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CAPÍTULO 1 TURISMO E HOTELARIA: BREVE HISTÓRICO E CONTEXTUALIZAÇÃO

1.1 Turismo: um sistema de serviços

Fenômeno típico de uma sociedade de consumo, o turismo não é mais do que um produto composto ou uma combinação de bens e serviços, cuja funcionalidade depende de uma série de conhecimentos operacionais e de paciente dedicação para atendimento das necessidades da oferta e das exigências da demanda.

Segundo Andrade (1992, p.38), o conceito que mais se aproxima do ideal para definir o que seja o turismo é o de que o “turismo é o complexo de atividades e serviços relacionados aos deslocamentos, transportes, alojamentos, alimentação, circulação de produtos típicos, atividades relacionadas aos movimentos culturais, visitas, lazer e entretenimento”.

Porém, nem sempre foi assim. As primeiras manifestações do turismo no mundo não se apresentavam com toda essa estrutura nem tampouco com essa característica. Sabe-se que, no decorrer da história, o homem procurou usar a sua criatividade para criar meios de locomoção cada vez mais aprimorados no sentido de desvendar os mistérios que cercam a Terra. Dessa forma, o homem, ao descobrir a roda, o barco à vela, o motor a vapor e à explosão, paralelamente, ao inventar uma série de instrumentos que lhe permitiram melhor prever e controlar os

fenômenos naturais viu que as viagens foram se tornando uma realidade cada vez mais possível.

Considerando-se a afirmação de Castelli (1996, p.13), tem-se o entendimento da viagem turística atual como sendo:

[...] uma decorrência da sociedade industrial. Sociedade esta que provocou uma concentração de pessoas em cidades, de tal sorte que a fuga desse meio ambiente tornou-se até mesmo uma questão de sobrevivência. A viagem turística passou a ser para o homem urbano atual um produto de primeira necessidade. O berço do turismo está nas estruturas urbanas industriais criadas na Europa Ocidental e na América do Norte a partir de 1840. [...] No passado, antes da era industrial, a população universal se distribuía de forma diferente, embora encontraremos alguns exemplos de cidades que, devido a sua concentração urbana, geravam alguns problemas semelhantes às cidades da era industrial. Algumas soluções por elas adotadas para desafogar a população dos inconvenientes da concentração urbana, são ainda utilizadas em nossos dias.

É válido relembrar que, na Grécia Antiga encontravam-se várias formas de lazer, como: festivais públicos, cerimoniais antigos, práticas de arte, afluência aos teatros, ginásios e aos famosos jogos olímpicos que atraiam um número considerável de pessoas vindas das mais diferentes regiões.

Dentro de uma análise retrospectiva do turismo, não se pode excluir Roma, que a exemplo de Alexandria, tornou-se uma cidade cosmopolita de grande porte com todas as vantagens, mas também com os inconvenientes das grandes cidades. Estes, por sua vez, eram compensados por um lazer proporcionado pelos famosos circos romanos espalhados por várias localidades. Um exemplo dessa realidade era o Circo Máximo que tinha capacidade para 40.000 espectadores sentados. Foram criados, também pelos romanos, locais de lazer, no mediterrâneo. Foi o início das praias, que serviam não só para fins terapêuticos, mas também para a prática de esportes.

No fim do século XVI, a renascença italiana e as grandes descobertas abriram para os europeus novos horizontes desenvolvendo as artes, as letras, as ciências, promovendo, portanto, mudança nos costumes, aumentando de algum modo as viagens, especialmente dos artistas e artesãos que se locomoviam de cidade em cidade, por toda a Europa, para edificarem e pintarem palácios, igrejas e outros monumentos. O Renascimento trouxe, assim, um grande incentivo para as viagens, de tal sorte que surgem os tours, feitos sobretudo pela aristocracia inglesa como complemento a sua formação intelectual.

Araújo (2001) destaca que no século XVII, os estabelecimentos comerciais alinhavam-se um ao lado do outro, expondo os seus produtos aos passantes e às carruagens que foram se incorporando ao trânsito. Assim, as cidades recém concebidas passaram a se constituir uma atração, onde as pessoas buscavam observar as vitrines, de modo semelhante ao que fazem milhares de turistas na nossa época, com o intuito de fazer compras

Ao final do século XVIII, registraram-se alterações no sistema econômico, dando início ao capitalismo industrial e, com ele, a sociedade passou a agregar novos elementos a sua forma de viver. Assim, as viagens ganharam um novo enfoque, passando a se desenvolver em escala acelerada e em condições favoráveis de segurança, devido aos avanços da tecnologia.

Segundo Castelli (1996), o aparecimento do inglês Thomas Cook, no século XIX, representa o início da comercialização do turismo.Com ele surgem as primeiras empresas do ramo, como agências de viagens e redes hoteleiras situadas na Europa, mais especificamente na Itália e Inglaterra. Contudo, com o crescimento da industrialização, o homem viu-se mergulhado num ritmo de vida que lhe infligia um desgaste físico e mental acentuado. A partir desta situação, observou-se a procura intensa aos balneários para que as pessoas ali se distraíssem com jogos nos cassinos.

No século XX, intensificou-se o movimento de viagens em grupos e excursões, o chamado Turismo de Massa, surgido com as modificações econômicas e sociais provocadas pela Revolução Industrial e pelos meios de comunicação que atingiram os transportes, o desenvolvimento das estradas e os conceitos da prática do lazer em geral.

De acordo com Henriques (2003, p. 39), com o declínio econômico de muitas cidades nos anos 70, o turismo surge como uma alavanca e ainda como uma solução para reverter o processo de decadência que surgiu com a “desindustrialização e os problemas de desemprego”. Assim, as cidades vocacionadas ao turismo passaram a se desenvolver. O mesmo se observa nos anos 80 e 90, onde o reconhecimento do turismo urbano como um fenômeno de crescimento econômico promoveu a geração de empregos associados aos serviços turísticos, com reflexos positivos, mas também negativos na paisagem e no desenvolvimento das cidades.

Para Henriques (2003), o turismo pode se constituir na principal atividade mundial em termos de receita e no maior empregador de mão de obra do século XXI. Porém, se todos os aspectos que envolvem a atividade de turismo não forem bem dimensionados, isto é, se não houver uma educação para o turismo, tanto para as pessoas que viajam como para aquelas que acolhem o turista, um colapso será inevitável, devido à falta de pessoal capacitado para atuar nos diversos setores, bem como de um maior planejamento dos recursos naturais.