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Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém Diz violentas as margens que o comprimem.

(BERTOLD BRECHT)

De acordo com Baptista (2010):

A violência é um fenômeno social de natureza complexa, que envolve relações de indivíduos, grupo, classes, nações, e que tem por resultado afetar a integridade

60 Cabe destacar um ponto de suma importância apresentado pelo Mapa da Violência 2012: os novos

padrões da violência homicida no Brasil. Apresenta dados estatísticos sobre homicídios no Brasil, nas décadas de 1980 a 2010, e demonstra que morreram mais pessoas, vítimas de homicídio (192.804 e, destes, 147.373 por arma de fogo) do que os outros eventos armados no mundo, mesmo sendo um País em que não há guerra civil e/ou enfrentamentos territoriais, religiosos e étnicos, segundo o Mapa da Violência 2012. “E esses números não podem ser atribuídos às dimensões continentais do Brasil. Países com número de habitantes semelhante ao do Brasil, como Paquistão, com 185 mi habitantes, têm números e taxas bem menores que os nossos. E nem falar da Índia, também elencada, com 1.214 mi de habitantes”. (WAISELFISZ, 2012, p. 21). No Brasil, temos múltiplas manifestações da violência fora de uma situação de conflito entendida como guerra. A banalização e a naturalização dessas múltiplas manifestações alimentam a barbárie social. Nas palavras de Soares (2005, p. 247): “Há um déficit de jovens, entre 15 e 24 anos, na sociedade brasileira – fenômeno que só se verifica nas estruturas demográficas de sociedades que estão em guerra. Portanto, o Brasil vive as consequências de uma guerra ‘inexistente’, mais que qualquer outro, setor social está pagando com a vida o preço dessa tragédia.”

61 O mesmo estudo apontou São Paulo/SP, em 1998, no 6o lugar (122,3) e, em 2008, no 27o (23,4).

Rio de Janeiro/RJ, em 1998, em 3o (141,1) e, em 2008, 20o (72,8). Maceió/AL, em 1998, estava em

física, moral ou espiritual de pessoas ou de agrupamentos humanos. (BAPTISTA, 2010, p. 1)

Baptista (2010) aborda a diversidade e as formas de expressão da violência, considerando a violência estrutural, a conjuntural, a institucional e a interpessoal. A autora considera também as contradições desses vários tipos e as violências resultantes dos conflitos sociais, que independem do modelo e da formação das classes sociais62.

Nesse sentido, compreendo os atos infracionais como uma modalidade de violência que jamais será singular – nenhuma violência é singular. Toda violência envolve determinações sócio-históricas e questões de ordem concreta e subjetiva na imediaticidade do fato. E, enfatizar apenas os fatores diretos à prática do ato infracional anula as possibilidades de apreensão de fatores condicionantes e/ou determinantes:

Em outras palavras, pobreza e desigualdade são e não são condicionantes da criminalidade, dependendo do tipo de crime, do contexto intersubjetivo e do horizonte cultural a que nos referirmos. Esse quadro complexo exige políticas sensíveis às várias dimensões que o compõem. É tempo de aposentar as visões unilaterais e o voluntarismo. (SOARES, 2002, p. 2)

Entretanto, no cenário desigual vivenciado pelas grandes sociedades como a brasileira, das práticas da violência a do ato infracional também pode ser pensada como uma forma de conseguir espaço, acolhida, lugar, ou seja, reconhecimento63.

Por que a arma de fogo dá a sensação de poder ao adolescente? Quais são os ganhos obtidos pelo adolescente envolvido com a criminalidade?64

A arma dá sensação de comando, de status e de poder. Com ela, é possível adquirir dinheiro, respeito e bens materiais. Essas respostas são tidas como regras e conclusões únicas para todos os casos. Há os que dizem que “a vida do crime é um caminho fácil”65; no entanto,

a realidade mostra que é o contrário: a vida do crime é difícil e perigosa. Esse modelo de sociabilidade demanda atenção por onde se anda e sigilo, em caso de ser apreendido pela polícia ou pego por inimigos, ou seja, um pequeno erro pode custar a própria vida. Isso é vida

62 Soares (2005), ao falar sobre a cultura da paz, afirma que a violência se aprende, assim como se

aprende a exercer e guiar-se para a paz. “O senso comum supõe que a violência seja a explosão animal de um fogo interno que arde em nós.” (SOARES, 2005, p. 237).

63 Vide a dissertação de Toledo (2007).

64 Tenho o cuidado de compreender a categoria e o nível de envolvimento do adolescente com a

prática infracional, pois há adolescentes que, mesmo cometendo atos infracionais, não apresentam relações com a criminalidade. O seu envolvimento está inserido numa gama de papéis e representações. Para essa reflexão, conferir Zaluar (1994, 2000, 2004, 2008).

65 Sobre essa questão, Soares (2005, p. 218)

afirma que “a carreira do crime é uma parceria entre a disposição de alguém para transgredir as normas da sociedade e a disposição da sociedade para não permitir que essa pessoa desista”.

fácil? A vida do crime é uma bandeja que nem sempre traz o que o adolescente pediu, certamente:

Ainda por motivos ilusórios e passageiros, a violência dá prazer, fortalece a auto- estima, proporciona a fruição do respeito e da admiração que advém do pertencimento a um grupo, permite o acesso ao desejo das gurias (e dos guris), garante ingresso na festa hedonista do consumo. Então, cabe-nos criar condições para que pelo menos as mesmas vantagens possam ser experimentadas no lado de cá. (SOARES, 2005, p. 241)

A prática do ato infracional seria uma forma de romper a invisibilidade? Não como generalização, mas como raciocínio analítico e fundamentado, Soares (2005) afirma que a estigmatização, o preconceito, a indiferença e a negligência são fatores que anulam o reconhecimento do sujeito tornando-o invisível para o acesso aos direitos e a uma “boa condição humana”66.

A invisibilidade não está relacionada diretamente com o ser ou não ser visto, mas com o modo como se é identificado e se é reconhecido pelo outro. Nessa questão, há distinções entre o preconceito e a indiferença, na medida em que ambos atuam como anulação da pessoa; a indiferença negligencia, já o preconceito projeta nela uma imagem não verdadeira e pré-formada (SOARES, 2005). O que resulta, então, em olhares não acolhedores:

Nós nada somos e valemos nada se não contarmos com o olhar alheio acolhedor, se não formos vistos, se o olhar do outro não nos recolher e salvar da invisibilidade – invisibilidade que nos anula e que é sinônimo, portanto, de solidão e incomunicabilidade, falta de sentido e valor. (SOARES, 2005, p. 206)

A ausência de reconhecimento pode produzir e reproduzir vários sinônimos para a invisibilidade e antônimos para o reconhecimento pessoal e social. A invisibilidade não é dada, e quando é, já passou um processo de produção a certo nível; não é singular e nem única: as suas várias formas corroboram para transformar concretamente a pessoa naquilo que pensamos erroneamente, ou por convicções próprias de ordem cultural. Porém, “quando não se é visto e se vê, o mundo o oferece o horizonte, mas furta a presença, aquela presença verdadeira que depende da interação, da troca, do reconhecimento, da relação humana” (SOARES, 2006, p. 167).

Para Soares (2005), quando “o menino invisível se arma” é como se conseguisse um “credenciamento” para existir socialmente e conseguir visibilidade. Muito mais do que um ato infracional, é um pedido de socorro, uma declaração de condição. Esse adolescente expressa

66 De acordo com Rios (2006, p. 7),

“não existe natureza humana – o que existe é a condição humana, que os homens constroem juntos, historicamente. Essa condição humana pode ser boa ou má”.

um sentimento que, para o autor, é medo. E, “como aquilo que se prevê é ameaçador, a defesa antecipada será a agressão ou a fuga, também hostil. Quer dizer, o preconceito arma o medo que dispara a violência, preventivamente” (SOARES, 2005, p. 175).

É comum noticiários trazerem títulos como: “Menor que matou adolescente no Juramento se apresenta à polícia”67. O termo “menor”, mencionado principalmente em fatos

de cunho infracional, reduz a condição do adolescente, ao mesmo tempo em que amplia os preconceitos e as rotulações. Quem é o menor? Quem é o adolescente?

Rios (2006) chama a atenção para três pontos principais para se compreender a realidade, consequentemente, os pilares para a o estudo da invisibilidade. O primeiro ponto é a clareza em relação ao nosso ponto de partida, que são nossos valores e a nossa cultura. Mesmo com esses pontos de partida, as ideologias e os preconceitos podem distorcer a forma de enxergar algo ou alguém. O segundo ponto é a profundidade, ou seja, ir além da superfície das questões, ir além do que as imagens apresentam ser, é o que dizem os filósofos: “sair da aparência e ir à essência”. O terceiro e último ponto é a abrangência, devido à contradição da realidade: não isso ou aquilo, mas isso e aquilo – há necessidade de apreender a realidade em seus diversos ângulos e em perceber múltiplos pontos de vistas de seus atores.

A partir das minhas reflexões, construí um quadro acerca das modalidades de invisibilidade, com base em Rios (2006), Soares (2005), Sales (2007) e Braga (2004):

Tabela 2 – Modalidades de invisibilidade

Modalidades de Invisibilidade Aspectos

Projetada Construída a partir de estigmas, preconceitos,

indiferença, negligência, humilhação, racismo, etc.

Intencional Quando é sabida a verdade e se tenta anular por

alguma razão.

Estratégica Construída para tirar proveito e/ou vantagem, ou para criar impressão diversa da realidade mediante alguma camuflagem.

Naturalizada Qualquer atitude ou comportamento tomado por força maior de valores pessoais, sociais ou culturais, que não atraem a pessoa para a existência de um fato. Oculta Quando só é identificada em uma convivência maior. Essa invisibilidade se revela na compreensão de nossa

incompreensão acerca das pessoas ou das coisas.

Fonte: Sistematização do autor.

67 Título de uma reportagem publicada em 23 set 2011, às 11h03, no portal O Globo Rio. Disponível

em: <http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/09/23/menor-que-matou-adolescente-no-juramento-se- apresenta-policia-925424800.asp>. Em entrevista, no Programa Roda Viva, de 30/11/2010, Luiz Eduardo Soares enfatiza que “os jornalistas não têm formação para lidar com o crime”. É percebido que a questão criminal – neste estudo, questão infracional –, é abordada como notícia não imparcial e sem fundamento reflexivo.

As modalidades de invisibilidade se correlacionam, assim como se correlacionam os sujeitos que as vivenciam.

É necessário perguntar para quem o adolescente envolvido na criminalidade e/ou autor de atos infracionais é invisível e quais são os determinantes dessa questão.

É fato que “nós costumamos ignorar os sujeitos que não são como nós, que são os outros” (RIOS, 2006, p. 6). Nessa perspectiva, cito as pessoas que prestam serviços, os adolescentes autores de atos infracionais, os egressos do sistema prisional, as pessoas em situação de rua, e aquelas com algum tipo de deficiência, enfim:

Essas são as pessoas que a gente não vê, que são os outros. São outros eus. Não são eu, mas são como eu, e é muito difícil admitir essa existência. Porque Narciso acha feio o que não é espelho. É importante, entretanto, pensar que a nossa identidade é garantida pelos outros, pela presença da alteridade. Mesmo no espelho mais cristalino, a imagem que eu tenho de mim é invertida. Quem fala de mim é quem me vê, quem está na minha frente – é o outro, o alter, aquele que me reconhece. Quando deixo de reconhecer o outro, nego ao outro a sua identidade. Se não levo em conta a alteridade, a presença do outro, instalo algo chamado a alienação, porque quando deixo de reconhecer o outro, nego ao outro a sua identidade. Marx falou da alienação econômica. Podemos falar numa alienação ética, que é o que ocorre quando olhamos os outros sem ver, ou quando vemos sem crítica, quando não reparamos. (RIOS, 2006, p. 7)

Até aqui, foram apresentadas as questões relevantes sobre violência e invisibilidade. Considero necessária a abordagem da categoria cultura68, como algo ontológico – ou seja, como inerente ao ser social –, para apreender e articular com o constructo teórico produzido.

A cultura, produzida e reproduzida numa sociedade, determina (e é determinada) pela maneira como as pessoas se organizam e constroem as suas relações. Nesse sentido, a cultura pode ser apreendida nas manifestações do senso comum, pois:

O senso comum é comum não porque seja banal ou mero exterior conhecimento. Mas porque é conhecimento compartilhado entre os sujeitos da relação social. Nela o significado a precede, pois é condição de seu estabelecimento e ocorrência. Sem significado compartilhado não há interação (MARTINS, 2008, p. 54).

Nesse movimento, vejo a cultura como manifestação e ao mesmo tempo como organização da vida social – ela se manifesta na sua organização e se organiza na sua manifestação. Há uma modalidade de cultura que é comum e visivelmente reconhecida: são as

68 Cultura, do latim culture, significa “o cuidado disponibilizado ao campo ou ao gado”, surgiu no fim

do século 13 para referenciar uma parcela de terra cultivada. No século 16, começa ganhar sentido figurado, podendo fazer referência à cultura de uma faculdade, ou seja, a ação de trabalhar para o seu desenvolvimento. O século 18 é considerado o início de seu sentido moderno (CUCHE, 2002), que teve a filosofia Iluminista como um de seus pilares.

manifestações artísticas que se expressam por meio da poesia, da dança, da música, da pintura, etc. – sendo essa via a que mais chama a atenção aos olhos; porém, não começa e nem termina aí, pois sendo ontológica, está sempre presente e é processual. Pode-se apreender a cultura por meio dos hábitos, dos costumes e dos valores de uma sociedade ou de um grupo social; no entanto, essa apreensão somente se torna concreta, compreendendo-se o seu movimento real.

De acordo com Abbagnano (1963), o termo cultura, a princípio, possui dois significados básicos: um refere-se à formação do homem e ao seu desenvolvimento, o outro diz respeito ao modo de vida e de pensar do homem, sendo, então, produto de sua formação, que, segundo o autor, é um estágio civilizatório.

Para os gregos, a cultura era um processo de formação do homem, que se realizava por meio da educação, basicamente das belas artes: a poesia, a filosofia, o discurso, etc. Era o que diferenciava os homens de todos os outros animais. “Neste sentido, a cultura foi para os gregos a busca e a realização que o homem fez de si, ou seja, da verdadeira natureza humana” (ABBAGNANO, 1963, p. 272, tradução minha). Assim, para os gregos, o homem só conseguia realizar-se por meio dessa busca, de sua vivência em sociedade com a polis – esse pressuposto tem como fundamento a frase de Aristóteles: “O homem é por natureza um animal político”.

Nesse perspectiva, para Chauí (2000, p. 61), a filosofia do século 19 “descobre a Cultura como modo próprio e específico dos seres humanos”. É, pois, por meio da cultura que os seres humanos existem de maneira diferenciada dos animais: são seres culturais, enquanto os animais são seres naturais.

Karl Marx (1989) também faz um paralelo entre o homem, “como ser genérico consciente”, e o animal, que “constrói apenas segundo o padrão e a necessidade da espécie”:

A construção prática de um mundo objetivo, a manipulação da natureza inorgânica é a confirmação do homem como ser genérico consciente, isto é, ser que considera a espécie como seu próprio ser ou se tem a si como ser genérico. Sem dúvida, o animal também produz. Faz ninho, uma habitação, como as abelhas, os castores, as formigas, etc. Mas só produz o que é estritamente necessário para si ou para as suas crias; produz apenas numa só direção, ao passo que o homem produz universalmente; produz unicamente sob a dominação da necessidade física imediata, enquanto o homem produz quanto se encontra livre da necessidade física e só produz verdadeiramente na liberdade de tal necessidade; o animal apenas se produz a si, ao passo que o homem reproduz toda a natureza; o seu produto pertence imediatamente ao seu corpo físico, enquanto homem é livre perante o seu produto. O animal constrói apenas segundo o padrão e a necessidade da espécie a que pertence, ao passo que o homem sabe como produzir de acordo com o padrão de cada espécie e sabe como aplicar o padrão apropriado ao objeto; deste modo, o homem constrói também em conformidade com as leis da beleza. (MARX, 1989, p.165)

É imediata a identificação do animal com a sua ação vital. Entretanto, o homem parte da vontade e da consciência, realizando uma “atividade vital consciente” que abre a sua possibilidade para assumir-se como “ser genérico”, transformando a natureza.

A partir dessas reflexões, assumo, nesta dissertação, como conceito de cultura, o proposto por Chauí (2000, p. 61):

A cultura é a criação coletiva de idéias, símbolos e valores pelos quais uma sociedade define para si mesma o bom e o mau, o belo e o feio, o justo e o injusto, o verdadeiro e o falso, o puro e o impuro, o possível e o impossível, o inevitável e o casual, o sagrado e o profano, o espaço e o tempo. A Cultura se realiza porque os humanos são capazes de linguagem, trabalho e relação com o tempo. A Cultura se manifesta como vida social, como criação das obras de pensamento e de arte, como vida religiosa e vida política.

Chauí (2000) aponta que, para a filosofia do século 20, não há “a Cultura” como unidade básica e ampla, mas “culturas diferentes”. Cada uma produz o seu modo de vida, suas expressões linguísticas, suas relações sociais, conforme o processo político, econômico, social, geográfico e histórico em que se constitui.

Portanto, essas três categorias – a invisibilidade, a violência e a cultura – não são fechadas em si. Compartilham entre si e com um conjunto de categorias relacionadas à vida em sociedade, e podem possibilitar a expressão de categorias ontológicas, bem como de categorias constituída por processos emergentes, oriundos dessa relação. Percebo que a identidade70 é das categorias que se evidência por:

[...] torna-se uma “celebração móvel”: formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam (HALL, 1987). É definida historicamente, e não biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. (HALL, 2006, p. 12)

O que posso afirmar, a partir dos estudos realizados, é que os fatores que produzem e reproduzem a invisibilidade e a violência, compondo uma cultura, não ocorrem apenas em razão de fatos ocorridos na realidade imediata; existem outros fatores, de ordem maior, que

70 Cf. Hall (2006, 2009), que afirma que a identidade é mutável e que esse processo não tem fim. O

autor contrapõe a ideia de que a identidade é única, pois, caso fosse, não seria possível que as pessoas construíssem a sua história, sendo elas as mesmas do nascimento até a morte. Esse pensamento, nas palavras do autor, seria uma “fantasia”. Hall (2006, p. 39) sugere que “[...] em vez de falar da identidade como uma coisa acabada, deveríamos falar de identificação, e vê-la como um processo em andamento.”

são determinantes e que resultam da inversão da leitura daquela realidade ou, até mesmo, de uma cultura de naturalização da violência e da invisibilidade:

Se é assim, o jovem invisível que recorre à arma para pedir socorro e reconquistar visibilidade, afirmando-se pelo avesso, só pode fazê-lo, porque esta é uma das hipóteses que nossa sociedade colocou à sua disposição e a cultura sancionou-a. (SOARES, 2005, p. 240).