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A relação de questionamentos foi obtida a partir a aplicação de questionários a policiais durante uma sensibilização sobre Lei Maria da Penha tanto no interior como em Fortaleza (Polícia Militar, Civil e Ronda). Observem os relatos:

Acredito que a Lei Maria da Penha foi e é um passo muito importante para combater a violência contra a mulher, mas também acredito que ela tem quer ser melhorada e aprimorada.

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Espaço que a Lei Maria da Penha abriu para as mães que sofrem com filhos (as) ou netos em drogatição, desenvolvendo um novo atendimento a essas mulheres.

Importante. Contudo, ciência sem eficácia.

É muito importante para garantir a segurança dessas mulheres que sofrem diariamente com a violência de seus maridos ou companheiros. A lei deveria ser mais divulgada na sociedade.

É uma lei muito importante para proteção da mulher.

Um marco em vitória para mulher.

Uma evolução, porém muitas vezes mal interpretada.

Acho que é uma lei que veio para melhor conscientizar a sociedade.

Acredito boa para acabar com esse abuso de violência contra a mulher.

Veio complementar o que prescreve a constituição devido ao alto índice de violência contra a mulher, mas que por si só, sem atuação permanente de todos os órgãos de enfrentamento e a sociedade, não atingirá seu objetivo.

Importante para o combate à violência contra a mulher, mudando o comportamento do agressor e uma ferramenta para a mulher deixar de ser vítima.

A lei é excelente no combate à agressão à mulher, mas acho que deveria haver uma divulgação maior, pois muita gente, infelizmente, não sabe por falta de informação.

Já estava na hora de um grito de dor, de desrespeito por parte das mulheres serem visto por parte de todos da sociedade por parte de seres tidos como homens, mas, que não honram as suas calças.

É muito importante e útil, funciona, mas falta um estreitamento da relação da mulher com o Estado, pois a burocracia atrapalha essa mulher.

Necessária, é produto de uma historicidade.

Na teoria é um excelente instrumento em defesa da mulher, mas, na prática, ainda tem muito o que avançar.

Os policiais, tanto do interior como de Fortaleza, exaltam a lei, mas produzem uma resistência ao interpretá-la. Ainda não sei se pelo fato de lidar com um novo momento, necessitando de uma reaprendizagem não somente para as mulheres, mas também para os homens que lidam diretamente com ela, ou pelo fato de a lei atender somente às mulheres, como eles dizem. Há quem diga até que a lei é inconstitucional, como podemos ver no depoimento a seguir.

Acho bastante importante, no entanto, sem ações positivas dos órgãos que efetivem a lei. E, no momento, diversos órgãos tornam o sistema falho.

A lei mais eficiente que existe no Brasil, e muito justa.

Rígida quando a vítima deseja representar.

Uma lei muito importante e de grande valia pra a proteção da mulher que são seres lindos.

Ótima, as mulheres estavam precisando dessa lei.

É uma lei que precisa ser reavaliada, pois dá muitos poderes à mulher e por causa disso podem acontecer prisões injustas.

Uma lei que veio para dar suporte para essas mulheres vítimas de violência, não somente física, mas outras violências que agridem tanto quanto a física.

Fundamental à integralidade física da mulher.

Regular.

Inconstitucional.

Muito boa e fundamental.

Muito boa só que as próprias mulheres não dão conta disso.

Tem que haver.

É uma arma contra a violência doméstica, desde que seja acompanhada por todos os órgãos.

Ela “no papel” resolve a falta de igualdade entre homem e mulher, resguardando a integridade da mulher.

Muito importante, porém precisa ser mais divulgada.

Um grande progresso para a mulher brasileira, pois antes dessa lei as mulheres estavam desamparadas.

Boa iniciativa, pois precisamos também de leis especializadas no combate ao crime contra as mulheres.

Pouco difundida entre as massas. Como dito na palestra, se acha que a LMP serve apenas para prender o agressor.

Uma lei que serve para ajudar nos tempos que estamos, pois é grande o número de homicídios e agressões contra as mulheres.

Para mim, veio para amenizar a causa da mulher, mas muitos não pensam e continuam no erro. Mas assim mesmo melhorou muito, veio na hora certa.

Ótima ideia, mas as dificuldades que nós temos provêm de uma cultura histórica, por isso a Polícia Militar nunca resolverá sozinha.

Graças à mudança da Lei, as mulheres tiveram uma lei que as beneficie, haja vista que antigamente o agressor será conduzido a DP, somente saindo, digo, saindo posteriormente hoje o agressor é conduzido ficando preso.

Um grande avanço, as vítimas que sofriam dentro de suas próprias casas sem oportunidade e acessibilidade para denunciar.

Boa, mas acho que deveria ser mais clara nos procedimentos e sua abrangência.

Entre as respostas podemos perceber, no qual uma aceitação da lei, mas somente 5 policiais foram contra, um policial coloca que ela é inconstitucional, o outro que deveria melhorar; e o restante coloca que é uma “lei feminista”. E continuando:

Necessária para modificar a cultura machista de nossa sociedade.

Acho que a lei assim como é efetiva na punição do infrator, também o deveria ser para obrigar a presença do estado no campo da família que passa pela violência doméstica.

Na teoria, uma ótima lei, mas na prática a coisa é diferente.

Deveria melhorar.

Um apoio contra a violência à mulher.

Uma lei para superar a desigualdade.

Um gancho social.

Essencial para a sociedade em que vivemos.

Ótima, mas precisa ser melhor conhecida.

Realmente é uma das leis que faz acontecer e não deixa a desejar na parte da justiça.

Ainda necessita de lapidação e mais divulgação em todos os meios.

Fundamental para cobrir as agressões.

Uma lei muito importante para combater a violência contra a mulher.

Como sempre e como qualquer outra lei é sempre bem-vinda e deixa muito a desejar porque a gente sabe que nunca vai funcionar do jeito que tem que ser.

Acho que veio para somar na proteção contra a mulher.

A princípio, acredito que a lei da violência doméstica surgiu pela quebra de paradigmas.

Um grande passo no combate a violência doméstica.

É uma grande aliada às mulheres vítimas de agressões e de uma forma geral garante a legitimidade das mulheres.

Deveria ser atendida com mais rigor.

Deixa muito a desejar.

Muito efetiva quando aplicada.

No papel a lei é ótima, mas na prática existem dificuldades que ao longo prazo serão reduzidas.

Muito boa, mas em diferentes situações e um pouco complicado, para isso requer cautela na determinada ocorrência.

É uma lei muito importante e que trata diretamente nos crimes domésticos contra mulheres, mas ainda existe muitas dificuldades para aplicar às leis.

É uma lei feminista, mas bem feita, porque não se admite nos dias de hoje tanta violência contra a mulher.

Foi ótima. Para coibir violência contra a mulher para punir e erradicar a violência doméstica e familiar.

Acho que veio muito na hora certa, porque está havendo muita violência.

Excelente no combate à violência contra a mulher, contudo sofre interpretações distorcidas nas delegacias. Onde as ameaças e outras violências não visíveis, muitas vezes não realizadas inquéritos.

Ótima, pois já existe tanta violência apesar de ter 7 anos, que eu acho que é muito pouco tempo de existência ela já vem mostrando resultados. (Policiais da Polícia Militar, Civil e Ronda de Fortaleza e região Norte do Ceará).

Os policiais colocam-se com posicionamentos positivos, negativos e, sobretudo, críticos em relação ao surgimento e à atuação da lei, demonstrando fragilidades e argumentações em relação a tudo que remeta a ação da Lei nº 11.340. Mas será que entre as respostas pode haver um ocultamento da verdade? Veremos então o que demonstra a Tabela 12.

Tabela 12 - O que você acha da Lei Maria da Penha?

1. Importante conquista 15

2. Sem eficácia 7

3. Mal interpretada 4

4. Inconstitucional 10

5. Outros 40

Fonte: Elaboração da autora.

Na pergunta “o que acha da Lei Maria da Penha?”, 5,3% colocam que a lei é mal interpretada; 9,2% sem eficácia; 13,2% afirmam ser inconstitucional; 52,6% relataram outras formas diante das respostas. Os policiais refletem sobre a lei referindo-se a questões não só da necessidade, mas da geneologia dos fenômenos da violência. A judicialização de conflitos interpessoais é a introdução do universo impessoal do Direito no mundo pessoal do privado e constitui-se num processo complexo e paradoxal, que não se limita à violência conjugal, pois “[...] traduz duplo movimento: de um lado a ampliação do acesso ao sistema judiciário, e por outro, a desvalorização de outras formas de resolução de conflitos” (RIFIOTIS, 2003, p.04).

Vejamos algumas opiniões sobre a efetividade, as representações e a qualificação da Lei Maria da Penha, para os policiais que trabalham com ela.

Tabela 13 - Pesquisa realizada com policiais que trabalham com a Lei Maria da Penha (abril 2013).

Quais as dificuldades no trabalho no trabalho dos policiais quanto ao atendimento à mulher vitimada?

1. Falta de infraestrutura 11

2. Falta de preparo dos policiais em atender às mulheres 9

3. Desinformação por parte das vítimas 9

4. Descrença na policial e/ou na Lei 8

5. Desistência das representações 14

6. Não acompanhar o procedimento 6

7.Aceitação; conformismo da vítima 10

19,7% 9,2% 5,3% 13,2% 52,6% 1. Importante conquista 2. Sem eficácia 3. Mal interpretada 4. Inscontitucional 5. Outros

8.Outros motivos 5

Fonte: Elaboração da autora.

Gráfico 17 - Pesquisa realizada com policiais que trabalham com a Lei Maria da Penha (abril 2013).

Entre as colocações dos policiais sobre as dificuldades na realização do atendimento à mulher em situação de violência, as respostas com maior incidência real sobre a figuras femininas, foram as desistências das representações com 19,4%, a falta de infraestrutura e de preparo dos policiais em atender às mulheres tiveram os resultados de 15,3% e 12,5%, respectivamente, necessidade de uma maior preparação para ir “ao fronte”101

. A reportagem logo a seguir mostra a importância do trabalho policial:

Polícia atende ocorrências da Lei Maria da Penha no interior do Ceará

Violência

A polícia atendeu duas ocorrências por Lei Maria da Penha durante o último domingo (1) em municípios do Ceará. Em Itaiçaba, a 164 quilômetros de Fortaleza, um homem de 30 anos foi preso após agredir fisicamente a ex- companheira. Os PMs foram acionados e efetuaram a prisão do infrator, que foi encaminhado à Unidade de Segurança Integrada (USI) de Aracati, conforme informou a polícia.

Em outro caso, no município de Russas, um homem foi preso por ameaçar e machucar a companheira, por volta das 23h, na própria residência do casal. Quando os policiais chegaram ao local, o acusado ainda resistiu, dando

101 Termo nativo 15,3% 12,5% 12,5% 11,1% 19,4% 8,3% 13,9% 6,9% 1. Falta de infraestrutura

2. Falta de preparo dos policiais em atender às mulheres

3. Desinformação por parte das vítimas

4. Descrença na policial e/ou na Lei

5. Desistência das representações

6. Não acompanhar o procedimento

trabalho aos PMs. Após ter sido dominado, ele foi levado à Delegacia Regional da Polícia Civil (DRPC), onde foi realizado o flagrante por Maria da Penha e resistência (DIÁRIO DO NORDESTE, 2.4.2012).

A notícia mostra como o trabalho deles é de grande importância, mesmo afirmando oque eles próprios colocam como conformismo e desinformação por parte da vítima. Os 6,9% dos policiais expõem que a lei é desconhecida pelas mulheres, principalmente as medidas protetivas. Já a acomodação das mulheres obteve um índice de 12,5% e a descrença no policial e/ou na lei fica com 11,1% Não acompanhar o procedimento fica com 13,9%. Observem as entrevistas:

A resistência da mulher, enquanto vítima, em representar.

Na questão de muita demora no atendimento na delegacia, principalmente aos finais de semana, onde o número de ocorrência de Maria da Penha é muito grande.

A própria mulher, os entendimentos diversos dos delegados.

Falta de um órgão que leve orientação a elas. Tipo o CREAS fazer campanhas para chamar as mulheres e orientá-las.

Falta de informação de função desses órgãos de defesa da mulher.

Além de não ajudar ao procedimento, às vezes parte com agressão.

Muitas vezes, ou pelo menos das vezes, elas apenas querem que cesse a violência, muitas vezes chegando na delegacia desistindo do procedimento. Quando não muitas vezes até estimulado por escrivães e delegados a ir atrás das medidas protetivas, posteriormente nem indo atrás.

O medo da ofendida em representar.

Na hora que chegamos ao atendimento, a mulher desiste ou finge que ela não é vítima.

Falta de apoio para dar sequência no procedimento, pois a maior incidência do crime contra a mulher é no final de semana onde trabalhamos só.

Entre as respostas mais frequentes dos policiais, na maioria das narrativas, está uma indefinição da mulher no momento da prisão, além da falta de estrutura do Estado e, principalmente, desinformação diante da lei.

A falta de comunicação por parte da mulher, por receio, por medo por parte dela, do agressor. Havendo um trabalho informativo, preventivo não só para mulher, também para o agressor, poderá melhorar.

A iniciativa deve partir dela, se ela não quiser está difícil.

Que o atendimento inicial dado pela polícia militar fosse dado continuidade pelos demais órgãos da rede de enfrentamento.

Falta de delegacia no município (delegado, escrivão) etc.

A delegacia de polícia não funcionam no período noturno, a necessidade de virem para Sobral fazer o flagrante, a vítima não quer vir no mesmo carro que o agressor. A dificuldade de conseguir um carro.

Falta de infraestrutura para um melhor atendimento.

Não temos delegacia da mulher em casas, deslocamos a cidade de Sobral (DDM).

Indecisão da vítima.

Na maioria das vezes a grande dependência do agressor em todos os sentidos.

Desistência da vítima. Indução da desistência das vítimas por policiais civis na Delegacia Regional. A falta de plantões na Delegacia da Mulher.

A desistência dela. A delegacia induz a vítima a desistir de representar contra seu companheiro. A falta de informação da mulher.

A maior de todas com certeza é com relação ao interesse da mulher em ir até o fim nos procedimentos.

A vontade da vítima, policiais civis buscam a todo o momento fazer com que a vítima desista de prosseguir na sua representação, apoio do Núcleo de Ciências Forense (IML).

São inúmeros, desde da educação moradia e lazer. Quando se trata de punir os agressores ainda falta muitas coisas.

A própria família que não apoia a vítima e não acompanha à delegacia. Resistência da própria vítima em não querer fazer os procedimentos legais.

As dificuldades é que não tem Delegacia da Mulher e Delegacia Civil só na segunda, terça, quarta e quinta das 8h às 17h, e sexta e sábado e domingo, temos que se desloca até Camocim.

Quando muitas de vezes a mulher e vítima de violência, mas não quer acompanhar a autoridade policial devido a distância para o procedimento.

Ao pensarmos sobre as respostas dadas, é interessante notar que a mulher desnaturaliza sua socialização mediante os esquemas de representações adquiridas por

sua educação, através de preceitos normativos que interagem com os costumes do que é ser mulher e homem em nossa sociedade. Vejamos a análise, abaixo:

As maiores dificuldades é quando a vítima se nega a nos acompanhar para fazer o procedimento.

Muitas, pois os órgãos que recebe esse tipo de ocorrência no meu destacamento não existe só a Delegacia de Polícia Civil em Camocim e Uruoca e o Conselho Tutelar.

Não quer prender o marido, não vai à delegacia, não aparece uma testemunha, muitas das vítimas pergunta: “Quem chamou a polícia?”.

Os CREAS deveriam trabalhar em parceria com as equipes de abordagem, pois é mais fácil a vítima contar a verdade.

O receio da vítima em levar a denúncia àfrente muitas vezes por medo, descrença na justiça ou na polícia.

Amparo legal.

Na maioria das vezes a própria lei nos deixa com as mãos amarradas.

A falta de informação para a abordagem policial e a desinformação das vítimas sobre as leias. A falta de pessoas qualificada para atender as vítimas da violência e políticas públicas.

Faltam medidas que esclareçam do que se trata a Lei nº 11.340/06, ou seja, pela mídia ou por profissionais instruídos e ligados as causas e sigam “in loco”. Com o esclarecimento da sociedade, o atendimento será mais promissor.

Orientações dos profissionais e resistências das vítimas contra o agressor.

A própria mulher sem dúvida e o sistema que por vários motivos não permitem que as leis realmente funcionem.

A falta de levar a diante o processo do crime, gerando uma impunidade.

A indecisão da vítima.

Do início do contato com a vítima as outras esferas.

Incerteza se vai ou não relatar o que está acontecendo ou aconteceu, não sendo visível.

A aceitação do problema e a cultura de gênero.

Exatamente as mesmas enfrentadas pelos policiais militares, a comunicação das mesmas e poder de fazer ou não determinada ocorrência.

Albergue inexistente e Delegacia de Polícia Civil.

A desistência.

A falta de informação de estudos em relação os casos de agressão.

Muitas das dificuldades estão também relacionados à má compreensão ou ainda à distorção do que sabe a mulher sobre a lei.

A dificuldade que ela coloca para dar sequência ao procedimento. Muitas vezes ela chama a polícia e não quer que agressor seja preso.

Ter que levá-la somente a delegacia, pois as vezes o problema pode ser resolvido por outro órgãos, não somente pela delegacia.

Conformismo a agressão. Sempre costuma somente solicitar a presença dos policiais, porém não deixam ir a delegacia.

Muitas vezes falta da autoridade policial judiciária no local. Fazendo com que a composição policial militar se desloque à distância, para um determinado procedimento.

A falta de conhecimento das mesmas em relação aos seus direitos e a sua dependência do “agressor”.

Os maiores é que na cidade não tem Delegacia da Mulher, não tem CREAS, CAPS AD, PSF e muitas outras coisas que as cidades mais estruturadas tem, lá não tem. Então dificulta nosso trabalho.

Muitas vezes a própria vítima que devido o medo que tem pelo agressor não ajudam a polícia. E no dia seguinte a prisão do acusado dá é a permissão a pedir a soltura do mesmo.

Principalmente a falta de conhecimento da vítima sobre como proceder contra o agressor. A falta de confiança no Estado quanto à sua proteção. As vítimas também veem na PM, na maioria composta de homens a figura do agressor por causa do gênero, faltando confiança na atividade policial. Primeiro é a situação da dependência da mulher e, com isso, as vítimas não querem representar.

A principal dificuldade acontece nos feriados e fins de semana, pois não há plantão na Delegacia da Mulher.

Desistência da vítima falta de testemunhas, medo de denunciar o agressor, falta de conhecimento da vítima sobre a Lei Maria da Penha.

Falta de apoio da vítima, pois maioria desiste do procedimento e se volta contra a agente de segurança. Falta de atendimento no final de semana da DDM.

Ao considerarmos os dados das delegacias, as percepções dos policiais demonstram um certo embate diante da LPM. Se visualizarmos os indicadores de conduta, como as práticas do exercício policial, deparamos com códigos modernos e tradicionais. A LPM é avançada, enquanto o trabalho desenvolvido acaba gerando certo incômodo tanto para os interlocutores – mulheres e homens – como para a própria

polícia. Nos depoimentos, vimos que vários policiais colocam a culpa na mulher que não denuncia o marido; enquanto as mulheres relatam que a polícia não protege e que demoram muito para atender a um chamado. Já os homens relatam não ter direito à fala e apanham ao dizer alguma coisa na hora do flagrante. Cada sujeito envolvido com o ritual da denúncia tem experimentações vivenciais diferenciadas. Isso é interessante exatamente por essa circulação de sujeitos, saberes, instituições e práticas que se convertem para o enfrentamento da violência doméstica. O ritual da denúncia explora todos esses interlocutores demonstrados todos os seus interesses, positivos ou não.

QUARTO ATO

5 – O DISPOSITIVO DA LEI MARIA DA PENHA COMO DRAMA SOCIAL

Esse capítulo trabalha com o esquema ritual da denúncia e explicita a circulação dos sujeitos no dispositivo da LPM e a comparação da história narrada como drama social. Em alguns casos, falarei de liminaridade, devido ao estado contraditório da relação. Nessa parte, Giddens (2003) e Turner são articulados ultrapassando as sociedades arcaicas e demonstrando como o ritual, nas sociedades contemporâneas é constituído por um esquema desse novo ordenamento social, jurídico e penal. As instituições sociais modernas trazem novas características. A judicialização mistura-se com o ritual, no caso o iniciado, ou seja, a ofendida, a denunciante, passa a articular o rito de denúncia. A verdade é interdita para aqueles que não podem compreender os símbolos e os traçados ditos dos mapas da denúncia. Compartilhar a verdade do rito é algo incorporado, experienciado pelos atores conectados no processo de denúncia em