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RESTRIÇÃO Expedição

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.2 TIPO DE PESQUISA LEVANTAMENTO DE DADOS

Pelo fato de o autor participar, em nível de média gerência, da organização que servirá como objeto para a dissertação, o acesso a dados chave e a participação ativa em todas as fases de implementação devem trazer facilidades no levantamento de informações e na consulta e investigação de documentos, assim como fácil acesso ao corpo principal de gestores responsáveis pela implantação da TOC. Por outro lado, é preciso uma preocupação acentuada pela isenção da análise, buscando uma visão interna, mas abrangente e real do processo de implementação.

O aluno-autor que pretenda utilizar a abordagem do estudo de caso deve atentar para os necessários cuidados quanto a possíveis contaminações de análises e interpretações, fruto de impressões e juízos de valor do profissional que, circunstancialmente, desenvolve em seu local de trabalho uma pesquisa científica que objetiva a solução de um problema restrito. (MARTINS; LINTZ, 2000, p.36, grifo do autor).

Desta forma é preciso cautela na escolha e na aplicação dos métodos e técnicas de pesquisa que, além de proporcionar confiabilidade ao trabalho, também possibilitem a estruturação de um processo eficaz de construção de raciocínio. Não que exista um método melhor para a realização das pesquisas, mas, com certeza, é necessária adequação aos objetivos e coerência com o problema.

Em princípio, não há um método mais apropriado para qualquer um dos tipos de projetos sugeridos, mas espera-se que este seja coerente com a maneira como o problema foi formulado, com os objetivos do projeto e outras limitações práticas de tempo, custo e disponibilidade dos dados. O projeto pode combinar o uso de mais de um método. (ROESCH, 1999, p. 127).

Verifica-se então que, pelo próprio caráter deste trabalho, trata-se de um estudo de caso, onde se limita a pesquisa a uma unidade claramente identificável, e o trabalho atinge uma profundidade e especificidade bem maior. Dentro do tema específico [a TOC], uma área em particular foi estabelecida para análise da aplicação: a gestão de operações.

Trata-se de uma técnica de pesquisa cujo objetivo é o estudo de uma unidade que se analisa profunda e intensamente. Considera a unidade social estudada em sua totalidade, seja um indivíduo, uma família, uma instituição, uma empresa, ou uma comunidade, com o objetivo de compreendê-los em seus próprios termos. (MARTINS; LINTZ, 2000, p.36, grifo do autor).

Roesch (1999, p. 195) afirma que “a estratégia do caso tem sido amplamente utilizada na pesquisa acadêmica”, e cita também Yin como um dos autores que mais tem divulgado a estratégia do caso como forma de pesquisa.

Alguns aspectos caracterizam o estudo de caso como uma estratégia de pesquisa: permite o estudo de fenômenos em profundidade dentro de seu contexto; é especialmente adequado ao estudo de processos e explora fenômenos com base em vários ângulos. (YIN, 1994 apud ROESCH, 1999, p.197).

Ora, nas ciências sociais a distinção entre o fenômeno e seu contexto representa uma das grandes dificuldades com que se deparam os pesquisadores; o que, muitas vezes, chega a impedir o tratamento de determinados problemas mediante procedimentos caracterizados por alto nível de estruturação, como os experimentos e levantamentos. Daí, então a crescente utilização do estudo de caso no âmbito dessas ciências, com diferentes propósitos[...]. (GIL, 2002, p. 54).

Por se tratar de uma pesquisa aplicada e de um estudo de caso, onde estão intrínsecos aspectos avaliativos e participativos, utilizar-se-ão documentos primários como questionários, observação direta e levantamento de dados secundários e documentais para recolha das informações. Neste ponto, dois aspectos podem ser, claramente, destacados: primeiro, a análise e pesquisa sobre a Teoria das Restrições e, segundo, sua aplicação na UCAR Produtos de Carbono.

Para o estudo da TOC, será primeiramente realizada uma rápida pesquisa bibliográfica, com o intuito de explorar a teoria sob o ponto de vista não apenas do seu criador, Goldratt, mas adicionando, de outros autores, pontos complementares e estudos de aplicação, que envolverão, também, outras pesquisas monográficas. Vale, então, o levantamento das mais diversas fontes.

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico, etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, que publicadas, quer gravadas. (LAKATOS e MARCONI, 1991, p. 183).

Além das obras de Goldratt, pai da teoria, procurou-se explorar autores com publicações sobre a Teoria das Restrições e também outros, que fossem descrentes ou contrários à teoria apresentada pelo físico israelense.

No segundo aspecto da coleta de dados, relativo à análise da aplicação da TOC na UCAR, serão utilizados, essencialmente, documentos secundários da organização e a aplicação de questionários e entrevistas - os documentos primários.

Pode-se dizer que, em termos de coleta de dados, o estudo de caso é o mais completo de todos os delineamentos, pois vale-se tanto de dados de gente quanto de dados de papel. Com efeito, nos estudos de caso os dados podem ser obtidos mediante análise documentos, entrevistas, depoimentos pessoais, observação espontânea, observação participante e análise de artefatos físicos. (GIL, 2002, p. 141, grifo do autor).

As fontes de documentos utilizadas serão, essencialmente:

a) documentos e relatórios internos da UCAR Produtos de Carbono S.A.; b) arquivos eletrônicos da Web;

c) publicações (livros, revistas, boletins institucionais, etc.).

Muitas das informações utilizadas estarão disponíveis em planos e cronogramas preparatórios, relatórios gerenciais, atas de reunião e planilhas de acompanhamento. Porém, para complementar a análise destes dados, assim como na coleta de informações relativas a clima, participação e entendimento do processo, faz-se mister a utilização de questionários. Simples e diretos, são voltados para a direção, média gerência, corpo profissional diretamente envolvido na implantação.

Estes questionários devem avaliar o entendimento e envolvimento no processo, assim como perceber eventuais dificuldades de compreensão ou visualização de ganhos com a boa implementação do processo. Abordarão, principalmente, pontos relativos a:

a) expectativas frente à implantação da teoria; b) grau de envolvimento no processo;

c) grau de domínio da Teoria (percepção pessoal); d) principais obstáculos previstos;

e) percepção de transformações na organização; f) reconhecimento dos resultados;

g) percepção quanto ao cumprimento do programa proposto; h) satisfação pessoal com o processo.

Para a construção e preparação dos questionários, levou-se em consideração, primeiramente, o referencial bibliográfico contido no capítulo 7. Em seguida, realizou-se uma estratificação do público-alvo, de acordo com o nível hierárquico ocupado na empresa. Com isso, pretende-se explorar, de forma diferenciada, tanto o grau de participação no processo de implantação, quanto o entendimento e a capacidade de análise e discussão sobre o tema. Vale lembrar, também, que por estar-se analisando a utilização de um modelo de gestão, são justamente os cargos de liderança os mais importantes para a aplicação da coleta primária.

Para estruturação do questionário de perguntas objetivas foi escolhida a utilização da escala Lickert, tanto pela facilidade de entendimento do respondente, como pela facilidade de compilação dos dados após o levantamento.

Trata-se de um enfoque muito utilizado nas investigações sociais. Consistem em um conjunto de itens apresentados em forma de afirmações, ou juízos, ante os quais se pede aos sujeitos [os respondentes] que externem suas reações, escolhendo um dos cinco, ou sete pontos de uma escala. A cada ponto, associa- se um valor numérico. Assim, o sujeito obtém uma pontuação para cada item, e o somatório destes valores [pontos] indicará sua atitude favorável, ou

desfavorável, em relação ao objeto, ou representação simbólica que está sendo avaliada. (MARTINS, 2000, p. 46).

A ordem e a apresentação das perguntas procurou criar o máximo de isenção e lógica com as seguintes características:

a) Impossibilidade de identificação do entrevistado; b) Utilização de perguntas abertas e fechadas e; c) Linguagem direcionada para cada público.

Entretanto, os questionários (Apêndice D) não serão instrumentos únicos para a análise e tomada de conclusões. Servirão, sim, de material adicional, para complementar à avaliação do processo de implementação, realizada com os indicadores de desempenho.

Este é um dos pontos que deve exigir mais cuidado e esforço: a análise de dados. Cautela para o delineamento das conclusões e estabelecimento dos resultados é sempre uma posição fundamental, pois, como se trata de uma organização empresarial, um sistema complexo, existem vários outros aspectos e fatores que interferem na obtenção dos resultados.

Por outro lado, não interessa estar simplesmente descrevendo ou observando o caso em si, sem agregar conclusões e resultados práticos ou, ao menos, levantando pontos importantes a serem considerados.

“Um dos pontos fracos das dissertações via estudos de caso refere-se à análise [...]. Muita descrição e pouca análise! É uma das críticas freqüentes que se ouve a respeito de estudos de caso.”(MILES & HUBERMAN apud ROESCH, 1999, p.259).

Vale ressaltar, entretanto, que a análise não se trata de um evento isolado, mas, como salientado por Martins e Lintz (2000, p. 37), “deve estar presente ao longo dos vários estágios da pesquisa”. A análise das informações, a estatística e a análise de conteúdo serão as ferramentas auxiliares, visando avaliar com minúcia os aspectos diversos de cada informação.

Espera-se que este trabalho seja uma contribuição não apenas para a análise, crítica ou difusão da Teoria das Restrições no meio empresarial brasileiro, mas também uma fonte de consulta para pontos problemáticos específicos da nossa realidade, com possíveis direcionamentos e soluções. São, ainda, poucos os estudos práticos de empresas que utilizam a TOC como ferramenta ou como modelo de administração no Brasil e, apesar de alguns autores nacionais serem reconhecidos como experts e grandes colaboradores do assunto, ainda é incipiente o conhecimento acerca do tema no meio empresarial e acadêmico brasileiro.

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