• Nenhum resultado encontrado

6 AS MACROVARIÁVEIS DE OAKERSON APLICADAS À REALIDADE DAS

6.2 ARRANJOS PARA TOMADA DE DECISÃO (OU REGRAS DE INTERAÇÃO)

6.3.2 Segmentos políticos

6.3.2.1 Visão dos segmentos políticos sobre a gestão hídrica

O entendimento que os agentes dos segmentos políticos têm da gestão hídrica é intrínseco aos papeis que desempenham no processo. Nesse segmento, além dos agentes atuantes na política partidária, estão incluídos os técnicos, que no caso específico do objeto em análise - a gestão hídrica -, trabalham de forma direta ou indireta junto ao órgão gestor do Estado, a DRHI. Inserem-se ainda nesse grupo os membros de comitê de bacia hidrográfica, representantes dos setores de usuários de água e da população da bacia, além dos representantes da gestão pública, por

integrarem um órgão vinculado à estrutura de gerenciamento de recursos hídricos do Estado, conforme a lei nº 9.022/1993 (SANTA CATARINA, 1993).

A visão mais aprofundada acerca da questão hídrica e das políticas estabelecidas para a área deveria ser um aspecto recorrente na atuação dos segmentos políticos, por estarem esses vinculados aos espaços decisórios e, portanto, determinantes para a gestão da água na região. No caso específico dos agentes vinculados à política partidária, a falta de informações sobre o papel de um comitê de bacia hidrográfica, por exemplo, indica a distância a ser vencida nesse processo. Isso pôde ser constatado nas entrevistas com P1 e P2, que demonstraram estar alheios à atuação do órgão que exerce o papel de propulsor da polícia pública direcionada à água. P1, que é vereador, ao expor seu conhecimento sobre o tema, mostrou conhecimento superficial, não conseguindo ter um conceito mais formal no tocante às atribuições de um comitê.

Na função de prefeito, P2 também tratou o assunto de forma genérica, conseguindo correlacionar o comitê com a questão hídrica, mas com superficialidade. Isso apesar de ter identificado o órgão como um espaço decisório, ao afirmar que o comitê não consegue exercer o poder que lhe é concedido pela PNRH. No tocante à realidade hídrica das bacias hidrográficas da Região Carbonífera, ambos estão cientes da gravidade por conta da contaminação da maior parte dos rios. No entanto, P1 disse não estar suficientemente embasado para discorrer com propriedade sobre o assunto, embora tenha relatado sobre sua experiência pessoal como quem viu a degradação ocorrer no local onde reside. “Posso dar um testemunho do que aconteceu. Quando eu disse que os rios estão doentes e eles vão morrer e a gente sente que eles estão doentes, eu digo isso porque eu venho de uma região que eu vi os rios morrerem, eu vi eles em abundância, eu vi eles adoentados e eu vi eles mortos”.

A falta de maior conhecimento sobre a situação hídrica na região por P1, em que pese ser uma liderança política, pode se dar por conta da cultura local, à qual, de forma difusa, foi introjetada com a degradação dos rios pelo lançamento de esgoto doméstico e, principalmente, pelos metais pesados da mineração de carvão, como algo natural. P2, por sua vez, foi mais enfático em relação ao problema ambiental da região, considerando-o “desolador”, recorrendo ao passado, quando viu a destruição causada na região, com a extração de carvão a céu aberto pela

dragline Marion4. E se mostrou cético em relação à efetividade da recuperação ambiental em curso nas áreas degradadas na bacia carbonífera, chegando a admitir intenção em oferecer denúncia ao MPF: “Eu só não fiz isso porque eu sei que os mineradores estão passando por uma dificuldade de cumprir aquela decisão judicial, mas é para inglês ver, é colocar capim-gordura, é um negócio bastante grave. Só que essa gravidade vai nos atrapalhar por muitas e muitas décadas”.

Em relação às definições sobre o uso da água na bacia, P1 afirmou acreditar que sejam de competência do órgão ambiental, no caso a Fatma/IMA e que ao Estado também cabe o papel de conceder a outorga do uso. Neste último caso, sobre a autorização de uso, a informação está correta, contudo, fica patente a desinformação do entrevistado sobre o funcionamento da política de gestão hídrica. P2, por sua vez, ao se reportar à mesma questão, não abordou diretamente sobre as instâncias que definem o uso dos recursos hídricos, mas citou a influência do setor carbonífero como efetiva no processo. E relatou um caso ocorrido no rio Mãe Luzia, para o qual foi chamado a intervir como gestor público, relacionado ao lançamento de efluente de mineração a jusante do curso d’água. Disse ter investigado junto a empresas que atuam na região, mas não conseguiu esclarecer o caso.

P1 e P2 têm conhecimento sobre conflitos socioambientais envolvendo recursos hídricos na Região Carbonífera. No entanto, apenas P1 referiu-se a um caso dentro da bacia do rio Urussanga, área de estudo em questão, mas há várias décadas, sem saber precisar, quando atuou profissionalmente em Urussanga e chegou a acompanhar reclamação de agricultores do município em relação à poluição causada por atividade econômica extrativa. No entanto, não deixou claro de qual tipo de mineração, se de carvão ou de outra atividade. P2 citou algumas situações no município de Siderópolis, como o planejamento do uso de um manancial hídrico para o abastecimento que foi inviabilizado devido à sua liberação ao uso em um lavador de carvão.

Um outro caso relatado por P2 diz respeito à situação de um grupo de moradores na zona rural que criou associação fechada para uso de uma captação, restringindo o acesso da água para outros interessados, inclusive a escola da comunidade. “O que a gente fez, levamos água da Casan. São seis quilômetros,

4 Máquina escavadeira medindo 23m³ de caçamba e lança de 70m de comprimento. A Marion foi

responsável pela extração do carvão a céu aberto e por uma grande devastação ambiental (LOPES, 2013).

levaram água da Casan pra lá. Eu não quis entrar no conflito, para não ser radical, mas foi negado água para a escola. Daí a escola pegou água da Casan. Porque tem também uma questão partidária”. Esta fala também remete à ausência do comitê de bacia na mediação do conflito, o que reforça a ideia de que o gestor não está articulado com a gestão hídrica em curso na bacia hidrográfica.

Sobre a ocorrência de conflitos pelo uso de água na bacia, é importante observar que ambos os representantes do segmento político não fizeram qualquer menção ao episódio do município de Içara, da resistência de agricultores à implantação de uma mina de carvão, o qual chegou a ter dimensão não somente regional como estadual. Ao se analisar as falas de P1 e P2, na forma genérica de abordagem que ficou caracterizada nas entrevistas, pode-se compreender que a gestão hídrica não está na agenda política desses atores, sendo, portanto, um assunto secundário. Muito embora ambos tenham demonstrado preocupação com questão, o aporte de informação sobre os recursos hídricos que detêm é bastante genérico e limitado.

Por sua vez, como agentes da atuação direta na gestão de recursos hídricos, os representantes do segmento técnico trazem uma outra abordagem, inerente ao seu envolvimento profissional aprofundado com a temática. O primeiro entrevistado, T1, tem a experiência do dia a dia do comitê, atuando na ponta do processo, enquanto T2 integra o quadro técnico do Estado, com o papel de dar cobertura aos comitês no desenvolvimento das políticas para a área. Ambos buscam desempenhar seu papel à luz do que preconiza a PNRH, sobre a qual não têm entendimento antagônico, mas diferenciados em relação à sua efetivação no gerenciamento da água. Enquanto T2 considera a política estabelecida no país um avanço, por meio da instituição da CF de 1988, que abre espaço participativo à sociedade nas definições de políticas hídricas, T1 chama a atenção para os problemas estruturais da aplicação da legislação, a começar pela falta de personalidade jurídica que não permite aos comitês a obtenção de CNPJ, que lhe garantiria autonomia para receber e utilizar recursos.

Para T2, a falta de efetividade da PNRH nas regiões hidrográficas é inerente ao desenvolvimento de um processo que precisa amadurecer, para o qual a população ainda não está ciente do seu papel. “A população não está acostumada a isso, então o desafio é primeiro nós implementarmos esse marco regulatório e, fortemente, fazer com que a sociedade entenda do que nós estamos tratando e

como que ela efetivamente pode e deve participar”, afirmou. T1, por sua vez, argumentou sobre o problema de operacionalização dos comitês, por falta de recursos. Conforme o entrevistado, a situação administrativa e jurídica precisa ser alterada para que um comitê possa funcionar, facilitando o acesso ao aporte financeiro proveniente do Estado. “Para ele cumprir o que diz a lei, se ele não consegue estruturar uma equipe executiva junto a ele, se ele não consegue recursos, é bem difícil a operacionalização. Então o modelo precisa de mudança a meu ver”. As opiniões são complementares, sendo que a maior presença social na gestão hídrica também depende das adaptações nos comitês para que tal inserção ocorra.

Ainda referente ao acesso a recursos, T1 reforçou a ideia sobre a necessidade de um posicionamento mais efetivo do Estado para o fortalecimento e atuação dos comitês. Conforme o informante, foram dadas as condições iniciais para o funcionamento do órgão, com o investimento de recursos por meio do Programa SC Rural, em convênio com o Banco Mundial. Assim garantiu-se a infraestrutura mínima de funcionamento, com a atuação de um consultor para apoio técnico. Entretanto, também se verificou a descontinuidade do repasse de recursos, paralisando as atividades nos comitês. Para T2, essa situação tem a ver com a necessidade de fortalecimento do poder público para o seu empoderamento institucional, juntamente com o Conselho Estadual de Recursos Hídricos e os comitês, que integram o processo. “Essa consolidação, esse fortalecimento se dá basicamente quando esses três entes tenham em mente, estejam empoderados, com capacidade de tomada de decisão”, sustentou.

Diante das dificuldades para a manutenção dos comitês, T1 disse ter chegado à conclusão de que a questão hídrica não é prioritária para o governo. “Se fosse, teríamos no órgão gestor uma estrutura bem mais forte. O órgão gestor é muito pequeno. Ele depende ainda de funcionários disponibilizados por outras entidades ou órgãos do Estado, como a Epagri”, relatou. Sobre a atuação do comitê, T1 afirmou que o órgão conseguiu difundir seu papel na comunidade, ficou mais conhecido, conseguiu promover mobilização dos segmentos em torno da temática hídrica, mas também houve desmobilização, devido à postura governamental. No entanto, acredita que possa haver transformação se os setores da sociedade participarem mais. “Eu acredito que a comunidade tem que se empoderar desse bem comum, que é a água, e cada um fazer a sua parte aonde está. E, ao mesmo

tempo, fazer uma pressão junto aos políticos que detêm o poder de aplicar recursos para este fim”.

O comitê como um espaço de tomada de decisão, cumprindo seu papel não apenas consultivo, mas deliberativo, conforme preconiza a PNRH, foi igualmente objeto de análise de T1 e T2. Ambos entendem que esta prerrogativa afeita ao órgão ainda não é uma realidade, por algumas razões. T1 afirma que os comitês sofrem a sobreposição de poder dos segmentos econômicos e políticos, perdendo força diante do movimento desses em defesa de seus interesses. “As decisões são tomadas por interesses político-econômicos em sua maioria. Então se não existe prioridade de interesse na proteção, preservação e recuperação de recursos hídricos ou meio ambiente não tem direcionamento com prioridade para isso”. Segundo o informante, as representações políticas no país defendem setores e seus interesses, sendo refratárias à defesa do meio ambiente devido à ideia de que ao levantar essa bandeira, perdem voto.

No entendimento de T2, o comitê precisa estar empoderado suficientemente para se garantir como instância decisória sobre a gestão hídrica na bacia, assegurando sua condição normativa. Para tanto, sugere que se deve “[...] colocar na mesa do comitê, no fórum do comitê, gente que tenha muito peso, representatividade dentro do contexto da bacia”. Conforme ele, a participação de representantes de peso que tenham penetração na sociedade é uma condição favorável para que a entidade ganhe mais respaldo político. T2 diz ainda que é preciso “dar o arranjo para que esse comitê possa funcionar efetivamente, para que ele possa ter câmaras técnicas, possa ter pessoal capacitado de apoio, que possa auxiliar esse comitê nesta análise, nesse estudo, com a devida cientificidade”.

Os arranjos nos quais estão envoltos os comitês, com representação de diversos setores sociais, no entender de T2, colocam o processo de gestão hídrica numa condição proativa, com boa perspectiva de avanço das políticas na área. Sua posição é mais otimista, considerando que o problema da falta de repasse de recursos poderá ser superado à medida em que houver maior participação social, maior engajamento do que chama de “capital humano”. T2 afirma que “[...] o que se precisa é fazer o ordenamento, pequenos ajustes e eu não acho que isso seja muito difícil, a gente tem uma leitura de que se tem cenário bastante promissor”.

T1, a seu tempo, também entende que os comitês precisam ser fortalecidos, para poderem cumprir seu papel. Neste sentido, concorda com T2

sobre a importância do peso da representatividade na composição do órgão e da interlocução efetiva dos membros com a sua entidade. “E tem que haver também entendimento dos gestores públicos de que o comitê é responsável pelo gerenciamento dos recursos hídricos, ele precisa ser ouvido nas tomadas de decisões. O que não acontece”, sugere T1. A propósito das decisões que devem ser tomadas no âmbito dos comitês, T2 sugere que elas ocorram com a participação de todos os segmentos, sobretudo em situações de conflitos. Ele destaca que um comitê também é um ente político, devendo estar incluídos entre os setores componentes das entidades-membros também os de atividades poluentes. Conforme ele:

Uma das maneiras de você contornar isso é trazer o divergente para mesa do comitê. Ou seja, a própria questão econômica, questão ambiental, elas são conflituosas entre si, uma em detrimento da outra. Então como é que você pode tratar disso? Você não pode acabar com a questão econômica para que fique somente a questão ambiental. Então o comitê tem um grande papel de elo, de conexão nesse sentido, para essa negociação (T1, 2018).

Acerca de conflitos pelo uso da água na bacia do rio Urussanga e a intervenção direta do comitê, destaca-se, novamente, aquele envolvendo agricultores de Içara e uma mineradora de carvão. O órgão recebeu solicitação para dar um parecer sobre impactos por parte do empreendimento, o que não aconteceu. Sobre esse episódio, T1 afirmou que não há ainda, por parte do comitê, as condições técnicas para analisar situações complexas, que necessitam de um embasamento técnico aprofundado. Para T2, o órgão gestor do Estado precisa dar suporte à formação das câmaras técnicas que possam subsidiar os comitês nesta tarefa. No seu modo de ver, essas não precisam ser formadas apenas por membros dos comitês, mas por profissionais das diversas áreas, tanto governamentais como da sociedade, de outros organismos, com expertise para colaborar nos processos de tomada de decisão.

Ao se analisar os posicionamentos dos dois técnicos, é necessário considerar o lugar de onde falam. T1 vive as dificuldades inerentes de quem está no território, onde se dá um processo inevitavelmente marcado pelas contradições e tensões no transcorrer dos jogos de atores no uso dos recursos hídricos. T2, por sua vez, não experimenta a mesma realidade, embora esteja suscetível às nuances da gestão pública, inevitavelmente influenciada pelos projetos políticos partidários

inerentes ao contexto. No entanto, ambos compartilham a convicção de que a gestão hídrica só será viabilizada pela participação efetiva da sociedade. Para tanto comungam a ideia de que as pessoas precisam saber de que a questão hídrica é de interesse de todos, e que elas têm um papel a cumprir nesse processo. De acordo com T1 e T2, qualquer mudança de cenário no sentido desejado depende da ampliação participativa da população, incluindo todos os atores na gestão da água.

A exemplo de T1 e T2, os atores que integram o comitê, em função de estarem inseridos diretamente no contexto da gestão hídrica, não obstante à falta de avanços mais significativos do processo, têm igualmente familiaridade com o tema. Portanto, sua contribuição ganha especial relevo para a análise sobre as dinâmicas de poder na apropriação da água na bacia onde atuam, considerando os setores que representam. Neste contexto, na qualidade de representantes do setor governamental, CG1 e CG2 destacam a importância do comitê como o fórum de discussão e formulação de políticas para a gestão hídrica. Para CG1, trata-se de um marco que colocou em pauta a função social da água. Conforme o entrevistado, houve muitos avanços, desde a criação do comitê, há 10 anos, com a participação da sociedade. “Dada a dificuldade de se inserir o controle social sobre certas situações, me parece que o avanço foi muito grande, foi gigante, porque antes, não existia mobilização nenhuma”.

Para CG2, no entanto, não houve tantos avanços, lembrando que a criação do órgão na bacia do rio Urussanga deu-se inicialmente pela mobilização em torno do desassoreamento do rio principal. “Era uma demanda política na época e a gente se engajou nisso. Que não seria bem o papel do comitê, acho que foi um pouco mal-entendido lá na origem de sua criação”. Segundo CG2, ainda há atividades no território da bacia que já foram banidas em outros países, que acabam fazendo pressão sobre a gestão hídrica. “A gente tem aí uma pressão da indústria, da própria agricultura e, principalmente, a questão das empresas carboníferas, em se tratando do rio Urussanga e até do rio Araranguá também”. Diante desse cenário, conforme o entrevistado, o comitê deveria ser um fórum, com autonomia para a tomada de decisões e atuação mais incisiva, o que ainda não aconteceu.

Sobre os limites indicados por CG2, CG1 também identifica o mesmo problema, referente à mineração, que continua atuando no território da bacia com a extração de carvão, sem muitas restrições, o que não ocorre com outros setores. Segundo ele, “[...] a gente percebe a mineração explorando o que ela precisa

explorar – e diga-se de passagem – mineração sustentável me parece até uma heresia, porque como é que tu vais minerar de forma sustentável?”, indaga. Sobre o mesmo assunto, CG2 complementa, fazendo menção à liberação, pelo poder legislativo, de uma lavra de carvão na localidade de Santaninha, em Urussanga, que pertencente à bacia do rio Tubarão, mas tem influência sobre a do Urussanga. “Se a sociedade, se o município quer isso, não é o comitê que vai segurar”, comenta. Apesar das limitações, CG1 e CG2 consideram que pelo menos já há uma instância onde as pessoas podem buscar informações sobre as questões acerca da gestão da água, no caso, o comitê.

As falas de CG1 e CG2 ilustram o complexo palco de relações envolvendo os diversos atores no território na bacia, no qual os conflitos de interesses são parte importante das dinâmicas sociais. Desta forma, o comitê de bacia acaba sendo moldado por esse processo, representando um avanço enquanto um espaço de participação social, mas afeito às pressões inerentes ao contexto em questão. Neste âmbito os dois representantes governamentais dentro do comitê enxergam também o Estado como estando aquém no cumprimento do seu papel de garantir as condições necessárias à gestão hídrica nas regiões hidrográficas catarinenses. A esse respeito, CG1 cita a falta de recursos para a operacionalização do comitê, destacando que deve ser garantida uma estrutura administrativa ao seu contínuo funcionamento. Conforme ele, deve ser garantida remuneração com recurso público, cabendo ao governo assegurá-lo.

Para além da falta de garantia dos recursos para os comitês, CG2 destaca também a inversão do papel da gestão pública, ao lidar com questões que deveriam ser definidas por critérios técnicos, não por outros vieses, como os meramente econômicos. Ele diz que essa situação é um espelho do que acontece nos territórios das bacias, seguindo as mesmas dinâmicas e jogos de interesses, como os econômicos. “Muitas vezes as coisas acontecem por interesse, e quanto mais tu vais subindo, não é diferente nas questões mais em cima, em nível de secretaria, em nível de governo”. Considerando tal aspecto, CG2 relata que os