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CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.2. A Teoria da Relevância e a tradução

1.2.9. Uma teoria de tradução baseada no uso interpretativo da linguagem

Gutt (1991/2000b), recusando abordagens anteriores referentes à tradução47, propõe uma explicação do fenômeno tradutório como sendo uso interpretativo interlingual. Segundo o autor, “uma tradução seria um texto na língua receptora que se assemelhe interpretativamente ao original”48 (GUTT, 2000b:105).

Com isso, ele descarta o uso descritivo interlingual como sendo uma instância de tradução. Casos em que o original fosse mais incidental do que crucial na tradução, não seriam incluídos dentro do conceito de tradução. Estes casos ocorreriam, segundo Gutt, quando o texto original funcionasse apenas como uma mera fonte de informações para alguém que precisasse compor um texto numa outra língua (“convenient shortcuts” para usar o termo de Gutt). Como exemplo pode-se citar o caso da adaptação ou da formulação de um texto de propaganda, em que exigências do mercado da língua-alvo possam ser fundamentais na elaboração do texto. Outro exemplo citado por Gutt seria o caso de manuais de instrução, onde a recomendação seria a de esquecer o texto original e produzir um texto na língua-alvo que preenchesse sua função como tal (cf. GUTT, 2000b:63), ou seja, no caso do manual de instrução para operar um computador, descrever como operá-lo. Para o usuário brasileiro, por exemplo, não interessaria a existência de um texto original em inglês. De interesse, antes, para ele seria aprender a manusear seu computador. Estes seriam, assim, apenas casos de comunicação interlingual que a TR enquadra como uso descritivo. “Se isto for correto, então não

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Minha tradução de: “(...) to decide what aspects of the original s/he wants to communicate”.

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Gutt cita, no primeiro capítulo de seu livro, alguns teóricos da tradução, como, por exemplo, Nida, Bassnett, House, Reiß & Vermeer, Holz-Mänttäri, entre outros.

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Minha tradução de: “a translation would be a receptor language text that interpretively resembled the original”.

haverá necessidade de uma teoria geral de tradução preocupar-se com tais casos”49 (id., p. 68).

Ao afirmar que a tradução se enquadra como uso interpretativo interlingual, Gutt diz que o princípio de relevância implica o de semelhança ótima:

o que o informante pretende veicular (a) presume se assemelhar interpretativamente ao original – senão isto não seria uma instância de uso interpretativo – e (b) a semelhança que mostra deve ser consistente com a presunção de ótima relevância, ou seja, espera-se que tenha efeitos contextuais adequados sem esforço processual desnecessário50 (p. 106).

Segundo esta noção de semelhança ótima, o enunciado na língua do TA deve se assemelhar o suficiente ao da língua do TF em aspectos relevantes. A tradução, seguindo o princípio da relevância, deve transmitir não só a interpretação que o comunicador original quis veicular, criando efeitos contextuais adequados, mas também se ater a como esta interpretação foi expressa, ou seja, levando à interpretação pretendida sem esforços processuais desnecessários. Gutt, neste ponto, introduz a noção de fidedignidade na tradução. Esta noção de fidedignidade é expressa da seguinte forma:

Estas condições parecem fornecer exatamente a orientação que tradutores e teóricos da tradução estavam procurando: elas determinam em quais aspectos a tradução deve se assemelhar ao original – somente naqueles aspectos em que se espera torná-la adequadamente relevante para a audiência da língua receptora. Elas determinam também que a tradução deveria ser clara e natural em expressão no sentido de que não deveria ser desnecessariamente difícil de entender51 (GUTT, 2000b:107).

No entanto, o princípio da relevância por si só não é suficiente para garantir o sucesso de uma tradução, pois o tradutor, ao tomar decisões, baseia-se em suas intuições

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Minha tradução de: “If this is correct, then there will be no need for a general theory of translation to concern itself with such cases”.

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Minha tradução de: “what the reporter intends to convey is (a) presumed to interpretively resemble the original – otherwise this would not be an instance of interpretive use – and (b) the resemblance it shows is to be consistent with the presumption of optimal relevance, that is, is presumed to have adequate contextual effects without gratuitous processing effort”.

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Minha tradução de: “These conditions seem to provide exactly the guidance that translators and translation theorists have been looking for: they determine in what respects the translation should resemble the original – only in those respects that can be expected to make it adequately relevant to the receptor language audience. They determine also that the translation should be clear and natural in expression in the sense that it should not be unnecessarily difficult to understand”.

ou crenças sobre o que ele julga relevante para seu público. Via de regra, o tradutor não tem acesso direto ao ambiente cognitivo de seu público, não sabe como ele realmente é; o máximo que pode ter, são presunções acerca deste ambiente cognitivo. E, às vezes, estas presunções ou crenças podem não ser tão precisas. Assim, a noção de fidedignidade deve ser aplicada tanto referente ao texto quanto ao contexto. Ao texto, pois “o uso interpretativo vai ligar a intenção comunicativa do tradutor à interpretação pretendida do texto original”52 (GUTT, 2000b:128). Ao contexto, por sua vez, pois “a busca por consistência com o princípio da relevância sempre engloba o ambiente cognitivo particular da audiência endereçada”53 (id.).

Gutt argumenta que, para muitos, esta definição de tradução como uso interpretativo interlingual estaria aberta a muitas variações54. Este seria o caso de quem se preocupa com a preservação do estilo do original, caso em especial de traduções literárias. Gutt não fornece uma definição formal de estilo, contenta-se em dizer que estilo seria o modo como o falante se expressa, através das palavras escolhidas por ele ou no modo como constrói as orações. Um argumento a favor para aqueles tradutores preocupados com a preservação do estilo, seria o fato de que, assim, as representações do original seriam mais precisas. Porém, é exatamente aqui que os problemas começam. Gutt, citando Chukovskii, diz que o tipo errado de precisão pode ser desastroso para a tradução: “Uma cópia literal e precisa de uma obra poética é a mais imprecisa e mais falsa de todas as traduções. O mesmo pode ser dito a respeito de traduções de prosa artística”55 (CHUKOVSKII, 1984:49). Quando se leva em conta fidedignidade não apenas de conteúdo, mas também de estilo, Gutt diz que se podem citar ainda muitos exemplos retirados da bibliografia a respeito. Contudo, continua Gutt, a TR pode fornecer novos “insights” para esse dilema.

Quando o tradutor está envolvido não apenas em preservar o significado a ser inferido, mas também em como este significado foi expresso, envolvendo questões de estilo (o que ocorre particularmente com traduções literárias), poderemos dizer que se trata, aqui, da diferença entre discurso indireto e direto, respectivamente. Gutt vê o uso interpretativo interlingual como um paralelo interlingual do discurso indireto, pois se

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Minha tradução de: “interpretive use will link the communicative intention of the translator to the intended interpretation of the original text”.

53

Minha tradução de: “the search for consistency with the principle of relevance always brings in the particular cognitive environment of the audience addressed”.

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Confira, para tanto, o final do capítulo 5 da obra citada de Gutt (2000b), p.128-129, onde este fala da flexibilidade da noção de tradução como uso interpretativo interlingual.

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Minha tradução de: “A precise, literal copy of a poetic work is the most imprecise and false of all translations. The same can be said of translations of artistic prose”.

preocupa em dar indicações sobre o que foi pretendido comunicar através do texto original. Já o discurso direto dá indicações diretas sobre como o sentido pretendido pelo TF foi expresso. “Enquanto citações indiretas dependem da semelhança em efeitos cognitivos, citações diretas dependem da semelhança em propriedades linguísticas”56 (GUTT, 2000b:133).

Um importante argumento que depõe a favor da utilização do discurso direto é o fato de que ele é capaz de fornecer ao público-alvo um acesso em potencial ao significado pretendido do TF. Isto se deve, segundo Gutt (1992), à interdependência entre estímulo, contexto e interpretação:

Se dois estímulos com propriedades idênticas são processados no mesmo contexto, eles levarão à mesma interpretação, porque, inferencialmente, eles interagem segundo o mesmo princípio – o princípio da relevância. Assim, se ambos os estímulos têm as mesmas propriedades, e se os contextos nos quais eles são processados são também idênticos, então suas formas proposicionais e/ou descrições, seus efeitos contextuais, o esforço processual requerido, e a avaliação de ótima relevância serão todos iguais, levando a interpretações idênticas57 (GUTT, 1992:62).

Os dois estímulos devem ocorrer, no entanto, sob as mesmas circunstâncias. Gutt chama a atenção para o caso da fadiga mental, por exemplo, que pode levar a uma distorção da interpretação. Resguardando-se isto, no discurso direto, o fato de que todas as propriedades linguísticas do original são preservadas, possibilita ao público ter acesso à reconstrução da interpretação do TF sem depender da interpretação de outrem, desde que use as suposições contextuais imaginadas pelo comunicador original.

No entanto, não se pode esquecer que estamos tratando de semelhança entre textos e enunciados que pertencem a diferentes línguas. A simples transposição de elementos de uma língua para outra, mecanicamente, não seria possível58. Isto porque a tradução necessita da intermediação do pensamento, ela é baseada no sentido das palavras. Destarte, não seria possível utilizar um discurso direto de uma língua para

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Minha tradução de: “whereas indirect quotations depend on resemblance in cognitive effects, direct quotations depend on resemblance in linguistic properties”.

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Minha tradução de: “if two stimuli with identical properties are processed in the same context, they will lead to the same interpretation because they inferentially interact by the same principle – the principle of relevance. Thus, if both stimuli have the same properties, and if the contexts in which they are processed are also identical, then their propositional forms and/or descriptions, their contextual effects, the processing effort required, and the evaluation of optimal relevance will all be the same, leading to identical interpretations”.

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Gutt (1992) não considera como exceção a tradução por máquinas, pois ela depende dos significados que seres humanos estabeleceram e programaram para tanto (cf. p. 65).

outra. Porém, Gutt afirma que, em princípio, há uma maneira de, pelo menos, simular o discurso direto interlingual.

Gutt nos lembra que a mais importante característica do discurso direto é fornecer ao público-alvo condições de chegar à interpretação completa pretendida pelo TF. Esta premissa pode ser também aplicada ao discurso direto interlingual: fornecer ao público do TA uma interpretação completa do TF, compartilhando no TA “todas as implicações que o autor original pretendeu comunicar”59 (GUTT, 1992:65, itálico como no original). E, continua argumentando Gutt, se pensarmos no uso interpretativo como um continuum entre nenhuma semelhança interpretativa e completa semelhança interpretativa, estaríamos, aqui, diante de um caso extremo de uso interpretativo, ou seja, buscando uma semelhança interpretativa completa com o original (id.). No entanto, devemos sempre levar em consideração que o estímulo na língua-alvo deve considerar as suposições contextuais que o comunicador original imaginava. Destarte, Gutt chega à definição do que chama de tradução direta: “Um enunciado na língua receptora é uma tradução direta de um enunciado na língua de partida se, e somente se, ele supõe se assemelhar interpretativamente ao original completamente no contexto imaginado para o original”60 (GUTT, 2000b:171).

Embora seja possível alcançar um relativo alto grau de semelhança em representações semânticas entre línguas, o mesmo não vale quando se trata de manter as propriedades estilísticas entre línguas. Como, por exemplo, manter uma voz passiva em uma língua que não conheça tal recurso? Gutt pondera da seguinte forma, introduzindo o conceito de pistas comunicativas: “Entretanto, poder-se-ia bem argumentar que a questão de se preservarem propriedades linguísticas não reside no valor intrínseco delas, mas no fato de que fornecem pistas que guiam o público-alvo em direção à interpretação pretendida pelo comunicador”61 (GUTT, 2000b:134, itálico como no original). A estas pistas Gutt dá o nome de pistas comunicativas.

Analogamente ao discurso direto, que preserva todas as propriedades linguísticas do texto/enunciado original, o tipo de tradução agora descrito por Gutt, ambicionando assemelhar-se interpretativamente completamente ao original, se preocupa em preservar

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Minha tradução de: “all implications the original author intended to communicate”.

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Minha tradução de: “A receptor-language utterance is a direct translation of a source-text utterance if, and only if, it presumes to interpretively resemble the original completely in the context envisaged for the original”.

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Minha tradução de: “However, one might well argue that the point of preserving stylistic properties lies not in their intrinsic value, but rather in the fact that they provide clues that guide the audience to the interpretation intended by the communicator”.

todas as pistas comunicativas do original. Desse modo, o público-alvo estaria apto a chegar na interpretação pretendida pelo original, desde que use as suposições contextuais imaginadas pelo comunicador original. Isto se explica pelo fato de que as pistas comunicativas não refletem apenas o conteúdo da informação, mas também a maneira em que esta informação foi expressa e os efeitos especiais que tais recursos estilísticos iriam atingir. Estas características são cruciais para uma tradução direta. Tomando como exemplo a tradução talmúdica, um exemplo de pista comunicativa poderá ser o uso de elementos que marcam a oralidade do texto (repetição de palavras, estilo circular de construção de conhecimento). O uso de determinados recursos no texto talmúdico confere ao mesmo um caráter oral, não sendo casual. Estas marcas de oralidade deveriam ser preservadas numa tradução.

As pistas comunicativas podem ser determinadas a partir das representações semânticas do enunciado original. Estas podem servir como uma fonte de hipóteses acerca da intenção do comunicador, ou seja, elas fornecem pistas comunicativas. No entanto, evidenciar tais pistas comunicativas pode não ser uma tarefa fácil. Às vezes, ao se sentir uma tradução diferindo do original, não se sabe imediatamente se esta diferença se deve à falsa representação de suas pistas comunicativas ou se o problema está relacionado a suposições contextuais divergentes. Pode-se retomar aqui a discussão do papel desempenhado pelas entradas lógicas e enciclopédicas de um enunciado. Sobre a importância da relação entre estas entradas para o tradutor, Gutt (2000b) diz:

As propriedades de uma representação semântica são, pelo menos em parte, determinadas pelas entradas lógicas dos conceitos que ela contém. Portanto, se se procura obter semelhança em pistas comunicativas e, por conseguinte, semelhança na representação semântica, então se torna claro que o tradutor tem que prestar atenção a essas questões de semântica. Alternativamente, se a informação em questão origina- se da entrada enciclopédica de um conceito que aparece na representação semântica, então ela é parte do contexto e, assim, na abordagem que estamos discutindo no momento, cairia fora do escopo de uma tradução que estivesse interessada na preservação de pistas comunicativas62 (p. 143).

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Minha tradução de: “The properties of a semantic representation are, at least in part, determined by the logical entries of the concepts it contains. Therefore, if resemblance in communicative clues, hence resemblance in semantic representation, is attempted, then clearly the translator must pay attention to these matters of semantics. Alternatively, if the information in question stems from the encyclopaedic entry of a concept that appears in the semantic representation, then it is part of the context and so, under the approach we are currently discussing, would fall outside the scope of a translation concerned with the preservation of communicative clues”.

Em outras palavras vale dizer que o tradutor, fazendo uso da tradução direta, não deve se preocupar em tornar explícita uma informação que deriva da entrada enciclopédica de um conceito. Gutt afirma que “seria da responsabilidade da audiência familiarizar-se com tal informação”63 (id.), ou seja, familiarizar-se com o contexto do comunicador original.

Contudo, as pistas comunicativas podem ser determinadas por outras propriedades que não as semânticas. Não será apresentada aqui uma lista exaustiva, apenas mais alguns tipos como exemplificação. Uma das categorias de pistas comunicativas é a que advém de propriedades sintáticas, como, por exemplo, a preservação da estrutura da oração. Mas Gutt adverte que, em caso de complexidade estrutural do enunciado, que requer maior custo de processamento, o receptor espera que o esforço a mais demandado para processar a informação seja compensado por efeitos contextuais mais fortes, para fazer jus ao princípio da relevância. O mesmo se dá quando se emprega, na tradução, um termo pouco usual ou obsoleto.

As pistas comunicativas podem surgir também de restrições semânticas à relevância. Num enunciado podem ocorrer informações que são codificadas linguisticamente, mas que não estão incluídas na representação semântica, nem podem ser definidas como contextuais. Se desconsideradas (ou consideradas erroneamente no momento da tradução), estas palavras (chamadas por Gutt de conectivos pragmáticos) podem alterar o valor de verdade do enunciado. Outras pistas são fornecidas pelas expressões que constituem uma fórmula na língua do original. Gutt cita como exemplo a palavra inglesa “hello”. “Hello” tem uma entrada lexical (evidenciando sua pronúncia) e uma entrada enciclopédica (sabemos que se trata de um cumprimento), mas parece não ter uma entrada lógica, pois não tem propriedades de condição de verdade. Essas expressões contribuem para a interpretação de um enunciado, em virtude de sua entrada enciclopédica, e o tradutor, quando numa tradução direta, deve procurar uma expressão na língua-alvo que seja similar à da língua do TF.

Por fim, podemos citar as pistas comunicativas que advêm de propriedades fonéticas de palavras e enunciados, onde o som das palavras vai guiar o ouvinte em direção à relevância pretendida. Segundo a TR, efeitos poéticos ocorrem quando o público-alvo “é induzido (...) a se abrir e considerar uma larga gama de implicaturas onde nenhuma delas é muito fortemente implicada, mas que, ao serem tomadas juntas,

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Minha tradução de: “It would be the responsibility of the audience to familiarize themselves with such information”.

mais criam uma ‘impressão’ do que comunicam uma ‘mensagem’”64 (GUTT, 2000b:164). Gutt argumenta que, em prosa, a organização sintática de um enunciado vai colaborar fortemente para sua interpretação. Quanto mais precisa a estrutura sintática, mais fácil para o ouvinte será a interpretação do enunciado. Já na poesia, a precisão da estrutura sintática tende a tolher, mais do que a aumentar, a possibilidade de interpretação.

Rima e ritmo (...) impõem padrões fonológicos que são independentes da estrutura sintática (...). Estes padrões tendem a enriquecer a interpretação, não apenas porque ocasionam agrupamentos adicionais, mas também porque, em contraste com as relações sintáticas, as relações que sugerem não são especificadas e, assim, admitem uma liberdade maior de interpretação65 (GUTT, 2000b:164).

Assim, o ritmo e a rima constituem-se em recursos que devem ser levados em conta pelo tradutor numa tradução direta, pois fornecem importantes pistas comunicativas para a interpretação de textos de poesia. Outra questão é se a língua-alvo dispõe desses meios.

Gutt reforça a idéia de que a atual definição de tradução direta não objetiva atingir os efeitos poéticos do original, explicando ou explicitando informações textuais fracamente implicadas no original. Tal comportamento do tradutor estaria relacionado ao emprego de informação contextual, extrapolando as pistas fornecidas pelo autor original.

Aqui, Gutt retoma a idéia de que é responsabilidade dos receptores do TA familiarizarem-se com o contexto imaginado pelo autor do TF66. No entanto, reconhece que “dependendo de quão acessível esta informação for para eles, isto pode não ser uma tarefa fácil”67 (p. 174). O que não é necessário nem desejável, principalmente na

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Minha tradução de: “is induced (...) to open up and consider a wide range of implicatures, none of which are very strongly implicated, but which taken together create an ‘impression’ rather than communicates a ‘message’”.

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Minha tradução de: “Rhyme and rhythm (...) impose phonological patterns that are independent of syntactic structure (...). These patterns tend to enrich the interpretation, not only because they give rise to additional groupings, but also because, in contrast to syntactic relations, the relations they suggest are