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Tendências dos assistentes sociais no campo: o entendimento das

No documento Universidade do Estado do Rio de Janeiro (páginas 85-107)

2.3. Tendências dos assistentes sociais no campo: o entendimento das

com a execução das atuais políticas sociais empresariais analisadas nos estudos já citados (Cardoso, 1996, César, 2000, Freire, 2003, entre outros).

Na particularidade do campo da construção civil, a sua competência profissional se afirma principalmente na busca de construir a confiabilidade e a adesão do trabalhador aos novos requisitos da gestão do processo de trabalho. Isto se dá devido a sua habilidade no trato com a camada social da qual a maioria dos trabalhadores da construção civil faz parte, apresentada no item 1.3. Este fato também é constatado em Freire (2003:159), no serviço da Instituição Patronal, por ela pesquisada. Assim, o assistente social atende, com essa habilidade, à demanda empresarial da reprodução social dos trabalhadores, além de maximizar as condições mínimas de trabalho, num processo educativo, ao nível de entendimento, desse trabalhador.

Sobre as tendências profissionais, verifica-se a distinção entre os assistentes sociais que trabalham nas empresas e as que trabalham nas entidades representativas dos trabalhadores. Nas primeiras, a tendência predominante é a do neoconservadorismo ou do conservadorismo humanista modernizado (conforme Netto, 1996:123, e Freire, 2003:237)., percorrendo os estágios dos “conservadores históricos a pós-modernos” (Netto, ibid:id). Na segunda, verificam-se sinais de transição para a ruptura (Freire, 2003).

O perfil das assistentes sociais das empresas da construção civil corresponde, de modo geral, às demandas para a sua atuação. Um profissional que tem técnica, sensibilidade, criatividade e iniciativa no desenvolvimento do seu trabalho, competência para responder ao mercado de trabalho, mas que apresenta uma analise superficial no entendimento da realidade atual do trabalho e também messiânica, como depoimento a seguir:

(...) eu tenho problema na escola de alfabetização, eu tenho uma escolinha de alfabetização aqui à noite que é sobre a minha responsabilidade, a professora no caso é ligada a mim, todos os acompanhamentos é comigo, então ela mesma vem assim chateada, “X”, [assistente social] ele estava começando a apreender a ler e tiraram ele da obra (...); então, todo um trabalho não tem seguimento. Então, você tem que ser imediatista na sua atuação nesse sentido. Eu falo assim: “D” [para a professora que lamentava a saída do operário], o importante é que ele já começou a ler, a conhecer o alfabeto, ele não tinha noção dessa luz do analfabeto, agora ele vai ter. E o que nós vamos fazer, a partir de agora, que ele vai ser transferido?

Orientar, sensibilizar, mostrar a importância de ele até ver uma escola perto da casa dele para freqüentar, que, quando ele não tinha esse tipo de informação, esse

tipo de motivação, esse tipo de sensibilização, essa pessoa, agora, ela tem a oportunidade de conhecer uma escola. (assistente social entrevistada).

A difusão do discurso da qualidade total, a questão da “responsabilidade social empresarial” e a necessidade de um bom relacionamento com a comunidade do entorno da obra, passam a ter um papel de relevo no processo de produção das construtoras. Essas novas expressões da política empresarial, transferem para o trabalhador a responsabilidade de um melhor desempenho e de uma maior produtividade, como tem se verificado historicamente, sob outras formas e discursos, porém, hoje, buscando o consentimento de modo mais sofisticado.

(...) essa forma de produção flexibilizada busca a adesão de fundo, por parte dos trabalhadores, que devem aceitar integralmente o projeto do capital. Procura-se uma forma de envolvimento manipulatório levado ao limite, onde o capital busca o consentimento e a adesão dos trabalhadores, dentro das empresas, para viabilizar um projeto que é aquele desenhado e concebido segundo os fundamentos exclusivos do capital. (Antunes, 1999:23).

Segundo Antunes (1999), com as mudanças no processo de produção do capital, a “falácia da qualidade”, através dos Círculos de Controle de Qualidade (CCQ), aprofunda ainda mais as condições de exploração do trabalho.

O despotismo torna-se então mesclado com a manipulação do trabalho, com o envolvimento dos trabalhadores, através de um processo ainda mais profundo de interiorização do trabalho alienado (estranho). O operário deve pensar e fazer pelo capital, o que aprofunda (ao invés de abrandar) a subordinação do trabalho ao capital. (ibid. idem: 24).

Nesse sentido, o entendimento do assistente social quanto a sua atuação neste campo se resume à realização de palestras para obtenção da série ISO 9000 e, conseqüentemente, na manutenção do seu emprego. Isto é agravado em função do seu vínculo empregatício, que é terceirizado, através de uma prestadora de serviços em atividades de recursos humanos.

A função do assistente social mudou . Logo que comecei a trabalhar, o assistente social estava voltado para a área de Bem-Estar Social do funcionário, ou seja, a parte de benefício. (...) hoje é assim, você tem que estar atento, dando treinamento, qualificando funcionários. O assistente social passou a ser um agente multiplicador. Então, no momento que eu recebo um treinamento para líder e liderados, eu posso dar esse treinamento sobre liderança. (...).

Nessa direção, a participação do assistente social em uma empresa de destaque do Rio de Janeiro se resume, predominantemente, na reprodução da

“cultura da qualidade”, com vistas a envolver os trabalhadores pelo estímulo mistificado da satisfação destes em trabalhar na ”sua” empresa. “Com a ISO 9000,

nós temos que cumprir essas normas. Então, já ”conscientizamos” 34 que os funcionários têm que entrar dentro do contexto da (...) [Empresa G]. (...) Aqui são todos (...) [Gezinhos]. (assistente social entrevistada)

Em conjunto com o técnico de Segurança e Medicina do Trabalho, essa profissional se responsabiliza por questões que envolvem a “organização, a utilização, a saúde, a limpeza e a auto-disciplina”, que constituem os sensos (5 S).

Esses profissionais reúnem um grupo de trabalhadores, que são incentivados para falar sobre o trabalho e desempenho, com vistas a uma melhor “imagem” da empresa. Isto ainda se dá sob a forma elitista de palestras, muito embora a assistente social as conduza em linguagem coloquial com os trabalhadores.

Dentro dessa integração, dessa motivação de qualidade de vida, [falo sobre] a importância de escovar os dentes. Aí, eu entro na escovação de dente, porque é importante. Eu falo: olha, ficou restinho de alimento; é a mesma coisa que uma casca de banana que ficou no chão. Porque tem que ser uma linguagem que eles entendam, que tenham compreensão. Porque, se você fala assim: é importante escovar os dentes, pois você não vai ter nenhuma cárie, aí ele não vai estar sabendo como é que essa cárie surge, através da falta de escovação, porque é muito importante a escovação dos dentes (...). (assistente social entrevistada).

Na pesquisa assinalada, a assistente social, ao ser questionada a quem beneficia o programa de qualidade e produtividade implementado dentro da construtora, expressa clara e ingenuamente o neoconservadorismo, acreditando na aparência do próprio discurso, apreendido no modelo da qualidade total:

Beneficia a todos. Principalmente o funcionário. (...) eu sinto, no momento em que ele está em treinamento, ele pelo menos (...) já passa a ter uma noção da importância do meio ambiente, da preservação do meio ambiente. Quando eu falo nas questões de higiene, porque eu falo dos cinco passos do programa de qualidade. O primeiro passo é organização, você manter tudo em ordem no seu lugar. O segundo, a utilização, mantendo no seu trabalho somente o que é útil e necessário. A saúde, [o terceiro passo], aí eu falo da prevenção. Organização, utilização, saúde, limpeza e autodisciplina35. (...).

Contudo, há uma referência calcada na realidade, nesse raciocínio uma vez que a situação extremamente precária, tanto de local de trabalho (a obra) como das condições de vida, torna esta atividade relativamente útil em relação ao ambiente e a comportamentos degradados, no uso de locais como banheiro e nos cuidados com o próprio corpo.

34 A expressão “conscientizar”, desde seu lançamento por Paulo Freire, nas décadas de 1960, vem se vulgarizando, no sentido de colocar outra idéias na mente dos usuários.

35 Os referidos passos correspondem aos 5 S (cinco esses), conforme expressa a continuidade do depoimento.

(...) Organização, utilização, saúde, limpeza e autodisciplina. Quando eu falo da limpeza, aí que eu abordo o dentista, eu abordo a limpeza do uniforme, a limpeza dos locais de onde ele trabalha, o respeito que ele tem com o banheiro que é comunitário, da limpeza de quando ele vem do canteiro: ele tem que lavar as mãos, lavar o rosto para receber os alimentos que ali tem bactérias, então são noções básicas, desse cliente que vem de lá de uma comunidade, um exemplo do Norte (...) [onde] não existia o banheiro. Inclusive, muitas vezes, nós temos aí, que tem vaso sanitário e eles não defecam no vazo sanitário, eles defecam do lado de fora.

O interesse da assistente social é tamanho que, ao ser questionada sobre a principal dificuldade apresentada para o seu trabalho, ela, superficialmente, culpabiliza o trabalhador. Porém, também divide tarefas, com premiação, como um educador behaviorista domesticadora.

É o usuário. É o trabalhador. Por mais que você faz, entendeu, chega até ser estressante, Foi agora entregue o banheiro todo bonitinho, aí vem: X! [assistente social entrevistada] Estava atravessando, ele mijando na porta do banheiro!. Eu falei, bom (...), vamos criar aí alguns agentes fiscalizadores dos banheiros, ele ganha um sabonete por semana, dele estar fazendo um trabalho educativo com o colega: ô não! (...) Cada semana um trabalhador fiscaliza um grupo de dez, para eles ganharem o prêmio (...). É igual ao cachorrinho: tocou sineta, vai molhar a boca na água, então vai comer alguma coisa. (...).

Nesse sentido, tem-se portanto, a expressão do empobrecimento do exercício profissional, na medida em que não são analisadas as repercussões das mudanças de gestão nas condições mais fundamentais de trabalho da classe trabalhadora deste campo: a flexibilização do trabalho, o crescimento das desigualdades salariais e, com isso, a conseqüente ampliação da precarização e degradação dos vínculos de trabalho e das condições de vida dos trabalhadores da construção civil.

O simples desenvolvimento dos programas de qualidade e a necessidade do profissional em ser eficiente junto ao mesmo, garantindo assim a sua

“empregabilidade”, faz com que não se estabeleça uma relação entre as demandas requisitadas pelo capital e as necessidades reais, estas potencializadas pelo conjunto de mudanças no setor.

Segundo Simionato (1999), assim como Mota (2000:25) e Freire, (2003), a compreensão das exigências dos sujeitos demandantes e o desvendamento das necessidades reais que as determina, conduz a uma exigência da ação profissional que transcende a demanda imediata, percebendo tais necessidades além desse aparente.

(...) a prática profissional, (...) reduzida ao atendimento imediato das demandas, mobiliza um suporte teórico bastante elementar, que permite apenas a elaboração de respostas restritas ao empírico, às situações postas pela imediaticidade cotidiana. Ao limitar-se a esse campo (contexto empírico), a análise não ultrapassa a aparência das demandas, impedindo a possibilidade de vinculá-las aos projetos sociais mais amplos. Para superar essa análise parcial da realidade, torna-se necessário que o assistente social detenha um conjunto de saberes que extrapole a realidade imediata e lhe proporcione apreender a dinâmica conjuntural e a correlação de forças manifesta ou oculta. Nesses termos, as demandas postas à profissão expressam um ‘conjunto de necessidades (políticas, sociais, materiais e culturais) que necessitam ser situadas na complexidade das transformações capitalistas contemporâneas. (ibid. 88).

Sob outra forma, as assistentes sociais ao realizarem suas ações profissionais em obras executadas pelo poder público, na maioria das vezes junto a programas como Favela Bairro e Bairrinho, exercem a função de um mero intermediador entre a empresa e a comunidade, mobilizando-a como sujeito coletivo, no interesse político de projetos, como na minha experiência anterior:

No complexo da Rocinha e na comunidade do morro do Vidigal, a qual estava bastante ligada a minha prática de estágio, o exercício profissional do Assistente Social se objetiva principalmente, na articulação das instituições e dos movimentos sociais existentes no âmbito das comunidades e, também, na mobilização comunitária para implantação de projetos e programas sociais. (Madureira, 1999:43).

Nas comunidades, o Assistente Social trabalha com as lideranças comunitárias e os moradores, com o objetivo de uma maior proximidade entre a construtora e a comunidade, facilitando o desenvolvimento das obras.

O Assistente Social, como representante social [da empresa], tem o papel de administrador e “controlador” de conflitos internos e externos. Tem a responsabilidade de intermediar, administrar e controlar os “males” que agridem o desenvolvimento da produtividade da obra, pois a redução da mesma gera desperdício e perda de capital investido (ibid).

Todas as abordagens realizadas nas empresas do campo empírico apontam que não existe uma discussão profunda sobre o interesse empresarial em estar desenvolvendo programas ou projetos nesta área.

Por outro lado, quando observamos o trabalho do Serviço Social nas instituições representativas dos trabalhadores da construção civil, vemos uma realidade diferenciada. Aqui, embora com lacunas, o processo de trabalho profissional assume um outro patamar no conjunto das relações de reprodução da força de trabalho.

Por outro lado, quando analisado o trabalho da assistente social de entidades representativas dos trabalhadores, verifica-se a tendência de transição, para a ruptura com o conservadorismo.

Os empreiteiros, eles estão atuando na produção em si, na construção, com servente de obra, com pedreiros, não tão com serviços especializados, externo àquela atividade que vem da empresa. (...). Na minha visão, seria nessas condições, tipo serviço auxiliar, nas atividades fim da empresa, que é a construção em si, o levantar paredes, lajes etc., eram os empregados das empresas, com responsabilidade com a empresa. Hoje em dia, não existe mais, você vem erguendo um muro, ao mesmo tempo um funcionário da empresa, um servente de obra, o outro o pedreiro, aquele que está auxiliando, não é mais da empresa. É do sub empreiteiro. E aí você começa a ter problema a partir daí, porque esse servente (...), subalterno ao pedreiro, na hierarquia deles, mas, por ele ser da empresa, de repente, a empresa oferece pra ele uma série de benefícios, um salário até maior, de repente, do que o pedreiro, que é o superior hierárquico dele, e aí geram contradições, conflitos que esses trabalhadores vão ter que evitar.

Problemas sem fim.

Ao dar continuidade ao seu depoimento, a assistente social da entidade representativa dos trabalhadores da construção civil expressa como responde às demandas da força de trabalho da construção civil:

(...) É que nós, por sermos trabalhadores, profissionais do “S” [entidade representativa dos trabalhadores], temos o dever de estar esclarecendo isso para os trabalhadores em todos os aspectos, não só na questão do âmbito trabalhista, da produção, mas todas as questões sociais também.

O seu exercício profissional é direcionado para o atendimento individual do trabalhador quanto à compreensão das garantias trabalhistas, da prevenção de doenças e da assistência à saúde.

Observa-se que a assistente social neste campo de atuação, tem uma maior compreensão sobre as inflexões das mudanças para o trabalhador. Tal tendência dessa assistente social é relacionada a instituição da qual faz parte. Ela é revelada pela capacidade de perceber e de mostrar as contradições e conflitos existentes nas relações de trabalho neste campo.

(...). O panorama que eu vejo hoje em dia é esse, principalmente uma confusão para a cabeça do operário, devido a esses conflitos. Aí é que você vê a questão da precarização do trabalho. O ator principal dessa perda é o trabalhador. É ele que vai sofrer com esses conflitos, é ele que vai trabalhar sem a garantia do emprego, muitas vezes sem a garantia de uma carteira assinada, sem benefícios nenhum. Pra empresa, inicialmente pode parecer como um ganho: ah, eu vou contratar uma empresa tal, então vou me livrar de encargos e impostos, isso tudo vai ficar a cargo dela; vou pagar um salário menor, não vou me preocupar com

benefícios. Mas isso vai aparecer em algum momento da produção, vai aparecer, e eu vejo isso de forma clara na produtividade dessas pessoas, há uma rotatividade muito grande.

Também este profissional, em face do mercado de trabalho, também vê as oportunidades que emergem com os novos padrões de relações e políticas de gestão do trabalho.

Na construção civil em geral, (...) as empresas estão chamando profissional para implementar programas de qualidade. Nessa questão, ou eles [os assistentes sociais] são responsáveis pela área de qualidade da empresa, dando palestra, sensibilizando as pessoas ou mesmo assessorando gerentes, as chefias (...). Eu vejo muito essa participação como assessor de determinadas áreas. Agora, o grande filão mesmo, que eu acho que o assistente social tem que estar se aproveitando, é essa questão da responsabilidade social das empresas. Como eu falei, cada vez mais isso vem sendo o diferencial competitivo e a gente vê, muitas vezes, como eu falei, vê profissionais de RH, administradores, executando projetos sociais, que muitas vezes poderiam e deveriam ser gerenciados por assistentes sociais. Eu acho que aí nós estamos perdendo um pouco de terreno, um pouco não, eu digo, muito terreno, eu acho que é um filão mesmo para o Serviço Social.

Neste sentido, a formação profissional adquire um peso privilegiado para a inserção e manutenção do Serviço Social na indústria da construção civil, inclusive para trabalhar eticamente, explorando esse espaço contraditório. O que se presencia, hoje, neste campo, é, principalmente, lacuna de estudos sobre o setor. 36

(...) Eu sinto isso da academia e, não sei, acho que preconceito é uma palavra muito forte, mas não sei se é ainda a falta de estudo nessa questão da construção, não sei de que forma isso podia ser utilizado, de forma mais gradual (...). Nem pela parte da construção, mas por parte da empresa de modo geral, que é um contexto mais amplo. Então, eu sinto falta de estar buscando, da academia estar me respaldando. Quis fazer um curso pra me aperfeiçoar nessa área empresarial, mas alguma coisa voltada para o Serviço Social, eu não consegui pensar em nada na nossa área. Ou você faz uma pós de política social, ou de saúde, de gênero, e aí eu fui para a área de recursos humanos, mas, por outro lado, era uma coisa muito burocrática, muito administrativa. Eu consegui fazer esse contrapondo, mas também não era aquilo que eu estava buscando. Até agora, eu não consegui um respaldo para o meu aperfeiçoamento profissional, aí eu estou buscando isso, talvez eu consiga, não sei. Já pensei no mestrado. (...) Mas aí vem essa questão também, que é a falta de estudo, a falta de investigação nessa área da construção civil. É complicado. O que eu mais sinto necessidade no momento é isso. Ter a sombra de minhas dificuldades profissionais. E eu não encontro respostas nos campos de atuação. Minhas dúvidas não são respondidas. Quando eu sento com

36 Contudo, ainda se trata de uma percepção ao nível do imediato, uma vez que, o conhecimento maior de análise da realidade, possibilita o entendimento de qualquer campo, uma vez que captar as particularidades e suas trajetórias fazem parte desse processo.

pessoas da área da saúde, as angústias deles são umas e as minhas são outras, diferentes das minhas, e assim vai.

Sendo assim, pode-se concluir que, na indústria da construção civil, do número de assistentes sociais existentes no município do Rio de Janeiro apenas os profissionais atuantes em entidades representativas dos trabalhadores deste setor buscam dimensionar a sua prática profissional numa busca de ruptura com o conservadorismo, construindo algumas alternativas de trabalho no sentido de efetivar o projeto ético-político do Serviço Social.

Por estarem inseridos num contexto favorável a defesa dos direitos e das condições de trabalho e vida do trabalhador e também pela sua formação profissional, 37 são capazes de construir estratégias técnico-operativas para o seu exercício profissional.

(...) a preocupação maior é com o trabalhador. Com as condições de vida do trabalhador. O discurso, muitas vezes, vai ter que sofrer uma alteração em termos da empresa, muitas vezes em termos do sindicato, também. Mas a preocupação central é com a vida do trabalhador, a gente atua nas condições psicossociais, trabalhistas etc., mas o que importa é a vida do trabalhador. Então eu acho que me enquadro na perspectiva do marxismo (...), o trabalho direcionado à classe dos trabalhadores.

É importante observar o limite quando essa profissional se refere às condições psicossociais, sobressaindo a lacuna do sócio-político em relação ao trabalho do assistente social, mesmo em uma entidade representativa dos trabalhadores.

Assim, até mesmo as assistentes sociais das entidades representativas dos trabalhadores, numa característica da tendência de transição (conforme Freire, 2003:237) revelaram fragilidades, junto com a consciência da necessidade de estudo, infelizmente não encontrado no curso buscado nem localizado adequadamente, conforme mencionado anteriormente.

Portanto, pode-se afirmar que, no atual contexto, a atuação profissional está desvinculada de uma necessária fundamentação teórico-metodológica sobre a realidade na qual atuam os assistentes sociais em geral. Tal evidencia indica a necessidade de uma atenção maior das universidades sobre este campo, assim como ofertas de assessoria e treinamentos (conforme Vasconcelos, 1998 e Freire, 2003).

37 No caso, o assistente social do sindicato dos trabalhadores é graduada pela UERJ, em 1999, indicando uma formação mais avançada, ou seja, trazia referências críticas sobre as relações de trabalho.

No documento Universidade do Estado do Rio de Janeiro (páginas 85-107)