• Nenhum resultado encontrado

VEICULAÇÃO DE LEPTOSPIROSE: LOCAIS DE ENCHENTE, NÍVEIS DE POBREZA E PRESENÇA DE VETORES – REVISÃO

M. O. WILMSEN1*; S. DALEGRAVE2, J. MOMBACH3, C. S. CORREA3, C.A.BERTUZZI3, V.Y.LIMA4

1Professor Doutor do Curso de Medicina Veterinária, Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR - campus Toledo, Paraná.2Residente em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, PUCPR - Campus Toledo, Paraná.3

Graduação em Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica do Paraná PUCPR -campus Toledo, Paraná.4Professor Doutor do Curso de Medicina Veterinária, Pontifícia

Universidade Católica do Paraná – PUCPR - campus Toledo, Paraná.*email:

mauricio.orlando@pucpr.br

RESUMO: A leptospirose é uma zoonose emergente transmitida principalmente pela urina de ratos, altamente prevalente em ambientes urbanos e altos níveis de morbimortalidade em todo mundo. O efeito das mudanças climáticas têm demarcado no Brasil alterações consistentes na vida de populações humanas e animais. Somado a isso, áreas com indicadores de vulnerabilidade socioambiental elevadas estão mais expostas ao risco de contaminação por doenças infecciosas.

Palavras-chave: Epidemiologia, Genotipagem, Patógenos de veiculação hídrica, Saúde pública, Zoonose.

1 INTRODUÇÃO

A leptospirose é considerada uma zoonose emergente em virtude de sua incidência que vem aumentando globalmente, além de apresentar um significativo impacto social, econômico e sanitário nas áreas acometidas. A ameaça à saúde ocorre devido à influência da globalização e do clima, principalmente em eventos associados aos desastres hídricos que assumem um importante papel em sua veiculação (PHENGSOO et al., 2020). O agente etiológico é conhecido como uma espiroquetose bacteriana, cosmopolita, transmitida através da urina do rato, com mais de 200 sorovares identificados até o momento. No contexto epidemiológico, sua prevalência é maior em populações com altos índices de vulnerabilidade socioambiental, e embora endêmica, pode se tornar epidêmica com facilidade em países de clima tropical (MATSHUSHITA et

alagamentos na disseminação da leptospirose em populações humanas e ocorrência de reservatórios em diferentes espécies animais em áreas de risco.

2 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento da revisão integrativa, foram selecionadas três bases de dados (Google acadêmico, Periódicos Capes e PubMed). Os critérios de seleção para utilização de referências bibliográficas ocorreram através do uso de quatro palavras chaves: Epidemiologia, Patógenos de veiculação hídrica e Saúde pública, pesquisadas em dois idiomas (Português e Inglês). Foram selecionados materiais indexados a partir de 2007 até junho de 2021.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As áreas de risco que apresentam alagamentos, enchentes e inundações são caracterizadas como espaços de risco tanto para a população humana quanto animal. Períodos demarcados pelo aumento da pluviosidade devem ser entendidos como um importante fator de risco para o aparecimento de casos de leptospirose ou de novas infecções de vetores (GARBA et al., 2017). Os surtos epidêmicos estão relacionados também à proximidade de humanos e vetores em áreas de segurança, onde a disseminação do patógeno aliado à falta de saneamento básico podem atuar como um fator complicador na distribuição da doença (WATSON, et al., 2007). Além disso, a lixiviação de solo e acúmulo de água nas áreas de moradia, agravam ainda mais o risco de infecção (GARBA et al., 2018).

Os níveis de pobreza estão diretamente relacionados aos locais onde os desastres naturais acontecem, principalmente pela presença de vetores nesses locais. O acúmulo de lixo, locais que servem de abrigo e próximos a regiões de mata podem favorecer ciclos reprodutivos de roedores e exponencializar a disseminação da doença. A ecologia da leptospirose humana envolve uma interação complexa entre o agente, animais, humanos e o ambiente onde coexistem. A leptospirose humana está associada a superpopulações humanas, falta de saneamento básico e sistemas de saúde violados ou que não suportam a demanda de casos nas áreas urbanas de países subdesenvolvidos

(Murray, el , 2011). Na disseminação estão envolvidas três espécies de roedores: Rattus norvegicus, Rattus rattus e Mus musculus. A forma de contágio acontece através do contato direto com mucosa, lesões na pele, em indivíduos que permanecem muito tempo dentro da água contaminada ou ainda através do solo ou alimentos contaminados (AMIN OTHMAN, 2018). Os vetores são considerados quaisquer animais que permanecem relativamente assintomáticos apesar de estarem infectados. Muito embora os ratos sejam considerados os principais reservatórios, principalmente o Rattus norvegicus, por abrigar o serogrupos de Leptospira Icterohaemorrhagiae, considerado o mais patogênico para espécie humana, outras espécies podem servir de reservatório de outros sorovares. Há uma importância relevante em compreender que animais considerados reservatórios aumentam o risco de infecção e, além disso, diferentes espécies podem ser suscetíveis a diferentes cepas da bactéria, devido a alguma forma de coadaptação da mesma. Assim, é importante entender que diferentes sorovares contaminam diferentes espécies: cães (L. Canícola), bovinos (L. Hardjo e L. Tarassovi) e suínos (L. Bratislava e L. Icterohaemorragiae) (GOARANT et al., 2016).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, a prevenção da exposição a ambientes contaminados deve se tornar uma prioridade não apenas no período de chuva. Além disso, uma importante ferramenta capaz de contribuir com dados epidemiológicos são os estudos de genotipagem,que apontam múltiplos reservatórios de animais nos surtos da doença, reafirmando a importância de estratégias integradas de saúde humana e animal para o controle da leptospirose.

5 REFERÊNCIAS

GARBA, B., BAHAMAN, A.R., BEJO, S.K., ZAKARIA, Z., MUTALIB, A.R. Retrospective study of leptospirosis in Malaysia. EcoHealth, v.14, p. 389–398. 2017. doi:

GARBA, B., BAHAMAN, A.R., BEJO, S.K., ZAKARIA, Z., MUTALIB, A.R., BANDE, F. Major epidemiological factors associated with leptospirosis in Malaysia. Acta Tropica, v.178, p. 242– 247. 2018.doi.org/10.1016/j.actatropica.2017.12.010

GOARANT, C. Leptospirosis: risk factors and management challenges in developing countries. Research and Reports in Tropical Medicine, v.28, n.7, p.49–62. 2016. doi: 10.2147/RRTM.S102543

MATSUSHITA, N., Ng, C.F., KIM, Y.,SUZIKI, M., SAITO, N., ARYOSHI, K., SALVA, E., DIAMAANO, E., VILLARAMA, GO, W., HASHIZUME, M. The non-linear and lagged short-term relationship between rainfall and leptospirosis and the intermediate role of floods in the Philippines. PLoS Neglected Tropical Diseases, v.12, n.4, p.1-19. 2018. doi: 10.1371/journal.pntd.0006331

PHENGSOO, Z.M., KHAN, N.A., SIDDIQUI, R. Leptospirosis: Increasing importance in developing countries. Acta Tropical, v.105, n.29, p. 104-116. 2020. doi.org/10.1016/j.actatropica.2019.105183

MURRAY, C.K., GRAY, M.R., MENDE, K., PARKER, T.M., SAMIR, A., RAHMAN, B.A., HABASHY, E., HOSPENTHAL, R., PIMENTEL, G. Use of patient-specific isolates in the diagnosis of leptospirosis employing microscopic agglutination testing (MAT). Transactions of the Royal Society Tropical Medicine Hygiene, v.105, n.4, p.209–213. 2011.doi: 10.1016/j.trstmh.2010.12.004.

TOGAMI, E., KAMA, M., GOARANT, C., CRAIG, S., LAU, C., IMRIE, A., KO, A,I., NILLES, E. A Large Leptospirosis Outbreak following Successive Severe Floods in Fiji, 2012. American Journal Tropical Medicine, v.99, n4. P.849-851. 2018. doi: 10.4269/ajtmh.18-0335

WATASON, J.T., GAYER, M., CONNOLLY, M.A.. Epidemics after natural disasters. Emerging Infectious Diseases, v.13, p.1–5. 2007.doi: 10.3201/eid1301.060779

ALGORITMO GENÉTICO PARA PREVISÃO DO VENCEDOR DO

Outline

Documentos relacionados