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131 trabalho", pois em relação à primeira, muitas

vezes eu me empolgo com os vídeos e outros materiais que acho na rede e fico horas tentando encaixá-los nas minhas aulas ou até mesmo pesquisar mais sobre os mesmos. Em relação à segunda, creio que as mídias nos possibilitam o contato com materiais tão bons quanto os impressos em livros, mas de maneira mais prática (TEACHER 11).

Ainda sobre os efeitos da integração de mídias no contexto pedagógico, todos os participantes responderam que conhecer e utilizar os conteúdos disponíveis na internet no processo de ensino de línguas pode contribuir nos seguintes aspectos:

 Desenvolver materiais educacionais de melhor qualidade;

 Estimular o interesse dos alunos;

 Oferecer materiais mais atualizados e autênticos;  Aprimorar a prática docente;

 Estabelecer contato com outros educadores, mesmo que seja à distância.

Por fim, questionado a opinião sobre possíveis entraves e dificuldades na utilização das mídias nas escolas em sua futura prática profissional, encontramos os seguintes resultados: Uma grande maioria (71 %) alegou a possibilidade de encontrar o computador estragado ou sem conexão a internet, ou então, a escola não oferecer condições adequadas para o uso de mídias em sala de aula. Outra preocupação manifestada por um grande grupo (64 %) foi de que os alunos pudessem acessar sites inapropriados durantes as atividades mediadas por computadores ou similares, condição ratificada pelo pesquisador durante a observação de aulas, como consta em nota retirada do diário de campo:

Os alunos escolheram sentar individualmente ou em duplas e começaram a explorar os jogos dos

sites, enquanto os estagiários cuidavam para que

eles não acessassem outros sites com receio de entrarem em conteúdos não apropriados à idade

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deles (12-13 anos) (Nota do pesquisador, Diário de Campo, 02 jun. 2015).

Ademais, metade dos participantes mencionaram o receio de que os alunos danifiquem os equipamentos; cinco (35 %) a falta de tempo em preparar atividades que envolvam o uso de internet e mídias e também, expressaram o receio de que os alunos possam ter mais conhecimento dos meios digitais que eles mesmos. Um respondente incluiu como barreira na implementação das mídias no contexto pedagógico a dificuldade em manter o controle da aula.

4.4 Observação e análise de aulas durante o estágio de docência supervisionado51

Uma vez caracterizados os participantes da pesquisa a fim de definir o primeiro objetivo estabelecido, ou seja, conhecer o consumo e usos pessoais que estes fazem das mídias, partimos para o próximo objetivo: identificar quais os critérios que os professores em formação utilizam para escolha de uma determinada mídia como apoio pedagógico e quais as percepções e efeitos advindos do uso desta.

Para obtermos respostas a esta pergunta, recorremos à observação de aulas durante o estágio de docência supervisionado no segundo semestre de 2015. Os óbices a enfrentar: pelo escopo da pesquisa e a limitação do tempo decidimos optar pela descrição e análise de três aulas ministradas por três professores distintos e de séries variadas. Os critérios estabelecidos para a escolha do número de aulas a serem analisadas, assim como quais as aulas partiram de escolhas feitas pelo próprio pesquisador. O número da amostragem em três aulas (que ao final veremos que são quatro aulas, visto que a primeira é dada duas vezes) se mostrou suficiente para respondermos as questões iniciais dessa investigação e destacou diversos pontos para discussão e reflexão. Além disso, a amostragem de três aulas se mostrou adequado aos limites dessa dissertação. A escolha das aulas que foram observadas, descritas e analisadas teve por critério a disponibilidade do observador em estar presente para a observação das referidas aulas, assim como participar dos encontros que se deram antes e depois das aulas. Outro critério de

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Antes de dar início à pesquisa solicitou-se a aprovação ao Comitê de ética da UFSC. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE – encontra-se no Anexo 5.

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escolha foi à motivação e interesse que certos professores em formação demonstraram no desenvolvimento e uso de atividades pedagógicas mediadas pelo meio digital no contexto do practicum.

4.4.1 Relato de aula # 1 Data da aula: 16/09/2015

Turma de alunos: 5° ano C do ensino fundamental. Número de alunos: 23

Grupo de professores em Formação: T.4, T.7 e T.13, doravante Grupo 1.

Participantes na observação da aula de T. 4: Teacher 7., T. 13, P.C.1. e P.C.A.1

Tempo de aula: 50 minutos.

Recursos utilizados: laptops conectados à internet. Grupos formados por 4 alunos compartilhando 1 laptop. Contextualização

O relato de observação de aula refere-se às aulas ministradas por Teacher 4 durante o estágio de docência supervisionado, que ocorreram no período de 19 de agosto a 18 de novembro de 2015, justificado pelas inserções e usos de tecnologias e mídias que o T. 4 realizou durante sua prática docente.

Na divisão dos grupos de estagiários (14), ficou acordado que Teacher 4 iria dividir o período de docência igualitariamente com Teacher 7 e Teacher 13, totalizando um período de quatro semanas para cada integrante do grupo realizar o practicum. A sequência estabelecida iniciou com Teacher 13, seguido por T.4, e por fim, T. 7.

O Grupo 1, vale destacar, mostrou grande comprometimento com o estágio supervisionado. Além de participativos e colaborativos com toda a equipe, os três integrantes do grupo demonstraram bom entrosamento e interação entre si, observado pelo pesquisador em diversas situações: acompanharam e assistiram cada colega durante a prática docente no estágio, colaboraram entre si com sugestões e ideias

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sobre as aulas, e, notadamente, prestaram apoio emocional mútuo em momentos em que o practicum ofereceu desafios e dificuldades.

Isso dito, o practicum do Grupo 1 deu-se em duas turmas do 5º ano do Colégio de Aplicação, 5º ano A e 5º C do ensino fundamental, com idade média entre 10 e 11 anos.

Em busca de um maior realce e detalhamento sobre os dois grupos de alunos, que nos ajudará a compreender melhor o contexto das aulas, assim como os planejamentos, atitudes e decisões tomadas pelo Teacher 4, recorremos a análise documental do plano de intenções de estágio proposto pelo Grupo 1, que apresentou a seguinte narrativa sobre os estudantes dos 5º ano A e C do Colégio de Aplicação da UFSC:

De acordo com os dados obtidos a partir do questionário aplicado em sala durante o primeiro semestre, por nós estagiários, foi possível elaborar um perfil dos estudantes com maiores especificidades em diferentes aspectos. A idade destas crianças varia entre 10 e 11 anos, porém há um aluno do 5º A de 9 anos e outro do 5º C de 12 anos. Há três alunos com necessidades especiais, dentro do espectro autista (DEA), sendo dois no 5º C e um no 5º A. Os alunos residem em diversas localidades, desde bairros próximos ao CA a bairros mais distantes (Norte da ilha, Sul da ilha, Continente, etc.), e até em outros municípios, como Palhoça e São José. Somente três alunos afirmaram não gostar da escola e, dentre as disciplinas favoritas, o inglês foi eleito por apenas 34% dos estudantes. Os alunos se consideram participativos, prestativos e que realizam regularmente as tarefas de casa, porém afirmam também que esquecem o material com frequência. Outra característica relevante das turmas é o fato de eles admitirem que conversam bastante. Em relação à leitura, foi constatado que essas turmas têm o hábito de ler e gostam de fazê-lo, o que possivelmente corrobora a premissa do Colégio de Aplicação de estimular tal prática nos Anos Iniciais. Especificamente às aulas de inglês, os alunos tem preferência em aprender a língua principalmente: ouvindo música, jogando jogos no computador, assistindo a filmes e desenhos, repetindo as palavras, brincando. Os alunos

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