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O crime organizado por muitos anos já existe em toda comunidade. Há bastante tempo existe no Brasil uma necessidade de enquadrar melhor o crime organizado, devendo criar tipo penal específico para tratar das questões

relacionadas às organizações criminosas, levando em consideração o refinamento de alguns grupos delitivos, que praticam crimes sem serem punidos por eles.

Com isso em 1995 foi instituída no Brasil a Lei n. 9034 que dispunha sobre “a utilização de meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas”. (BRASIL, 1995). Todavia, a referida lei não especificava nem conceituava o crime organizado ou a organização criminosa em si, dificultando sua constatação no meio jurídico e, com isso sua imputação de crime.

Anos depois, em 2012 foi criada a lei 12.694 de 12 de julho de 2012 cujo objetivo era dispor sobre “o processo e o julgamento colegiado em primeiro grau de jurisdição de crimes praticados por organizações criminosas” (BRASIL, 2012), alterando alguns dispositivos legais anteriores para facilitar o processo e com isso o julgamento dos crimes praticados por organizações criminosas. Sobre o processo de julgamento assim estabelece o artigo 1º:

Art. 1o Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente:

I - decretação de prisão ou de medidas assecuratórias;

II - concessão de liberdade provisória ou revogação de prisão;

III - sentença;

IV - progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena;

V - concessão de liberdade condicional;

VI - transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima; e

VII - inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado. (BRASIL, 2012).

Desta feita, verifica-se que a referida lei avançou em 2012, propiciando o julgamento e atos processuais muito mais rápido quando relacionados às organizações criminosas, uma vez que passou a permitir adoção de medidas em conjunto. Ora, se o crime foi praticado pela organização, significa que todos praticaram aquele crime, e nos termos da legislação de crimes de organizações criminosas todos responderão igualmente, podendo assim valer-se desse tipo de julgamento e atos colegiados.

Dando continuidade a tipificação da organização criminosa e do crime organizado, vislumbra uma exceção na lei 11.343 de 2006, trazida pelo artigo 53, inciso I:

Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante

autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios:

I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes. (BRASIL, 2006).

Com base na exceção acima, verifica-se que a lei 12.694/2012 que trata do julgamento colegiado, por óbvio não se aplicará ao agente infiltrado, que encontra-se infiltrado apenas para angariar provas e não para praticar crime, embora tenha que praticá-los.

Marcelo Mendroni (2016) estabelece que primeiro é preciso identificar a existência da organização criminosa e assim verificar seus crimes. Para isso é necessário constatar que há nessa organização uma verdadeira estrutura organizada, com articulações, ordem e objetivo, bem como intenso respeito às regras e ao líder. Do contrário, será caracterizada uma associação criminosa, divergindo as tipificações penais.

Visando essa melhor definição, bem como melhor tipificar essas condutas danificadoras da sociedade, criou-se a lei 12.850 em 2013, revogando o dispositivo antigo de 1995, lei 9.034.

Com base na nova legislação, verifica-se a necessidade de se estabelecer o crime para que o mesmo possa ser adequadamente averiguado e punido. O crime organizado visa antes de tudo o lucro econômico, todavia, sua prática é bastante perigosa para a população e para o Estado em si. Por isso deve-se prestar atenção a sua cada vez melhor definição legal.

André Luís Callegari manifesta:

Pode-se afirmar que uma das características do Direito Penal moderno é a evolução de uma criminalidade associada ao indivíduo isolado até uma criminalidade desenvolvida por estruturas de modelo empresarial. Dentro desta evolução, a criminalidade organizada se dirige fundamentalmente a obtenção de importantes benefícios econômicos. A expansão internacional da atividade econômica e a abertura ou globalização dos mercados são acompanhados da correlativa expansão ou globalização da criminalidade, que frequentemente apresenta um caráter transnacional, podendo-se afirmar que a criminalidade organizada é a da globalização. (CALLEGARI, 2009).

Muitos crimes organizados ainda ocorrem, e a dificuldade de constatação dessas organizações também é enorme, merecendo o direito de mais artifícios para a produção de provas e desmanches desses crimes.

Ademais, a lei também conta com modalidades e permissões de produção de provas, para que a constatação seja mais evidente, evitando novos crimes e impactos negativos na sociedade.

4 DA INFILTRAÇÃO POLICIAL EM ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

As investigações contra as organizações criminosas têm ganhado força legal no ordenamento jurídico brasileiro, especialmente porque o crime organizado tem crescido e seu combate tem sido cada vez mais difícil e com resultados remotos.

Tendo em vista a dificuldade de se produzir provas contra as organizações criminosas, principalmente contra os chefes das organizações, que muitas das vezes não aparecem, o direito tem buscado mecanismos para conseguir informações e provas desses crimes praticados, que muitas vezes são bárbaros, agridem e chocam a população.

Para tanto, a investigação policial no Brasil conta com a possibilidade da infiltração policial em organizações criminosas de forma a facilitar o conhecimento dos crimes e dos criminosos, permitindo que agentes policiais mudem suas identidades e se infiltrem no crime, bem como apresentem para a polícia, magistrado e ministério público suas descobertas, visando produzir provas em desfavor dos criminosos.

O objetivo é conhecer as organizações, bem como impedir a ocorrência de mais crimes, visando condenar todos os integrantes. Para isso o serviço do agente infiltrado precisa ser bem feito e estar amparado pelos órgãos públicos, protegendo sua integridade e atitudes criminosas, quando for necessário praticá-las.

Assim, o policial precisa agir de acordo com as legislações de infiltração em organizações criminosas, para que seus atos estejam amparados pela justiça, bem como precisa produzir provas lícitas, para que estas tenham validade no processo penal.

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