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RESULTADOS “IN VITRO”

No documento PDF Sylvia Helena Mota Rabelo (páginas 58-65)

5 RESULTADOS

reforça a opinião de que o produto deva ser utilizado somente como indicador, mesmo que sejam mantidas as condições de temperatura e umidade relativa do ar, no momento do teste.

O etiloteste utilizado para indicar o teor alcoólico na saliva se revelou como o mais impreciso, porque mostrou erros de no mínimo 50% do valor da solução na qual foram testados. Existe ainda um segundo ponto negativo, que é referente à coleta da saliva onde fica evidenciada apenas a quantidade de álcool que a pessoa possui na boca. O falso resultado também pode ser produzido por um simples bochecho com produtos que contenham álcool, mesmo que este não tenha sido ingerido.

Os etilômetros portáteis possuem diferentes tipos de sensores, tais como:

semicondutores, célula de combustão, infravermelho apresentando resultados numéricos, sujeitos à aprovação de modelo, verificação inicial e periódica e por isso necessitam preencher os requisitos estabelecidos pela Portaria INMETRO/DIMEL N° 06/2002, onde estão descritos os vários tipos de testes a que devem ser submetidos.

O sensor só conseguia manter a precisão nos resultados até o quinto teste positivo.

Conseqüentemente, todas as leituras feitas após um teste positivo eram feitas com solução padrão.Seus resultados eram comparados logo em seguida. Mesmo quando era completado o ciclo de teste com dez medições, geralmente no final do segundo ciclo alguns instrumentos já não respondiam.

Em muitos casos os instrumentos ou apresentavam valores numéricos menores no próximo teste ou ficavam totalmente inoperantes até sua total recuperação ocorrer, podendo levar de 16 a 24h.

Os etilômetros são de várias procedências, costumam ter custo muito alto e são classificados em dois tipos: portáteis e não portáteis, ou de bancada.

Os etilômetros de bancada, com sensor infravermelho, operam baseados no princípio de que se a amostra contiver álcool, a intensidade de luz que passa através da célula diminui, fazendo com que o decréscimo do sinal infravermelho, que alcança o detector, seja uma medida quantitativa da concentração dessa substância na amostra de ar. A câmara na qual a amostra foi introduzida possui fonte de luz infravermelha com um comprimento de onda selecionado. Este tipo com sensor infravermelho é mais fidedigno, mais caro e mais complexo em sua calibração e manuseio.

Foram feitos testes no banco de ensaios do LNE com todos os tipos de etilotestes e etilômetros, visando aprovação de modelo, segundo critérios da OIML R126 e ficou evidenciado que os etilômetros que utilizavam sensor infravermelho eram os mais confiáveis.

Os testes para aprovação de modelo tanto de etilotestes quanto de etilômetros começaram a ser feitos com base na legislação internacional e desse modo foram aprovados, provisoriamente, antes de janeiro de 2000, o que é mostrado no Quadro5.

FABRICANTE MODELO SENSOR TIPO PORT.

INMETRO/

DIMEL

Escala mg/l

LPC BAF-110 cel. eletro

química

portátil Nº100/1999 0,00 a 0,75 CMI Intoxilyzer

400

cel. eletro química

portátil Nº101/1999 0,00 a 0,75 P. DATTLER

DRÄGER

Alcotest 7410

cel. eletro química

portátil Nº102/1999 0,00 a 0,75 AGS CONTRALCO solução

química

descartável Nº103/1999 Linha em 6dl/L

sangue SITRAN

Intoximeters

Alco sensor IV

cel. eletro química

portátil Nº129/1999 0,00 a 0,75

SOIC RED LINE solução

química

descartável Nº22/2000 Linha em 6dl/L

sangue AGS

SERES

Seres 679-E infra verme lho

não portátil e portátil

Nº27/2000 0,00 a 2,00

Quadro 5 - Primeiros modelos aprovados provisoriamente até 2000, incluindo os etilotestes Fonte: INMETRO/DIMEL 1999

É importante dizer que muitos destes modelos, listados acima, constam da relação atual de modelos aprovados como Evidential Breath Tests (EBT) do Conforming Products Tests-(CPT), do (National Highway Traffic Safety Adiministration - NHTSA).

Como os modelos apresentados pelos fabricantes e importadores estavam sendo paulatinamente aprimorados, as aprovações de modelo foram feitas em caráter provisório através das Portarias INMETRO/DIMEL N º 100; N º 101; N º 102; Nº103 e Nº129/1999 que em 2001 foram alteradas pela Portaria INMETRO/DIMEL N º 067/2001 e N º 066/2001 que altera a Portaria INMETRO/DIMEL N º 027/2000, conforme mostra o Quadro 6, a seguir:

FABRICANTE (MARCA)

MODELO SENSOR TIPO PORTARIA INMETRO/

DIMEL

Escala Mg/l

LPC BAF-110 cel. Eletro

química

portátil N º 067/2001 0,00 a 0,75 CMI Intoxilyzer

400

cel. Eletro química

portátil N º 067/2001 0,00 a 0,75 P. DATTLER

DRÄGER

Alcotest 7410

cel. eletro química

portátil N º 067/2001 0,00 a 0,75 SITRAN

Intoximeters

Alco sensor IV

cel. eletro química

portátil N º 067/2001 0,00 a 0,75 AGS

SERES

Seres 679-E infra verme lho

portátil e não portátil

N.º 066/2001

0,00 a 2,00

Quadro 6 – Revisão dos Modelos Aprovados Provisoriamente até 2001, excluindo os etilotestes Fonte: INMETRO/DIMEL - 2001

A revisão dos modelos aprovados foi feita para atender a legislação vigente Portaria INMETRO N.º 006 /2002, e a OIML R126, que trata apenas de etilômetros portáteis e não portáteis, utilizados como prova criminal.

Em dados fornecidos recentemente pela Dimel, em fevereiro de 2004, apenas dois fabricantes e um importador (LPC, P. DATTLER e SITRAN - Intoximeters) continuam obtendo aprovações provisórias de modelo, tendo seus protótipos iniciais sido trocados por outros mais aperfeiçoados, cujas atuais portarias são: Portaria INMETRO/DIMEL Nº 158/2003; 168/2003 e 189/2003 respectivamente.

De acordo com a legislação brasileira (CTB), foram adotadas as seguintes condições para testar os etilotestes disponíveis no mercado nacional, conforme Quadro 7:

Tipo Volume soprado

concentração N tubos

Tempo de sopro

Volume morto

Resultados obtidos

RedLine 0,85L 0,200mg/L 15 10s 160ml Dos 15 testados apenas 20% estavam certos

RedLine 0,85L 0,400mg/L 15 10s 160ml Dos 15 testados apenas 6.6% estavam certos

CONTRALCO 1,3L 0,200mg/L 20 10s 160ml Dos 20 testados todos estavam corretos CONTRALCO 1,3L 0,400mg/L 20 10s 160ml Dos 20 testados 70%

estavam corretos

Quadro 7 - Condições de laboratório para testes com etilotestes

O banco de ensaios (simulador do pulmão) foi regulado nas seguintes condições:

Volume de ar soprado: 1,2L Concentração: 0,209mg/L Tempo de sopro: 10s Volume morto: 160ml

Temperatura do sopro: 34,2°C Temperatura ambiente: 20°C Umidade relativa do ar: < 65%

A temperatura do simulador do pulmão foi ajustada em 34,2ºC devido ao sopro produzido. A temperatura ambiente deve ser 20ºC e a umidade relativa do ar deve ser baixa (menor que 65%) para preservar a geléia e evitar mascaramento do resultado. Essa experiência mostrou quanto as variáveis podem influir no resultado final. No caso dos etilotestes ficou evidenciado sua fragilidade e imprecisão relativas à reação química processada nos tubos.

Marca Modelo Tipo Sensor Escala mg/l Portaria Observação

LPC BAF - 110 Portátil Célula

eletroquímica 0,00 a 0,75 100/1999

Alterada pela portaria INMETRO/DIMEL 067/2001

CMI Introxilezer Portátil Célula

eletroquímica 0,00 a 0,75 101/1999

Alterada pela portaria INMETRO/DIMEL 067/2001

DRAGER Alcotest 7410 Portátil Célula

eletroquímica 0,00 a 0,75 102/1999

Alterada pela portaria INMETRO/DIMEL 067/2001

INTOXIMETERS Alco-sensor IV Portátil Célula

eletroquímica 0,00 a 0,75 129/1999

Alterada pela portaria INMETRO/DIMEL 067/2001

SERES Seres 679-E Portátil e não

portátil Infravermelho 0,00 a 2,00 027/2000

Alterada pela portaria INMETRO/DIMEL 066/2001

SERES Seres 679-E Portátil e não

portátil Infravermelho 0,00 a 2,00 066/2001

Altera a portaria INMETRO/DIMEL 027/2000

LPC, CMI, DRAGER E INTOXIMETERS

Portáteis Célula

eletroquímica 0,00 a 0,75 067/2001

Altera as portarias 100/1999, 101/1999, 102/1999 e 129/1999

LPC Portátil Célula eletroquímica

CMI Não Portátil Infravermelho

DRAGER Portátil e não Portátil INTOXIMETRS

SERES

Quadro 8 – Relação dos modelos de Etilômetros aprovados provisoriamente até 2001

Nos anos 80, o etilômetro com sensor infravermelho começou a ser utilizado nos

Estados Unidos.

Dominada sua tecnologia, concluiu-se que estes instrumentos apresentavam resultados mais confiáveis e por isso o infravermelho era mais aconselhado para os baixos níveis de concentração de álcool, embora a utilização dos etilômetros inicialmente classificados como eletroquímicos, tivesse aumentado consideravelmente em países produtores tais como:

Estados Unidos, Canadá, Japão, Coréia, China e Alemanha espalhando-se por todos os outros países onde a legislação de trânsito local exigia seu uso. O motivo disto acontecer foi sua aplicação exclusiva para álcool, a linearidade apresentada e ter boa precisão em toda a escala além de ter baixo custo em relação ao sensor IR.

A medição da quantidade de álcool ingerido pela pessoa que está sendo examinada ocorre quando o ar alveolar passa pelo elemento sensor. Este é lido por um microprocessador, que por sua vez processa os dados enviados até encontrar o maior valor do álcool e o compara com valores que determinam a curva de calibração.

No etilômetro que tem como sensor a célula eletroquímica, a energia da reação do hidrogênio líquido com um oxidante é convertida direta e continuamente em sinal elétrico.

Aqui, o ar expelido é processado por um microprocessador que exibe o resultado na unidade em que for programado. No início deste trabalho era muito comum encontrar em operação, no mercado nacional, etilômetros portáteis apresentando resultados em mg/L ar, dg/L sangue e % BAC (Blood Alcohol Concentration). A partir do momento em que houve um regulamento técnico metrológico aprovado, o Inmetro passou a verificar apenas etilômetros que apresentam resultados em mg/L ar, conforme recomenda a OIML R126, da qual o Brasil é signatário.

No início de 1986, a Intoximeters começou suas pesquisas sobre os resultados obtidos nas medições com a célula de combustão. Essas pesquisas eram baseadas na suposição de que o sinal da célula de combustão mesmo que fosse o maior valor de intoxicação (peak value) deveria ser considerado utilizável. A saída integrada deveria conter informações suficientes, para que quando o sinal fosse propriamente analisado os efeitos de memória e a não linearidade do alto teor de álcool fossem minimizados.

Como já foi dito aqui, esse trabalho visava buscar maior confiabilidade nos resultados das medições obtidas com os modelos de etilômetros aprovados fossem eles de bancada ou portáteis.

O valor adotado nas medições de desempenho dos etilômetros em laboratório foi o valor limite permitido pelo CTB (0,60g/L) e a parcialidade do resultado obtido foi

demonstrada pelas quantidades iguais ou ligeiramente superiores a esse valor.

Com concentrações de álcool no sangue de até 15% acima do valor permitido ou seja, em torno de 0,69 g/L de álcool no sangue, verificou-se que 40 a 60% dos etilotestes ainda apresentavam valores negativos, não contribuindo efetivamente para o resultado exato da alcoolemia. Tais percentuais foram pouco alterados quando os voluntários apresentavam alcoolemia mais elevada (15 e 30min após o primeiro teste)

Valores extremos de alcoolemia foram encontrados quando os voluntários ingeriram 600ml ou 2400ml (2,4L) de cerveja, (lembrando que o conteúdo da lata de cerveja é 350ml) demonstrando que nesta faixa os etilotestes (descartáveis) poderiam ser considerados fidedignos.

No entanto, face à ambigüidade de resultados obtidos quando os voluntários ingeriram 1200ml de chope (valor médio de 0,85 mg/l de álcool no sangue), ficou evidenciado que quaisquer resultados positivos eram questionáveis, mas mesmo assim deveriam ser aplicados como indicadores do teor alcoólico, em abordagem inicial, na saída de festas e no trânsito, como uma prévia para o exame com o etilômetro ou com coleta de sangue.

Os resultados obtidos com os etilômetros eletroquímicos (Intoxilyzer e Intoximeters) e com o etilômetro portátil (SERES) foram compatíveis com os valores de referência de etanol encontrados no sangue e no ar expirado, utilizando-se o fluorímetro TDX e o equipamento padrão do LNE, respectivamente.

Exceção à regra para o aparelho LPC cujos valores foram discrepantes entre si e com o instrumento padrão. Erros da ordem de 37% ou seja, os desvios encontrados nos valores medidos apontaram que este aparelho possivelmente estivesse descalibrado.

O etilômetro de bancada (SERES), fabricado na França, sofreu uma pane durante a execução dos testes provavelmente porque a temperatura média ambiente era de 37,6ºC. Este fato evidenciou a inadequação do uso deste instrumento em países tropicais e subtropicais onde a temperatura no verão freqüentemente ultrapassa 40ºC.

Outro resultado relevante aparece na correlação entre o álcool no ar expirado e os valores reais da alcoolemia. Foi testada uma amostra piloto no LNE onde o fator de conversão médio do ar alveolar/sangue desta amostra piloto foi calculado em 2451:367 e não 2100:1 conforme preconizado pela literatura internacional e adotado por muitos países, incluindo o Brasil.

No documento PDF Sylvia Helena Mota Rabelo (páginas 58-65)