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Variantes introduzidas pela locução «outros dizem»

O registo de variantes linguísticas no Dictionarium Lusitanicolatinum

4. Variantes introduzidas pela locução «outros dizem»

No caso de algumas das variantes, a respectiva entrada limita-se à indicação «outros dizem …», sem indicar o meio social ou regional dos que usam a outra palavra. Basta, porém, esta indicação para mostrar que as palavras e expressões assim introduzidas não correspondem às formas escolhidas para as entradas do Dictionarium. Seguem alguns exemplos, com breves comentários.

«Afilar aliàs afirir medidas. … outros dizem afinar» (c. 36). Existem as três formas no sentido de «tornar fino, adelgaçar».

«Astroso, alias argel, ou mofino. … outros dizem Estroso». Astroso (nascido sob um mau astro), provém do latim astrosu-; estroso é forma analógica, formada a partir de estrela em vez de astro, com o mesmo significado que astroso (hoje, desastroso).

«Capitel da coluna. … outros dizem chapitel» (c. 195). A palavra capitel é de capitellum, diminutivo do lat. caput; chapitel (séc. XIII), actualmente desusado, foi derivado do francês antigo chapitel, hoje chapiteau. A serem exactas estas etimologias, seriam formas divergentes, das quais só vingou capitel, a forma preferida por A. Barbosa, ligada mais directamente ao latim.

«Choupana. … outros dizem pouchana» (c. 303). Choupana, de etimo-logia controversa (talvez relacionado com choupa, segundo A. Coelho apoiado por A. Nascentes), é a forma comum e actual. Pouchana é evidentemente uma deturpação popular, resultado de uma metátese. Leão (1604: 116) inclui a forma «pouchana» entre os «vocabulos que vsaõ os plebeios, ou idiotas que os homës polidos naõ deuem vsar».

«Dobar fiado, … outros dizem Debar (c. 405)». A palavra debar é de *depanare, derivado de panus (veja-se C. Michaëlis 1885, § 15). A forma «debar» evoluiu para «dobar», com mudança da vogal da primeira sílaba por influência da bilabial /b/ seguinte. A palavra debar é típica de linguagem antiga, popular e regional.

«Dobadoura … Outros dizem Debadoura» (c. 405). Veja-se o comen-tário anterior. Também se encontra «debandoira» na linguagem popular regional (por exemplo, em Castro Laboreiro, segundo Leite de Vasconcellos 1916: 278).

«Esposouros. … outros dizem Desposouros» (c. 496). Vejam-se os comentários a «Desposouros. Vide Esposouros» (c. 379) acima. «Folgo. … outros dizem folego Vt., supra» (c. 579). É típica da linguagem popular a redução de palavras proparoxítonas a paro-xítonas (o padrão acentual mais comum na língua), sendo antiga a queda da vogal postónica, documentada já no latim imperial. «Gargarejar … outros dizem gorgolejar» (c. 579). Gargarejar, formado a partir do lat. gargarizo, do grego, é forma comum; gorgolejar é forma popular documentada com outra variante, «gangorejar» no Alto Minho (Pereira 1917:251). Freire (1863: 77-78) dá preferência a outra variante: gargarizar.

«Laude, instrumento musico … Outros dizem Alaúde» (c. 654). Ambos do ar. al-haud, «lenha», sendo a variante laúde o resultado de aférese. Existe também a variante lude.

«May … Outros dizem Maë» (c. 686). São frequentes em documentos do século XII a XV formas desta palavra sem indicação de resso-nância nasal na vogal. A forma sem nasalidade apreciável no núcleo da sílaba preserva-se em linguagem popular e regional (por exemplo, no Norte de Portugal, no concelho dos Arcos de Valde-vez, segundo Pereira 1933: 297, e em Castro Laboreiro, de acordo com Leite de Vasconcellos XIX: 276) em variedades das antigas colónias (no indo-português do norte e em Cabo Verde, segundo Dalgado: 1906, 222), e em empréstimos do português do período

da expansão (por exemplo, no malaio, segundo Viana 1904: 24). Na Galiza, além de nai, a forma mais comum, também se empre-gam nalgumas localidades as formas mai e mamai, ambas sem nasalidade na vogal tónica (Crespo Pozo 1982: III, 86). Neste caso, A. Barbosa dá preferência à forma antiga, mais comum no Norte no século XVI, e mais próxima ao étimo latino, mater.

«Mayor cousa. … Outros dizem mor» (c. 687). Por via popular, majore-> maor majore-> moor majore-> mor. Como em outros casos, A. Barbosa dá pre-ferência à forma mais próxima à origem latina.

«Ortiga. … outros dizem Vrtiga» (c. 793). A forma urtiga provém do latim urtica, por via erudita, sendo comum a alternância entre vogais altas e médias, tanto da série anterior como da posterior, tanto na linguagem antiga como na coloquial e popular correntes. Ortiga também vem do latim urtica, mas por via comum: o u breve latino dava o e não u no latim imperial (que corresponde, grosso modo, ao proto-romance); comparem-se o galego ortiga, o espa-nhol ortiga, o francês ortie, o italiano ortica, o provençal ortiga, o catalão ortiga. Neste caso, A. Barbosa dá preferência à forma que provém do latim pela evolução comum.

«Trosquear. … Outros dizem Tresquear» (c. 1058).Trosquear (ou tros-quiar) é forma antiga, sendo a forma actual comum tosquiar; tresquear resulta da associação (analógica) com palavras que começam com tres-. Actualmente, a forma trosquiar é típica da linguagem popular regional (documentada, por exemplo, em Tur-quel por Ribeiro 1930, 242). O étimo, segundo A. Nascentes é tosquilar, do espanhol antigo. Neste caso, A. Barbosa dá prefe-rência à forma trosquear (da qual trosquiar é simples variante orto-gráfica, mais de acordo com a pronúncia da vogal anterior átona diante de a tónico). (No VBL, encontram-se trosquiar e trosquia). «Velisco. … Outros dizem biliscar, bilisco» (c. 1073). O verbo biliscar (ou beliscar) é de um étimo latino não conhecido em forma do-cumentada: *vellicicare, de vellicare. Assim, as formas velisco, veliscar, etc. são mais próximas ao étimo. A alternância entre /v/ e /b/, tipicamente em favor da bilabial, é característica do Norte desde o século XVI (pelo menos), sendo a primeira referência a esta propriedade, em Portugal, de Duarte Nunes de Leão (1576, fol. 4 r.). Actualmente, ouve-se com frequência a uso de /v/ no lugar de /b/, como uma espécie de hipercorrecção, tanto no Norte como no Centro. Nas formas das entradas, A. Barbosa dá preferência a variantes não típicas de linguagem regional.

«Vezarse. … Outros dizem Avezarse» (c. 1084). Ambas em desuso actualmente. Também havia a variante antiga desvezar. Em prin-cípio, A . Barbosa dá preferência às variantes sem o a- protético, típica da linguagem popular e regional.

5. Conclusões.

O Dictionarium lusitanicolatinum inclui variantes de diversos tipos (regionais, sociais e históricas), indicadas de diferentes maneiras, nem sempre explícitas, no que se refere ao tipo em questão. No en-tanto, A. Barbosa revela uma sensibilidade a esta propriedade da lingua-gem não manifestada de forma tão extensa por J. Cardoso e B. Pereira. Neste sentido, o Dictionarium lusitanicolatinum representa uma contri-buição especial à lexicografia portuguesa dos séculos XVI e XVII.

Quanto aos critérios na selecção, entre variantes, das formas que representam as entradas principais do dicionário, A. Barbosa dá prefe-rência, em geral, às formas consideradas mais próximas às palavras latinas de origem, rejeitando, entre outras, formas típicas da linguagem popular, sempre que haja outra variante representativa de linguagem mais culta.

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RÉSUMÉ

Le prestige et la fascination que Saint Bernard de Clairvaux exerça sur les hommes de son temps ont conduit plusieurs auteurs à publier des œuvres et à les lui atribuer. Le Tractado das Meditaç4es, dont nous présentons ici l’édition (f73--f82v), est un de ces textes apocriphes écrit en portugais du XVesiècle et qui fait partie du codex CCXLIV/211 de la Bibliothèque Nationale de Lisbonne.

(Prosa literária quatrocentista. Edição de textos medievais. Normas de trans-crição. Apócrifos. PSEUDO-BERNARDO. Tractado das Meditaç4es) Mots-clef: Prose littéraire du XVesiècle. Edition de textes médiévaux. Normes de transcription. Pseudo-Bernard. Tractado das Meditaç4es.

Na prosa literária do século XV escrita em português avultam, para além de textos historiográficos e de autoria real, traduções, sobre-tudo do latim, de obras de carácter religioso e filosófico, textos hagio-gráficos, ascéticos, místicos e espirituais. Não obstante o facto de se reconhecer a este tipo de discurso um papel preponderante em estudos histórico-culturais e linguísticos, pelo testemunho que são duma fase importante da história da nossa cultura e da nossa língua, a maior parte (salvo os historiográficos e os de autoria real) continua sem edição ou com edições muito antigas e de difícil acesso. Tal situação ficar-se-á a dever talvez às temáticas que versam, bem como à circuns-tância de frequentemente não ser possível determinar a localização e a autoria ou do texto ou da tradução. No entanto, pensamos que, por serem escritos em prosa, por apresentarem uma extensão considerável DIACRÍTICA, CIÊNCIAS DA LINGUAGEM, n.º 17-1 (2003), 163-188