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2.1.1 Lócus da Pesquisa

O palco para o desenvolvimento da presente pesquisa é a cidade de Jijoca de Jericoacoara, no Ceará. A mesma merece notoriedade por ocupar lugar de destaque na Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (CREDE 3)11, mostrando crescimento ascendente ao longo das edições do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (SPAECE)12 no 2º, 5º e 9º ano, conforme observado na Tabela 1. Igualmente, vem apresentando boa desenvoltura no Ideb13 no estado do Ceará (Tabela 2). A referida cidade também conta com uma sistemática de avaliação própria, que se chama Sistema de Avaliação do Ensino Municipal em Jijoca de Jericoacoara (SAEMJJ), atuando desde 2013, abrangendo todas as escolas dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental do município, respeitando as premissas do Plano Nacional de Educação (PNE), que orienta o desenvolvimento de sistemas de informação e avaliação por parte de estados e municípios.

Tabela 1 – Evolução de Jijoca de Jericoacoara no Spaece

Fonte: MUNIZ (2016) com base nos dados divulgados pelo Spaece e pela SME de Jijoca de Jericoacoara (2016).

A tabela 1 nos traz uma série histórica dos anos de 2010 a 2014, da evolução dos 2º, 5º e 9º anos de Jijoca de Jericoacoara no Spaece. Conforme se pode observar, há uma tendência em relação ao crescimento ascendente dos resultados, superando os resultados dos anos anteriores, o que o faz ocupar as primeiras colocações na Crede 3. Ademais, a cidade

11 Formada pelos municípios de Acaraú, Bela Cruz, Cruz, Itarema, Jijoca de Jericoacoara, Marco e Morrinhos. 12 Um sistema cearense próprio de Avaliação Educacional em nível estadual, implantando desde 1992. Tem

como foco a “[...] Avaliação da Alfabetização (2º ano); avaliação do Ensino Fundamental (5º e 9º anos) e Avaliação do Ensino Médio (1ª, 2ª e 3ª séries)” (MUNIZ, 2016, p. 24).

13 Criado em 2007, sendo “[...] formulado para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas

para a melhoria do ensino.” (portal MEC, 2017)

Proficiência obtida de 2010 a 2014 Turmas Disciplinas 2010 2011 2012 2013 2014 Média do Ceará – 2014 Posição em relação à Crede 3

2º ano Portuguesa Língua 248,18 250,67 225,49 189,2 219,8 174,4 2º lugar 5º ano Portuguesa Língua 209,7 235,5 233,6 242,6 244,4 207,1 1º lugar Matemática 225,7 260,4 254,1 257,6 261,7 219,0 1º lugar 9º ano

Língua

Portuguesa 253,7 268,9 267,9 241,3 275,2 239,1 1º lugar Matemática 253,7 268,9 267,9 249,4 282,3 241,6 1º lugar

também se destaca em relação ao Ideb, ao conseguir manter boas médias por anos consecutivos, conforme exposto na Tabela 2 abaixo:

Tabela 2 – Ideb – Jijoca de Jericoacoara (2005-2013)

Séries iniciais e finais do Ensino Fundamental

2005 2007 2009 2011 2013 Posição na Crede Posição no estado Séries iniciais 3,7 4,4 4,9 6,9 7,2 1º lugar 6º lugar Séries finais 3,5 4,4 4,7 5,2 4,6 2º lugar 28º lugar Fonte: MUNIZ (2016), com base nos dados fornecidos SME de Jijoca de Jericoacoara (2015).

A tabela 2 expõe dados de 2005-2013 que nos permitem observar a crescente evolução do município tanto nos anos iniciais quanto nos anos finais do Ensino Fundamental, destacando-se em relação à Crede 3, bem como ao Estado do Ceará.

Já existem estudos que comprovam a eficácia do SAEMJJ (MUNIZ, 2016), atribuindo-lhe confiabilidade. Entretanto, os alunos com DI não são contemplados com esse modelo, nem com os demais: Spaece, Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB)14, Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA)15. Muitos não chegam a realizar essas provas, e os que as fazem, têm os seus resultados descartados de imediato, para que não interfiram no desempenho da média geral da turma.

Mas, a LDB 9394/96 (BRASIL, 1996) estabelece que todos sejam avaliados. Portanto, os alunos com e sem deficiência. Entretanto:

A inexistência de informação sobre o desenvolvimento escolar do aluno com necessidades educacionais especiais equivale, para usar o termo cunhado pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu, a uma situação de excluídos do interior: alunos que podem até estar dentro do sistema de ensino, e mesmo em escolas comuns, mas permanecem excluídos em relação à perspectiva de progresso escolar, para si mesmos e para os formuladores de políticas (MEC, 2006, p. 10).

É imperativo frisar que a inexistência de um maior aporte de dados quanto ao desenvolvimento escolar de alunos com deficiência dificulta o desenvolvimento, bem como o aprimoramento de políticas públicas direcionadas a tais alunos, se configurando enquanto barreira para a real efetivação da inclusão.

14 Tem “[...] o objetivo de qualificar os resultados obtidos pelo sistema educacional de ensino público, criar e

consolidar competências para a avaliação do sistema educacional” (VIANNA, 2014, p. 31).

15 “[...] é uma avaliação externa que objetiva aferir os níveis de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa

(leitura e escrita) e Matemática dos estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas” (Portal INEP, 2017).

Nessa perspectiva, ao estudar o fenômeno da avaliação educacional de alunos com DI em um contexto específico é imprescindível buscarmos uma relação dialética entre o que é singular e particular, também é universal (VYGOTSKY, 1995). Ao se levar em consideração os indivíduos na sua singularidade enquanto um sujeito de per se, ou fazendo parte de um conjunto que forma uma comunidade, busca-se compreender que o que é particular no processo de avaliação educacional para esse sujeito com DI em Jijoca de Jericoacoara, também poderá ser universal para os demais sem DI.

Para tanto, a singularidade é o que distingue uns homens dos outros, ao passo que a universalidade diz respeito às possibilidades construídas pelo homem, onde o indivíduo poderá apropriar-se das mesmas, possibilitando-a meios de satisfazer suas necessidades (SILVA, 2009). Logo, essa singularidade das características da avaliação educacional de alunos com DI em Jijoca de Jericoacoara, poderá ser universal para as demais cidades.

2.1.2 Amostra da pesquisa

Para esta pesquisa de mestrado, contamos com uma amostra composta por quatro escolas dos anos iniciais do Ensino Fundamental no município de Jijoca de Jericoacoara-CE, desde que tenham alunos com DI incluídos nos 2º e 5º anos na referida etapa de ensino. De acordo com os dados da Secretaria Municipal de Educação (SME) da então cidade, atualmente sua rede de ensino conta com 1.782 alunos matriculados nos anos iniciais do Ensino Fundamental, e 1.448 nos anos finais do Ensino Fundamental. Destes, 80 alunos apresentam Necessidades Educacionais Especiais (NEE), representando 2,47% do total de alunos matriculados; e 01 aluno no 2º ano e 04 alunos no 5º ano possuem DI.

Tabela 3 – Quantidade de alunos da rede municipal de ensino de Jijoca de Jericoacoara (2017)

Variáveis Fundamental Ensino Quantidade de alunos alunos com NEE Quantidade de alunos com DI** Quantidade de

Ensino Fundamental

Anos Iniciais

Anos

Finais 2º Ano 5º Ano

Anos Iniciais

Anos

Finais 2º Ano 5º Ano

1.782 1.448 321 370 42 38 01 04

Porcentagem 55,17% 44,82% 18,01% 20,76% 2,35% 2,62% 2,38% 10,52%

TOTAL 3.230 691 – *38,77% 80 – 2,47% 05 – 6,25%

Fonte: Elaboração própria com base nos dados fornecidos pela SME de Jijoca de Jericoacoara-CE, 2017. *Valor referente ao percentual de alunos matriculados nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Quanto a porcentagem total, esse valor seria de 21,39%

** Valores referentes a quantidade de alunos com NEE.

De porte dos dados da tabela 3 nos é possível inferir que 55,17% dos alunos estão matriculados nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Destes, 2,35% têm alguma NEE; e

deste percentual, 6,25% são compostos por alunos com DI. Complementando tais dados, na pré-escola, existem 13 crianças com NEE. Portanto, os dados confirmam que a pesquisa pôde ser executada nesse cenário, uma vez que a cidade palco desta pesquisa conta com alunos com DI matriculados nos anos iniciais do Ensino Fundamental, bem como por possuir sistemática de monitoramento do desempenho pedagógico dos seus alunos.

Logo, por se tratar de uma pesquisa qualitativa, segundo Polit, Beck e Hungler (2004, p. 237),

O tamanho da amostra deve ser determinado a partir da necessidade de informações. Assim, um princípio orientador na amostragem é a saturação dos dados (isso é, amostrar até o ponto em que não é obtida nenhuma informação nova e é atingida a redundância). Normalmente é possível chegar à redundância com um número relativamente pequeno de casos, se a informação de cada um tiver profundidade suficiente.

Neste sentido, de posse dos dados, iniciamos demarcando as escolas por níveis de ensino: anos iniciais do Fundamental e anos finais do Fundamental. Em seguida, verificamos a quantidade total de alunos, quantidade de alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) e quantidade de alunos com DI matriculados nos 2º e 5º ano, na intenção de ampliarmos ou reduzirmos nosso universo de pesquisa.

Posteriormente, tomando como base os dados apresentados no ano de 2017, que mostram a situação de inclusão desses alunos, selecionamos as escolas com alunos matriculados nesses anos.

Com relação à escolha das unidades escolares, pesquisamos em quatro instituições de ensino: uma na zona urbana e três na zona rural. E tal seleção foi feita com base nos critérios acima apresentados. Ademais, atentamos para a localização, acesso a tais instituições escolares, bem como para a disponibilidade e aceitação da comunidade escolar em participar da pesquisa, em especial os professores, coordenadores pedagógicos, diretores escolares e familiares dos alunos com DI.