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A Gincana do Colégio Estadual Raphael Serravalle acontece há pelo menos dez anos, organizada pela mesma equipe de professores e registrada em fotos e vídeos. Mas, sem dúvida, seus melhores momentos estão gravados de maneira indelével na memória dos participantes, alunos e docentes da escola.

Ao iniciar o segundo semestre de cada ano, começa também o planejamento da Gincana. A cada aula de Educação Física, os alunos são sensibilizados a conhecer a tradicional festa da gincana. O professor Álvaro de Paula, sem dúvida o mais antigo incentivador do evento, faz verdadeiro corpo a corpo junto às suas turmas para conseguir a adesão da maioria. Descreve a festa dos anos anteriores, com tal entusiasmo, que poucos resistem à curiosidade de sentir de perto as emoções do jogo. Da mesma forma se comporta a ala feminina de professoras responsáveis pela atividade física dos estudantes. A professora Jane Gleides e a professora Dóris Pitanga, se desdobram na busca do envolvimento do maior número possível de participantes no evento. Sempre surgem de pronto os estudantes mais experientes, alguns participantes de anos anteriores, outros, advindos de outras escolas onde adquiriram a experiência, que serão logo conduzidos à liderança das equipes, seja por seu carisma pessoal ou por um reconhecimento de sua força pelos demais componentes. Mas essa liderança vai sendo orientada pelos mestres a agir de forma democrática, compartilhando opiniões e decisões com seu grupo. Dessa forma, são prevenidas as desavenças que poderiam comprometer o sentido lúdico da festa. São assim organizadas três ou mais equipes que deverão ter, no mínimo, 50 participantes, chegando ao máximo de 200 alunos por equipe. Cada liderança vai se responsabilizar pela divulgação do seu slogan, convocando os participantes para as primeiras reuniões de organização de estratégias. Está dado o sinal para o início do jogo. A partir daí, quase tudo é permitido até se declarar um vencedor, no final da festa.

A Gincana pode ser vista como um exemplo de prática educativa socializadora na escola e, em nosso Colégio, é um momento onde desaparecem as barreiras de espaço, as vias de comunicação adquirem sentido de mão dupla, os preconceitos são empurrados para

escanteio e o sentido lúdico das atividades estudantis é vivenciado em sua forma mais plena. O prazer e o envolvimento de toda a comunidade são celebrados intensamente nessa aprendizagem.

Falar da Gincana do Colégio Estadual Raphael Serravalle é como adentrar um campo de batalha, tão exacerbada é a discussão que se estabelece naquele recinto, assim que se inicia a divulgação desse evento anual da escola. São tantos os segmentos da comunidade escolar envolvidos, direta ou indiretamente, na gincana escolar, quantas são as opiniões e argumentos, favoráveis ou desfavoráveis, à sua continuidade no calendário de eventos do projeto educacional do estabelecimento. Ainda no âmbito desses diversos segmentos, é comum não se chegar a um acordo sobre a eficácia de tal atividade na escola. Afinal, como classificar uma atividade que gera mais desordem do que ordem? Que justificativa seria aceitável, pelos pais ou responsáveis, para tanto caos, nos horários, e tamanha licença para transgredir as regras anteriormente estabelecidas? Quais seriam – se realmente existem – os objetivos pedagógicos que alicerçariam tal atividade que, aparentemente, destitui todo o universo, ordenado e hierarquizado, de uma instituição educacional que se respeita como tal? É a este propósito que resolvi elaborar algumas considerações para responder, de alguma maneira nova, a essa questão, tentando elucidar o fenômeno através de um olhar mais cuidadoso sobre as diversas faces que a gincana escolar nos apresenta.

Muitas podem ser as denominações que a gincana recebe: competição esportiva, atividade extracurricular, atividade pedagógica transdiciplinar, atividade lúdica, jogo ou festa. A cada uma dessas denominações corresponde um amplo e não menos complexo sistema de pressupostos teóricos que justificam o seu emprego como atividade que propicia alguma aprendizagem na escola. Alguns estranhariam apenas a denominação festa, como incapaz de dar conta do aspecto educacional desse evento. Pois é justamente para defender esta denominação e mostrar seu lado positivo, que apresento argumentos sobre alguns aspectos dessa atividade tão polêmica.

Afinal, o que é uma festa?

Na tentativa de elucidar a ideia de festa, busco apoio na Etnocenologia, baseando-me em estudiosos que se detiveram sobre o assunto em questão. Segundo Érico José Souza de Oliveira, a noção de festa ganha mais espaço e atenção, em décadas recentes, “apesar da desvalorização e do descrédito construídos em torno dela e de seus elementos constitutivos – o riso, a comicidade, a sátira, etc.” (2006, p. 57), que a enxotaram para a ala de interesse

menor e menos urgente, em termos científicos, durante séculos. Ainda segundo o autor, o professor Norberto Luiz Guarinello afirma ter dificuldade em definir o termo, chegando a atribuir-lhe um caráter polissêmico e complexo: “[...] o que chamamos de festa é parte de um jogo, é um espaço aberto no viver social para a reintegração, produção e negociação das identidades sociais [...]” (GUARINELLO apud OLIVEIRA, 2006, p. 59).

Estes elementos da festa estão bem representados na foto a seguir. Destaco que os alunos da ilustração eram todos frequentadores das oficinas de teatro do Colégio, à época dessa participação na Gincana e ganharam destaque por suas performances como palhaços.

Imagem 11 – A comicidade evidenciada na Gincana do Colégio Serravalle.

Busquei outras noções, em autores como Mikhail Bakhtin (1992), que empreendeu profundo estudo sobre as festas, tendo por base a literatura descritiva das manifestações populares da Idade Média, concluindo que existe uma significativa comunhão entre festa, representação e espetacularidade, correlacionando-as às origens do carnaval. Segundo ele, a necessidade de práticas festivas está vinculada ao desejo humano de renovação universal, de ressurreição e de transformação, passagem para um estado ideal que seria como uma segunda vida do povo, um lugar onde reinariam, soberanas, a liberdade, a igualdade e a universalidade, além da abundância. Essa outra via, uma espécie de segundo mundo, seria uma oposição ao poder vigente e à hierarquia. Érico José de Souza Oliveira(2006) declara:

Assim como o teatro, a festa instala-se na verdade do efêmero e do simbólico, como se um mundo transversal mantivesse contato, direto ou indireto, com a vida corrente e que, durante seu período de realização fosse a própria vida: uma outra vida que suspende, provisoriamente, mas não totalmente o real, simplesmente transmuta-o, sublima-o, reorganiza-o e liberta-o das convenções pré-estabelecidas. (2006, p. 71)

Observei, pois, que é esse o clima que envolve as diversas fases da Gincana do Colégio Serravalle. Durante todo o período da festa, destacando a intervenção dos elementos

de uma organização cômica, paralelamente ao que registra Bakhtin (1992 apud Oliveira,

2006, p.102), a respeito das festas populares da Idade Média, também se inicia a gincana com a eleição de rainhas e reis (madrinhas das equipes) “para rir”, que serão obedecidos pelos súditos durante a festividade. Instaura-se, então, um princípio deliberadamente não-oficial, uma visão totalmente diferente das relações humanas no ambiente escolar. Dentro desse princípio, a festa se aproxima do sentido do carnaval, ignorando toda a distinção entre atores e espectadores, e ignora também a distinção espacial (tão cara a certos profissionais da Educação, que estabelecem verdadeiros púlpitos em suas salas), pois ocupa todo o espaço escolar, indistintamente. Todos “vivem” a festa e, querendo ou não, são envolvidos pelo turbilhão de corpos em alegre revoada por todos os recantos do estabelecimento. A partir da largada inicial para a formação das equipes, ainda fica mais difícil conter o entusiasmo dos participantes, nos limites espaciais da escola, e lá se vão pelas ruas e avenidas, caracterizados com perucas e máscaras, tentando interromper o tráfico para pedir a colaboração de motoristas no financiamento de sua festa. Sabem muito bem que a realização de muitas tarefas e o brilhantismo do espetáculo que está sendo preparado dependerá dos recursos arrecadados. E novamente, à semelhança do carnaval, mesmo que em certo período, o jogo se transforma em vida real.

Não há dúvidas de que o jogo faz parte da festa. A esse respeito, procuro embasamento nas ideias formuladas por Huizinga, em seu Homo ludens (2005), onde este autor analisa as características das atividades reconhecidas como jogo. Huizinga (2005) afirma que se trata de algo mais que um fenômeno fisiológico ou um reflexo psicológico, mesmo que seja muito semelhante à brincadeira, no reino animal, de uma forma mais geral. Para ele, o jogo é uma função significante, sendo, para alguns, uma descarga de energia superabundante, enquanto, para outros, pode ser uma necessidade de distensão ou de simples satisfação de um instinto. O certo é que jogar faz parte da vida, seja em ocupações sérias,

como a política, ou por puro entretenimento, como no jogo de damas, por exemplo. Não há, contudo, respostas mais profundas sobre a natureza do divertimento que o jogo, verdadeiramente fascinante para o jogador, é causa. O jogo é inegável na atividade humana e reconhecer o seu “espírito” é reverenciar a sua especificidade, algo não material, como aponta Huizinga (2005) em seu estudo. O autor destaca algumas características do jogo, como ser livre e ser sério para quem joga. Trata-se de uma evasão da vida real para uma esfera temporária de atividades com orientação própria, levando a um enlevo e a um entusiasmo que chegam ao arrebatamento. No jogo não há lugar para mais nada, e é com essa característica de totalidade que deve ser observado. O jogo é caracterizado por ser uma atividade voluntária, não sujeita a ordens, jamais imposta por uma necessidade física ou dever moral. É, além disso, desinteressado, com finalidade em si mesmo, como um intervalo na vida cotidiana. Pode ou não ser útil culturalmente, mas isso não interfere no seu caráter de “desinteresse”, mesmo por que não mostra um mecanismo de satisfação imediata de necessidades ou desejos.

Todavia, o jogo pode ser visto como uma atividade integrante e integradora da vida, como completa Huizinga, dizendo:

[...] torna-se uma necessidade tanto para o indivíduo, como função vital, como para a sociedade, devido ao sentido que encerra, à sua significação, a seu valor expressivo, a suas associações espirituais e sociais, em resumo, como função social. (2005, p. 12)

Para Callois (1967), o jogo é associado muito mais ao repouso e à alegria, concentrando ideias de liberdade, invenção e risco. Mas absolutamente estéril, o jogo, para este autor não produz nem bens nem obras. Certamente, em minha observação, conclui ter havido um ganho educativo, por terem sido notados indícios de modificação comportamental, imediatamente após a Gincana, com os envolvidos demonstrando maior respeito ao outro, companheirismo e solidariedade, bem como diminuição da violência entre os alunos, o que podemos considerar como produtos de sua participação ativa na festa.

Por outro lado, Callois (1967) dividiu os jogos em categorias: competição, acaso, simulacro e vertigem. A competição e o simulacro podem se conjugar, sendo a primeira um espetáculo de per si, responsável por atrair grande público e causar frenesi, ao mobilizar uma torcida com fortes demonstrações emocionais. Isto também fica claro na observação do

cumprimento das tarefas da Gincana, durante as quais ninguém pensa em necessidades básicas.

Contudo, apesar do aparente caos na Gincana do Serravalle, “reina dentro do domínio do jogo uma ordem específica e absoluta”, como diz Huizinga (2005, p.13), e a menor desobediência a esta ordem “estraga o jogo”. O elemento de tensão, também característico do jogo, lhe confere certo caráter ético: valoriza a força e a habilidade, mas desafia também a coragem e impõe a lealdade, pois nada é feito fora das regras preestabelecidas. Dessa forma, é o próprio autor a concluir que “as comunidades de jogadores geralmente tendem a tornar-se permanentes, mesmo depois de acabado o jogo [...] conserva(ndo) sua magia para além da duração do jogo” (HUIZINGA, 2005, p. 15), estando aí evidenciado mais um produto positivo, que nos interessa, nas relações sociais que se estabelecem na escola.

Neste momento, vamos recorrer novamente às ideias de Érico José Souza de Oliveira, que trata da

[...] trajetória onde o jogo e a festa encaminham a humanidade para uma busca de estabilidade, equilíbrio e comunhão, (e nesse particular) um elemento torna-se indispensável para que a celebração de prazer e alegria aconteça: o riso.(2006, p. 88)

O riso pode ter nascido quando o homem tomou consciência de si mesmo e se

estranhou, achando-se incompreensível, como quer Minois (2003), estudando sua origem. Mas, ao longo dos séculos, o riso desafia a nossa inteligência, por seu caráter ambíguo e multiforme, estudado com lupa..., esconde seu mistério. O autor se pergunta sobre o fato de ser o riso talvez a única saída para a história da humanidade, diante de tantas desilusões, medos e guerras, causados por atitudes sérias que pessoas sérias tomaram seriamente a respeito de tudo. Por que não imaginar então que só uma estrondosa gargalhada conjunta seria capaz de reorganizar este caos estabelecido pelo modernismo cartesiano levado ao extremo?

Mas a este argumento se contrapõem inúmeras parcelas da sociedade produtiva que se mantêm no poder através do capitalismo, subjugando outros setores menos privilegiados, na manutenção de contratos sociais de trabalho, completamente dissociados de qualquer sensação de prazer, quanto mais de riso. E é a essa parcela da nossa sociedade que o modelo atual de educação é subserviente. Por isso se ouve a toda hora o jargão “estude sério, menino”, ou “meu filho não leva a sério os estudos”.

Talvez não esteja longe, porém, a época de se comprovar como as atividades lúdicas, os jogos e as festas, podem ser momentos únicos de aprendizagem significativa, estando vinculados a um “estado de espírito” próprio e uma harmonização e unicidade de todos os elementos que compõe nosso ser: o físico, a mente e a alma. Nessa ludicidade ocorreria, segundo estudiosos como Cipriano Luchesi (2000), baseado em Bordella e na Biossíntese, um contato direto do indivíduo com a sua essência (seu íntimo ou inconsciente para Freud), que permitiria uma reorganização das experiências traumáticas e, portanto, teria função curativa. Oxalá tenham mesmo razão e nos convençam disso antes que seja tarde demais para a maioria de nós.

Um tempo diferente na escola: ritmo e compasso de festa

O primeiro desafio que se impõe às equipes é escolher uma professora que seja a madrinha da equipe. Essa escolha é bastante disputada, uma vez que a madrinha deve encarnar o espírito brincante da festa, ter disponibilidade para estar presente nas reuniões, igualar-se na disposição física dos jovens estudantes para cumprir tarefas, além de conseguir a adesão de outros mestres da escola para sua equipe. São atributos criteriosamente seguidos pelos participantes na sua escolha. Algumas professoras têm sido alvo dessa disputa por anos a fio: Ilana Pedreira, professora de Inglês, e Marieta Oliveira, de Artes, são as mais frequentemente convidadas, seguindo-se de Ricardo Figueiredo, professor de História e Renata de Souza, de Física. Segundo os depoimentos que me forneceram quando entrevistados, os professores consideram que são escolhidos por serem mais simpáticos à causa dos alunos na escola e pela alegria e bom humor no enfrentamento das situações mais difíceis. São também populares e mobilizadores de opinião entre os colegas professores, além de apresentarem excelente condicionamento físico, para suportar o ritmo das ações de competição estabelecido pelos alunos.

Durante seu reinado, porém, nem tudo serão flores, podendo ter que transportar mais de oito “ajudantes” em um único carro para ir buscar um determinado objeto, a quilômetros de distância, porque todos querem participar da busca ao tesouro. Isto sem falar nos pais, que telefonam ou chegam pessoalmente até a “madrinha”, para que ela cuide especialmente de seu filho, que não está acostumado a atravessar a rua sozinha (a maioria dos jovens é trazida de carro até a escola) ou está com um pouco de febre, mas se recusa a perder qualquer parte da festa. As madrinhas ficam responsáveis por quase tudo que ocorre com os participantes, desde a segurança, até a discriminação de colegas e agressões. Mas elas se sentem privilegiadas pela confiança deles e enfrentam tudo com alto astral.

Enquanto as equipes se organizam e fazem as inscrições de seus participantes, a comissão organizadora revira todos os registros de tarefas de gincanas para estabelecer quais serão escolhidas nesse ano. São sempre exigidas tarefas que envolvam grande número de participantes (como danças típicas territoriais, por exemplo), dificultadas por exigência de figurinos adequados ou adereços de difícil acesso, mas que não sejam dispendiosos em termos financeiros, como certas folhagens ou penas de animais, por exemplo. Algumas tarefas serão provas de resistência, outras mobilizarão estratégias intelectuais e, outras ainda, serão de cunho social, como a arrecadação de alimentos para instituições de caridade. Podemos chamar essa fase de “preparativos para a festa”.

A abertura da festa é sempre um baile à fantasia, abrilhantado por uma banda reconhecida e prestigiada pelo público jovem. O baile é feito na quadra esportiva do colégio, que é ornamentada pelas equipes com o tema escolhido pelos organizadores. Pode ser um baile de máscaras, uma festa típica tropical, um baile de bruxas ou qualquer outro tema da atualidade que interesse à juventude.

Imagem 12 – Baile de máscaras na abertura da Gincana.

Tive a oportunidade de participar em algumas festas e são muito interessantes as imagens inusitadas, beirando o grotesco, de personagens mascarados que surgem do nada na nossa frente, dando vida espetacular aos corpos que, acostumamos a ver uniformizados e indiferenciados, durante tanto tempo, naqueles corredores da escola. Agora lá vão eles, cheios

de pompa, estruturados sob camadas de tecidos superpostas, encarnando personagens que, muitas vezes, só eles mesmos reconhecem, mas sem deixar de fazer trejeitos, caras e bocas, tudo o que foge ao comportamento cotidiano. Em cada olhar que se cruza, é evidente o prazer de representar, do “fazer de conta”, próprio do jogo e da cumplicidade que se estabelece quando se é reconhecido pela voz ou por algum objeto que carrega no dia a dia. A festa toma todo o espaço do colégio e segue derrubando fronteiras, com alunos puxando seus mestres para a dança, outros perseguindo suas paqueras, desta vez sem maiores disfarces, mesmo que sejam consideradas conquistas impossíveis como a “morenaça” do terceiro ano ou aquele “nerd” que sabe responder todas as questões de matemática, geografia e português. Nos últimos anos, para evitar penetras, a festa é organizada com a venda de pulseiras para ingresso dos participantes, o que também impede os alunos de sair do ambiente para fazer uso de bebidas alcoólicas ou outras drogas, voltando, a seguir, para a festa. A pesar disso, alguns conseguem ingerir pequenas doses e podem se tornar mais violentos à medida que o espaço fica mais cheio e o calor da festa aumenta. O mais bonito de se ver são os corpos liberados na dança, mostrando a ginga sensual, própria desta terra tropical, e o riso solto tomando conta de rostos suados e olhares brilhantes, numa mostra fantástica da alegria de viver e da inteireza do ser.

A manhã do dia seguinte é reservada à tradicional caminhada que dá início à competição propriamente dita. As equipes se reúnem cedinho, no Jardim de Alah, e são computados o maior número de representantes vestindo a camisa escolhida pela equipe e portando faixas alusivas ao evento.

Nessa etapa, o grande desafio é conseguir o recorde de professores presentes, o que dá uma enorme vantagem no cômputo geral de pontos. O percurso é feito com grande disposição, acompanhado de jingles compostos pelas equipes e gritos de incentivo que atraem a atenção dos transeuntes. Após atravessar a passarela sobre a Av. Otávio Mangabeira, os grupos adentram a praça e o espaço de laser à direita da pista e ali acontece uma parada para atividades de ginástica aeróbica e dança, orientadas pelos mestres de Educação Física. É um grande momento de integração e partilha dos lanches e reservas de água trazida de casa, para então continuar a caminhada até a quadra esportiva da escola. Momento crucial é a interrupção do trânsito na Av. Magalhães Neto, que sempre é feita com grande estardalhaço, pelos representantes masculinos do professorado, mostrando claramente uma postura de machismo, enquanto as “damas” desfilam calmamente pelo asfalto, desafiando a paciência dos condutores de veículos mais estressados. É hilário observar como ambos se divertem, mantendo diferentes posturas, elastecendo o tempo do jogo, apreciando as caras e bocas, além de insultos dos mais apressados. Nova cena semelhante vai se repetir, a poucas quadras do colégio, na travessia da Av. Paulo VI. Nesta, apesar da sinaleira, ninguém respeita ordem

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