forma remota com o auxilio de telefone e computador.

Este trabalho adotou uma segmentação do Modelo de Diagnóstico 2008, produzido pelo Fórum de Inovação da FGV-EAESP, para diagnóstico da Inovação nas Organizações. A metodologia do Fórum de Inovação procura analisar a organização sob cinco dimensões e explora diversos fatores em cada dimensão. Vide a seguir um diagrama ilustrativo da Metodologia do Fórum de Inovação:

MEIO INOVADOR INTERNO ETAPAS DO PROCESSO DE INOVAÇÃO RESULTADOS NÍVEIS DE ANÁLISE DA INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES • CAPITAL PARA INOVAÇÃO • CONHECIMENTO PARA INOVAÇÃO • ALIANÇAS ESTRATÉGICAS PARA INOVAÇÃO • GERAÇÃO DE IDÉIAS PARA INOVAÇÃO • PRIORIZAÇÃO E DESENVOLVIMENO DE PROJETOS • IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS • ECONOMICO FINANCEIROS • PROCESSO DE PRODUÇÃO DE INOVAÇÕES PESSOAS RECURSOS PARA INOVAÇÃO • AVALIAÇÃO DA INOVAÇÃO • PROSPECÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE SINAIS DE INOVAÇÃO • MODELO DE GESTÃO

• LIDERANÇA E INTENÇÃO ESTRATÉGICA

• QUALIFICAÇÃO E APRENDIZAGEM • MOTIVAÇÃO • QUALIDADE DE VIDA • CULTURA DE INOVAÇÃO • CUMPRIMENTO DOS OBJETIVOS DE INOVAÇÃO

Figura 7: Modelo de Diagnóstico 2008, Fórum de Inovação da FGV-EAESP.

Este modelo anterior deu origem a um questionário detalhado e completo com mais de 100 questões. Todas estas questões foram organizadas de forma lógica e segmentada para facilitar a condução das entrevistas. Para validar este questionário, foi realizado um pré teste, que também funcionou como teste piloto, com um dos colaboradores da CTF Technologies. Esta entrevista piloto foi de extrema importância para evidenciar que o questionário proposto inicialmente estava extenso demais para o objetivo de pesquisa deste trabalho. Por exceder o tempo

recomendado para um entrevista de estudo de caso o questionário tornou-se cansativo. O grande número de questões forçou uma entrevista muito direcionada e com isto impediu que o pesquisador explorasse sua escuta ativa para captar questões relevantes transmitidas de forma espontânea pelo entrevistado. O uso de gravador também foi testado durante o caso piloto, porém a experiência não foi positiva, pois este desviou a atenção do pesquisador e de certa forma intimidou o colaborador entrevistado. Este recurso foi dispensado nas demais entrevistas.

Baseando-se nas valiosas experiências deste piloto, o questionário inicial foi revisado dando uma ênfase maior aos fatores de inovação com influência direta à questão de pesquisa que envolve migração de competências de inovação. O questionário simplificado empregado neste trabalho foi organizado em uma planilha de Excel para facilitar a documentação e diminuir a influência do pesquisador sobre as respostas. No apêndice deste trabalho, pode-se observar uma cópia fiel do questionário adotado. A seguir destacam-se os fatores de inovação pesquisados e um diagrama de blocos que mostra a lógica do novo questionário adotado.

Visando reduzir o viés do pesquisador, o questionário de pesquisa era previamente enviado ao entrevistado que deveria respondê-lo na ausência do pesquisador. Para isto, como é possível observar no apêndice um, três conceitos básicos foram fornecidos aos entrevistados para balizar as respostas: Uma definição de “inovação” segundo Schumpeter, o conceito de “produto” e o conceito de “serviço”. As entrevistas ocorriam após o recebimento dos questionários respondidos e nesta etapa o pesquisador utilizava o tempo e a atenção do entrevistado para dirimir dúvidas e explorar melhor questões de relevância e destaque.

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