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Elaboração de plano semanal de aula

2.4 Caminhos, estratégias e instrumentos de pesquisa

2.4.2 Elaboração de plano semanal de aula

Já que a nossa proposta visava saber se há incorporação das habilidades de consciência fonológica às práticas de alfabetização pelas docentes alfabetizadoras que compuseram o universo desta pesquisa, sobretudo quando intentam intervir/mediar a aquisição crítica e compreensiva da linguagem escrita pelos/as alfabetizandos/as, o Plano Semanal de aula constituiu um bom instrumento para visualizar como essas alfabetizadoras pensam o ensino da linguagem escrita, tendo como recurso mediador as atividades de consciência fonológica enquanto ação instrumental de intervenção.

Como as atividades de consciência metalinguística visam a uma ação mediadora que, intencionalmente, toma os micro e os macroelementos da língua por análise detalhada e contínua, o Plano Semanal de Aula, enquanto roteiro descritivo de tudo que o/a professor/a se propõe a desenvolver em classe durante um ciclo semanal de aula, um período específico de instrução intencional, é muito pertinente. As descrições de estratégias e encaminhamentos didáticos presentes nesses planos revelam ações elaboradas e/ou pensadas, com vistas a favorecer o processo interventivo-mediador, por meio do qual se deseja desenvolver um conjunto de saberes e habilidades úteis ao domínio de um ou mais objeto do conhecimento, através de uma série de conteúdos de ensino.

Um plano de aula reflete uma ação de pensar a construção/elaboração da aula, tendo em mira aquilo que o/a professor/a deseja alcançar como aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos. Para Takahashi e Fernandes (2004, p. 114)

Cada aula é uma situação didática específica e singular, onde objetivos e conteúdos são desenvolvidos com métodos e modos de realização da instrução e do ensino, de maneira a proporcionar aos alunos conhecimentos e habilidades, expressos por meio da aplicação de uma metodologia compatível com a temática estudada.

Já que, segundo as autoras, cada aula é uma situação específica e singular, se entende que um Plano Semanal engloba um conjunto de múltiplas situações didáticas concatenadas, situações essas que, guiadas por objetivos específicos e conduzidas por um conjunto de estratégias, técnicas e métodos, deixam claro que intenções o/a professor/a teve ao propor tal conjunto de situações de aprendizagem, posto que os elementos que compõem o plano são interligados e corroboram o mesmo fim.

Libâneo (1994, p. 241) entende que, através da aula, “organizamos ou criamos situações docentes, isto é, as condições e meios necessários para que os alunos assimilem ativamente conhecimentos, habilidades e desenvolvam suas capacidades cognoscitivas”. O autor compreende o plano de aula enquanto detalhamento do plano de ensino. Segundo ele, a preparação das aulas por meio da elaboração do plano de ensino se presta não somente a orientar a ação docente, assim como ao aprimoramento e a revisões periódicas da ação didático-pedagógica e, de modo mais abrangente, a uma experiência, a um saber que resulta de uma conjugação da prática com a reflexão criteriosa acerca dela.

Efetivamente, o Plano Semanal de Aula é uma espécie de grande roteiro onde o/a professor/a prevê ações diversificadas que vão carecer de detalhamentos, os quais caberão serem trazidos no plano de aula.

Assim sendo, solicitamos dos sujeitos que compuseram o universo desta pesquisa, a elaboração de um Plano Semanal de Aula, visando perceber se e como tais planos revelam uma incorporação dos mecanismos de habilidades e/ou consciência metalinguística, mais especificamente de consciência fonológica, pelas docentes em suas ações didático- pedagógicas de ensinagem da escrita.

Entendemos que o Plano Semanal de Aula reflete, de certo modo, o saber fazer do/a professor/a, suas intencionalidades didático-pedagógicas, a epistemologia que guia sua ação docente, bem como as prioridades que esse/a tem na ação educativa em seu conjunto, uma vez que ele se constitui uma espécie de sequência de atividades específicas proposta para, no período específico de uma semana e num determinado quantitativo de horas, buscar alcançar objetivos de aprendizagem também específicos e que são determinados considerando uma gama de habilidades a serem construídas e visualizadas durante as propostas de mediação da aprendizagem.Gandin (2008, p.1) diz ser preciso “que se pense no planejamento como uma

ferramenta para dar eficiência à ação humana, ou seja, deve ser utilizado para a organização na tomada de decisões”.

Para elaboração do referido plano, estabelecemos contatos, por meio de uma reunião, realizada na residência do pesquisador com as 8 alfabetizadoras, quando prestamos ao grupo esclarecimentos gerais sobre a pesquisa, tais como objetivos e intencionalidades, estratégias e instrumentos de coleta de dados, etapas da pesquisa, etc. Após os esclarecimentos gerais, solicitamos a assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido, com vistas a documentar a anuência de cada docente às etapas da pesquisa.

Feitos tais encaminhamentos, demos a seguinte comanda em folha sulfite, conforme Apêndice 2:

Elabore um Plano Semanal de Aula, no qual você proponha ações para o ensino da escrita e da leitura destinado à sua turma.

O plano foi recolhido no mesmo dia de realização do segundo momento de contato com as docentes – o Grupo Focal – o qual se destinou à coleta de dados e aconteceu 16 dias após a primeira reunião de esclarecimentos gerais acerca da pesquisa.

Sendo o Plano Semanal de Aula um documento escrito, podem ocorrer, de certo modo, limitações de nossa parte, no sentido de atribuir significado ou interpretar seu conteúdo. Daí, vimos a necessidade de buscar atribuir sentido a tais planos por meio de categorias específicas que acionam diretamente as habilidades de consciência fonológica. Assim, para melhor visualizar se aparecem nos Planos Semanais de Aula indicadores de um trabalho com habilidades de consciência fonológica e que habilidades são essas, usamos como delimitadores de categorias os conceitos de Consciência da Rima, Consciência da Aliteração, Consciência da Sílaba e Consciência Fonêmica, habilidades específicas do conhecimento teórico-metodológico sobre consciência fonológica.

Cremos que os Planos Semanais de Aula, aliados ao Grupo Focal, têm o potencial de trazer à tona que importância as professoras alfabetizadoras dão ao trabalho com a habilidade de Consciência Fonológica para a aprendizagem da linguagem escrita pelos/as seus alunos/as, isto é, se atribuem valor e reconhecem a consciência fonológica como habilidade mediadora na aquisição das convenções do sistema de escrita.

Com efeito, saber se e como a consciência fonológica compõe as atividades de leitura e de escrita, que conhecimentos teórico-metodológicos as alfabetizadoras possuem acerca da temática, que situações interventivo-mediadoras em que fazem uso dos mecanismos de consciência fonológica propõem à classe, dentre outros aspectos, são de suma importância para a constituição do corpus dessa pesquisa.