R e v is t a d a S o c ie d a d e B r as ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic al 2 8 ( 3 ) : 2 0 5 - 2 1 0 , ju l- s e t , 1 9 9 5 .
ESTUD O RETRO SPECTIV O D E LA TRO D ECTISM O NA BA HIA , BRA SIL
R ejân e M aria Iira-d a-S ilv a, G raciela Brig e M atos, R o n ey O rism ar S am p aio e T ania B raz il N unes
O t r a b a l h o a p r e s e n t a u m e s t u d o r e t r o s p e c t iv o d e s e t e n t a e s e t e c a s o s d e lat r o d e c t is m o n o E s t ad o d a B a h i a , B r as il, d e ag o s t o d e 1 9 8 0 a j u l h o d e 1 9 9 0 . O s d a d o s f o r a m le v a n t ad o s n o s liv r o s d e r e g is t r o e ar q u iv o d e f i c h a s d o CIA V E. O ag e n t e e t io ló g ic o e m 2 8 % d o s a c id e n t e s a r a c n í d e o s f o i a e s p é c ie L. curacaviensis e a m a i o r i n c i d ê n c i a f o i r e g is t r ad a n o m e io u r b a n o ( 5 7 % ) , e m in d iv íd u o s d o s e x o m a s c u lin o ( 7 0 % ) e f a i x a e t ã r i a d e 1 0 a 2 9 a n o s ( 5 8 % ) . O s p r in c ip a is s in ais lo c ais f o r a m d o r ( 5 6 % ) , p ã p u l a e r it e m at o s a ( 2 1 % ) e e d e m a d is c r e t o ( 1 7 % ) , e o s s is t ê m ic o s f o r a m d o r e m m e m b r o s in fe r io r e s ( 2 9 % ) , t r e m o r e s e c o n t r at u r as ( 2 9 % ) , s u d o r e s e ( 2 8 % ) p a r e s t e s ia e m m e m b r o s ( 2 1 % ) e d o r a b d o m i n a l ( 1 7 % ) . O t r at am e n t o f o i s in t o m át ic o e m 6 7 % d o s c a s o s e e s p e c ífic o e m 2 1 % . O t e m p o d e p e r m a n ê n c i a h o s p it a la r a p ó s o u s o d o s o r o an t ilat r o d e c t u s f o i m e n o r q u e 2 4 h o r a s e m 6 4 % d o s c as o s .
P alav r as - c h av e s : L at r o d e c t is m o . Latrodectus curacaviensis. E s t ad o d a B a h i a .
Designa-se com o nome latrodectismo os acidentes causados no homem pela picada
d as aran h as d o g ê n e ro L a t r o d e c t u s
(Walckenaer,1805) com quadro sintomático tão típico e definido que permite considerá-los co mo uma entidade clínica18.
O gênero L a t r o d e c t u s distribui-se
amplamente nas zonas tropicais e subtropicais do globo. Somente três espécies deste gênero
o correm no Brasil, L . g e o m e t r i c u s (Koch,
1841), L . m a c t a n s (M üller, 1805) e L.
c u r a c a v i e n s i s (Müller, 1776). Esta última,
ocorre desde o Canadá até a Patagônia e no Brasil, ao longo da costa4. No Estado da Bahia é enco ntrad a nas reg iõ es no rte, centro - no rte e sul515. No entanto, esta distribuição provavelmente é muito mais ampla, já que faltam dados de outras localidades do Estado.
A oco rrência do latrodectismo tem sido relatada na maioria dos países tropicais e subtropicais, desde a antiguidade1 246 10 11 12 13 16 17
Lab o rató rio d e A nim ais Peço n h en to s, D ep artam en to de
2o o lo g ia, In stitu to d e Biolo gia, U niversid ade Fed eral da
Bah ia e C en tro d e In f o rm açõ es A n tiv en en o d a Bahia
(CIA V E) Sanvador, BA .
E n d e re ç o p a ra co rre s p o nd ência '. P ro f . R ejâne M aria
Lira-da-Silva. Lab o rató rio d e A nim ais Pe ço n h e n to s , D ep t” de
Z o o lo gia, In stitu to d e Biolo gia, U niversid ad e Fed eral da
Bah ia, C am p u s U n iv ers itário d e O n d in a, 4 0 1 7 0 - 2 1 0 ,
Salvador, Bahia, Brasil.
T el: ( 0 7 1 ) 2 4 7 - 3 7 4 4 ; Fax: ( 0 7 1 ) 2 4 5 - 6 9 0 9 .
R eceb id o p ara p u b licação em 2 5 / 0 7 / 9 4 .
19 20. O primeiro relato de acidentes por viúva- negra no Brasil foi feito em 1948 po r Machado8 no estado do Rio de Janeiro , sem o registro do agente etio ló gico . Posteriormente, fo ram assinalados casos, na década de 60 nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói, e mais recentemente (1990), na cidade de Agudos (SP)3. Na Bahia, em 1985 Rodrigues & Nunes16 apresentaram o primeiro caso comprovado de latrodectismo no País e em 1988, Araújo &
Souza1 realizaram um estudo clínico
comparativo dos acidentes.
O objetivo deste trabalho fo i demonstrar a
o co rrência de acid entes po r L a t r o d e c t u s
c u r a c a v i e n s i s no Estado da Bahia, Brasil no
período de agosto de 1980 a julho de 1990 e estabelecer as diferenças entre o s caso s tratados com sintomáticos e os tratados com a
soroterapia específica, no que di2 respeito à
permanência hospitalar.
MATERIAL E M ÉTODOS
Os dados dos caso s de latro dectismo reg istrad o s no Estad o da Bah ia, de agosto/ l980 a julho/ l990, foram levantados nos livros de registro do Centro de Informações Antiveneno da Bahia (CIAVE) e, posteriormente, revisados no seu arquivo de fichas. De setenta e sete casos (77), foram localizadas cinqüenta e duas (52) fichas em arquivo, das quais obtiveram-se os dados de observação e evolução clínica, preenchidas na emergência do Hospital Central Roberto Santos
L ir a- d a- S ilv a RM , M at o s G B, S am p a io RO , N u n e s TB. E s t u d o r e t r o s p e c t iv o d e lat r o d e c t is m o n a B a h i a , B r as il. R e v is t a d a S o c ie d a d e B r as ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic al 2 8 :2 0 5 - 2 1 0 , ju l- s e t , 1 9 9 5 .
(HCRS) onde os pacientes foram assistidos. Para o caso clínico descrito foi utilizado também o prontuário médico do HCRS.
As info rm açõ es, que co nstam do livro d e registro são: data de so licitação de atendimento ao CIAVE/ BA, local do acidente, idade e sexo dos pacientes e uso do soro.
As aranhas causadoras dos acidentes referidas neste trabalho foram identificadas pelo Laboratório de Animais Peçonhento s da Universidade Federal da Bahia (LAP/ UFBA).
O soro antilatrodectus (SALAT) utilizado no tratamento dos pacientes foi proveniente do Instituto Malbran (Argentina).
Foram co nsid erad o s caso s prováveis aqueles cujos agentes etiológicos não foram identificados, embora apresentassem sintomas compatíveis com o latrodectismo.
RESULTADOS
O latrodectismo foi identificado em 28% (77) dos casos araneídicos (277), dos quais 21% fo ram co mpro vado s pelo agente etiológico, L at r o d e c t u s c u r ac av ie n s is (Figura
1
).F ig u ra 1 - F ê m e a d e Latrod ectus cu racav ien sis .A gent e et io ló gico d o ca s o clín ico des crit o .
A distribuição geográfica de latrodectismo na Bahia demonstra maior incidência nas regiões Metropolitana de Salvador, Centro- Norte e Nordeste (Figura 2).
A maio r freqüência de acidentes foi registrada na área urbana (57%), em ambientes peridomiciliares, e em pacientes que estavam dormindo dentro de suas casas. Os meses de dezembro, fevereiro, março, abril e maio
apresentaram a maior casuística (Figura 3), observando-se uma diferença marcante, entre os casos do sexo masculino (70%) e feminino (30% ). O maior número de caso s fico u concentrado na faixa etária entre 10 e 29 anos (58%) sem registro de acidentes com crianças abaixo de um ano.
Fig u ra 2 - D is t rib uiçã o g e o g rá f i c a d e lat ro dect is m o na B a h ia .
Os principais sinais lo cais o bservados foram: dor (56%), pápula eritematosa (21%), edema discreto (17% ) e sudoresa (13%). Nenhum dos pacientes apresentou quadro
local de maior magnitude ao exame clínico. O s
sistêmicos caracterizaram-se por: dor em membros inferiores (MMII) (29%), tremores e contraturas (29% ), sudorese generalizada (28%), parestesia em membros superiores (MMSS) e/ ou MMII (21%) e dor abdominal (17%) (Tabela 1), Não foi registrado ó bito no período.
O tratamento utilizado foi sintomático em 67% dos pacientes e em 21% foi o soro antilatrodectus (SALAT) (Figura 4). O tempo de permanência hospitalar após o uso do SALAT foi menor que 24 horas em 64% dos casos.
D escrição de um caso clín ico p o r
L at ro dect us cura ca v iens is
Lirq- da- Silv a RM, M atos GB, Sampaio RO, N unes TB. Estudo retrospectivo de latrodectismo tia Bahia, Brasil. Revista da So ciedade Brasileira d e M edicina Tropical 2 8 :2 0 5 - 2 1 0 , jul- set, 1995.
deu entrad a em 28/ 04/ 90 na em ergência do HCRS às 12-.55h, co m história d e ter sido p icad o há cerca d e 1 ho ra p o r aranha d e no m e vulgar viúva-negra, que tro uxe co nsigo , send o id entificad a co m o Lat ro dect us curacav iensis
(Figura 1). A o exam e, o p aciente referiu dor lo cal e abd o m inal d e fo rte intensid ad e, m o stro u-se ag itad o , co m p erío d o s d e so no lência, gem ente, em regular estad o geral, afebril, taq uip néico , co rad o , anictérico , freqüência card íaca d e 120bp m e freqüência respirató ria d e 28ipm. O abd o m e apresentava- se rígid o, em tábua e extrem id ad es sem
2 0 7
L im - d a- S ilv a RM , M at o s G B, S am p a io RO , N u n e s TB. E s t u d o r e t r o s p e c t iv o d e lat r o d e c t is m o n a B a h i a , B r as il. R e v is t a d a S o c ie d a d e B r as ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic al 2 8 : 2 0 5 - 2 1 0 , ju l- s e t , 1 9 9 5 .
gluco nato de cálcio a 10% (2 ampolas, endovenoso, lentamente).
Segundo avaliação clínica posterior (no mesmo dia), o paciente apresentou edema
bipalpebral, temperatura de 37,8°C e
hipertonia generalizada. Continuou em uso do fenergam® (1/ 2 ampola, intramuscular), gluconato de cálcio a 10% (4ml diluído em lOOml de solução glicosada a 5% endovenoso) e diazepan (5mg diluído em 10ml de solução glicosada a 5%, endoveno so a cada 8 horas), este último fo i suspenso sem que a ficha do paciente indicasse a data da suspensão.
Em 29/ 04/ 90, às 10:30h, apresentava-se sonolento, pulso de 136bpm, temperatuía de 37,8°C, abdome rígido e doloroso à palpação. Às l4:50h, referiu fraqueza, cansaço e melhora das co ntraturas. À noite, a temperatura manteve-se em 37,8°C e foi administrado antitérmico.
Em 30/ 04/ 90, o paciente queixou-se de dores em MMII, principalmente nos pés, apresentava “fácies latrodectísmica”, abdome contraído, priapismo e freqüência cardíaca de 92bpm.
Em 01/ 05/ 90, fez uso do SALAT (trazido do Instituto Malbran, Argentina) po r volta das 19:00h, Em 02/ 05/ 90 às 8:50h apresentou febre, diarréia e dor abdominal (tipo có lica); às ll.-30h estava em bom estado geral e às 17:00h recebeu alta hospitalar.
DISCUSSÃO
Na região Metropolitana de Salvador, L.
c u r a c a v i e n s i s o co rre em cavid ades de
barrancos, embaixo de cascas de coco , de pedras, entre as folhas de plantas herbáceas, nos jardins ou no interior de residências9, divergindo das observações de Machado8 e Bucherl4, que afirmam que estas aranhas são encontradas em plantas na restinga das praias do Rio de Janeiro e Niterói.
A maio r percentagem dos acidentes procederam da Capital (57%), especialmente de áreas urbanizadas e o histórico dos casos estudados, evidenciou o hábito urbano e peridomiciliar dessa espécie, favorecendo a o corrência de acidentes, fato semelhante ao
observado para L. m ac t an s na América do
Norte10.
A freqüência máxima de acidentes ocorreu nos meses mais quentes (dezembro a maio) (Figura 3) correspondendo ao mesmo período de latrodectismo na Argentina714 e no Chile19.
Segundo Maretic11 a incid ência dos acidentes quanto ao sexo depende do hábito da aranha (rural ou doméstico) e do lo cal de trabalho da vítima. Realmente, a maio r frequência de acidentes em pacientes do sexo masculino (70%) e dentro da faixa etária 10-29 anos (58% ) sugere uma relação co m a
atividade exercid a pelo acidentado
(jardinagem, capinagem), embora Araújo & Souza1 não encontrassem para essa mesma região (Bahia) diferenças significativas quanto ao sexo, possivelmente devido ao número de casos estudados (cerca de 30). Relação semelhante fo i ' descrita para países do Mediterrâneo101113, Argentina714 e Chile19, onde o latrodectismo ocorre co m predominância em campos cultivados, com 70% a 80% dos acidentes atingindo o sexo masculino, mais exposto por trabalhos rurais (devido a precária mecanização da agricultura).
Os sinais locais caracterizaram-se por dor (56% ), pápula eritematosa (21% ), edema discreto (17%) e sudorese lo cal (13%), já
referidos por diversos autores1 4 1 14 15 para
acidentes por L at r o d e c t u s sul-americanas. Essa
semelhança é acentuada pela ausência de reaçõ es locais como área pálida demarcada por bordas avermelhadas/ azuladas, bolhas, edema, necro se cutânea e/ ou equimose,
encontradas nos acidentes por L at r o d e c t u s
européias1215.
Dos sintomas que caracterizam o quadro sistêmico, tanto os simpático-tônicos quanto os vago-tônicos14, podem ser evidenciados pelo quadro álgico (>56%), tremores e contraturas (29%) e sudorese generalizada (28%) (Tabela 1
).
A ausência de casos fatais constatada até hoje no Brasil, co incide com as o bservações de Maretic12 e Grisolia e cols7 nas regiões do Mediterrâneo (incluindo o Sul da Rússia, Israel e A fric a d o N o rte ) e A rg e n tin a, respectivamente. Casos fatais ocorreram no Chile (2,4% )19, Itália, Iugoslávia, e U.S.A. (4 a 6%)12. Estes registros reforçam a sugestão de Maretic12, que o modo de ação das toxinas de
L a t r o d e c t u s (refletid as nas m anifestações
clínicas) embora semelhante, varia em gravidade de acordo com as espécies.
L ir a- d a- S ilv a RM , M at o s G B, S am p a io RO , N u n e s TB. E s t u d o r e t r o s p e c t iv o d e lat r o d e c t is m o n a B a h i a , B r as il. R e v is t a d a S o c ie d a d e B r as ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic al 2 8 : 2 0 5 - 2 1 0 , ju l- s e t , 1 9 9 5 .
melhora dentro das primeiras três horas após sua administração; no entanto, a dificuldade na o btenção do soro obriga a busca de novos agentes terapêuticos de ação rápida e eficaz, co mo a administração de sais de cálcio,
clorpromazina, pro stigmina, hidratação,
cardioestimulantes, analgésicos, etc. Segundo Maretic12, o tratamento que mais tem demonstrado sucesso é o que utiliza o cálcio e o SALAT, especialm ente a administração conjunta de ambos. Grisolia e cols7 referem que 100% dos pacientes tratados com o SALAT, manifestou diminuição da sintomatologia uma hora após a sua aplicação, e recuperação quase total dentro de três horas. Em nossa casuística, dos 21% (11) dos pacientes que fizeram uso do SALAT, 64% teve alta hospitalar em menos de 24 horas, co ncordando com os
dados obtidos por Araújo & Souza1 na mesma
região . Os caso s tratados apenas com sintomático s, evoluíram mais lentamente; apesar disso, Bucharetchi3 refere que existem
divergências quanto à ind icação de
soroterapia, e que alguns autores têm recomendado sua aplicação somente em casos com intenso envolvimento sistêmico.
Consideramos que o critério tempo de permanência hospitalar total não é um bom parâmetro para avaliar a evolução dos casos tratados com soro específico, pois não sendo
dispo nível no Brasil, a permanência
prolongada do paciente no hospital decorre muitas vezes da demora do serviço em obter o soro de outros países.
C onclusão
Os dados demonstram até agora a Bahia co mo responsável pela maior casuística de acidentes por viúva-negra no Brasil, 77 casos no período de 1980 a 1990.
O agente etio ló gico do Latrodectismo na Bahia é a aranha L at r o d e c t u s c u r ac av ie n s is ,
enco ntrada freqüentem ente na região
urbanizada de Salvador e responsável pela maior freqüência de acidentes araneídicos (28%), no período de agosto de 1980 a julho de 1990. O período de maior freqüência dos acidentes compreende os meses de dezembro a maio.
O envenenamento produzido por esta aranha causa quadro clínico semelhante aos descritos na literatura, porém de leve a média gravidade, sem ocorrência de óbitos.
O número de acidentes registrados na região indica a necessid ad e imediata de disponibilidade do soro específico - SALAT - no Brasil, pois todos os autores concordam que os pacientes adequadamente tratados se recuperam em um período menor que 24 horas.
SUMMARY
T his w o r k is a r e t r o s p e c t iv e s t u d y o f lat r o d e c t is m in t h e S t at e o f B a h i a , B r az il, f r o m A u g u s t 1 9 8 0 to Ju l y 1 9 9 0 . T he d a t a c o n c e r n in g t h e ac c id e n t s w e r e o b t a i n e d f r o m f i l e c a r d s a t t h e A n t iv e n o m I n fo r m a t io n C e n t e r o f B a h i a ( A V IC B) . Latrodectus curacavienis w as t h e e t h io lo g ic a g e n t id e n t ifie d in 2 8 % o f t h e a r a c h n i d ac c id e n t s . T he m a j o r i n c id e n c e w as r e g is t e r e d in u r b a n a r e a ( 5 7 % ) affe c t in g m e n ( 7 0 % ) m o r e t h an w o m e n , w it h 1 0 to 2 9 y e a r - o l d a g e g r o u p ( 5 8 % ) . L o c a l p a i n ( 5 6 % ) , e r y t h e m a t o u s p a p u l a ( 2 9 % ) a n d lig h t o e d e m a ( 1 7 % ) w e r e t h e p r i n c i p a l l o c a l sy m p t o m s. P ain in t h e lim b s ( 2 9 % ) , t r e m o r a n d rig id it ie s ( 2 9 % ) , s w e at in g ( 2 8 % ) , lim b s a n d a r m s p a r e s t h e s ia ( 2 1 % ) a n d a b d o m i n a l p a i n ( 1 7 % ) w e r e s y s t e m ic o n e s . T he t r e a t m e n t w as m ain ly s y m p t o m at ic ( 6 7 % ) a n d an t iv e n in s e r u m w as u s e d in 2 1 % o f t h e c as e s . A ft e r s e r o t h e r ap y , 6 4 % o f t h e p at ie n t s le ft t h e h o s p it al w it hin les s t h an 2 4 ho u r s .
K e y - w o r d s : L a t r o d e c t i s m . L a tro d e ctu s curacaviensis. B a h i a State.
AGRADECIMENTOS
Os autores agrad ecem a valio sa
colaboração do Dr. Daniel Santos Rebouças e dos plantonistas do CIAVE pela coleta dos dados retrospectivos; À Fundação Banco do Brasil pelo suporte financeiro e a Fernando Daltro Júnio r pelas fotos.
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