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6. RECURSOS DIDÁTICOS DISTRIBUÍDOS PELO MINISTÉRIO DE

6.2 O uso dos jogos de alfabetização

No tópico anterior, vimos como o livro didático de Letramento e Alfabetização pode ser um recurso facilitador da prática docente e da aprendizagem dos alunos. Além deste recurso, sabemos que o professor pode elaborar e utilizar outros materiais em suas aulas com o intuito de alcançar seus objetivos de ensino. Um dos recursos foco de investigação dessa pesquisa utilizado pelas professoras, durante as jornadas de aulas observadas, foram os jogos de alfabetização distribuídos pelo Ministério de Educação.

A partir desses jogos de alfabetização os alunos podem, de forma lúdica, refletir sobre as unidades sonoras presentes nas palavras, os princípios que envolvem o sistema de escrita e consolidar as correspondências grafofônicas sem ser levados a realizar treinos enfadonhos dos padrões silábicos, conforme é representando nas cartilhas de alfabetização. Entretanto, sabemos que, aliado às potencialidades desses recursos, o professor também precisa assumir o seu papel e fazer as intervenções necessárias aos aprendizes de modo a levá-los a refletir sobre os objetivos didáticos que envolvem cada jogo. Dessa forma, concordamos com Kishimoto (2006, p. 37) que:

A utilização do jogo potencializa a exploração e construção do conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a influência de parceiros bem como a sistematização de conceitos em outras situações que não jogos.

Diante disto, ressaltamos que durante as situações de uso do jogo o professor deve participar como um mediador, elaborando perguntas pertinentes para que os aprendizes mobilizem seus saberes.

Neste tópico abordamos o levantamento dos direitos de aprendizagem de apropriação do sistema de escrita alfabética contemplados nas aulas de cada professora a partir do uso dos jogos de alfabetização distribuídos pelo MEC.

O quadro 07 apresenta os direitos de aprendizagem referentes à apropriação do SEA mobilizados pelas docentes nos momentos de uso dos jogos de alfabetização.

Quadro 07 - Direitos de aprendizagem referentes à apropriação do Sistema de Escrita Alfabética (SEA) mobilizados nas aulas pelas professoras a partir do uso dos jogos de alfabetização.

Direitos de aprendizagem

Aulas com uso dos jogos Professora A Professora B

Reconhecer e nomear as letras do alfabeto 09 07

Compreender que palavras diferentes

compartilham certas letras 09 07

Perceber que palavras variam quanto ao

número, repertório e ordem das letras 09 07

Segmentar oralmente as sílabas de palavras e

comparar palavras quanto ao tamanho --- 07

Identificar semelhanças sonoras em sílabas e

em rimas 09 07

Ler, ajustando a pauta sonora ao escrito 09 07

Dominar as correspondências entre letras e grupos de letras e seu valor sonoro, de modo a ler palavras e textos

09 07

Dominar as correspondências entre letras ou grupos de letras e seu valor sonoro, de modo a escrever palavras e textos

--- 07

Quantitativo de direitos contemplados pelas professoras a partir do uso dos jogos de

alfabetização

06 08

Durante o período de observação, identificamos que os jogos de alfabetização distribuídos pelo Ministério foram utilizados em apenas uma aula de cada professora. Esse dado revela que esses recursos didáticos foram pouco priorizados pelas docentes, inclusive, quando comparamos com a frequência dos outros tipos de recursos utilizados nas aulas para explorar o sistema de escrita alfabética, como, por exemplo, os livros didáticos, as obras complementares e os livros literários.

A pesquisa desenvolvida por Pessoa, Lino e Silva (2015) também revelou que os jogos voltados para a alfabetização foram pouco priorizados durante o período de observação na prática de duas professoras: uma pertencente ao 2º ano do Ensino Fundamental do município de Recife/PE e outra docente do 3º ano do EF do município de Jaboatão dos Guararapes/PE. Esse estudo foi realizado com três docentes, sendo uma de cada ano do ciclo de alfabetização. A professora do 1º ano do Ensino Fundamental utilizou jogos que davam subsídios para a apropriação do sistema de escrita alfabética em sete das dez aulas observadas. Já docente do 2º ano do EF utilizou em duas aulas e a do 3º ano do EF utilizou em apenas uma aula.

Como é possível observar, as professoras investigadas na pesquisa desenvolvida por Pessoa, Lino e Silva (2015) apresentaram variações quanto à frequência de jogos

nas aulas. Além disso, as pesquisadoras revelaram que houve a ausência de intervenções sistemáticas nas situações de uso dos jogos voltados para reflexão do sistema de escrita alfabética.

Propiciar o contato dos alunos com os jogos de alfabetização pode ser mais uma oportunidade de levar os educandos elaborarem hipóteses, construir aprendizagens e consolidar seus saberes sobre o sistema de escrita alfabética. Entretanto, conforme já anunciamos anteriormente, reiteramos que a mediação docente é imprescindível nas situações de uso dos jogos, tendo em vista que cabe ao professor enriquecer esses momentos através da promoção de intervenções desafiadoras para que os direitos referentes à apropriação do sistema de escrita alfabética sejam garantidos aos estudantes.

Em relação às observações das jornadas de aula com uso de jogos, percebemos que alguns direitos de aprendizagem, tais como: escrever o próprio nome, diferenciar letras de números e outros símbolos, conhecer a ordem alfabética e seus usos em diferentes gêneros, reconhecer diferentes tipos de letras em textos de diferentes gêneros e suportes textuais, usar diferentes tipos de letras em situações de escrita de palavras e textos, reconhecer que as sílabas variam quanto às suas composições, perceber que as vogais estão presentes em todas as sílabas não foram contemplados nas situações de uso dos jogos de alfabetização, por isso não elencamos no quadro 07.

Na prática da professora A, identificamos que houve a exploração de seis direitos de aprendizagem relacionados à apropriação do SEA através de um dos jogos de alfabetização. O jogo utilizado por esta docente foi o Bingo Letra Inicial7.

De acordo com o manual didático, o jogo Bingo Letra Inicial pode auxiliar na reflexão do sistema de escrita alfabética e seus objetivos didáticos são: conhecer o nome das letras do alfabeto, compreender que as sílabas são formadas por unidades menores, compreender que, via de regra, a cada fonema, corresponde uma letra ou um conjunto de letras (dígrafos), identificar o fonema inicial das palavras, estabelecer a correspondência grafofônica (letra inicial e fonema inicial), comparar palavras que possuem unidades sonoras semelhantes, perceber que palavras que possuem uma mesma sequência de sons tendem a ser escritas com a mesma sequência de letras (BRANDÃO, FERREIRA ET AL. 2009, p. 63).

Segundo as orientações propostas no manual didático dos jogos de alfabetização, esse jogo pode ser realizado individualmente ou em duplas, com uma média de quatro a nove jogadores ou duplas. Os materiais que compõe o jogo são: nove cartelas, cada uma com três figuras e suas respectivas palavras faltando a letra inicial, fichas com as letras que completam as palavras presentes na cartela e um saco escuro para colocar as letras. Durante o jogo, o aluno ou a dupla, precisa completar com as letras que formam cada palavra na cartela. Vence quem completar primeiro a cartela, estabelecendo as correspondências grafofônicas corretas (BRANDÃO, FERREIRA ET AL. 2009, p. 65).

A seguir, detalharemos como ocorreu a mediação deste recurso e como os direitos referentes à apropriação do sistema de escrita alfabética foram contemplados pela docente.

Na aula 09 (nove) a docente aparelhou as cadeiras da sala, formando um único círculo e depois organizou os estudantes em duplas. Em seguida, entregou uma cartela para cada dupla e deu início ao jogo Bingo Letra Inicial. Nas figuras 32, 33 e 34 podemos observar a caixa e duas cartelas deste jogo.

Figura 32, 33 e 34 – Caixa e cartelas do jogo Bingo Letra Inicial

Após entregar uma cartela para cada dupla a docente perguntou aos alunos o nome das figuras que estavam sendo representadas. No fragmento da aula abaixo podemos perceber como ocorreu esse momento.

Conversa com os alunos antes de iniciar o jogo

P – Posso começar? Presta atenção! A – O que é isso daqui?

A – Oba! Um jogo!

A – Eu quero um com figura.

A – Para mim?

A – Como é o nome disso?

P – Pronto? Coloca a cartelinha no meio. Coloca! Coloquem a cartelinha no meio que é para dois.

(...)

P – Eu quero que vocês me digam quais são os nomes, quais são os desenhos que têm na sua cartelinha, certo?

A – Gato, pato e rato!

P – Gato, pato e rato! Agora vocês, bora! A – É, tem... O que é isso aqui?

A – Tem... O que é isso? P – Tela, vela e cela! E a tua? A – Gato, rato...

P – Na dela tem meia, veia e teia. T – (Risos)

(...)

P – Muito bem! Na sua e na dele? Qual é? A – Madeira, folha...

P – Madeira não! Rolha... A – Folha e bolha! T – (Risos)

P – E bolha! E a de vocês dois? A – Cachorro!

P – Cachorro não! Cão... A – Cão, mão...

P – Mão e pão! E na de vocês duas? A – Canela, vela...

(Aula 9, professora A)

Como podemos perceber, os alunos apresentaram dúvidas a respeito de algumas figuras presentes nas cartelas, por isso consideramos que a estratégia da professora em explorar as ilustrações das cartelas foi de suma importância para iniciar o jogo, pois os alunos apresentaram dúvidas sobre o nome das figuras. Segundo Brandão, Ferreira et al (2000, p.24):

Antes de começar a jogada, é fundamental que todos os participantes se ponham de acordo sobre os nomes das figuras. Como uma mesma ilustração pode nos remeter a diferentes denominações (fogo ou fogueira, chapa ou dentadura, por exemplo), é preciso que todos usem o mesmo nome, ao analisarem as palavras em pauta.

Depois de conversar com os alunos sobre as figuras presentes nas cartelas do jogo a docente perguntou aos mesmos qual era a letra inicial que faltava para completar as palavras de cada cartela, conforme está explícito no fragmento da aula abaixo:

Conversa com os alunos sobre as letras que faltam para completar as palavras das cartelas (antes de iniciar o jogo)

P – Vocês notaram que nessas cartelinhas que eu dei para vocês tem uma coisa que é bem parecida?

A – Não!

A – As letras do nome são todas iguais. P – Chega! Só tem tu mesmo para me salvar. A – As letras são todas repetidas!

P – As letras no final são iguais, mas tem uma coisa aí, minha gente. A – A letra!

P – A letra da frente vai ser diferente, porque, por exemplo, no de Maria e no de Gabrielly tem assim, olha: ―ato, ato, ato e ato. Gato, pato e rato‖. Só que a primeira letrinha de gato é a mesma de pato?

Alunos: Não!

P – Por que gato começa com qual letra? E pato? A – Com ―p‖!

P – E rato? A – Com ―ra‖! A – R!

P – Com ―R‖! Então, o que vai mudar nesse jogo é.... A – As letras...

P – As letras iniciais! Será a primeira letrinha de cada palavra. A dele tem ―arro, arro, arro‖. Então tem carro... Começa com que letra?

A – ―Ca‖! A – C!

P – C! Depois tem jarro. Começa com que letra? A – ―Ja‖!

A – G! A – G! A – É o ―j‖!

P – J! E depois tem barro. Começa com que letra? A – Ba!

A – B e A! A – B! P – B! A – A!

P – A? É ―b‖! Depois tem a de Sandyley, olha. Tela, como é tela? A – T!

A – E!

P – T! Depois tem vela. A – V!

P – E depois tem cela! A – C!

P – Agora o de Kimberly. O de Kimberly tem ―meia‖. A – Me!

A – E! A – M!

P – M! Veia, veia! Alunos: V!

P – E teia de aranha? Te-i-a! A – T!

P – T! O de Josué tem... Vê, olha. Mola, cola e bola! Cola começa com que letra? A – C!

A – B e O!

P – B! Só é a primeira letra. E mola? A – Mo!

Alunos – M!

P – A de Gustavo tem rolha. Não, deixa eu dizer tem rolha, bolha e folha! Com é rolha? A – R! P – E folha? A – C! A – V! A – A! A – F! P – E bolha? A – B!

P – B! Bora vê o de Sandyley... Panela? A – P!

P – P! Peraê, rapidinho. ―Anela, anela e anela‖. Então, Caio, as três palavras terminam com anela, anela, anela.

A – P, p, p! P – Panela? A – Pa! A – P! P – E janela? A – J! P – J! E canela? A – C! A – A!

P – Aqui, olha, é ão, ão e ão, quais os nomes? A – Leão!

A – Le! L e E! A – L!

P – Cão? Como é cão? A – C! P – C! A – Cadê, tia? P – Mão? A – M! P – E pão? A – P!

P– P! Só falta o de Ana Clara. O de Ana Clara é aca, aca, aca. E faca? A – F! P– F! E jaca? A – J! P– E maca? A – M! (Aula 09, professora A)

No fragmento da aula 09, podemos perceber que a docente perguntou aos alunos qual era a letra inicial que faltava para completar as palavras das cartelas antes de iniciar o jogo, antecipando as respostas que deveriam ser vivenciadas durante o jogo. Nesse momento, alguns dos alunos responderam a sílaba inicial ao invés da letra inicial.

Os estudos desenvolvidos por Barrera (2003) nos dão pistas para compreendermos porque, quando questionados sobre a letra inicial das palavras, os

aprendizes responderam o som representado pela sílaba. De acordo com as autoras, desde muito cedo, mesmo antes de frequentarem a escola, as crianças são capazes de dominar algumas habilidades de consciência fonológica como, por exemplo, a que envolve a reflexão das sílabas.

Também foi possível perceber que alguns dos alunos responderam que a letra inicial da palavra ―jarro‖ era a letra ―G‖.

Conforme destacamos, nesse fragmento de aula, a professora, através de uma conversa inicial com alunos, antecipou o momento que deveria ser vivenciado durante o jogo, possibilitando que cada dupla soubesse as letras necessárias para completar as palavras e vencer o jogo.

Na conversa inicial, antes de iniciar o jogo, percebemos que a educadora explorou os direitos de identificar as semelhanças sonoras em sílabas e em rimas, reconhecer e nomear as letras do alfabeto e compreender que palavras diferentes podem compartilhar certas letras.

Após essa conversa, a docente finalmente iniciou o jogo com os alunos. O fragmento de aula abaixo ilustra esse momento:

Durante o jogo

P – Quem preencher primeiro as três palavras ganha, está certo? Letra V! Quem tem alguma coisa na cartela que começa com ―V‖?

A – Eu não tenho! A – Ele tem!

P – Não é para dizer a do outro, pois cada um vai olhar a sua cartela. A – Eu não tenho não!

A – Eu não tenho também não. P – Ninguém tem?

A – Eu só tenho pato e rato!

P – Ninguém tem nada que comece com ―V‖? A – Ele tem...

P – Não tem? Você tem é? A – Tenho não.

P – Tem certeza? Ninguém tem? Eu não acredito, eu me lembro de ter falado um ―V‖ aí. O ―v‖ de alguma coisa. Vai ficar aqui, olha. Porque ninguém disse que tem, depois eu vou ver quem esqueceu de dizer. Vamos lá! Agora quem tem alguma coisa com ―T‖?

A – Eu não tenho! A – Eu tenho!

P – Tu tens o que? É tela? A – Ela tem vela!

P – Nem dizendo, né?! O ―v‖ está aqui, viu? Quem tiver alguma coisa com ―v‖, me diz que eu vou dizer.

A – Eu não tenho! A – Nem eu! A – Nem eu!

P – Quem tem alguma coisa com ―R‖? A – É eu!

A – É eu!

P – Ele disse primeiro!

P – Qual é no seu? Como você sabe que é com ―R‖? A – É porque tem o...

P – É com ―R‖ mesmo, está certo. Como é o nome disso? A – É...

P – É uma rolha! Como tu sabias que era com ―R‖? A – A senhora disse também!

A – De novo!

P – Ele decorou que era com ―R‖... P – Quem tem alguma coisa com ―C‖? A – Eu!

A – Eu!

A – Eu também tenho! A – Eu tenho!

P – Cão! Tem que dizer rápido porque tem várias pessoas também. Quem tem alguma palavra que começa com ―P‖?

A – Eu! A – Eu aqui!

P – Qual é? Panela! Muito bem! Tem que ser rápido. Quem é que tem alguma palavra que começa com ―M‖?

A – Eu! A – Bolha! A – Eu não tenho!

P – Renan, você tem alguma com ―M‖? Bola ou mola? Dá na mão de Renan também, Josué. Quem tem... Presta atenção! Olha para o seu! Eu vou dizer... Oi? Tem com ―V‖ é? Eita, ela descobriu, olha.

A – Eu sabia! Eu ia dizer a ela. (...)

P – Quem tem uma palavra com a letra ―S‖? Alunos: Euuu!

P – ―S‖ é cela é? Cela é com C. A – Eu tenho uma!

P – É com C também!

P – Agora, quem tem uma palavra que começa com a letra ―M‖ de macaco? (Aula 9, professora A)

Durante o jogo a professora fez o sorteio da ficha com a letra e falou em voz alta o nome da letra sorteada. Em alguns momentos os alunos mostraram interesse pelas fichas e em outros não. Quando a dupla pedia a ficha com a letra sorteada a docente fazia a conferência na cartela para saber se a letra completava o nome de alguma figura. Em alguns momentos, observamos que a educadora informou aos alunos qual era palavra que eles deveriam colocar a ficha sorteada, limitando esse desafio que envolvia o jogo. Essa estratégia realizada pela docente facilitou o jogo para os estudantes, pois eles poderiam solicitar uma letra que fosse útil, mas no momento de posicionar a ficha poderiam confundir e não estabelecer a correspondência grafofônica corretamente.

Também presenciamos momentos em a docente promoveu perguntas para as duplas sobre a palavra que iniciava com a letra sorteada.

Um aspecto que poderia ser promovido pela docente seria a reflexão sobre os possíveis erros dos alunos, como, por exemplo, no momento que um dos alunos associou o nome da letra S ao da letra C de ―cela‖.

Os estudos desenvolvidos por Cardoso-Martins e Batista (2005, p. 330) apontam que existe uma relação estreita entre o conhecimento do nome das letras e a aprendizagem do princípio alfabético. Segundo as autoras, a ―existência de uma relação entre o conhecimento do nome das letras e a aprendizagem da leitura e da escrita tem a ver com fato de que os nomes das letras são, com frequência, escutados na pronúncia das palavras‖.

No momento final do jogo, a docente recapitulou o nome das figuras de algumas cartelas e chamou a atenção dos alunos para a letra inicial e a terminação das palavras, tendo em vista que apresentavam as mesmas letras. O fragmento de aula abaixo ilustra esse momento:

Conversa após o final do jogo

P: O de Ana Clara era faca, jaca e maca. Era ―f‖, ―J‖ e ―n‖. Aca, aca e aca! Todos têm a mesma terminação, só a primeira letrinha. O dela era anela, anela, anela. P de panela, J de janela e C de canela.

A: Tia e a gente?

P: E o dos meninos... Olha o dos meninos! Presta atenção, ão, ão e ão. Cão, mão e pão! O de... Era olha, olha e olha. Rolha, folha e bolha.

A: Bola!

P: Ola, ola e ola! Cola que era com C, bola com B e mola com M. O de Gabriela e Maria era ato, ato, ato. Gato com G, pato com P e rato com R. O de Yarley era arro, arro e arro. Carro, jarro e barro! O de Lucas era ela, ela e ela. Tela com T, vela com V e cela com C. O de Kimberley era eia, eia e eia. Presta atenção, Gustavo. Eia, eia e eia. Meia, veia e teia.

(Aula 9, professora A)

Como podemos perceber, a situação de uso desse jogo foi favorável para que os alunos refletissem sobre o sistema de escrita de forma lúdica. Entretanto, consideramos que a docente poderia ter explorado mais os conhecimentos dos estudantes durante a mediação do jogo sem fornecer muitas respostas a respeito da letra inicial que faltava para completar as palavras da cartela, o que não favorecia momentos de reflexão por parte dos alunos. Após essa conversa final sobre as palavras presentes nas cartelas a educadora entregou a ficha de atividade abaixo:

Figura 35 – Ficha de atividade 1 após o jogo Bingo Letra Inicial

Nessa atividade os alunos foram desafiados a completar algumas palavras com a letra inicial, seguindo a mesma lógica do Bingo Letra Inicial. Como podemos observar, a maioria das palavras foram vivenciadas durante o jogo e outras foram incorporadas a atividade. Nesse momento, os estudantes permaneceram com o mesmo agrupamento anterior (em duplas), mas fizeram poucas consultas entre si. Observamos que os alunos optaram por consultar a professora para tirar as dúvidas a respeito dos nomes das figuras que não estavam conseguindo visualizar. Na Figura 36 podemos perceber que a visualização de algumas figuras ficou comprometida, o que provocou várias dúvidas nos estudantes.

Depois que a docente realizou a Ficha de atividade 1 (figura 35), ela entregou essa atividade que é formada por duas questões. Na primeira questão os alunos precisavam copiar na primeira coluna palavras presentes no jogo Bingo Letra Inicial, depois, nas colunas seguintes, deveriam copiar a letra inicial, a letra final e a quantidade de letra de cada palavra. Na segunda questão as crianças deveriam escrever, com auxílio da figura, palavras que foram vivenciadas no jogo. Percebemos que a professora fez a seleção de palavras que rimavam, conforme podemos ver: GATO/ RATO/PATO e BOLA/COLA/MOLA.

No início dessa atividade a educadora perguntou aos alunos o nome dos objetos presentes nas cartelas do jogo Bingo Letra Inicial e, em seguida, registrou as respostas no quadro, formando uma lista de palavras. Após esse momento, os educandos foram solicitados a copiar as palavras (PANELA, JACA, FACA, RATO, BOLA, JANELA, GATO, FOLHA e BOLHA) na primeira coluna da ficha de atividade (figura 35). Nas colunas seguintes os alunos escreveram a letra inicial, a letra final e, por último, colocaram a quantidade de letras presente em cada palavra da lista.

Essa sequência de atividade demonstrou que a professora A planejou previamente fichas de atividades articuladas ao jogo Bingo Letra Inicial, realizou momentos de reflexões sobre o sistema de escrita alfabética. Além disso, vimos que a educadora propôs novos desafios para os aprendizes como, por exemplo, a escrita de palavras vivenciadas no jogo com o auxílio das figuras.

A professora B também fez uso de um dos jogos de alfabetização apenas na aula 07 (sete). O jogo utilizado por esta docente foi o jogo Troca Letras 8 e seus objetivos didáticos são: conhecer as letras do alfabeto e seus nomes, compreender que as sílabas são formadas por unidades menores, compreender que, cada fonema, corresponde a uma letra ou um conjunto de letras (dígrafos), compreender que, ser trocarmos uma letra,