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Uarirambá Nesta comunidade foi coletado um total de 259 simu-

Infecção natural de Simulium (C.) argentiscutum

9. Uarirambá Nesta comunidade foi coletado um total de 259 simu-

lídeos em período de chuva, dos quais quatro (1,54%) estavam infectados por Mansonella ozzardi. Todas as 16 larvas encontradas eram do estádio L1.

Figura 3

Taxa de Infecção Parasitária (TIP) de Simulium (C.) argentiscutum em nove co- munidades do rio Içana no município de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, Brasil. Simulideos % infecção Ta xa de in fecç ão

A maior taxa de infecção (1,84%) ocorreu na Comunidade de Castelo Branco, porém o maior número de piuns infectados foi encontrado na Comu- nidade de Santa Rosa e onde ocorreu o número mais elevado desses insetos. Na Comunidade de Nazaré, houve um dos menores valores (0,63%) de infec- ção, acima apenas da comunidade de Taiaçú Cachoeira, com 0,48%, sendo esta a menor taxa de infecção. Considerando que as comunidades estão lo- calizadas próximas ao longo do rio Içana, podemos inferir que a taxa média de infecção seja de 1,15% nesta área de estudo. Medeiros (2001) verificou a atividade hematofágica e infecção natural dessa espécie de simulídeo em seu estudo no baixo rio Solimões e obteve uma baixíssima taxa de infecção (0,06%), atribuindo a baixa prevalência para mansonelose de pessoas em sua área de estudo.

Dos 35 espécimes infectados que foram capturados neste estudo, 22 ocorreram no período matutino e 13 no período vespertino. Esses dados di- ferem dos obtidos por Medeiros (2001) em seu estudo com esse simulídeo no baixo rio Solimões, onde dos nove espécimes infectados apenas três fo- ram capturados no período matutino e seis no período vespertino.

Os dados disponíveis atualmente sobre a taxa de infecção parasitária por Mansonella ozzardi são escassos e em sua grande maioria são estudos realizados nas décadas de 1960, 1970 e 1980 e envolvendo outras espécies de pium, tais como: Shelley e Shelley (1976) trabalhando no rio Purus, mu- nicípio de Lábrea, no estado do Amazonas, realizaram capturas durante qua- tro dias consecutivos no mês de outubro e capturaram 3.530 indivíduos da espécie Simulium amazonicum coletados em humanos e bovinos, registrando uma taxa de infecção natural de 0,99% (35); Moraes et al. (1985), em traba- lho realizado no estado de Roraima, na área do rio Surumú para investiga- ção da infecção natural e experimental por Mansonella ozzardi em Simulium

oyapockense, não encontraram simulídeos com infecção natural; Nathan et

al. (1982), nas montanhas de Pacaraima, ao oeste de Guiana, registraram uma taxa de infecção natural de 2% ao capturarem 355 exemplares da es- pécie Simulium minusculum; Yarzábal et al. (1985), na Venezuela, no médio rio Orinoco, capturaram quatro exemplares da espécie Simulium sanchezi [=

S. oyapockense] infectados com M. ozzardi dos 662 capturados, registrando

uma taxa de infecção parasitária de 0,6%, essa taxa de infecção natural é considerada baixa pelos autores; Shelley e Coscaron (2001), na Argentina, encontraram uma taxa de infecção natural para Simulium exiguum de 1,03%, e, de acordo com estes autores, neste local ficou evidente que a transmissão de M. ozzardi é feita por indivíduos da família Ceratopogonidae (conhecidos como maruim ou meruim) que é a outra família envolvida na transmissão e de forma mais eficiente desse filariose.

Ao compararmos a taxa de infecção de todos esses trabalhos acima, observa-se que a taxa de infecção parasitária neste trabalho é semelhante, com exceção de Medeiros (2001), o que implica que Simulium (C.) argentiscu-

tum é o principal vetor de Mansonella ozzardi para a região. Vale salientar que

na grande maioria desses trabalhos as coletas para a verificação da taxa de infecção parasitária são coletas esporádicas.

Agradecimentos

A Universidade Federal do Amazonas – UFAM pelo apoio no forne- cimento de passagens e condições logísticas para o desenvolvimento deste trabalho. Ao Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica na pes- soa do Coordenador, Prof. Dr. Jaydione Marcon e Vice Coordenadora, Profa. Dra. Maria Ivone Silva.

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Capítulo 9

Hidroquímica dos rios e dist�ncia geográfica: