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CAPÍTULO III – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.3 A PERCEPÇÃO DOS GESTORES PÚBLICOS DA REGIÃO DA AMMOC

4.3.2 A visão social como princípio

Além da visão econômica, um outro grupo de gestores entrevistados apontou a visão social como princípio para sua compreensão do que seria desenvolvimento. Ao se referir a desenvolvimento, esses gestores o fazem, utilizando-se das seguintes características:

a) a geração de emprego e renda;

b) a assistência às necessidades básicas da população em educação e saúde; c) a melhoria da qualidade de vida do cidadão.

A percepção de que desenvolvimento se expressa por meio de geração de emprego aparece na fala do EP3 da seguinte maneira: “acredito que a preocupação de qualquer administrador público é a criação de empregos que é constante. Todos os prefeitos se

preocupam com a geração de emprego, pois acho que a coisa mais digna é quando você tem um emprego.”

Da mesma maneira, o gestor ETE5 acredita que o gestor local pode contribuir para a geração de empregos se tiver vontade política, assim se expressando:

[...] O prefeito também tem condições de criar empregos, muitas vezes, eles pensam que é só o governo federal, mas isso também tem que partir do gestor municipal. Eu acho que se tiver vontade política principalmente, dinheiro tem. Eu acho que deve elaborar os projetos e buscar recursos.

Outra característica da visão social do desenvolvimento perceptível na fala dos gestores é o atendimento às necessidades básicas da população em educação e saúde. Essa característica é apresentada pelo EP3 da seguinte maneira: “acredito que, quando falamos em desenvolvimento, o que nós falamos é a parte social: educação. Setor prioritário de qualquer administrador deve ser a saúde e a educação; se não fizer isso, não terá desenvolvimento.”

Essa compreensão social do desenvolvimento é compartilhada pelo gestor EP8, quando declara priorizar essas características na sua visão de desenvolvimento:

“Bom, olha, eu elejo como prioridade tudo: a saúde é prioridade, sem limite; a educação, sem limite também. Eu vejo assim: que o município, para ser desenvolvido, precisa de tudo um pouco, mas essencialmente educação de primeira qualidade. Educação é fundamental.”

O gestor EP9 acredita que a educação tem um papel para além da sala de aula e do ensino formal, já que pode contribuir para o desenvolvimento por meio da difusão de novas culturas, assim se expressando: “considero que desenvolvimento é educação para proporcionar uma cultura de empreendedorismo.”

A cultura também é o tema central na percepção do ETE8: “Desenvolvimento [...] primeiro eu acho que é cultura. Na educação é que tem que investir, porque a gente pode ver,

que onde se investe em cultura e educação, se instalou indústrias de tecnologia mais avançada e mais desenvolve a qualidade de vida.”

Já o gestor EP12 entende que o ensino formal é grande fonte para a geração de desenvolvimento: “olha, um município desenvolvido, pra mim, começa principalmente com a educação. Vejo assim: que um município que não tem início em uma creche, pré-escola, ensino fundamental, passando para o médio [...] eu não vejo como ter desenvolvimento.” Também enfatiza a importância de ações fora da sala de aula como forma de promover o desenvolvimento, ao apregoar a realização de “atividades extra-classe como nas áreas culturais de música e canto; algumas atividades paralelas para as crianças que estão fora da sala de aula. “

A educação como caminho para o desenvolvimento é enfatizada pelo entrevistado EP13: “em primeiro lugar, eu entendo que a pessoa tem que ter educação. Se ela tem uma formação ela tem uma outra visão para conseguir o desenvolvimento [...]. Esse é o caminho para o desenvolvimento do município.”

Nessa mesma linha, o ERH4 entende desenvolvimento como sinônimo de educação, ao afirmar que “desenvolvimento é a educação da população. Isso é o principal.”

A importância da educação e da cultura para o desenvolvimento está presente também na fala do ETE12: “para mim, desenvolvimento é educação; escolas com bons profissionais. É a cultura do povo. Eu acho que o povo tem que ter cultura.”

Para o EP6, educação e saúde estão relacionadas à melhoria de qualidade de vida. Esse gestor tem uma compreensão de que o mero investimento em infra-estrutura não gera desenvolvimento e defende uma proposta centrada na ação social:

[...] uma estrutura na área de saúde, educação, área social, desenvolvimento quer dizer melhoria na qualidade de vida da população, porque se nós pensamos apenas em crescimento como construção de prédios, prédios, concreto, concreto, pra mim, não é desenvolvimento. Quem tem que sentir o desenvolvimento é o ser humano.

O ERH12 entende que, além do investimento em estrutura física, o município deve se preocupar com as questões sociais: “não adianta uma cidade ser bem estruturada e o nível da população não. [Desenvolvimento] é tudo, desde a parte social tem que ser com saúde, educação.” Esse pensamento é compartilhado pelo ERH9, quando afirma que desenvolvimento “é qualidade de vida da população”.

Também para o ERH5, desenvolvimento está ligado à qualidade de vida e à cultura: “bom, podemos dizer que desenvolvimento é buscar novos métodos que possam desenvolver nossa caminhada, a nossa qualidade de vida, aplicar na nossa cultura.”

Essa associação entre desenvolvimento, via visão social, na sua característica de proporcionar maior qualidade de vida, é percebida na preocupação com o atendimento de necessidades de sobrevivência pelo ERH6, ao declarar que um gestor público favorece o desenvolvimento “se conseguir proporcionar ao município boas condições de sobrevivência, de desenvolvimento pessoal e não só de crescimento [...] Solucionar isso para os moradores.”

Qualidade de vida, geração de renda e educação, por vezes, mesclam-se na fala dos entrevistados, como no caso do ERH7:

[...] desenvolvimento é qualidade de vida de forma geral. É melhorar a renda; é uma educação compatível com os anseios da população; é uma escola pública para o pessoal que tenha condições e que seja direcionada ao campo profissional para as pessoas que querem seguir lá na frente. O mais é qualidade de vida da população, educação, saúde, lazer, turismo essa coisa do desenvolvimento.

Essa integração mencionada também é perceptível na fala do ERH9 quando define desenvolvimento como “qualidade de vida, saneamento, saúde e educação.” Da mesma maneira, o ETE7, detém essa percepção:

[...] desenvolvimento, eu acho que seja, a preocupação que o setor público deve ter com um fato de fundamental importância na vida da comunidade. Aí vai toda qualidade de vida. É a preocupação com a saúde, com a higiene, com os serviços urbanos como a limpeza das ruas, a coletas de lixo o fornecimento água potável, a

própria telefonia. A prefeitura deve incentivar e investir para que a população tenha acesso, pois isso vai melhorar a qualidade de vida e o desenvolvimento.

O ETE11 igualmente integra educação e saúde na sua percepção de desenvolvimento: “um município desenvolvido, é um município que tem em primeiro lugar em bom nível educação e tem atendimento e ação voltada à saúde.”

A percepção do desenvolvimento em sua visão social já se faz sentir entre os gestores entrevistados, sobretudo no que se refere à educação e à saúde. A mesma ênfase não se percebe em relação à visão ecológica que aparece somente em seus aspectos mais periféricos.