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O direito de ser e de viver das pessoas LGBT+ vincula-se a grandes e pequenas revoluções que, constituídas de gritos e silêncios, conquistaram possibilidades. Direitos esses que – na atual conjuntura política brasileira – periclitam, demonstram toda sua fragilidade. O conservadorismo irrompeu de forma aterradora, quebrando ilusões de inclusão e o verniz da aceitação, demonstrando novamente que, ao contrário do dito pelo senso comum, o brasileiro é um povo preconceituoso e profundamente contraditório na forma de experenciar seu preconceito.

Apesar de toda uma história de resistência e luta, (história essa que começa muito antes de Stonewall Inn) e de todos os avanços conquistados no Brasil e no mundo, nosso país é o que mais mata LGBT+s no mundo, com maiores índices entre travestis e transexuais15:

15 Disponível em: https://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/brasil-e-o-pais-que-mais-mata-LGBT+s- no-mundo-1-cada-19-horas. Acesso: 19/09/2017.: http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2017/05/bra- sil-ainda-e-o-pais-que-mais-assassina-LGBT+s-no-mundo.html. Acesso: 19/09/2017. http://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2017/04/brasil-e-o-pais-que-mais-mata-travestis-e-transexuais-no- mundo-diz-pesquisa.htm. Acesso: 19/09/2017.

Fonte: Catraca Livre

Fonte: Globo G1

Reverberações dessa violência contra LGBT+s se evidenciam na notícia de que a Justiça Federal do Distrito Federal, em 18 de setembro de 2017, liberou psicólogos para tratar gays e lésbicas como doentes. Tornou possível, dessa forma, realizar terapias de “reversão sexual”16:

16

Disponível em: https://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/juiz-federal-do-df-libera-tratamento-de- homosse- xualidade-como-doenca.ghtml. Acesso: 19/09/2017.

Fonte: Globo G1

Essa ordem judicial contraria a norma do Conselho Federal de Psicologia que, desde 1999, proíbe tais terapias, como também contraria a decisão da Organização Mundial de Saúde, que, em 1990, retirou a homossexualidade da lista mundial de doenças. Ela ataca, assim, importantes conquistas dos movimentos LGBT+s.

Em Porto Alegre, no dia 10 de setembro de 2017, o Santander Cultural fechou a exposição “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira” após ofensivas realizadas por movimentos ultraconservadores. As acusações apontavam que a exposição fazia apologia à pedofilia, à zoofilia e realizava profanação de símbolos sagrados. No dia 12 de setembro, a coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude, Educação, Família e Sucessões, Denise Villela, e o promotor da Infância e da Juventude de Porto Alegre, Júlio Almeida, visitaram a exposição e foram categóricos: as alegações foram infundadas17.

http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/juiz-concede-liminar-que-permite-aplicacao-de-cura-gay-por- psicologos/. Acesso: 19/09/20

17

Disponível em: https://www.sul21.com.br/jornal/promotor-diz-que-nao-existe-pedofilia-na-exposicao-

queer- museu/. Acesso: 20/09/2017.

http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/arte/noticia/2017/09/queermuseu-acusa- coes-de-apologia-e- profanacao-nao-se-aplicam-a-exposicao-fechada-dizem-juristas-9895588.html. Acesso: 20/09/2017

Fonte: Sul21

Fonte: GaúchaZH

Outra polêmica gerou-se ao redor da filósofa Judith Butler, chamada de “Papisa da Ideologia de Gênero” por conservadores brasileiros. Trezentas e vinte mil (320.000) assinaturas digitais foram coletadas para que a palestra, que seria proferida por Butler no SESC Pompeia, fosse cancelada. Na Universidade Federal da Bahia, professores e estudantes foram ameaçados de morte por pesquisarem questões relacionadas ao Gênero e à Sexualidade18.

18

Disponível em: https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/professora-da-ufba-e-ameacada-de-morte-por- causa-de-pesquisa/. Acesso: 16/08/2018.

Figura 5 - Notícia: “Queermuseu”: acusações de apologia e profanação não se aplicam à exposição fechada

Figura 6 - Notícia: Professora da UFBA é ameaçada de morte

Necessário ainda relatar alguns dos assassinatos e casos de violência física perpetrados entre 2017 e 2018. Em 2017, o caso de Dandara se tornou emblemático: a tortura foi gravada e veiculada na internet. Após brutalmente violentada, Dandara é assassinada a tiros19.

Fonte: Globo G1

Fonte: G1 - Globo

19

Disponível em: http://g1.globo.com/ceara/noticia/2017/03/apos-agressao-dandara-foi-morta-com-tiro-diz-se- cretario-andre-costa.html. Acesso: 16/08/2018.

Em julho do mesmo ano, o caso de Itaberlly Lozano de 17 anos, morto em dezembro de 2016, veio à mídia: a mãe fora a assassina, que contou com a ajuda do padrasto e de mais três jovens20.

Fonte: Estadão

Em novembro, mãe e filha são agredidas em um shopping em Brasília, ao serem confundidas com um casal de lésbicas21.

Fonte: Extra 20 Disponível em https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,corpo-queimado-em-canavial-e-de-rapaz-morto- pela-mae-por-ser-gay,70001890284. Acesso: 16/08/2018. 21 Disponível em https://extra.globo.com/casos-de-policia/mae-filha-sao-agredidas-em-shopping-de-brasilia-ao- serem-confundidas-com-casal-gay-21898781.html. Acesso: 16/08/2018.

Figura 8 - Notícia: Corpo queimado em canavial é de rapaz morto pela mãe por ser gay

Em maio de 2018, no Rio de Janeiro, a estudante Matheusa é executada por traficantes, após passar por um ‘tribunal’22.

Fonte: Globo G1

22 Disponível em https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/estudante-matheusa-foi-julgada-antes-de-ser- morta-por-traficantes-diz-delegada.ghtml

Em junho, Tyfanny Montel é encontrada morta em Boa Vista, Roraima23.

Fonte: G1 Roraima

23 https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/conselho-de-defesa-dos-direitos-da-populacao-LGBT+qi-de-rr-

emite- nota-de-pesar-por-assassinato-de-travesti.ghtml. Acesso: 16/08/2018.

Em julho, no Mato Grosso do Sul, uma travesti é encontrada morta com a cabeça esmagada e várias facadas pelo corpo24.

Fonte: G1 Mato Grosso do Sul

Não obstante o quadro aterrador de violência física e psicológica a que as pessoas LGBT+ são submetidas, pude observar, nos últimos anos, posicionamentos profundamente

24

Disponível em https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/travesti-e-encontrada-morta-com-a- ca-beca-esmagada-e-varias-facadas-pelo-corpo-em-estrada-vicinal-de-rio-brilhante-ms.ghtml. Acesso: 16/08/2018

paradoxais dessa comunidade. No período de 2012 a 2017, participei das gestões eleitas para o Diretório Acadêmico da Faculdade de Educação (DAFE) do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e entrei em contato com diversos movimentos sociais e estudantis. Encontrei, nesse tempo, coletivos com as mais diversas pautas, mas pouca foi a presença dos coletivos com temática LGBT+. Essa inquietação resultou em meu trabalho de conclusão de curso. Nele busquei evidenciar os sentidos manifestos nos discursos de pessoas LGBT+ acerca da LGBT+fobia, realizando interfaces com os sentidos de militância e ativismo. Durante tal pesquisa, os sentidos me surpreenderam com um marcante silêncio-censura no dizer desses sujeitos. Apesar de enunciarem desde o lugar de sujeitos autoidentificados LGBT+, o silenciamento era muito presente nos dizeres dos participantes que reconheciam a existência da opressão, mas a enunciavam como um acontecimento na vida do sujeito outro. Essa e outras marcas do silêncio, em funcionamento na pesquisa, apontaram a necessidade de estudos mais aprofundados em torno da questão. O silêncio, a que faço referência, remete ao trabalho de Eni Orlandi no livro As Formas do

Silêncio: no movimento dos sentidos (1993). Nele, a autora propõe que o silêncio, nas suas

múltiplas faces, pode ser origem, possibilidade, devir, significação, como também pode ser ferramenta de censura, exclusão, opressão. Sua proposta desloca o estatuto dado ao silêncio, defendendo ser mais importante a compreensão de que:

[...] 1. Há um modo de estar em silêncio que corresponde a um modo de estar no sentido e, de certa maneira, as próprias palavras transpiram silêncio. Há silêncio nas palavras; 2. O estudo do silenciamento (que já não é silêncio mas “pôr em silêncio”) nos mostra que há um processo de produção de sentidos silenciados que nos faz entender uma dimensão do não-dito absolutamente distinta da que se tem estudado sob a rubrica do “implícito” (ORLANDI, 2015 p.11-12)

Durante a experiência do mestrado, pude ver a efervescência dos temas de Gênero e Sexualidade: uma profusão de pesquisadores e pesquisadoras os buscam de forma comprometida, criando variadas interfaces com as mais diversas áreas. Em contrapartida a esse cresci- mento acadêmico e à consolidação do debate nas universidades, nas redes sociais é bastante chamativa uma postura de “anti-militância/ativismo” por parte de pessoas LGBT+, que menoscabam problematizações sobre normas estéticas e comportamentais (debates que giram em torno da branquitude, do peso corporal, da afeminação/masculinidade de homens gays, por exemplo), vinculando-as a um falso moralismo. Mais aterradoras são as demonstrações de hostilidade e transfobia para com diferentes expressões de gênero, tratadas de forma debochada e apontadas como “motivo de

vergonha” para a “comunidade”.

Em razão do contexto sócio-histórico exposto anteriormente, que justifica a necessidade de pesquisas que estabeleçam interface entre estudos da linguagem, pela via da Análise de Discurso, e estudos de gênero e sexualidade, pela via das questões LGBT+, e das descobertas realizadas na monografia, o tema deste estudo, inicialmente, seria o silenciamento nos discursos LGBT+, a produção de efeitos de sentidos de discriminação, militância e orgulho. Contudo, ao avançar nos debates sobre Análise de Discurso e Gênero e Sexualidade, vi-me implicado a repensar esta abordagem.

Na monografia, o controle da normatividade se fez perceber através do silenciamento dos/das participantes. Fosse pelo efeito da interdição do dizer ou pelo colocar- se em silêncio (ORLANDI, 2015), a normatividade ecoou de forma intensa nos enunciados dos interlocutores da pesquisa. Não teria esta intensidade relação direta com a tematização da LGBT+fobia no trabalho? Dito de outra forma, pesquisar a LGBT+fobia, e não o/a LGBT+, não traria inexoravelmente o eco da normatividade para o centro do dizer desses sujeitos, deixando em segundo plano outras experiências vividas por eles/elas? Através dessa pesquisa, não provoquei os colaboradores a enunciarem o que a norma fala deles/delas, dando destaque para suas experiências em relação à opressão? Tratar da LGBT+fobia parece implicar em trazer a visão da norma para o meio do debate, pois é sempre dessa posição – aquela que fala e condena a lésbica, o gay, a travesti, a pessoa trans, a assexual, o/a bissexual, a pessoa queer – que o preconceito se estrutura, resultando ser sempre desta posição de sujeito (oprimido, alvo da opressão) que o LGBT+ é convidado a enunciar. É verdade que, apesar da força silenciante da norma, é possível perceber a resistência desses sujeitos que encontram caminhos outros para produzir sentidos. Não seria interessante, porém, convidá- los a simplesmente falar sobre suas vidas? Endereçar um convite sem delimitar o foco do estudo na opressão, mas propondo deslizamento para a consideração das experiências vividas como um todo?

Em razão de tais reflexões, meu foco para dissertação viu-se deslocado: o epicentro não seria a opressão e sim a experiência de ser LGBT+, a pulsação da vida, do ser, do existir. Não tenho dúvidas de que a normatividade irá se manifestar nos dizeres dos entrevistados, porém, demover a norma do centro da discussão parece ser importante para permitir deslocamentos de posição-sujeito e perturbações, desordens nos discursos a partir dos quais os sujeitos LGBT+ são falados e se significam. Todavia, não tematizar diretamente o movimento ou a opressão não se configura em um desejo de fugir de tais temas. Muito pelo contrário! Indica, em verdade, uma profunda preocupação com as formas de existência das

pessoas LGBT+, que experenciam a resistência no seu dia a dia das mais diversas formas e, em muitos casos, mesmo que não o queiram. Inclusive, parece importante explicitar, o desafio de realizar uma abordagem não voltada unicamente para a opressão, dado o modus operandi com que me acostumei a tratar da questão – fosse pela leitura de pesquisas na área, fosse pela experiência da militância.

Meu desejo é apreender, no discurso de pessoas LGBT+, o que eles e elas têm a dizer sobre a própria história. Não desejo convidá-los/as a falar especificamente sobre a opressão, mas sobre o existir. Percebo essa mudança quase como uma questão epistemológica: como os sujeitos LGBT+ produzem dizeres sobre si mesmos? Que sentidos são evidenciados nesse convite a se dizer? O que significa ser LGBT+ para (e dito por) uma pessoa LGBT+? Como as suas experiências de vida são significadas por estes sujeitos? O objetivo geral desta pesquisa, em razão das perguntas que me coloco, é explicitar os gestos de interpretação

dos sujeitos LGBT+, seus processos de identificação e suas filiações de sentidos, descrevendo a relação do sujeito com as memórias deste campo. Para este objetivo geral,

apresento três objetivos específicos: 1) realizar uma escuta discursiva25 de experiências das pessoas LGBT+, compreendendo os movimentos de estabilização e desestabilização das redes de sentidos, das memórias do dizer; 2) compreender os dizeres dos sujeitos LGTB, acerca de si mesmos, desde suas condições de produção; 3) analisar os processos pelos quais sujeitos e sentidos se (des)fazem, considerando a heterogeneidade constitutiva do dizer.

Justificam esta pesquisa 1) as escassas produções que aproximam a Análise de Discurso fundada por Michel Pêcheux das questões LGBT+, apesar da grande potencialidade da disciplina fundada pelo filósofo francês em colaborar para este campo; 2) a possibilidade de contribuir com as discussões acerca das vivências de pessoas LGBT+, visibilizando-as e provocando um olhar deslocado da normatividade, ao mesmo tempo, estabelecendo uma relação menos ingênua com os discursos produzidos por esta comunidade.

Desenvolve-se, aqui, uma pesquisa qualitativa, a ser produzida com o uso de entrevistas semiestruturadas. Importante destacar que todo trabalho realizado desde a

25Maria Cristina Leandro Ferreira (2007, p. 107) sobre a “escuta discursiva” assim se pronuncia: “[...] a escuta

discursiva, sob a forma de um gesto de interpretação, também vai na mesma direção exigir do analista do dis- curso um trabalho de “escuta” que consiste em fazer ver ao leitor, a partir das lentes de um dispositivo teórico- analítico, a opacidade do texto, desnaturalizando o que é natural, pondo em questão o que parece evidente e tra- zendo à presença o que mostra ausente”.

perspectiva da AD trata-se de um recorte que se estabelece em razão da relação entre o analista e a materialidade com que trabalha, como bem lembrou a professora Luciene Jung, através de seu parecer avaliativo da dissertação quando em etapa de Projeto. É na dialética entre corpus e teoria que o analista desenvolve seu trabalho, em um batimento constante que dá origem a um dispositivo analítico único. Tal unicidade revela as particularidades do analista de discurso, tratando-se de um gesto de interpretação sobre o corpus com que trabalha. Retomamos Mutti (2011, 2011, p. 819) ao afirmar que:

O saber do analista de discurso se reconstrói diante de cada análise; como bem marcou Orlandi (1999), os procedimentos da análise, imbricados com os princípios teóricos, atendem às especificidades de cada pesquisa, de tal modo que o estabelecimento do objeto de análise, o discurso, e do corpus que o representa, já consiste em uma das etapas analíticas. (2011, p. 819)

Dessa forma, cada análise realizada a partir da AD faz-se diferente de outra, mesmo que, eventualmente, o corpus, ou ainda, o analista, sejam os mesmos. Um corpus não se esgota em uma única análise, pois não se objetiva “[...] a exaustividade que chamamos horizontal, ou seja, em extensão, nem a completude, ou exaustividade em relação ao objeto empírico. Ele é inesgotável” (ORLANDI, 2012, p. 62). A própria escolha dos recortes das materialidades a serem estudadas já espelha o começo da análise: ela se operacionaliza a partir de uma postura assumida pelo analista em relação ao tema proposto.

O que se espera do dispositivo do analista é que ela lhe permita trabalhar não numa posição neutra mas que seja relativizada em face da interpretação: é preciso que ele atravesse o efeito de transparência da linguagem, da literalidade do sentido e da onipotência do sujeito. Esse dispositivo vai assim investir na opacidade da linguagem, no descentramento do sujeito e no efeito metafórico, isto é, no equívoco, na falha e na materialidade. No trabalho da ideologia. (ORLANDI, 2012, p. 61),

A posição que ocupa o analista de discurso, ao realizar seu estudo, não é a daquele que se coloca acima da ideologia, intocado por ela. É, ao contrário, daquele que em reconhecendo- se sujeito também interpelado, também afetado por dizeres outros, pelos esquecimentos, sabendo-se não ser origem do sentido, coloca-se de forma declaradamente não neutra diante de seu objeto de estudo. A produção de dados realizou-se a partir de entrevistas individuais, momento de escuta das experiências de vida de sujeitos LGBT+. Tal método foi escolhido no desejo de focar a escuta nas experiências de cada colaborador de

forma mais integral, criando um momento de dedicação exclusiva para ouvir a história de cada participante, um a um. O tópico guia da entrevista é apresentado no capítulo dedicado a metodologia.

Destaco que, do encontro de meus conteúdos de vida com minhas intenções de pesquisa, os interesses de estudos já explorados ou a serem abordados, propostos nesta dissertação, foram discutidos, preliminarmente, em três artigos já ou a serem publicados em Anais de Eventos – o 5º Encontro Rede Sul Letras “Letras no Século XXI” ocorrido na Universidade de Caxias do Sul (UCS) em novembro de 2017; o VI Fios ao Tear “Análise do Discurso: da inquietude ao incômodo lugar” ocorrido também na UCS em dezembro de 2017 e o XIX ENDIPE – Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino “Para onde vai a Didática? O enfrentamento às abordagens teóricas e desafios políticos da atualidade” promovido pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em setembro de 2018. Soma-se a isso, a participação nos eventos III Encontro Nacional e II Jornada “História das Ideias: diálogos entre sociedade, sujeito e linguagem” ocorrido no Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGLet) do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em maio de 2018 e no 6º Sul Letras “(Inter) Nacionalização em Letras” ocorrido na Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) em agosto de 2018, onde realizei apresentação de trabalhos.

Nos trabalhos “Análise de Discurso, estudos de gênero e sexualidade: um gesto de aná- lise da produção de sentidos em discursos LGBT+”, “Opressão e resistência: efeitos de sentidos em discursos LGBT+”, “Silenciamento e transgressão: a disrupção no dizer LGBT+”, “Vidas divididas: transgressão e normatividade nos discursos LGBT+” e “O silêncio que mata: escola, currículo e vidas” foram apresentadas descobertas preliminares sobre assuntos que, estando relacionados ao tema da investigação, se fazem presentes também em estudos desenvolvidos ao longo dos anos de 2016, 2017 e 2018 como resposta às provocações feitas pelas Professoras Ana Zandwais, Dóris Maria Luzzardi Fiss e Solange Mittmann em Seminários oferecidos por elas tanto no PPGEDU quanto no PPGLet. Os artigos e os resumos podem ser encontrados nos Anexos.

A dissertação está organizada em oito “segredos”. No primeiro, apresento um gesto de interpretação acerca do sintagma “segredo”, que se tornou marca linguística nesta dissertação em razão da efervescência de sentidos que nele ecoa ao ser aproximado das questões LGBT+. O segundo, matiza esta dissertação com os ecos da Revolta de Stonewall Inn, tomado como um acontecimento discursivo. Desejei realizar esta aproximação desde uma perspectiva “poético- histórica”, apresentando, através de narrativas e músicas, as

memórias dos dizeres desta e sobre a nossa comunidade. De igual forma, acrescento um pequeno relato das minhas experiências de vida como homem gay, que reverberam diretamente nas formas como me produzo analista de discurso. O terceiro segredo dedica- se a apresentar a proposta desta pesquisa, delineando suas dimensões e especificidades, costurando experiências de vida e condições de produção dos sujeitos LGBT+s através de notícias jornalísticas. O quarto, traz a pesquisa realizada no trabalho de conclusão da graduação – “Livro das Sombras: silêncio e transgressão nos discursos LGBT” – bem como uma retomada do mesmo em atividade elaborada posteriormente como parte das