• Nenhum resultado encontrado

4.3 Aspectos Estratégicos

4.3.2 Análise do Ambiente Externo

4.3.2.2 Variáveis Socioculturais

A contextualização desta variável nas ações da Associação Amigos na Cultura subsidiará as tomadas de decisão na definição do seu plano para captação de recursos, uma vez que as informações presentes neste fator terão impacto diretamente na configuração dos serviços prestados pela organização a seus beneficiários, bem como as diretrizes governamentais enfatizadas para a execução de projetos em parceria com a administração pública.

Considerando os dados demográficos, o Brasil com 165.371.493 de habitantes, abriga porcentagem de 52,3% da soma de pretos, pardos amarelos e indígenas, segundo dados do Censo de 2010 realizado pelo IBGE. Dados que mostram a dimensão do quantitativo de indivíduos que a Associação Amigos na Cultura objetiva como foco de atendimento, isto é a população negra, que segundo os dados do Mapa da Violência do Governo Federal (2013) é a população que mais ocupa os índices de homicídios no país. Essa situação se agrava ainda quando se observa os dados de jovens negros entre 15 a 29 anos, representando cerca de 65% do total da média de homicídios de mais de 47 mil jovens por ano. Segundo dados da pesquisa, houve crescimento substancial de vítimas declarados negros e decréscimo do homicídio de jovens brancos. Fator que reforça a importância e formulação de estratégias por parte da Associação Amigos na Cultura no desenvolvimento de ações que visam o combate ao genocídio, sejam estabelecendo parcerias com o poder público local ou até mesmo em âmbito federal, uma vez que estes tendem a formular políticas públicas a favor do enfrentamento de tal problemática social.

Outro fator que demonstra relevância em face da formulação dos objetivos estratégicos da Amigos na Cultura, refere-se ao quantitativo demográfico da ocupação de jovens quanto ao tipo de atividade que exercem. Os dados podem ser visualizados conforme o Gráfico 9.

Gráfico 9 - Distribuição percentual dos jovens de 15 a 29 anos de idade, por tipo de atividade na semana de referência, segundo os grupos de idade – 2012

Fonte: IBGE, Censo demográfico de 2010.

Notam-se, a partir dos dados da pesquisa, a expressividade a média do número de jovens que não exercem algum tipo de atividade laboral e nem mesmo estudam, totalizando 19,6% da população de indivíduos com faixa etária entre 15 a 29 anos. Tal quantidade, possibilita o aumento da probabilidade de jovens vulneráveis socialmente por não ocupar nenhum tipo de atividade, frente às desigualdades sociais existentes. Diante deste contexto, a participação da Amigos na Cultura no desenvolvimento de ações voltadas a cursos de capacitação profissional, atividades no contra turno das aulas em unidades escolares, bem como projetos realizados em parceria com o poder público ou mediante incentivo da iniciativa privada por meio de política de responsabilidade social, tornam-se fundamentais para a prevenção de problemas sociais que por ventura venham a envolver esta parcela da população. Cabe à organização, portanto assumir tais informações no desenho de suas estratégias de atuação, principalmente no que se refere aos parceiros envolvidos com objetivos comuns e que possam financiar tais trabalhos.

Destaca-se ainda os dados que correspondem às condições de moradia da população, dos quais é possível obter um panorama dos territórios de abrangência da organização estudada, gerando informações relevantes para a mesma no sentido da

construção de projetos que visem priorizar a população residente nestes logradouros, que em suma são representados por mais de 90% do público atendido pela Amigos na Cultura. Neste quesito, tem-se como base os dados do IBGE, que podem ser analisados a partir do gráfico abaixo.

Gráfico 10 - Proporção dos domicílios particulares permanentes urbanos, por adequação de moradia, segundo as características do entorno dos domicílios -

2010

Fonte: IBGE, Censo demográfico 2010

Percebe-se que o quantitativo de moradias inadequadas, considerando as características em seu entorno, embora não exerça superioridade quanto ao número de moradia adequadas, representam proximidade com estes últimos, pressupondo uma grande variação do percentual de locais com moradias impropriarias, que geralmente se encontram em locais marginalizados, distantes dos centros urbanos em comunidades com alto índice de famílias com baixas condições socioeconômicas. Atenta-se para este contexto, visto que a Amigos na Cultura busca intervir seus projetos nessas comunidades, que por apresentarem tais dados atrelados aos níveis

de violência, desigualdade e pobreza, demandam maior nível de serviço da organização quanto às iniciativas que promovem junto aos beneficiários habitantes desses territórios. Diagnostica-se, por conseguinte, a relevância da articulação a ser realizada pela organização a fim de mobilizar parceiros que viabilizem a intervenção da entidade na consolidação de atividades que envolvam essas populações marginalizadas, agindo em conformidade com sua missão estratégica.

Reconhece-se ainda ser necessário discorrer a respeito das informações que demonstram o panorama da educação no país, uma vez que tal fator apresenta-se como área primária de atuação da organização por meio de seus projetos socioculturais. De acordo com os dados do IBGE, 32,3% dos jovens de 18 a 24 anos, em 2012, não havia concluído o ensino médio e não estava estudando, o que indica índices de abandono escolar precoce, agravando a probabilidade desses indivíduos ficarem vulneráveis socialmente, não tendo oportunidades futuras devido à falta de qualificação profissional. No Gráfico 11 é possível considerar a taxa de frequência de estudantes às unidades de ensino, comparando os dados de 2002 e 2012.

Gráfico 11 - Taxa de frequência bruta a estabelecimento de ensino da população residente, segundo os grupos de idade – Brasil - 2002/2012

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2002/2012.

Nota-se o aumento significativo da frequência por crianças na fase básica de ensino em comparação ao ano de 2002. Todavia, no ensino fundamental e médio é perceptível certa estagnação na taxa, considerando 10 anos decorridos, não acompanhando o mesmo progresso relacionado à faixa etária de 0 a 5 anos. Efetuando um recorte destes dados quanto à questão de raça, cor e sexo, tem-se que em 2008, a taxa de analfabetismo de homens brancos acima de 15 anos representava 6% e das mulheres 6,4%, enquanto que o analfabetismo de pretos e pardos ilustrou

os parâmetros de 14% dos homens e 13,2% das mulheres. Verifica-se que o contingente de pretos e pardos se mostra desfavorável em relação à taxa de analfabetismo de brancos no país, apontam os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE. Ainda que a população de pretos e pardos apresente considerável avanço em termos educacionais, a defasagem de ensino em comparação à população branca é notória, o que reforça a ideia de a sociedade civil encadear esforços capazes de vislumbrar ações estratégicas de combate a exposta desigualdade, seja em parceria com o poder público ou em conjunto com a iniciativa privada, através de projetos culturais que visam fortalecer o protagonismo destes agentes da população em situação adversa.

É cabível, dado o contexto supracitado, a Amigos na Cultura arquitetar estratégias oportunas que garantam o acesso dessas populações marginalizadas pela sociedade à educação de qualidade, trabalhando as questões de reconhecimento e valorização da diversidade cultural nas mais variadas manifestações das esferas públicas, atraindo investimentos para que tais medidas sejam plenamente realizadas.