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Alguns autores usam nomenclaturas diferentes para citar os dois tipos básicos de Atenção que são: Involuntária e a Voluntária assim nomeada por Vygotsky.

Apesar da existência de um processo de aquisição de atenção voluntária, não deixamos de ter a involuntária a qual nascemos com ela. Os estímulos externos estão presentes no dia-a- dia: uma música, uma buzina, um jogo de luz no salão de festa, etc. Mesmo sendo involuntária, essa atenção pode ser mediada pelos signos adquiridos. Quando alguém fala seu nome, a reação é imediata, involuntária, isso só acontece porque associamos um signo a esta linguagem que é específica, afinal é o seu nome.

Agora se imagine numa sala de aula, durante a explicação do conteúdo. Ilhado por ruídos, pessoas que passam e batem na porta, colegas que chegam à janela, a iluminação insuficiente, o barulho dos ventiladores, o calor sufocante e o professor que reclama atenção e explica ao mesmo tempo. No entanto, você supera tudo com tranquilidade, escolhe o que quer ouvir, escolhe um lugar para ficar, responde ao que lhe perguntam numa ordem tal que sua organização mental e física não se confunde.

Uma mãe no meio do pátio da escola cheio de crianças correndo, gritando e pulando. Seu filho cai e chora imediatamente ela escuta o choro dele em meio a tantos outros ruídos. Não importa quantas crianças estejam ali, naquele momento é seu filho que grita e chora.

Essa pré – seleção dos objetos que serão fruto de nossa atenção é a atenção voluntária (CONCEIÇÂO, 2003). Ela só é possível pelo nosso desenvolvimento e pela mediação dos signos e símbolos que assimilamos no contato com o outro social e com a cultura que nos rodeia. A atenção voluntária nos permite fazer uma escolha do objeto a que voltaremos nossa atenção. Essa atenção, a voluntária, nos leva a focalizar um determinado objeto, “desligando-nos” dos demais estímulos que estão ao nosso redor. [...] ao longo do nosso desenvolvimento, vamos substituindo estímulos externos por estímulos internalizados e somos capazes de dirigir, voluntariamente, nossa atenção para elementos do ambiente que temos definido como relevantes. (TANAKA, 2007, p. 66).

Atualmente os adolescentes e jovens quase que de modo geral estudam lendo, escrevendo, ouvindo música, tudo ao mesmo tempo. De acordo com Fernandez (2001, p.218) “O mercado de trabalho e suas exigências cada dia usa mais a chamada feminização do trabalho, que trata da atenção dispersável típica da mulher [...]”. É dona de casa, trabalha, atende aos filhos, ao marido, cozinha, toma conta da casa, participa das ações na Igreja, vai à academia, ao supermercado, médico, etc. A faz tudo!

Freud desenvolveu o conceito de atenção flutuante, que se refere ao estado pelo qual deve funcionar a atenção do psicanalista durante uma sessão analítica. Ele não deve privilegiar a atenção a qualquer elemento do discurso ou do comportamento do paciente, o que implica deixar funcionar livremente suas próprias atividades mentais, conscientes e inconscientes [...]. Em outras palavras, a atenção flutuante nos permite atender de modo simultâneo a várias situações. É um estado artificial da atenção, cultivado pela necessidade do momento. [...]. (FERNANDEZ, 2001, p. 218).

A atenção passa por várias etapas do desenvolvimento e o psicopedagogo por conhecer essas etapas, deve diagnosticar como a criança passou por cada fase, investigando as rupturas existentes no processo de ensino-aprendizagem que dificultou o seu desenvolvimento.

O que Boal sugere com suas práticas é, em primeiro lugar, que cada indivíduo reencontre sua sonoridade interna. Re-descubra seu ritmo internalizado, o timbre de seu coração, de seus órgãos, de seu corpo. O som está ligado ao movimento corporal. A partir dessa descoberta, encontrando o ritmo individual e coletivo daquele grupo, há práticas de criação de novos ritmos, danças inspiradas no cotidiano, experimentação de novos movimentos corporais provenientes da música, criação de instrumentos musicais a partir do lixo reciclado, etc. [...] Os jogos que se utilizam de sons são classificados, em sua maioria, na segunda categoria de exercícios do arsenal do Teatro do Oprimido. Essa categoria tem o objetivo de sensibilizar os ouvidos a escutar tudo que somente ouvimos. Para Boal o ato de ouvir é algo físico, produzido pelo ouvido. Porém, precisamos perceber além dos sons e palavras que ouvimos, necessitamos também refletir sobre o que ouvimos e avançar para o escutar. (SANCTUM, 2011, p.86-87).

Em geral, na criança com TDAH uma dessas etapas não teve o desenvolvimento esperado, comprometendo as demais. O uso de exercícios teatrais recupera a consciência corporal, possibilita à criança expressar em movimentos, seus pensamentos e emoções, tornando-se fundamental para a manutenção do ritmo individual e coletivo. Desenvolve os sentidos, ensina a perceber além do som tudo que falamos ou ouvimos, restaurando a atenção

e garantindo a sua participação no processo. Cada criança pode ter uma dificuldade de atenção diferente da outra.

[...] a alteração mais comum e menos específica da atenção é a diminuição global da capacidade de prestar atenção, chamada hipoprosexia. Esse quadro se observa em casos de bloqueio emocional e processos regressivos, tais como: a depressão, a fadiga e a astenia. Aqui se verifica uma perda básica da capacidade de concentração, com fadigabilidade aumentada, o que dificulta a percepção dos estímulos ambientais e a compreensão; as lembranças tornam-se mais difíceis e imprecisas, há dificuldade crescente em todas as atividades psíquicas complexas, como o pensar, o raciocinar, a integração de informações, etc. [...] Aprosexia é a total supressão da capacidade de atenção, por mais fortes e variados que sejam os estímulos que se utilizem. Esta patologia é causada por um déficit senso-neuronal ou mental [...]. A hiperprosexia é um estado da atenção exacerbada, na qual há uma tendência incoercível a obstinar- se, a se manter indefinidamente sobre certos objetos com surpreendente infatigabilidade. [...] crianças que demonstram sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade persistentes e inapropriados para a idade – o Déficit de Atenção e a Hiperatividade [...] suas manifestações ocorrem geralmente na idade escolar, entre os sete e os oito anos. [...] são nitidamente diferentes das outras crianças, que não possuem o distúrbio, que está relacionado à desatenção, à inquietude e a hiperatividade. (DALGALARRONDO, 2000 apud TANAKA, 2007, p. 71-72).

A fim de entender melhor todo esse processo de desenvolvimento da aprendizagem e atenção, trago a seguir, um breve relato sobre hiperatividade, suas causas e efeitos.