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2.8 Outros Atores de Relevância no Comércio Mundial

2.8.1 União Européia

A despeito de o continente europeu ter sido palco de intensas disputas políticas e bélicas ao longo dos séculos, e de sua diversidade lingüística, étnica e cultural, pode-se afirmar que há uma matriz baseada no caldo de uma cultura historiográfica comum.

São momentos que podem ser pontuados, como a Idade Média, o Renascimento, a Revolução Industrial, e principalmente as tragédias das duas Grandes Guerras havidas no século XX, e que consumiram milhões de vidas no solo europeu e alhures.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, importantes fatos ocorreram. De um isolado país, a Rússia Soviética, havia-se formado a Comunidade Socialista Internacional,145 ou como Winston Churchill preferiu designar em Fulton – Missouri, Estados Unidos –, a 5 de março de 1946, Cortina de Ferro,146 o que representaria uma constante ameaça às democracias

recém-construídas, ou refeitas dos efeitos adversos da guerra, como são exemplos Áustria, França, Alemanha, entre outros.

De mais a mais, em face da ameaça comunista, os Estados Unidos elaboraram o plano econômico de reconstrução da Europa, conhecido por Plano Marshall. Além disso, o sistema multilateral construído em Bretton Woods apresentava seus primeiros resultados.

Na visão estratégica de Winston Churchill,147 seriam necessárias a refundação européia e a construção dos Estados Unidos da Europa, levando ao surgimento do Conselho da Europa.

O primeiro tratado, proposto por Jean Monet e Robert Shumann, foi o Tratado de Paris, de 18 de abril de 1951, que constituiu a Comunidade do Carvão e do Aço (Ceca), tendo como protagonistas França, Alemanha, Itália, Bélgica, Luxemburgo e Holanda. A organização tinha natureza jurídica supranacional.

Posteriormente, temos o Tratado de Roma, firmado em 25 de março de 1957, que prevê a instituição da Comunidade Econômica Européia e a Comunidade Européia de Energia

145 Ao final da Segunda Guerra Mundial, compunham a Comunidade Socialista Internacional os seguintes

países: Polônia, Bulgária, Romênia, Tchecoslováquia, Hungria e Alemanha Oriental (RDA), além de a China, em 1949, ter optado pela via socialista.

146 “Desde Stettin no Báltico até o Trieste no Adriático, uma cortina de ferro desceu sobre o continente. Atrás

dessa linha estão todas as capitais dos antigos Estados da Europa Central e Oriental. Varsóvia, Berlim, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado e Sofia, todas essas cidades famosas e as populações à sua volta estão na esfera de influência soviética, e estão sujeitas, de uma forma ou de outra, não apenas à influência soviética, mas a um grande, e às vezes crescente, controle de Moscou.” Vide http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144, 1478863,00.html

Atômica,148 observando-se o clássico cronograma que se iniciava com a criação de uma União Aduaneira até o estabelecimento da União Européia.

Houve outras tratativas, como o Ato Único Europeu, que estabeleceu uma série de mecanismos para o funcionamento da União Européia (UE). Digno de menção é o Tratado de Maastricht sobre a União Européia, celebrado em 7 de fevereiro de 1992.

Nos termos do art. 2º149 do Tratado que institui a Comunidade Européia (CE), esta

tem como missão promover:

• Um desenvolvimento harmonioso, equilibrado e sustentável das atividades econômicas.

• Um elevado nível de emprego e de proteção social, a igualdade entre homens e mulheres.

• Um crescimento sustentável.

• Um alto grau de competitividade e de convergência dos comportamentos das economias.

• Um elevado nível de proteção e de melhoria da qualidade do ambiente, o aumento do nível e da qualidade de vida, a coesão econômica e social e a solidariedade entre os Estados-membros.

Para alcançar esses fins, a CE elabora um conjunto de políticas nos vastos domínios econômicos, abrangendo um conjunto de resoluções e diretivas, no que se inclui a política ambiental.150.

148 Pode ser designada como Comunidade Européia para a Energia Atômica/Communauté Européenne de

l’Énergie Atomique/European Atomic Energy Community (Euroton).

149 “Art. 2º. A Comunidade tem como missão, através da criação da um mercado comum e de uma união

econômica e monetária e da aplicação das políticas ou ações comuns a que se referem os artigos 3º e 4º, promover, em toda a Comunidade, o desenvolvimento harmonioso, equilibrado e sustentável das actividades econômicas, um elevado nível de emprego e de proteção social, a igualdade entre homens e mulheres, um crescimento sustentável e não inflacionista, um alto grau de competitividade e de convergência dos comportamentos das economias, um elevado nível de protecção e de melhoria da qualidade do ambiente, o aumento do nível e da qualidade de vida, a coesão econômica e social e a solidariedade entre os Estados- Membros.” Fonte: <http://eur-lex.europa.eu/pt/treaties/dat/12002E/htm/C_2002325PT.003301.html#an Art2>.

150 ‘“Para reduzir as emissões de CO

2, as economias industrializadas terão de encontrar energias alternativas.

Energias alternativas: Por que é que não pensamos seriamente numa alternativa, que permitiria obter 70% da produção de energia eléctrica, sem emissão de CO2: a energia nuclear?’. Foram as palavras utilizadas pelo

eurodeputado alemão Herbert Reul (Grupo do Partido Popular Europeu e dos Democratas Europeus) quando se referiu à questão das energias alternativas. Para o eurodeputado alemão Matthias Grootse (Grupo Socialista), ‘na política relativa às alterações climáticas, a expressão tempo é dinheiro tem um outro significado’. Durante o debate, a eurodeputada francesa Anne Laperrouze (Grupo da Aliança dos Democratas

O processo de tomada de decisões na UE, em geral, e o processo de co-decisão, em particular, envolvem as três principais instituições:

• o Parlamento Europeu, diretamente eleito, que representa os cidadãos da UE;

• o Conselho da União Européia, que representa os Estados-membros; • a Comissão Européia, que deve defender os interesses de toda a União.

Para além das suas instituições, a UE tem diversos órgãos que desempenham missões específicas, como é o caso do meio ambiente; seus ministros do meio ambiente (27 representantes dos Estados-membros) apresentaram um projeto prevendo a redução de 20% das emissões de gases causadores do efeito estufa até 2020.