O. D. F. DILDEY1*; M. PERON2, M. O. WILMSEN3
1Doutor em Agronomia. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE Campus Marechal Cândido Rondon – Paraná.2Tecnóloga em Gestão ambiental. Universidade Paulista UNIP – Cachoeira de Itapemirim - Espírito Santo.3Professor Doutor do Curso de Medicina Veterinária, Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR Campus Toledo,
Paraná. *email: omaridildey@hotmail.com
RESUMO: A utilização de microrganismos no tratamento de efluentes é denominado de biorremediação, um importante processo biológico, capaz de garantir a qualidade do tratamento de efluentes e seus impactos gerados no ambiente. Atualmente, são considerados uma alternativa sustentável para o tratamento de efluentes em laticínios. Portanto, o objetivo deste relato é apresentar resultados sobre a utilização de microrganismos eficientes como forma de tratamento em uma lagoa de efluentes de resíduos de um laticínio localizado na cidade de Francisco Beltrão, PR. Os microrganismos utilizados, foram coletados em solo de mata e após 10 dias, diluído em água homogeneizada com 5% de base de melaço, incubados em recipientes plásticos em temperatura ambiente para multiplicação. Após esse período, foi realizado a diluição de 40L de microrganismos eficientes para 400L de água, em dosagem de 100L aplicados diariamente por 4 dias na lagoa. Foram determinados parâmetros bioquímicos como demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e a demanda química de oxigênio (DQO), no pré e pós tratamento da lagoa. Quando comparados os dados do pré e pós tratamento, os resultados indicaram eficiência na decomposição, com redução de 65,7% da matéria orgânica para DBO e DQO, atendendo os parâmetros exigidos na legislação. A utilização dos microrganismos eficientes mostrou-se eficaz no tratamento de efluentes de resíduos láticos, sendo uma alternativa sustentável para a indústria.
Palavras-chave: Biorremediação, Decomposição de matéria orgânica, DBO, DQO, Tratamento biológico, Sustentabilidade.
1 INTRODUÇÃO
Os microrganismos eficientes (E.M.) são formados por comunidades de microrganismos encontrados naturalmente no solo. Esses microrganismos, utilizam a matéria orgânica como fonte de alimento. Nesta decomposição, levam a redução desses compostos, que são quebrados e liberados no ambiente. Muitos desses compostos, são substâncias que auxiliam no processo de degradação de contaminantes orgânicos considerados poluentes ambientais. A utilização dos E.M. no processo de tratamento de efluentes é uma alternativa para a sustentabilidade, esses
microrganismos auxiliam na decomposição da matéria orgânica, contribuindo no equilíbrio do sistema, no tempo, na redução do gasto de energia e na estabilidade da vida microbiana existente, como exemplo as lagoas de tratamento de efluentes de laticínios.
Para o tratamento de efluentes de laticínios, o tratamento biológico é muito importante para a redução de contaminantes, seja de origem animal ou vegetal, contribuindo para uma cadeia produtiva mais sustentável ambientalmente e socialmente. A biorremediação é uma alternativa importante, capaz de garantir a qualidade do tratamento de efluentes, visando a diminuição dos possíveis impactos gerados no ambiente. Portanto, o objetivo deste relato é demonstrar o resultado do uso de microrganismos eficientes, no tratamento de efluentes de resíduos de laticínios.
2 METODOLOGIA
Os E.M. utilizados durante a execução deste trabalho, foram coletados a partir de uma matriz composta de carboidrato, sendo esses depositados em solo de mata, localizada no município de Marechal Cândido Rondon, por 10 dias. Após este período, a fonte de carboidrato foi recolhida e homogeneizada com 5% de composto a base melaço e água para a multiplicação
(ANDRADE, 2020). Para a multiplicação, os microrganismos foram incubados em recipientes plásticos em temperatura ambiente. Após esse período, foi realizado a diluição de 40L de E.M. para 400L de água, em seguida foi realizada a dosagem de 100L diário por 4 dias na lagoa de efluente de laticínio, localizado na cidade de Francisco Beltrão, PR.
Amostras de efluentes foram coletadas para a quantificação dos resultados da demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda química de oxigênio (DQO) pré e pós tratamento de efluentes de laticínio pelo uso de microrganismos eficientes.
matéria orgânica (Figura 1A), o que interfere negativamente na qualidade da água desse reservatório. A Fim de melhorar a qualidade da água e reduzir a carga orgânica presente na lagoa, os E.M. foram inseridos com intuito de degradar esses resíduos provenientes da produção de láticos.
Figura 1: Lagoa de efluente de laticínio, com acúmulo de matéria orgânica. Pré-tratamento com utilização de microrganismos eficientes (A). Lagoa de efluente de laticínio 68 dias após tratamento com microrganismos eficientes (B).
A utilização do E.M. se mostrou uma ferramenta eficaz durante o desenvolvimento deste trabalho, uma vez que o principal problema enfrentado pelo laticínio se referia ao acúmulo de matéria orgânica na superfície das lagoas de tratamento (Figura 1B). Os microrganismos são considerados como uma boa alternativa para o tratamento desses ambientes uma vez que sua utilização reduz exponencialmente a utilização de outros poluentes ambientais.
Em relação aos dados oferecidos pelas análises físico-químicas de amostras do tanque nos momentos pré e pós tratamento com a utilização de E.M (Tabela 1). Os resultados dos indicadores de DBO e DQO dentro do tanque de tratamento, apontaram a eficiência dos E.M. na decomposição da matéria orgânica. Para DBO e DQO os parâmetros no pré tratamento de E.M. apresentou 43,36 e 96,36 mg de O2/L, após 68 dias, no pós tratamento de E.M., obteve-se os parâmetros de 14,85 e 33,00 mg de O2/L, demonstrando redução de 65,75% para ambos os parâmetros de DBO e DQO.
Assim, após a utilização desses indicadores, é possível afirmar que o índice de qualidade da água esteve mais preservado após a utilização de E.M. Sendo assim, os E.M. conseguem atender os parâmetros exigidos na legislação e o efluente pode ser direcionado para o corpo hídrico, sem causar danos ambientais (CONAMA, 2011).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O reconhecimento da eficiência da utilização de microrganismos eficientes para o tratamento de efluentes de resíduos lácteos é uma alternativa eficaz e sustentável para a indústria. A utilização do E.M. potencializa o lodo ativado já presente no sistema de tratamento, aumentando sua eficácia e permitindo a remoção de matéria orgânica e consequentemente a diminuição dos demais parâmetros exigidos nas legislações.
5 REFERÊNCIAS
ANDRADE, F. M. C. Caderno dos microrganismos eficientes (EM): Instruções práticas sobre uso ecológico e social do E.M. Departamento de Fitotecnia Campus da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG, 3 ed., 2020.
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011. (2011). Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005. Acessado em: http://www2.mma.gov.br/port/co nama/legiabre.cfm?codlegi=646.