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TRATAMENTOS UTILIZADOS ENTRE ENTREVISTADOR E INFORMANTES 108

7.   ATITUDES DE SOTEROPOLITANOS AOS TRATAMENTOS O SENHOR/A

7.1   TRATAMENTOS UTILIZADOS ENTRE ENTREVISTADOR E INFORMANTES 108

A primeira pergunta do questionário – Como prefere ser tratado(a) de modo geral (ou pelo pesquisador, conforme o entendimento que tiveram da pergunta)? – teve como objetivo conhecer as preferências e atitudes dos soteropolitanos em relação às formas pronominais o senhor/a senhora, tu e você. Quando perguntados sobre o uso do tu, os participantes disseram não utilizar.

Como a técnica de coleta de dados principal foi a entrevista semiestruturada, nem sempre a pergunta foi realizada da mesma maneira. Por vezes, o documentador utilizava um pronome de tratamento (você/cê ou o senhor), outras vezes fazia a omissão. No entanto, pode- se observar que a variação não serviu de impedimento para os participantes declararem suas preferências e impressões (atitudes) com relação às formas de tratamento, como se pode observar nos exemplos a seguir.

Neste primeiro exemplo, a informante (Inf.) 01, mulher, 30 anos, foi tratada pela documentadora (DOC.), mulher, 35/36 anos47- por você e respondeu que prefere ser tratada

assim mesmo.

DOC.: Algumas pessoas gostam de ser tratadas por você, outras por senhor ou senhora. Então, por mim, como você prefere ser tratada?

INF.: Por você. (risos)

No segundo, o informante 03, homem, 48 anos, foi tratado por senhor, mas respondeu que prefere você.

DOC.: Eu vou perguntar objetivamente e (inint.) mesmo que o senhor... Algumas pessoas gostam de serem tratadas por você, outras por senhor e senhora. Como prefere ser tratado?

INF.: Você.

No terceiro e quarto exemplos, houve a omissão do pronome e a resposta explícita da opção de cada um (Inf. 15, mulher, 53 anos e Inf. 36, homem, 42 anos), você e senhor, respectivamente.

DOC.: Algumas pessoas gostam de ser tratadas por você, outras por senhora. Como prefere ser tratada? INF.: Depende muito do momento, né? E de quem você vai se dirigir, mas... eu acho que os dois. DOC.: Por exemplo, por mim?

INF.: Por você.

DOC.: Algumas pessoas gostam de ser tratados por senhor, outras por você. Como prefere ser tratado? INF.: Prefiro senhor mesmo.

No quinto e último, a documentadora faz a omissão do pronome e tem a resposta você. Em seguida declara que tinha começado a tratá-la por senhora e agora tem dificuldade de utilizar o você. A informante 22, mulher, 56 anos, então, reafirma seu desejo:

DOC.: Algumas pessoas gostam de ser tratadas por você, outras por senhora. INF.: Hum.

DOC.: Como prefere ser tratada? INF.: Você.

[...]

DOC.: [...] Aí, comecei chamar de senhora e não consigo voltar pra você (risos). INF.: Não, mas pode me chamar de você que eu não me importo não.

Assim, percebeu-se ao longo da pesquisa que a escolha da forma de tratamento pronominal pelo emissor depende, em parte, do conhecimento que ele tem sobre seu interlocutor e da relação entre as partes, quando há. Quando não se sabe nada ou quase nada sobre o outro, busca-se na aparência os critérios para a eleição de um pronome de tratamento (idade aparente, vestuário, estilo etc.), o que não é nenhuma garantia de acertar o que é desejado, para se ter uma relação mais cordial, já que o adequado também é variável e discutível.

Os resultados da primeira pergunta sobre os tratamentos que os informantes desejam receber do inquiridor e de outras pessoas estão reunidos na tabela a seguir.

Tabela 1 – Preferência dos informantes com relação ao tratamento com a inquiridora e com outras pessoas FORMA DE TRATAMENTO N. % Você 38 78% O senhor/A senhora 03 06% Sem preferência 05 10% Outros casos 03 06% Total 49 100%

Como se pode observar na tabela, 38 dos 49 informantes preferem ser tratados por

você; 05 responderam que “tanto faz”, não têm preferência e apenas 03 preferem o senhor/a senhora. Nos 03 outros casos, um informante que não foi perguntado; um que não respondeu

e uma resposta que não foi registrada.

A maioria dos que querem ser tratados por você pelo inquiridor e por outras pessoas pensa diferente quando se trata de pais e filhos. É o que será tratado a seguir.

7.2 TRATAMENTOS PREFERIDOS DOS FILHOS E DE OUTROS

Em resposta às pergunta Como prefere ser tratado(a) por seus filhos? ou Como

gostaria de ser tratado(a) se tivesse filhos?, dos 38 informantes que responderam preferir você dos outros, a maioria deseja ouvir senhor/a senhora dos filhos. Os detalhes estão na

tabela a seguir:

Tabela 2 – Preferência dos informantes com relação ao tratamento com os filhos

FORMA DE TRATAMENTO N. %

O/A senhor(a) 20 53%

Você 14 37%

Outros casos 04 10%

Total 38 100%

Dos 38 informantes que desejam ser tratados por você pelos outros, 20 preferem o tratamento o senhor/a senhora dos filhos (14 homens ou 82% e 24 mulheres ou 75% das mulheres); 14 preferem você dos filhos também. Nos “outros casos” estão 02 participantes que não foram perguntados e 02 que não responderam.

Dos 20 que querem ser tratados por você de modo geral e por o senhor/a senhora pelos filhos:

a) 16 (50%) são mulheres com idades entre 11 e 56 anos; b) 04 (23%) são homens de 27 a 38 anos.

Os exemplos seguintes mostram atitudes de soteropolitanos que preferem ser tratados por você pelos outros e de senhor/senhora pelos filhos.

A informante 15, de 53 anos, prefere ser tratada por a senhora pelas filhas, pela questão da educação que teve mesmo e pelo respeito. Já de outras pessoas, depende de quem seja, gosta dos dois e disse preferir você da documentadora.

INF.: Depende muito do momento, né? E de quem você vai se dirigir, mas... eu acho que os dois. DOC.: Por exemplo, por mim?

INF.: Por você. DOC.: Por que você?

INF.: Não tem assim um porquê. É uma forma mermo de tratamento comum. DOC.: E pelo seus filhos? Como prefere: senhora ou você?

INF.: Senhora. O tratamento sempre foi senhora e senhor. DOC.: E por que pelos filhos senhor?

INF.: É a educação mesmo. Educação e eu acho que já é também o respeito, né? Acho que já vem...

A informante 23, de 36 anos, explica que a preferência depende de quem seja. Como considera que você cria clima de intimidade, não é tratamento indicado para alunos ou filhos.

Senhora serve tanto para demarcar respeito e hierarquia quanto para indicar idade.

DOC.: Algumas pessoas gostam de ser tratados por você, outras por senhora. Como você gosta de ser tratada?

INF.: Depende. Se for pelos meus alunos, por senhora, mas no geral por você, com certeza. DOC.: E por quê? Qual a diferença? Pelos seus alunos...

INF.: Porque senhora imprime respeito e, se a gente não colocar um limite na forma como eles tratam a gente, do você, do chamar de você pra ter outros tipos de conduta que não demonstram respeito é um pulo. Então, se você já impõe uma barreira na própria forma de tratamento, isso dá pra eles uma sensação de hierarquia, de que existe uma autoridade e que, portanto, exige-se que nessa relação tenha mais respeito.

DOC.: E no geral, você disse que prefere você... INF.: No geral, você.

DOC.: Por que você?

INF.: Porque eu me sinto mais íntima das pessoas. As pessoas se sentem mais íntimas de mim, né? E também por questão de idade, né? Eu não me sinto uma senhora pra ser chamada de senhora, né? DOC.: Certo. Bom, você não tem filhos; mas, se tivesse, gostaria de ser chamada de senhora ou você? INF.: Com certeza, senhora.

DOC.: Certo e por quê?

INF.: Pelo mesmo princípio que eu aplico pra o tratamento com os meus alunos. Por questão de respeito.

O informante 18, de 38 anos, respondeu que a escolha entre senhor e você depende da situação. Quer ouvir você da documentadora; mas, se tivesse filhos, preferia senhor.

DOC.: Algumas pessoas gostam de ser tratadas por você, outras por senhor, como prefere ser tratado? INF.: Depende da situação.

DOC.: Por exemplo, por mim? INF.: Pode me chamar de você.

DOC.: Você. E... Você não tem filhos, mas se tivesse filhos? O senhor ou você? INF.: Senhor.

DOC.: Por quê?

INF.: É mais formal e denota respeito.

A informante 38, de 37 anos, agiu assim: quer ouvir você de modo mais geral e a

senhora da filha.

INF.: Não, eu acho até pra... aproximar mesmo, porque a gente tem a conotação de que, senhor,

senhora, às vezes distancia muito as pessoas... Então, eu prefiro ser chamada de você mesmo.

DOC.: e pela sua filha, como é que você prefere. INF.: Senhora.

DOC.: Agora, por que senhora?

Ela acredita que manter o tratamento que aprendeu em família é preservar valores familiares. Comenta como seus colegas de trabalho estranham sua forma de tratar a família e critica famílias que não sabem separar pais e avós pelo modo de tratar.

DOC.: Certo. Explica um pouquinho mais. Você acha que você seria...

INF.: Não, aí depende do que se trata, por você e tudo, mas no geral, até pela... por respeito. E é uma coisa assim... Na minha casa as pessoas até estranham muito porque... até no meu trabalho, quando eu falo com minha família e tudo... tem esse negócio de tomar a benção, tem todo esse conceito familiar e que as pessoas estranham. E até estranham o relacionamento com minha filha, principalmente, quando as pessoas quando veem as duas, não associam que é mãe e filha. Entendeu?

DOC.: A idade é muito próxima, né?

INF.: É muito próxima, é... Então, eu mantenho. Quando as pessoas ouvem falar “Minha mãe, a

senhora...” Todo mundo acha muito estranho isso. E a gente ainda mantém esses valores familiares.

Muitas vezes, também, tem o quê? Eu vejo que... quando eu casei logo, que minha filha nasceu, convivia minha família toda junta. E, às vezes isso, perdem esses referenciais, aí acaba aspirando... “Minha mãe e a mãe dela”, eles chamam os avós de mãe, porque vê a gente chamar... E a gente não. A gente conseguiu separar muito bem. Minha mãe é minha mãe, minha vó é minha vó, minha bisavó é minha bisavó. Então, é mais uma questão mesmo de... de... respeito mesmo.

A informante 42, de 56 anos, gosta de ser tratada por você, porque esse pronome deixa o outro à vontade, não denota poder, senhorio e é mais simples. Conclui dizendo que, como é simples, gosta de você. Mas trata os pais por o senhor e a senhora e é tratada assim pelo filho adotivo. É o que prefere, por achar bonito e porque diz que filho tem que respeitar a mãe.

DOC.: Algumas pessoas gostam de ser tratadas por senhora e outras por você, como é que prefere ser tratada?

INF.: Você.

DOC.: Você. Por quê? Qual é a sua ideia desse tratamento?

INF.: Porque sim. É... Quando você fala “você”, você fica mais à vontade, né? Não tem aquela... Aquele senhorio, aquele poder todo, né? Não sei por que, fica uma coisa mais simples. E como eu sou simples, eu gosto de “você”. (Risos) Se bem que, lá no trabalho, todo mundo me chama de senhora. […]

DOC.: Mas, aí você tem um filho, né? INF.: Ah, lindo!

DOC.: Ele te chama de você ou senhora? INF.: Ele chama de senhora.

DOC.: Certo. E aí por ele? Você prefere senhora ou você?

INF.: Senhora, porque eu acho lindo e filho tem que respeitar a mãe. (Risos) É lindo.

A informante 31, de 34 anos, mãe de crianças, prefere ser tratada por você, para se sentir mais jovem.

DOC.: Algumas pessoas gostam de ser tratadas senhora, outras por você. Como é que você prefere? Como prefere ser tratada?

INF.: Por você mesmo. DOC.: Por você mesmo? INF.: É.

DOC.: Por quê?

INF.: Sei lá. Pra eu me sentir mais jovem.

Mas quer que seus filhos tratem-na por senhora, para manter o padrão de família.

INF.: A senhora. Meus filhos, porque... eles já... Como é que se diz? É uma coisa de... que passa de mãe pra filho, né? Na verdade... e sempre é bom, né? Senhora, pra manter o padrão mesmo... “Oi,

minha mãe...” Tem que ser assim..

DOC.: Certo...

INF.: Porque senão, né? Desanda.

O posicionamento do marido é o mesmo, como se pode observar a seguir. O informante 29, de 34 anos, diz que prefere ser tratado por você de modo geral. Inicialmente respondeu que também prefere ser tratado por você pelos filhos, pelo mesmo motivo: não ter idade para ser chamado de senhor.

DOC.: Algumas pessoas gostam de ser tratados por você, outros por senhor/senhora. Como prefere ser tratado?

INF.: Por você.

DOC.: Você. Por que você?

INF.: Acho que eu tenho idade ainda de ser chamado de você... Entendeu? DOC.: Ok. E por seus filhos, como prefere, você ou senhor?

INF.: Você também.

DOC.: Você também? Por quê?

INF.: Eu não tenho idade pra ser chamado de senhor, não... Eu chamaria só uma pessoa mais velha.

No entanto, ao final da entrevista, no tópico como é tratado pelos filhos, o mesmo informante mudou seu discurso. Disse que seu filho de 8 anos o trata por senhor e que pretende instruir seu filho menor a fazer o mesmo, para conservar a tradição familiar.

INF.: É, pai, é só uma maneira carinhosa que ele tem de me chamar, de se dirigir até a mim. E senhor já é uma maneira mais respeitosa.

DOC.: E qual é sua sensação de ser chamado de pai e de painho? INF.: Pra mim, é muito bom, véio!

DOC.: Seu sentimento?

INF.: Pra mim é muito bom, porque tá conservando a maneira que eu chamo meus pais, e que meus pais chamavam os pais deles, também.

DOC.: E... e o pequenininho? É... Acho que... Se ele te chamar de você, você não se importa? Tanto faz,

você ou o senhor, ou você vai ensinar a chamar de senhor?

INF.: Eu vou... eu vou... instruir ele a me chamar de senhor.

A informante 21, de 53 anos, ocupou-se de explicar sua aceitação da diversidade de formas de tratamento, citando você, tia, senhora, com a ressalva de que haja respeito. Mas, em seguida, ao envolver a possibilidade de ser tratada como mãe, não hesitou em responder:

senhora, justificando a necessidade de “impor respeito” aos filhos.

DOC.: Algumas pessoas gostam de ser tratadas por você outras por senhora. Como prefere ser tratada? INF.: Eu não tenho uma assim... porque, porque... na questão de tratamento, eu acho assim, o respeito é tudo, não importa como você me chame, desde quando você me respeite. Eu sou dessa opinião. Pode me chamar de velha, de senhora, do jeito que você quiser, de tia, não me importa. Eu gosto de ser respeitada. A maneira de tratar, eu acho que inda... inda o que vale é o respeito. Você respeita... Você me respeita e eu te respeito, você pode me chamar da maneira que você quiser.

DOC.: Ok. Não tem filhos, mas se tivesse preferia senhora ou você? INF.: Senhora.

DOC.: É? Por quê?

Na família 4, quando se refere ao tratamento geral, a informante 20, 44 anos, prefere ser tratada por você. Comenta sua reação de estranhamento quando é tratada por senhora, pois diz que não se sente velha, apesar dos 44 anos. Mas estranha também quando ouve seu sobrinho de cinco anos tratar a avó por você. No entanto, não repreende a criança. Não tem filhos, mas diz que gostaria de ser tratada por senhora, se fosse mãe.

DOC.: É... Algumas pessoas gostam de ser tratadas por você, outras por senhora. Comé que você gosta de ser tratada?

INF.: Você.

DOC.: Por que você prefere você?

INF.: Eu acho que senhora é pras pessoas mais velhas. Como eu não me acho uma pessoa velha... (Risos) Apesar de ter 44 anos. Acho sempre estranho quando um jovem se dirige a mim e me chamam de senhora. No supermercado, às vezes: “A senhora pega isso pra mim?” “Hum! Ah, sou eu”?

DOC.: Você não tem filhos; mas, se tivesse, como gostaria de ser tratada por você ou senhora? Pelos filhos.

INF.: Eu acho que por senhora. DOC.: Por quê?

INF.: Tem..., passa aquela ideia de respeito. Eu sempre acho estranho quando meu sobrinho chama minha mãe de você. Não reprimo, mas eu acho muito estranho.

A filha mais velha da família 3 (Inf. 40, 27 anos) foi criada pela avó, viu os tios e pais tratando seus pais assim, trata os pais também por o senhor e a senhora. Prefere você no geral, porque acha que o tratamento aproxima as pessoas. Tem consciência de alternar as formas, também utiliza você em certos contextos, até mais para o pai do que para a mãe, mas pensando em ser mãe, pensa que vai querer ser tratada por a senhora, por considerar respeitoso e para manter a tradição.

DOC.: Algumas pessoas gostam de ser tratadas por você, outras por senhor ou senhora... De modo geral, como você prefere?

INF.: Você.

DOC.: Você? Por quê?

INF.: Hum... É... É a questão da proximidade mesmo. Eu acho que você torna o tratamento mais amigável, ham.

DOC.: Sei. Você é... Não tem filhos, né? INF.: Não.

DOC.: Mas se pensa em ter, como prefere: a senhora ou você? INF.: Pros filhos?

DOC.: Sim, pros filhos? INF.: Eu acho que a senhora. DOC.: A senhora?

INF.: É.

DOC.: Por quê? Que ideia você tem?

INF.: Porque... Eu acho que, com o passar do tempo, os filhos estão perdendo um pouco o respeito pelos pais.

DOC.: Cê acha?

INF.: Eu acho. É... E aí... de alguma for... a, a, a... eu acho que isso é a manutenção de uma tradição, de alguma forma. Não é que eu num queira ser amiga, nem que eu num queira conversar, nem que eu num queira fazer... As coisas normais de lazer e nem nada, mas é só pra manter um... um resquício de tradição.

O resultado sugere que as mulheres são mais tradicionais, exigindo dos filhos o tratamento que denota respeito, o que pode ser explicado por dois motivos:

a) As mulheres têm sido educadas para serem obedientes, respeitosas e até submissas aos pais, o que se reflete no comportamento linguístico. Dentre as mulheres que preferem você dos iguais e a senhora dos filhos, estão mulheres jovens que não são mães, mas optam pela manutenção da forma que denota respeito;

b) Como as mães geralmente são mais procuradas pelos filhos para conversar, conforme pesquisas citadas neste trabalho, podem observar mais a linguagem dos filhos e se importar com o modo como falam;

c) Nos casos de separação, na maior parte do tempo, é a mãe quem fica com a guarda ou com a responsabilidade de cuidar dos filhos. Consequentemente, por passarem mais tempo com os filhos do que os pais e por serem as principais responsáveis pelos cuidados com os filhos, as mães podem estar preocupadas em manter a autoridade.

A tabela a seguir resume a situação de convivência dos filhos com os pais. Tabela 3 – Configuração das famílias dos informantes

CONFIGURAÇÃO FAMILIAR N. %

Filhos de pais separados 26 53%

Têm/tiveram pais casados 21 43%

Não informaram 02 04%

Total 49 100%

Dos 49 sujeitos que compõem a amostra, 26 informantes são filhos de pais separados, 21 tiveram/têm pais juntos e 02 não informaram.

Por sua vez, dos 26 filhos de pais separados, 22 foram criados pela mãe, 03 pela avó materna e apenas 01 pelo pai e madrasta, conforme tabela a seguir.

Tabela 4 – Criação dos filhos de pais separados

CRIAÇÃO DOS FILHOS N. %

Criados pela mãe 22 85%

Criados pela avó materna 03 11%

Criados pelo pai e madrasta 01 4%

Total 26 100%

Esses dados condizem com os resultados encontrados nos estudos sobre a composição das famílias brasileiras.

Os 14 informantes (28%) que disseram preferir ser tratados por você de modo geral, até mesmo pelos filhos são 07 (dos 17) homens e 07 (das 32) mulheres, conforme tabela.

Tabela 5 – Informantes que preferem ser tratados por você pelos filhos

PREFEREM VOCÊ N./Total %

Homens 07/17 41%

Mulheres 07/32 21%

Total 14/49 28%

Dos 14 informantes que têm preferência pelo você, tem-se a seguinte distribuição: a) 11 (22%) são pais e mães e dizem que são tratados desse modo (São 04

homens de 27 a 59 anos, ou 23% dos homens e 07 mulheres de 38 a 62 anos, 21% das mulheres);

b) 02 são homens jovens sem filhos, de 27 e 29 anos e 01 homem de 60 anos disse que deixou os filhos escolherem (atualmente, homens de 29 e 35 anos), apesar de eles terem “optado” tratá-lo por o senhor.

É importante destacar que os filhos estão entre os informantes que responderam que preferem ser tratados por você pelos filhos. O mais novo (29 anos) pensa que quando for pai vai preferir ser tratado por você, por ser jovem. Respondeu que em alguns contextos trata os pais por você, mas o senhor e a senhora são as formas principais. O mais velho (35 anos) foi pai, perdeu seu filho ainda criança. Disse que trata o pai por o senhor porque foi o tratamento imposto.

Os dados estão expostos na tabela seguinte.

Tabela 6 – Pais que são tratados por você pelos filhos

SÃO TRATADOS POR VOCÊ N./Total %

Homens 04/17 23%

Mulheres 07/32 21%

Total 11/49 22%

Os exemplos a seguir mostram as atitudes dos sujeitos que preferem a forma você de modo geral, o que inclui filhos reais ou supostos.

A informante 46, de 60 anos, prefere ser tratada por você por qualquer pessoa, pois tem a sensação de estar muito velha quando é tratada por senhora. Pelos filhos, é o mesmo: prefere você e é tratada assim.

DOC.: Algumas pessoas gostam de ser tratadas por você e outras preferem senhor ou senhora. Como