I. BEM AMBIENTAL E PATRIMÔNIO AMBIENTAL
1. Cavidades naturais subterrâneas como bens ambientais
1.3. O valor ambiental das cavidades naturais subterrâneas
1.3.2. Seu valor ambiental cultural
Conforme exposto no capítulo 1, o art. 216, caput, da Constituição da
República considera patrimônio cultural brasileiro os bens materiais ou imateriais,
quando portadores de referência à identidade, à ação ou à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira. Os incisos desse dispositivo enumeram
algumas espécies de bens culturais que, quando portadores dessa referência,
integram tal patrimônio cultural. E, ao integrá-lo, assumem também a condição de
bens ambientais
31.
Não são raras as cavidades naturais subterrâneas que ostentam tais
referências. Em geral, Isso ocorre com grutas ou abismos portadores de valor
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico ou científico
(inciso V do art. 216), ou que se destinam a alguma forma de manifestação cultural,
normalmente de cunho religioso (inciso IV do art. 216).
Comecemos pela questão do valor histórico. Segundo Travassos, as
regiões cársticas foram locais escolhidos para darem lugar aos primeiros
assentamentos humanos, devido à disponibilidade tanto de água potável como de
alimentos e, em várias culturas, ainda se utilizam as cavernas para a realização de
cultos religiosos
32. Por tais razões, “as cavernas e o carste constituem-se como
importantes registros histórico-geográficos de regiões específicas”, e, “muitas vezes
apresentam traços comuns a várias culturas”
33.
30
LOZANO, Rafael P.; ROSSI, Carlos; LA IGLESIA, Angel; MATESANZ, Emilio. Zaccagnaite-3R, a new
Zn-Al hydrotalcite polytype from El Soplao cave (Cantabria, Spain). American Mineralogist, v. 97, n. 4,
abr-2012, p. 513-523.
31
Vide os motivos por nós sustentados no subitem 4.3.1.3.
32TRAVASSOS, L.E.P. Caracterização do carste de Cordisburgo, Minas Gerais, Brasil, p. 13. Disponível
em: <http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/TratInfEspacial_TravassosLE_1.pdf>. Acesso em:
21.12.2011.
33
Portadores ou não de valor histórico, existem também ambientes
subterrâneos dotados de invulgar beleza cênica, ou seja, possuidores de notável
valor paisagístico. A delicadeza dos espeleotemas
34, a peculiaridade dos rios e
lagos hipógeos, os intrincados labirintos de algumas galerias cavernísticas, e, por
vezes, a diversidade de cores que se revelam quando expostas à luz natural ou
artificial são capazes de produzir no contemplador humano sensações de deleite e
contentamento.
As cavidades naturais subterrâneas também podem abrigar verdadeiros
tesouros arqueológicos.
35Muitas das ossadas humanas mais antigas foram
encontradas em grutas e abrigos sob a rocha. Dentre os achados mais significativos
estão os do Homo neanderthalensis, em 1856, na gruta de Feldhofer na Alemanha;
do Pithecantropus erectus na caverna Capela dos Santos, em 1891, em Sumatra, na
ilha de Java; do Homo rodensiensis, em 1921, na Rodésia – hoje Zimbábwe; do
Sinanthropus pekinensis, em 1928, em cavernas de Chou-Kou-Tien, próximas a
Pequim, na China; dos mais antigos esqueletos do Homo sapiens na Europa (780
mil anos) na Caverna Gran Dolina, na Espanha, e do mais antigo hominídeo (1,9
milhão de anos) na Gruta Longgupo, na China
36.
As cavernas brasileiras também abrigam restos dos primevos habitantes
de nosso território. Apenas para citarmos alguns exemplos, temos a descoberta, do
“Homem da Lagoa Santa”, em 1840, na Gruta do Sumidouro, em Minas Gerais, por
Peter W. Lund, e os decorrentes do trabalho de pesquisadores como Aníbal Matos,
Padberg Drenkpol, H. V. Walter, Josaphá Penna e Arnaldo Cathoud, que, no século
XX, dando continuidade ao trabalho de Lund, localizaram naquela região mais de
34
O termo espeleotema vem do grego “spelaion” (caverna) e “thema” (depósito), que traduz a ideia
de “depósito de cavernas”. Ele engloba algumas centenas de formas, produzidas quase sempre
através da precipitação de minerais a partir de soluções aquosas que atingem o ambiente das
cavernas. Os espeleotemas mais comuns são as estalactites e as estalagmites. Águas gotejantes dão
origem a estalactites no teto. Quando a frequência do gotejamento é alta, não há tempo para que a
carga mineral transportada pela gota se deposite integralmente na estalactite, e a água, ainda
saturada, cai no solo, dando origem às estalagmites. Cf. AULER, Augusto; ZOGBI, Leda. Espeleologia –
noções básicas, p. 21 e 22.
35
Arqueologia é a ciência que, utilizando processos como coleta e escavação, estuda os costumes e
culturas dos povos antigos através do material (fósseis, artefatos, monumentos etc.) que restou da
vida desses povos. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss de Língua
Portuguesa, p. 293.
36
cem esqueletos humanos, entre os quais se destacam o “Homem de Confins”, em
1935, na Gruta de Confins, e o “Homem de Pedro Leopoldo”, em 1940, na Gruta da
Lagoa Funda
37.
Mas talvez o fóssil nacional mais significativo seja um crânio encontrado
no fundo de uma fenda rochosa na gruta Lapa Vermelha IV, em Confins, Minas
Gerais, o mais antigo já descoberto no Brasil.
38Em 2011, o arqueólogo Walter Alves
Neves constatou que ele pertencia a uma mulher – por ele batizada de “Luzia” - que
vivera há aproximadamente 11.500 anos, e que tinha feições semelhantes aos
africanos e australianos. Com isso, desconstruiu-se a teoria até então aceita de que
o território americano teria sido povoado inicialmente por uma única leva de
imigrantes - antepassados dos índios atuais - vindos da região da Mongólia e
Sibéria, a partir do estreito de Bering
39.
As evidências apontam que as regiões cársticas brasileiras eram
utilizadas pelo homem pré-histórico, seja para abrigo, seja para a obtenção de
alimento.
40Além disso, nossos ancestrais também as utilizavam para a realização
de cultos relativos à caça ou aos seus mortos e deuses, ainda, na sua maior parte,
indecifrados.
41Os indícios se revelam nas gravuras e pinturas rupestres encontradas
sob a rocha e em vestígios arqueológicos como cerâmicas, sepulturas, oferendas,
pequenos altares, e instrumentos de caça e pesca.
No campo internacional, alguns sítios cavernícolas que ostentam registros
de ocupação humana de valor arqueológico são os de Altamira (Espanha), Lascaux
(França) e Niaux (França). No Brasil, destacam-se o Maciço de Cerca Grande
(Minas Gerais), o Parque Nacional da Serra da Capivara (Piauí), o Parque Nacional
37
Ibidem, p. 17.
38BONITO, Ricardo Afonso; FERREIRA, Rodrigo Lopes. Icnologia em Cavernas, p. 6.
39NEVES, Walter. A primeira Brasileira. Revista Veja. Ed. n. 2232, Editora Abril, 31.08.2011, p. 111.
Disponível em: http://veja.abril.com.br/acervodigital/ Acesso em: 21.12.2011.
40
TRAVASSOS, L. E. P. Considerações sobre o carste da região de Cordisburgo, Minas Gerais, Brasil,
p. 21.
41
Cavernas do Peruaçu, bem como algumas cavidades no Município de Monjolos (que
abrigam pinturas e escritas rupestres), dentre outros
42.
Além da importância no que se refere aos vestígios do homem
pré-histórico, o endocarste ainda pode abrigar vestígios da fauna extinta, campo de
estudo da paleontologia.
43Ao longo dos tempos, ossos de animais foram carreados
ao interior das cavernas por rios ou enxurradas, ou nelas permaneceram após a
morte de espécimes que ingressaram no subterrâneo em busca de água ou
alimento, e ali acabaram morrendo. Isolando-os do vento, das chuvas, do sol e da
ação de outros animais, o ambiente cavernícola propiciou sua fossilização por
diversos processos, tais como o recobrimento por espeleotemas ou a substituição do
material dos ossos por substâncias minerais.
44No Brasil, cavernas de Minas Gerais,
Bahia, São Paulo, Paraná, Ceará e Piauí, dentre outros Estados, foram palcos de
achados referentes a mamíferos do final do Pleistoceno (período que vai até
aproximadamente 10 mil anos atrás), alguns de grande porte
45.
Mesmo quando não abrigam hospedam fósseis de animais extintos,
algumas cavidades revelam-se, por si só, vestígios da fauna primitiva. É o que
ocorre com as “paleotocas” (túneis escavados por paleovertebrados de grande
porte). Na América do Sul, os dutos cavados por esses tatus e preguiças gigantes,
em suas larguras e alturas originais, alcançavam valores de, respectivamente, 4,0 e
2,0 metros. Por meio de seu estudo, faz-se possível reconstituir, dentre outros
aspectos, o modo de vida de algumas espécies de vertebrados fósseis
46.
Ainda no campo do valor científico, o estudo das comunidades
cavernícolas pode ser muito interessante para uma melhor compreensão dos
processos ecológicos e evolutivos dos seres vivos.
42
GUIMARÃES, Rose Lane; TRAVASSOS, L. E. P.; LINKE, Vanessa. A Geografia cultural do carste
tradicional carbonático de Monjolos, MG: uma primeira aproximação. Disponível em:
<http://www.sbe.com.br/anais31cbe/31cbe_327-336.pdf>. Acesso em: 19.12.2011.
43
Paleontologia é a ciência que estuda as formas de vida existentes em períodos geológicos
passados, a partir dos seus fósseis. Cf. Cf. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário
Houaiss de Língua Portuguesa, p. 2.109.
44
AULER, Augusto; ZOGBI, Leda. Espeleologia – noções básicas, p. 34 e 35.
45BONITO, Ricardo Afonso; FERREIRA, Rodrigo Lopes. Icnologia em Cavernas, p. 6.
46FRANK, Heinrich Theodor; BUCHMANN, Francisco Sekiguchi; LIMA, Leonardo Gonçalves de et al.
Interdisciplinaridade aplicada a paleotocas, p. 541-543. Disponível em:
<http://www.sbe.com.br/anais31cbe/31cbe_541-548.pdf>. Acesso em: 28.12.2011.
Do ponto de vista ecológico, o hipógeo exige de seus moradores aptidão
para sobreviver num ambiente com baixo aporte nutricional, alta umidade e ausência
permanente de luminosidade, o que o torna habitat de espécies dotadas de
capacidades distintas daquelas possuídas pelas espécies de superfície, bem como o
torna palco de interações ecossistêmicas peculiares.
No que toca ao estudo dos processos evolutivos, os ambientes
cavernícolas são habitat dos troglóbios, seres que - nas felizes palavras de Darwin –
configuram verdadeiros “fósseis vivos”, portanto, testemunhas da evolução. Aliás,
especificamente no que se refere aos troglóbios, importa lembrar que eles são raros
e de alto endemismo. Tais fatos, somados à sua importância científica e ao pequeno
conhecimento de que ainda dispomos sobre a composição e funcionamento de
nossa fauna cavernícola são fatores que recomendam extrema cautela nas
intervenções antrópicas sobre cavidades naturais subterrâneas.
Além disso, em regra, o meio cavernícola é um campo de provas mais
interessante que a superfície para a verificação de modelos científico-matemáticos.
Com efeito, as condições existentes no meio ambiente da superfície terrestre são
muito mais complexas que aquelas imaginadas em laboratório na construção de
modelos científicos. Por tal razão, quando esses modelos são postos à prova no
epígeo, os resultados, não raramente, são frustrantes. Já no domínio do hipógeo,
seja em razão de sua relativa estabilidade ambiental, da possibilidade de se
mensurar o seu grau de isolamento, de os fatores de pressão sobre seus habitantes
serem mais ou menos detectáveis, e da possibilidade de se identificarem todas as
espécies que interagem num determinado meio, é possível que a aplicação dos
modelos científicos gere melhores resultados. E, embora menos complexos que os
ambientes epígeos, os meios cavernícolas certamente ainda são mais complexos
que os concebidos em laboratório, o que pode torná-los úteis para indicar um
caminho para a compreensão de comunidades mais complexas
47.
Ainda na seara do valor científico, é importante assinalar que a datação
de espeleotemas por meio de isótopos de C14O18U absoluto permite descobrir como
47
variou o clima da Terra em eras pretéritas, e, a partir daí, aplicar esse conhecimento
na construção de modelos climáticos que ajudem a prever sua evolução nos tempos
vindouros. Essa potencialidade, no que diz respeito às formações espeleológicas
sul-americanas, mostra-se mais relevante se considerarmos que os modelos
matemáticos de mudanças climáticas criados pelo IPCC – Intergovernmental Panel
on Climate Change
48são baseados em pesquisas e trabalhos realizados quase que
exclusivamente (95%) no hemisfério Norte, o que os torna enviesados do ponto de
vista estatístico. Portanto, o estudo dos espeleotemas e demais formações
presentes no meio cárstico brasileiro, permitindo-nos conhecer nosso paleoclima,
revela-se valorosa ferramenta para o prognóstico e enfrentamento das mudanças
climáticas
49.
As cavidades naturais subterrâneas também podem estar profundamente
associadas ao imaginário popular, de modo a se configurarem palco para
manifestações culturais, sobretudo de natureza religiosa. Como explica
Travassos
50:
“A imagem das cavernas no imaginário popular ou mesmo na mitologia é,
geralmente, relacionada a locais de escuridão e abandono. A partir dessa
percepção, as cavernas são vistas preconceituosamente como locais onde
o medo domina. Em outros casos, são percebidas como o lugar de morada
de deuses e deusas. Outras representações relacionam esse ambiente à
ressurreição ou ao local onde figuras religiosas ou sagradas estiveram.
Essa clara oposição entre os sentimentos topofóbicos e topofílicos,
respectivamente, é motivo de reflexão por parte de filósofos e religiosos ao
longo da história”.
48
Em português: Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima. Consiste num corpo de
especialistas constituído em 1988 pela ONU com a missão inicial de analisar as informações
científicas disponíveis sobre as mudanças climáticas, o impacto social e econômico decorrente de tais
alterações, estratégias de reação, e os pontos a serem incluídos numa convenção sobre o clima.
49RAMOS, Maria Angélica Barreto; VIANA, Samuel; ESPÍRITO SANTO, Elias Bernard do. Mudanças
Climáticas, p. 173. Disponível em:
<http://www.cprm.gov.br/publique/media/geodiversidade_brasil.pdf>. Acesso em: 31.12.2011.
50TRAVASSOS, L.E.P. A importância cultural do carste e das cavernas, p. 129. Disponível em:
<http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/TratInfEspacial_TravassosLEP_1.pdf>. Acesso em:
15.12.2011. Na mesma obra, o autor informa, com base no ensinamento de Yi-Fu Tuan, que topofilia
é a relação ou conexão afetiva entre as pessoas e o lugar, ao passo que o oposto (relação de aversão)
é por ele chamada de topofobia (p. 128).
Em nosso país existem inúmeros registros de cavernas associadas a
cultos religiosos, e tal misticismo, às vezes, reflete-se até mesmo no nome conferido
a tais sítios. A propósito, a primeira referência a uma caverna, em território nacional,
foi realizada em 1717, e consiste na descrição feita pelo padre Francisco Soledade
sobre uma visitação religiosa que estaria sendo realizada na Lapa de Bom Jesus, na
Bahia, desde 1690
51.
Quase tão antigas são as peregrinações à Lapa de Antônio Pereira (Gruta
da Lapa ou Gruta de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, sita no Distrito de
Antonio Pereira, em Ouro Preto, MG), que teriam se iniciado, segundo a tradição
oral, em 1722 ou 1767, após supostas aparições. Até mesmo Dom Pedro II, em
1881, já registrou passagem pelo local. Atualmente, no mês de agosto de cada ano,
aproximadamente 15 mil pessoas visitam a gruta, segundo estimativas da polícia
militar. A gruta foi alterada pelos religiosos, tendo seu interior ornado com um altar e
estruturas próprias de uma Igreja ou capela. Um espeleotema situado à direta do
altar é tido pelos fiéis como sendo a imagem de Nossa Senhora.
Esse culto teria sido influenciado pela forte presença portuguesa na
região durante o ciclo do ouro, já que o culto a Nossa Senhora da Conceição da
Lapa teve provável início na região centro-norte de Portugal, na Serra da Lapa, e daí
ter-se-ia espalhado pelo mundo carreado pelos jesuítas
52.
A santa também é venerada no Município mineiro de Vazante. As
peregrinações teriam sido motivadas por aparições ocorridas na Lapa Velha, e
teriam iniciado no século XVIII. As festividades ocorrem todo mês de maio.
Semelhantemente ao que se dá na Lapa de Ântonio Pereira, a Lapa Velha também
abriga um espeleotema que é considerado uma imagem de Nossa Senhora da
Conceição da Lapa
53.
51
FIGUEIREDO, Afonso Vaz de; SALVIA, Eliany Salaroli. Subsídios para uma cronologia da história da
espeleologia brasileira, p. 13.
52
TRAVASSOS, L.E.P. A importância cultural do carste e das cavernas, p. 275-279. Disponível em:
http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/TratInfEspacial_TravassosLEP_1.pdf. Acessado em:
15.12.2011.
53
Interessante notar que, no caso de tais cavidades, o valor cultural não
repousa tão somente no aspecto religioso. Tais sítios, por séculos, vêm se revelando
destino obrigatório de peregrinos, o que lhes confere, também, inegável importância
histórico-cultural.
Além dos exemplos citados, há outras cavernas transformadas em
santuários Brasil afora, estando entre as mais visitadas a Gruta dos Brejões, na
Bahia, e a de Terra Ronca, em Goiás, que hospedam festas e romarias anuais.
Merece destaque, ainda, a Gruta Itambé, em Altinópolis, São Paulo, inicialmente
destinada ao culto católico, e, posteriormente, ao umbandista. A propósito, o
ecumenismo é uma característica comum em cavidades naturais subterrâneas
54.
Lembramos, por fim, que, para ser considerada integrante do patrimônio
cultural brasileiro, não basta que uma cavidade se amolde a algum dos incisos do
art. 216 da Constituição da República. Aliás, tal requisito é até mesmo dispensável,
já que as hipóteses enumeradas em tais incisos contemplam, de forma tão somente
exemplificativa, algumas espécies de bens culturais. O crucial é que a cavidade seja
portadora de relevante referência à identidade, à ação ou à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira, o que lhe garantirá não apenas o status
de bem cultural, como também ambiental.
No documento
Tutela do Patrimônio Ambiental Espeleológico no Direito Material Brasileiro
(páginas 62-69)