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3. METODOLOGIA DA PESQUISA

3.2 Definição das variáveis

3.2.3 Variáveis de controle

A utilização de variáveis de controle se apresenta necessária à pesquisa, na medida em que certos fatores podem de alguma forma apresentar influência sobre as variáveis dependentes e independentes da pesquisa (STOCK e WATSON, 2004). Os mecanismos internos de governança corporativa definidos como variáveis independentes desta pesquisa naturalmente não constituem os únicos fatores que afetam o desempenho financeiro e o valor de mercado dos bancos componentes da amostra, havendo, portanto, que se considerar outras variáveis independentes. Em relação à governança corporativa do setor bancário, Andrade (2005) apontou como relevante controlar os seguintes fatores que, no presente estudo, também são definidos como as variáveis de controle.

• Estrutura de Capital • Tipo de Controle

3.2.3.1 Estrutura de capital

Securato e Securato (2003) afirmam que uma das questões que podem trazer problemas de governança corporativa diz respeito à forma de evolução da estrutura de capital da empresa. De acordo com os autores, caso a relação entre endividamento e capital próprio de uma empresa se apresente crescente, tem-se configurado o caso de alavancagem financeira que pode ser utilizada para a transferência de recursos em benefício dos próprios gestores.

Paula e Junior (2001) ponderam que, no setor bancário, a maior alavancagem, muitas vezes temida por aumentar a exposição dos bancos, pode compor sua estratégia face ao imperativo da concorrência. Os autores destacam que,

[...] em particular, os bancos aumentariam sua alavancagem e a participação de empréstimos no seu portfólio não porque estariam se tornando necessariamente mais ousados [...]. Ao contrario, mesmo que os bancos mantivessem suas preferências particulares entre risco e retorno, a redução do risco percebido os levaria à readequação de seu portfólio, no sentido da expansão de seus empréstimos, porque simplesmente esta é a estratégia que lhe parece mais adequada num contexto em que seus clientes estão auferindo lucros e pagando devidamente seus empréstimos e seus concorrentes estão expandindo sua carteira de empréstimos (PAULA e JUNIOR, 2001, p. 139).

A estrutura do capital dos bancos, conforme também sinaliza Andrade (2005), está, portanto, relacionada ao direcionamento estratégico dessas empresas, definida pelos seus Conselhos de Administração. O grau de alavancagem financeira pode ser medido por vários indicadores os quais fornecem uma noção acerca da probabilidade do não pagamento das dívidas contraídas. A política de estrutura de capital envolve um trade-off entre risco e retorno, que afeta o desempenho e o valor da empresa (BRIGHAM e EHRHARDT, 2006). No presente estudo, o grau de alavancagem dos bancos é medido pelo Índice de Endividamento Geral (IEG), definido conforme se segue.

Em que:

é o passivo circulante; é o exigível a longo prazo; é o ativo total.

3.2.3.2 Tipo de controle

O tipo de controle dos bancos componentes da amostra também é incluído como variável de controle na presente pesquisa, assim como na de Andrade (2005, p. 44). De acordo com a autora, essa inclusão se faz necessária não somente a fim de captar a diferença entre os bancos, mas também “[...[ as possíveis reestruturações que possam ter ocorrido durante o período de análise”.

Corroborando a afirmação de Andrade (2005), Berger et al. (2005) verificaram que a natureza do controle de bancos argentinos na década de noventa e no início dos anos 2000 estava relacionada ao desempenho dos mesmos. De acordo com os autores, os bancos estatais argentinos apresentavam um pobre desempenho em relação àqueles caracterizados pelo controle privado. Além disso, os bancos que haviam passado pelo processo de privatização, característico da década de noventa, apresentaram importantes melhorias em seus desempenhos.

A inclusão dessa variável explicativa permite realizar uma análise única para uma amostra heterogênea e importa em reconhecer que o tipo de controle dos bancos (estatal ou privado) pode influenciar os resultados da análise, embora não seja escopo da presente pesquisa compreender esse tipo influência.

De acordo com a classificação adotada pela CVM em seus formulários de informações anuais (IAN), um banco pode ter controle estrangeiro, nacional privado e nacional estatal. Trata-se

da mesma classificação utilizada por Berger et al. (2005) em sua pesquisa. Contudo, na amostra selecionada no presente estudo, apenas as últimas modalidades de controle (nacional privado e nacional estatal) foram observadas, o que levou à definição da variável de controle conforme se segue.

• Tipo de controle (CONTEST)

Variável binária, representada pela natureza do controle do banco, em que:

CONTEST = 1, caso a natureza do controle do banco seja estatal; CONTEST = 0, caso a natureza do controle do banco não seja estatal.

O quadro 13 traz todas as variáveis utilizadas na pesquisa, apresentando o código utilizado para sua denominação e o resumo de sua descrição.

Variável Descrição

ROE Rentabilidade sobre o patrimônio líquido

QTOBIN Valor de mercado

PC Ocupação dos cargos de Presidente do Conselho e Diretor Presidente pela mesma pessoa (dummy)

TC Representada pelo número de membros efetivos do Conselho de Administração

ATC Número membros efetivos do Conselho de Administração não está entre cinco e nove membros (dummy)

PCE Percentual de conselheiros externos inferior a 80% (dummy)

IC Independência do Conselho (proporção de membros externos – proporção de internos)

PN Banco possui ações preferenciais (dummy)

AA Banco possui acordo de acionistas (dummy)

PONA(AA=1) Percentual das ações ordinárias detido pelos signatários do acordo de acionistas

PONC Percentual das ações ordinárias detido pelos controladores

ONCSET Acionista controlador detém menos de 70% do capital votante do banco (dummy)

IEG Índice de endividamento geral

CONTEST Controle do banco é estatal (dummy) Quadro 13 - Resumo das variáveis da pesquisa

Fonte - Elaborado pela autora da dissertação.

3.3 Origem dos dados

Na operacionalização da pesquisa, foram utilizados dados secundários referentes às características do Conselho de Administração e à estrutura de propriedade dos bancos componentes da amostra, as quais foram obtidas por meio da análise dos formulários IAN

(Informações Anuais) disponibilizados pela CVM em seu Sistema de Divulgação Externa (DIVEXT). Foram analisados 130 formulários IAN correspondentes aos exercícios referentes ao período entre 1998 e 2007 dos 13 bancos componentes da amostra. Os dados necessários para o cálculo das variáveis relacionadas ao desempenho financeiro e ao valor de mercado dos bancos foram obtidos por meio do sistema de informações Economática. Os dados relacionados aos mecanismos internos de governança corporativa dos bancos componentes da amostra foram obtidos por meio do sistema DIVEXT da CVM e estruturados em planilhas eletrônicascom a indicação de cada ano analisado. Como exemplo, tem-se a tabela 1, referente aos anos de 1998 e 1999:

Tabela 1 Variáveis independentes

BANCO ANO PC TC ATC PCE IC PN AA PONA PONC ONCSET

1 1998 1 6 0 0 0,67 0 0 0 92,14 0 2 1998 0 3 1 0 1,00 1 0 0 59,84 1 3 1998 0 6 0 0 0,67 0 0 0 51 1 4 1998 0 8 0 0 1 1 0 0 64 1 5 1998 0 8 0 0 0,75 1 0 0 73,23 0 6 1998 0 5 0 0 0,60 1 0 0 87,31 0 7 1998 0 7 0 1 0,43 0 0 0 100 0 8 1998 1 7 0 1 0,43 1 0 0 99,43 0 9 1998 0 16 1 1 0,50 1 0 0 0 1 10 1998 1 11 1 1 0,09 1 1 23,72 40,25 1 11 1998 0 6 0 1 0,33 1 0 0 51,78 1 12 1998 0 3 1 1 0,33 1 0 0 55,98 1 13 1998 0 4 1 0 1,00 1 0 0 96 0 1 1999 1 6 0 0 0,67 0 0 0 92,14 0 2 1999 0 3 1 0 1,00 1 0 0 59,84 1 3 1999 0 6 0 0 0,67 0 0 0 50 1 4 1999 0 8 0 0 1,00 1 0 0 67,9 1 5 1999 0 6 0 1 0,00 1 0 0 93,63 0 6 1999 0 6 0 0 0.67 1 0 0 73,23 0 7 1999 1 8 0 1 0,50 1 0 0 99,43 0 8 1999 0 5 0 0 0,60 1 0 0 87,31 0 9 1999 0 15 1 0 0,60 1 0 0 55,49 1 10 1999 1 11 1 1 0,09 1 1 21,92 51,47 1 11 1999 0 7 0 1 0,43 1 0 0 51,68 1 12 1999 0 3 0 1 0,33 1 0 0 55,98 1 13 1999 0 4 0 0 1,00 1 0 0 96,88 0

O mesmo procedimento foi realizado para as variáveis de controle da pesquisa, cujos dados para o cálculo foram obtidos por meio do sistema de informações Economática e do sistema DIVEXT da CVM.

Tabela 2 Variáveis de controle

BANCO ANO IEG CONTEST

1 1998 0,94 1 2 1998 0,80 0 3 1998 0,90 1 4 1998 0,87 0 5 1998 0,94 1 6 1998 0,95 1 7 1998 1,07 1 8 1998 0,97 1 9 1998 0,87 0 10 1998 0,83 0 11 1998 0,87 1 12 1998 0,03 0 13 1998 0,89 0 1 1999 0,95 1 2 1999 0,83 0 3 1999 0,89 1 4 1999 0,88 0 5 1999 0,93 1 6 1999 1,00 1 7 1999 0,86 1 8 1999 0,92 1 9 1999 0,86 0 10 1999 0,83 0 11 1999 0,88 1 12 1999 0,07 0 13 1999 0,87 0

Fonte – Elaborada pela autora da dissertação.

Por fim, a tabela 3 traz as variáveis relacionadas ao valor de mercado e desempenho financeiro, cujos dados para cálculo foram obtidos exclusivamente por meio do sistema de informações Economática.

Tabela 3 Variáveis dependentes

BANCO ANO ROE TOBIN Q DE

1 1998 -0,35 1,18 2 1998 0,18 0,91 3 1998 0,15 0,91 4 1998 0,16 1,00 5 1998 0,13 0,99 6 1998 -1,48 1,00 7 1998 0,00* 1,11 8 1998 -1,60 0,98 9 1998 0,26 1,04 10 1998 0,08 0,83 11 1998 0,08 0,91 12 1998 0,08 0,17 13 1998 0,16 0,97 1 1999 0,13 1,25 2 1999 0,14 0,92 3 1999 0,33 0,93 4 1999 0,16 1,11 5 1999 0,12 1,00 6 1999 -55,36 1,06 7 1999 0,15 0,96 8 1999 0,12 0,98 9 1999 0,30 1,25 10 1999 0,05 0,84 11 1999 0,08 0,91 12 1999 0,26 0,58 13 1999 0,15 1,11

* Corresponde ao ano de 1998, em que o banco apresentou PL negativo.