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FISIOPATOLOGIA DO ÁLCOOL

No documento PDF Sylvia Helena Mota Rabelo (páginas 32-37)

O estudo da fisiologia do corpo humano torna evidente como as bebidas alcoólicas atuam no corpo. Consumir e armazenar bebidas alcoólicas em casa deve ser um ato bem

pensado, principalmente quando há facilidade de acesso para crianças e jovens.

Conhecer seus usos e abusos é tão importante quanto ler bulas de remédios ou manuais de instrução, por exemplo. Saber como tudo se processa e conhecer seus efeitos, faz diferença na hora de beber! Conhecer seus limites e saber quanto beber e quando parar é praticamente uma arte porque depende muito do momento das pessoas, do contexto em que vivem e das companhias.

De acordo com Célio Alzer (2003), inicialmente as bebidas tinham conteúdo alcoólico relativamente baixo, como o vinho e a cerveja, já que dependiam exclusivamente do processo de fermentação natural. Com o advento do processo de destilação, introduzido na Europa pelos árabes na Idade Média, surgiram novos tipos de bebidas alcoólicas. Nesta época, este tipo de bebida passou a ser considerada como um remédio para todos os tipos de doença, pois

“dissipavam as preocupações mais rapidamente que o vinho e a cerveja, além de produzirem um alívio mais eficiente da dor”, surgindo então a palavra whisky (do gaélico “usquebaugh”

que significa “água da vida”).

O álcool contido nas bebidas (etanol) é produzido através de fermentação ou destilação de vegetais como a cana de açúcar, as frutas e os grãos. As cores das bebidas alcoólicas são obtidas de outros componentes como malte ou através da adição de diluentes, corantes e outros produtos, uma vez que o álcool é incolor.

O mesmo autor diz que a concentração das bebidas tem um leve efeito no pico de concentração alcoólica no organismo das pessoas, devido às diferenças nas taxas de absorção das diversas concentrações alcoólicas. O álcool é mais rapidamente absorvido quando a concentração da bebida está entre 10% e 30%. Abaixo de 10%, o gradiente de concentração no trato gastrintestinal é baixo, a absorção e também o esvaziamento gástrico são lentos. Por outro lado, concentrações superiores a 30 % tendem a irritar mucosas e membranas do trato gastrintestinal e o esfíncter pilórico, causando aumento de secreção das mucosas e retardamento do esvaziamento do estômago.

O álcool tem um odor característico que marca sua presença em qualquer bebida que o contenha. O interessante dessa história das bebidas é que o álcool foi justamente introduzido na Europa pelos árabes que normalmente são abstêmios pela própria condição religiosa. É bem verdade que lá existem algumas bebidas como o ARAK, por exemplo que são fortíssimas e que mesmo em pequenas doses são capazes de produzir grandes estragos!

Quando ocorre a ingestão de uma bebida alcoólica, uma pequena quantidade de álcool entra na circulação sangüínea diretamente pelas mucosas da boca e da garganta. Ao chegar no

estômago 30 a 40% do álcool são absorvidos se a válvula piloro estiver fechada. Se essa saída do estômago estiver aberta, o álcool passa para o intestino delgado onde é rapidamente absorvido, sendo imediatamente distribuído através da circulação sangüínea para todo o corpo e dessa maneira, chega ao cérebro.

É importante lembrar que a razão de eliminação do álcool é inversamente proporcional à concentração de álcool no sangue, na fase inicial de absorção.

Estudos têm mostrado que é possível diminuir de 9% a 23% o pico de concentração alcoólica, considerando-se a quantidade de alimentos e o tempo entre a ingestão de comida e a bebida.

O tempo de permanência do álcool no organismo costuma ser muito maior que o tempo gasto em sua ingestão. Seu processo de eliminação começa pelo processo de degradação da molécula em dióxido de carbono e água. Mais de 90% do álcool é oxidado no fígado e o restante vai para os pulmões e os rins sobrando muito pouco para ser eliminado pela lágrima, pelo suor e pela saliva.

Experiências científicas indicam que o tempo de eliminação do álcool no corpo humano é o mesmo tanto para o bebedor contumaz quanto para o inexperiente.

Facilmente miscível em água, o álcool entra com facilidade na corrente sangüínea tendo maior e mais rápida absorção pelo intestino, devido as suas paredes mais finas e maior quantidade de sangue ali existente, embora permaneça mais tempo no estômago. Se houver ingestão de alimento haverá retardamento da absorção ao contrário do que acontece se houver passagem rápida do álcool para o intestino.

Para que se possa calcular o tempo de absorção de álcool e, portanto definir a tolerância de consumo de bebida alcoólica por uma pessoa devemos levar em consideração o tipo e a natureza e a concentração da bebida alcoólica, a quantidade de comida consumida, o sexo, a massa corpórea, a camada de tecido adiposo e a quantidade de água do corpo, pois esta influencia a concentração de álcool em um órgão ou fluido do corpo.

O sangue sai do coração e entra nos pulmões que contém cerca de 300 milhões de alvéolos. Aproximadamente 1/3 de todo o sangue bombeado pelo coração vai para o cérebro, indo o restante para o resto do corpo passando pelos rins onde é filtrado, purificado e eliminado por excreção. Sua eliminação acontece também por metabolismo, que se dá através do fígado onde ocorrem outras combinações.

A falta de uma determinada enzima provoca desidrogenase do álcool, anos orientais provoca reações muito fortes, demonstradas principalmente na coloração excessivamente

avermelhada de sua face. As enzimas produzidas no fígado são as responsáveis pela separação do dióxido de carbono e água, produtos não tóxicos eliminados por vias normais. Acredita-se que uma pessoa saudável elimine o álcool em uma taxa constante. Há trabalhos que estimam essa taxa em 15ml de álcool por hora.

Considerando a diferença de sexo, o peso do corpo e o biotipo das pessoas, é possível verificar que biótipos variados coincidem com diferentes porcentagens de água no corpo. As mulheres tendem a ter maior porcentagem de gordura e menor porcentagem de água no corpo.

Em geral, se um homem e uma mulher de corpo e estatura normais ingerem a mesma quantidade de álcool, a mulher tende a apresentar maior concentração dessa substância no organismo. Isso só não funciona se a mulher for excessivamente magra e o homem um pouco obeso. Entretanto, as pessoas tendem a perder menos água no corpo à medida que envelhecem. Por isso, pessoas mais velhas, de sexos diferentes, tendem à absorção de quantidades equivalentes de álcool, conforme tabela 7 a seguir.

Tabela 7 - Diferenças na concentração de álcool em pessoas de compleição mediana

IDADE MASCULINO FEMININO

18 a 40 61 % 52 %

Acima de 60 51 % 46 %

Fonte: http://www.dialdui.com/alcohol_human.htm

É importante observar que as diferenças nas concentrações de álcool em corpos de mesma compleição podem ficar entre 16% e 10%, dependendo da idade.

O mesmo artigo se reporta à eliminação do álcool baseada na diferença de sexos.

Embora sem explicação detalhada, estudos admitem que as mulheres eliminam o álcool de seus corpos numa razão 10 % maior que os homens.

Os estudos sobre as substâncias interferentes que podem ser detectadas pelo

“bafômetro” continuam sendo feitos em universidades estrangeiras e em Niterói, no CCIn do HUAP/UFF. Neste caso, a solução padrão de referência deve ser gasosa, reproduzindo a maioria dos gases expelidos pela pessoa durante o sopro.

A mistura de bebida alcoólica com outras drogas é muito difundida entre os jovens sendo na maioria dos casos a causadora dos muitos problemas, remetendo as pessoas aos seus níveis mais primitivos de personalidade, liberando seus instintos e diminuindo seus reflexos.

ÀLCOOL – (ETANOL; ÁLCOOL ETÍLICO) Características:

Hidro e lipossolúvel, sem valor nutritivo, apenas calórico (7,l cal/g)

Atividades farmacológicas:

Ações nos receptores e fluxos iônicos de:

(GABA) Cl-, NMDA, 5-HT, Ca ++, Efeitos Centrais e Periféricos:

Depressão e desinibição

Sensação de confiança, relaxamento e euforia Perda de raciocínio, memória e coordenação motora Perda de capacidade de julgamento

Diurese aumentada

Vasodilatação taquicardia e aumento da pressão arterial Estimulação de secreção gástrica e salivar

Alteração da motilidade intestinal com inflamação de mucosa Lesões gastro-esofágicas e de pâncreas

Redução da absorção e digestão de alimentos Conseqüência:

Desrespeito às normas sociais resultando em comportamento de risco Suscetibilidade:

Fatores constitucionais, genéticos, nutricionais e de tolerância.

Evolução de sinais e sintomas:

5,0 dg/L a 10,0 dg/L reduz a atenção e coordenação motora 10,0 dg/L a 20,0 dg/L ataxia e fala arrastada

20,0 dg/L a 30,0 dg/L estupor, anestesia e coma.

30,0 dg/L a 40,0 dg/L depressão respiratória perigosa ou letal Toxicocinética:

Absorção: 20% gástrica, em jejum (esvaziamento importante)

Metabolismo: 90 a 98% oxidado pela ADH em acetaldeído e após, em ácido acético – acético A (via ácido cítrico) + Citocr. P4502EI – 10ml/hj a 100% em pessoas não tolerantes.

Gravidez:

Síndrome Feto-Alcoólica podendo apresentar anomalias congênitas particularmente no primeiro trimestre.

Interações:

Aumenta a depressão provocada por compostos de ações semelhantes, provocando em geral estado de alerta alterado e hipotensão ortostática.

Anestésicos gerais, hiposedativos, ansiolíticos, opióides, antihistamínicos, antipsicóticos, miorrelaxantes centrais, anticonvulsivantes, anticolinérgicos de ação central e antihipertensivos.

Biodisponibilidade aumentada por:

AAS, cimetidina, verapamil, hipoglicemiantes orais, cetoconazol, anticoagulantes, fenitoína, rifampicina, propanolol, tolbutamina.

Aumenta a pressão arterial por interação com dihidroxifenilamina ou tiramina.

Efeitos Crônicos:

Reduz a absorção de aminoácidos, vitaminas e outras proteínas, podendo ocasionar:

desnutrição e disfunção pancreática, redução na absorção de glicose, tiamina, vitamina B12, ácido fólico, zinco, sódio, água e gorduras, podendo ocorrer anemia megaloblástica, trombocitopenia e neutropenia.

A redução da tiamina pode provocar encefalopatia de Wernicke (atrofia cerebral, oftalmoplegia e ataxia) levando à Korsakoff (amnésia seletiva, discognição, confabulação e polineuropatia).

3.4 CORRELAÇÃO SOBRE A QUANTIDADE DE ÁLCOOL NO SANGUE E

No documento PDF Sylvia Helena Mota Rabelo (páginas 32-37)