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2. Questões de investigação

3.2. Variáveis

De forma a encontrar uma resposta às perguntas anteriormente formuladas, é necessário definir primeiro as variáveis que queremos medir e posteriormente identificar como iremos medi-las (Field, 2013) (Anexo I -Tabela 6).

3.2.1. Variável dependente

Neste estudo, a variável dependente é o “Consumo de produtos alimentares saudáveis”, uma vez que queremos perceber como poderemos influenciá-lo. Os produtos saudáveis contêm pouco açúcar, gordura, sal e aditivos artificiais e são ricos em fibra, portanto são pouco processados e têm um alto teor nutricional (Darrall, 1992). Para a Direção Geral de Saúde os alimentos que se consome diariamente devem ser provenientes de origem vegetal (e.g. fruta, vegetais e cereais), pois caracterizam-se por serem alimentos ricos em fibra, vitaminas, sais minerais e com baixo teor de gordura (Candeias et al., 2005). Por outro lado, os produtos não saudáveis são conhecidos por conterem gordura, sal, químicos ou aditivos artificiais e conservantes (Chan, Tse, Tam, & Huang, 2016), de forma a terem um sabor bastante apreciado pelas crianças (Monteiro et al., 2013; Chan et al., 2016; Norman et al., 2018; Martin & Issanchou, 2019). Dessa forma, os doces, batatas fritas, fast

food e bebidas açucaradas enquadram-se bem nesta categoria (Borraccino et al., 2016).

Esta variável foi medida em duplicado, ou seja, foi medida quer no questionário dos pais (“Alimentos consumidos”), quer via questionário das crianças (“Alimentos levados”). A medição foi feita desta forma com a finalidade de atenuar social desirability bias, este bias é muito comum nos questionários, uma vez que as pessoas tendem a responder conforme o que é socialmente aceitável e não de acordo com a sua opinião (Grimm, 2010). No caso dos pais, foi medida em seis itens através de uma escala de 8 pontos de Likert que demonstra a frequência do consumo diário infantil de determinados alimentos respondida pelos pais, tal como foi elaborado por Harrison et al. (2017). No entanto, adaptámos esta escala ao contexto

de festas de aniversário em sala de aula consoante o estudo exploratório feito com duas mães e com dois professores da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação do Porto (FCNAUP) - Professor Doutor Pedro Moreira e Professora Doutora Patrícia Padrão. Obtivemos assim um total de 16 itens (Anexo I - Tabela 7), de forma a incluir em igual número produtos saudáveis e não saudáveis. Nesta escala, 0 representa “Não comeu nem bebeu”, 6 significa “4 a 6 vezes por semana” e caso não saiba pode escolher a opção 7- “Não sei”. A medição nas crianças foi feita também de duas formas distintas. Nas crianças mais novas (entre 4 e 6 anos), através de colagens de imagens de alimentos feitas pelas crianças num quadro em velcro, adaptado dos estudos de Cornwell et al. (2014) e Harrison et al. (2017). As crianças mais velhas (7-10 anos) tiveram que selecionar apenas as imagens. Todas as crianças tinham à sua disposição 8 imagens de produtos alimentares saudáveis e outras 8 de produtos não saudáveis, sendo semelhante ao estudo de Spielvogel et al. (2018).

3.2.2. Variáveis independentes As variáveis independentes são:

• os atributos dos alimentos, dos quais destacamos o “Preço”, o “Sabor” e a “Aparência”;

• o “Interesse dos pais na informação nutricional dos rótulos”;

• e a “Técnica de promoção de venda associada”, das quais evidenciamos o brinde, a redução de preço, o produto grátis e o banded pack.

Para medir os atributos dos dezasseis alimentos utilizados com a variável dependente, para os pais recorreu-se uma escala diferencial semântica com dois adjetivos opostos de 7 pontos, que caracterizam cada atributo que se quer estudar. No atributo “Preço”, 1 representa “Muito barato” e 7 “Muito caro” (Haws et al., 2017). No atributo “Sabor”, 1 significa “Pouco saboroso” e 7 “Muito saboroso” (Werle et al., 2019). Além disso, também se mediu a “Intenção de compra”, na qual 1 significa “Pouco provável” e 7 “Muito provável” (Newman et al., 2016).

De forma a adaptar a mesma tarefa às crianças com idades compreendidas entre 7 e 10 anos, recorreu-se a uma escala de Likert com emoticons de 4 pontos para perceber a sua opinião em relação à “Salubridade” e ao “Sabor”, em que 1 representava “Discordo totalmente” e 4 “Concordo totalmente” (Hota, Cáceres, & Cousin, 2010; Agante, 2018), adaptando as afirmações segundo as sugestões da psicóloga que avaliou o questionário - Dra. Mónica Costa - e após os pré-testes realizados com quatro crianças (Anexo I - Tabela

8). No caso das crianças mais novas, reduziu-se a escala para 2 pontos extremos, segundo aconselhamento da psicóloga, pois nestas idades é complicado diferenciar, por exemplo, entre “Discordo totalmente” e “Discordo” (Anexo I - Tabela 9).

Adicionalmente, mediu-se o atributo “Aparência” e mais uma vez, por recomendação da psicóloga, e após a realização de pré-testes, adaptou-se a duas escalas diferenciais semânticas com dois adjetivos opostos de 5 pontos presentes nos estudo de Schoormans & Robben (1997) e Pires & Agante (2011) para uma única, em que 1 significa “Pouco apetitoso” e 5 “Muito apetitoso” (Anexo I - Tabela 10).

Seguidamente, para medir a variável “Interesse dos pais na informação nutricional” presente nos rótulos dos alimentos utilizou-se 7 itens numa escala de Likert de 7 pontos, em que 1 representa “Discordo totalmente” e 7 “Concordo totalmente”, tal como foi feito no estudo de Berning et al. (2010), mas adaptado de acordo com o estudo de Gomes, Nogueira, Ferreira, & Gregório (2017) e ao contexto da dieta das crianças (Anexo I - Tabela 11).

Por fim, para medir a variável “Técnica de promoção de venda associada” usaram-se imagens de alimentos saudáveis e não saudáveis com algumas técnicas de promoção, de forma semelhante ao estudo de Arul Mishra & Mishra (2011). As imagens apresentadas são referentes à subcategoria dos sumos - um alimento regularmente presente nas festas de aniversário, regra geral sob a forma de uma alternativa não saudável. Para este estudo, seguindo o parecer profissional dos dois professores da FCNAUP, foi utilizado o “Compal Summo Laranja” como a opção saudável, uma vez que é feito a partir de fruta espremida. Como opção menos saudável o produto recomendado foi o “Nestea Iced Tea Limão”, pois embora haja uma maior preocupação das marcas para reduzir a taxa de açúcares adicionados, este produto é adoçado com edulcorante. As técnicas utlizadas foram não só a técnica de redução de preço e de produto grátis, mas também os brindes, muito apreciados pelas crianças, como acontece no estudo elaborado por McAlister & Cornwell (2012). O brinde utilizado foi um brinquedo, já que é bastante valorizado pelos mais novos (Sramova, 2015).

Foram utilizados 11 diferentes grupos que variavam entre três e cinco opções, sendo que tinha sempre a opção de “nenhum deles”, de forma a não pressionar a criança a escolher uma das opções existentes, caso ela não quisesse nenhuma das alternativas disponíveis (ICAP, s.d.). Os preços utilizados foram retirados do site do Continente, nos quais 1 litro de “Nestea Iced Tea Limão” rondava 1,03 € (SONAE, 2019a) e 1 litro de “Compal Summo Laranja” era cerca de 2,25 € (SONAE, 2019b). No caso das crianças mais novas, dado não ser adequado usar este tipo de questões com demasiadas opções, por sugestão da psicóloga,

questionámos as crianças sobre o que valorizavam mais quando compravam algum sumo no supermercado entre as seguintes opções: menor preço, maior quantidade, trazer um brinquedo de oferta, levar mais um produto grátis ou ser mais saudável.