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Texto 1 Qual é a mais bela?

No documento TEORIAS DO DISCURSO E ENSINO (páginas 125-128)

O padrão universal de beleza é o da mulher alta, magérrima, com seios e bumbum firmes e abundantes, mas em alguns países elegem misses com critérios opostos.

No mês de dezembro de 2003, dois concursos de beleza elegeram mulheres completamente distintas uma da outra. Um deles ocorreu em Burkina Fasso, na África. As participantes tinham entre 75 e 130 quilos. O outro foi na China e elegeu a miss Mundo 2003. Para o concurso de miss Mundo, o pré- requisito é ter 90 centímetros de quadris, 60 de cintura e 90 de busto. O concurso de Burkina Fasso parte do pressuposto de que, quanto maiores forem as medidas das misses, melhor.

No mundo ocidental, as formas arredondadas foram valorizadas até meados do século passado. Na Renascença, as mulheres roliças simbolizavam status, conforto e boa saúde. A magreza estabeleceu-se como sinônimo de elegância no início dos anos 90.

Sabe-se hoje que, além da questão cultural, há ainda fatores biológicos que contribuem para o conceito de beleza. Segundo os cientistas, a medida dos olhos, do nariz, da boca e das faces é sinal de genes saudáveis. A proporção entre cintura e quadris também é um indicador ancestral de saúde e fertilidade.

Ainda assim, casos como o de Burkina Fasso estão se tornando cada vez mais raros. Países que antes cultuavam as cheinhas passaram a admirar as mais magras por influência da indústria da moda. Há também a questão da saúde. Excesso de gordura tornou-se sinônimo de doenças cardiovasculares e diabetes e, pior ainda, a obesidade é vista como sinal de desleixo.

Teorias do Discurso e Ensino 125

Resumo 2. Texto 1. Qual é a mais bela?

O padrão universal de beleza é o da mulher alta, magérrima, com seios e bumbum firmes e abundantes. Nem sempre.

Em alguns países da África, mulher bonita é aquela que não apenas exibe seios e bumbum fartos, mas também apresentar cintura larga, barriga exuberante, braços fortes e pernas bem grossas.

Na Renascença, as mulheres roliças eram fontes de inspiração para os artistas consagrados da época. Elas simbolizavam “status”, conforto e boa saúde. A magreza estabeleceu-se como sinônimo de elegância no início dos anos 90.

Sabe-se hoje que, além da questão cultural, há ainda fatores biológicos que contribuem para o conceito de beleza. A medida dos olhos, nariz, boca e das faces – simetria facial, é sinal de genes saudáveis. Talvez por esse motivo os corpos esqueléticos são admirados mais pelas mulheres que por homens. Países que antes cultuavam as cheinhas passaram a admirar as mais magras por influência da indústria da moda e também de saúde.

Excesso de gordura tornou-se sinônimo de doenças cardiovasculares e diabetes, e, pior ainda, a obesidade é vista como sinal de desleixo.

Quando se comparam os dois resumos, percebe-se que, também na elaboração do segundo resumo, o aluno ficou preso ao texto-fonte. A diferença entre os dois textos produzidos é muito pequena, até no número de linhas de cada um. Fica muito evidente que o Aluno 8 não conseguiu identificar blocos e encadeamentos. Daí a dificuldade de suprimir exemplificações e paráfrases. Curiosamente, foi desse aluno o menor Resumo 1 do texto “Qual a mais bela?”, do que derivou a expectativa de que seu Resumo 2 fosse modelar.

Diferentemente disso, todos os outros nove alunos, cujos resumos 1 eram bem maiores, chegando um deles a 44 linhas, o que significa maior presença de paráfrases e de exemplificações, produziram resumos 2 mais adequados, no ponto de vista do princípio da economia. Compare-se o número de linhas dos resumos 1 e 2 por aluno:

Aluno Resumo 1 Resumo 2

Aluno 1 31 06 Aluno 2 32 15 Aluno 3 42 19 Aluno 4 40 16 Aluno 5 40 07 Aluno 6 42 07 Aluno 7 44 13 Aluno 8 25 21 Aluno 9 31 11 Aluno 10 35 09

Analisando os resumos 2, no ponto de vista dos princípios de completude (expressão dos encadeamentos com que o locutor se identifica) e de fidelidade (o resumo deve ser uma paráfrase do original), constatou-se a sua não observância nos resumos produzidos pelos alunos 6 e 7, como se mostrará a seguir.

Aluno 6 Resumo 2

O conceito universal da beleza atualmente é ser magérrimo, além de não correr riscos com doenças cardiovasculares.

Já em Burkina Fasso, na África, este conceito foge às regras, pois mulheres gordas são vistas como as mais belas.

Note-se que, nesse caso, não foi observada a ordem em que os blocos vão se constituindo no texto-fonte: (1) peso e beleza, (2) padrão de beleza e frequência no mundo. A ausência dessa hierarquia ocasionou tanto a incompletude quanto a infidelidade do resumo relativamente ao texto-fonte.

Aluno 7 Resumo 2

Quando abordamos o assunto beleza, nos vêm à mente mulheres altas e magras. Porém isto não é regra em alguns países.

Todos sabem que os ditames da beleza trazem como modelo pessoas extremamente elegantes, parecendo-nos o mais bonito, mas há lugares em que isto não é a regra, pois ser gordo nestes países, já há algum tempo, mostra que as gordinhas são muito apreciadas.

Portanto, querendo ou não, dependendo do lugar, as opiniões são diferentes com relação aos padrões de beleza; mas uma coisa é certa: ser magro tem lá suas vantagens.

Nesse resumo, há três parágrafos que se parafraseiam. É possível que tenha havido a intenção de elaborar um resumo com introdução, desenvolvimento e conclusão, o que poderia explicar a repetição. No terceiro parágrafo, verifica-se a infração ao princípio de fidelidade ao original, quando se lê “(...) mas uma coisa é certa: ser magro tem lá suas vantagens.” Note-se que não é o caso de “ter lá suas vantagens”, pois o texto “Qual a mais bela?” trata da

universalização do padrão de beleza magro.

Exceto esses três resumos comentados (Alunos 6, 7, 8), todos os outros (ver Anexo) indicam a produtividade da metodologia de resumo baseada nas

Teorias do Discurso e Ensino 127 Teorias da Polifonia e dos Blocos Semânticos. A propósito, comparem-se os resumos 1 e 2 do Aluno 1, que seguem.

No documento TEORIAS DO DISCURSO E ENSINO (páginas 125-128)