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Política Cambial Brasileira

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Academic year: 2017

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(1)

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9LFH3UHVLGHQWHV

Carlos Ivan Simonsen Leal

Sergio Franklin Quint ella, Francisco Oswaldo Neves Dornelles e Marcos Cint ra Cavalcant e de Albuquerque

Armando Klabin, Carlos Albert o Pires de Carvalho e Albuquerque, Ernane Galvêas, José Luiz Miranda, Lindolpho de Carvalho Dias, Manoel Pio Correa Júnior, Marcílio Marques Moreira e Robert o Paulo Cezar de Andrade

Ant onio Mont eiro de Cast ro Filho, Crist iano Buarque Franco Net o, Eduardo Bapt ist a Vianna, Gilbert o Duart e Prado, Jacob Palis Júnior, José Ermírio de Moraes Net o, José Julio de Almeida Senna e Marcelo José Basílio de Souza Marinho

3UHVLGHQWH

9LFH3UHVLGHQWHV

9RJDLV

6XSOHQWHV

Carlos Albert o Lenz César Prot ásio

João Alf redo Dias Lins (Klabin Irmãos e Cia)

Alexandre Koch Torres de Assis, Angélica Moreira da Silva (Federação Brasileira de Bancos), Carlos Moacyr Gomes de Almeida, Edmundo Penna Barbosa da Silva, Eduardo Hit iro Nakao (IRB-Brasil Resseguros S.A), Fernando Pinheiro (Souza Cruz S.A), Heit or Chagas de Oliveira, Jacques Wagner (Est ado da Bahia), Jorge Gerdau Johannpet er (Gerdau S. A), Lázaro de Mello Brandão (Banco Bradesco S. A), Luiz Chor (Chozil Engenharia Lt da), Marcelo Serf at y, Marcio João de Andrade Fort es, Maurício Mat os Peixot o, Raquel Ferreira (Publicis Brasil Comunicação Lt da), Raul Calf at (Vot orant im Part icipações S.A), Ronaldo Mendonça Vilela (Sindicat o das Empresas de Seguros Privados, de Capit alização e de Resseguros no Est ado do Rio de Janeiro e do Espírit o Sant o) , Sandoval Carneiro Junior (CAPES – Coordenação de Aperf eiçoament o de Pessoal de Nível Superior) e Sérgio Ribeiro da Cost a Werlang

Aldo Floris, José Luiz Marques Lino (Cia. Vale do Rio Doce), Luiz Robert o Nasciment o Silva, Ney Coe de Oliveira, Nilson Teixeira (Banco deInvest iment os Crédit Suisse S.A), Olavo Mont eiro de Carvalho (Mont eiro Aranha Part icipações S.A), Pat rick de Larragoit i Lucas (Sul América Companhia Nacional de Seguros), Pedro Henrique Mariani Bit t encourt (Banco BBM S. A), Rui Barret o (Caf é Solúvel Brasília S. A) e Sérgio Lins Andrade (Andrade Gut ierrez S.A)

3UHVLGHQWH

9LFH3UHVLGHQWH

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6XSOHQWHV

QHFHVVDULDPHQWH D RSLQLmR GD )*9

Cesar Cunha Campos Ricardo Simonsen Ant ônio Carlos Kf ouri Aidar Francisco Eduardo Torres de Sá Sidnei Gonzalez

Sidnei Gonzalez Carlos August o Cost a Melina Bandeira Maria João Pessoa Macedo Teresa Borges Formas Consult oria

Elit za Bachvarova | Elvyn Marshall

Raphaela Aquino | Mariana Meirelles | Gabriela Cost a | Pet ruska Perrut

Dulado Design | www. dulado. com. br Gráfica Nova Brasileira

2. 000 exemplares

Banco de Imagem FGV Proj et os | www. shut t erst ock. com

Praia de Bot af ogo, 190, Rio de Janeiro – RJ, CEP 22250-900 ou Caixa Post al 62.591 CEP 22257-970, Tel (21) 3799-5498, www. f gv. br

Luiz Simões Lopes

Carlos Ivan Simonsen Leal

Sergio Franklin Quint ella, Francisco Oswaldo Neves Dornelles e Marcos Cint ra Cavalcant e de Albuquerque

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A import ância de um regime cambial

homogêneo ent re os países

0LQLVWUR *XLGR 0DQWHJD

Desvendando a t axa de câmbio

<RVKLDNL 1DNDQR

/XL] *RQ]DJD %HOOX]]R

46

22

Coordenação e persuasão int ernacional:

os novos desa

fi

os globais

5XEHQV 3HQKD &\VQH

43

Taxa de câmbio, doença holandesa e indust rialização

/XL] &DUORV %UHVVHU3HUHLUD

68

Uma polít ica cambial coraj osa

6HQDGRU (GXDUGR 6XSOLF\

Incent ivo ao debat e

&DUORV ,YDQ 6LPRQVHQ /HDO

38

34

Desindust rialização e poupança

6DPXHO 3HVV{D

Taxa de câmbio: uma variável, muit os problemas

0iUFLR +ROODQG

79

8 6

Uma visão empresarial sobre o câmbio

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7

modelo cambial adot ado no Brasil é f at or import ant e para est abilidade e

cres-ciment o econômico brasileiro. Nest e período pós-crise, marcado pelas alt

era-ções nas paridades cambiais, a preocupação com os rumos da economia

brasi-leira é inevit ável e com ela surge a pergunt a: quais os condicionant es da t axa de câmbio

e da polít ica cambial brasileira para 2010? Para esclarecer est a e out ras quest ões, a FGV

Proj et os organizou o seminário “ Perspect ivas da Taxa de Câmbio 2010” .

Aut oridades em economia, como o minist ro da Fazenda Guido Mant ega, o diret or da

Escola de Economia de São Paulo da Fundação Get ulio Vargas (EESP/ FGV), Yoshiaki Nakano,

o ex-minist ro da Fazenda e prof essor de economia e t eoria polít ica e social da Fundação

Get ulio Vargas (FGV), Luiz Carlos Bresser-Pereira, o diret or do Depart ament o de Relações

Int ernacionais e Comércio Ext erior da Federação das Indúst rias do Est ado de São Paulo (Fiesp), Robert o Giannet t i, e os economist as e prof essores da FGV Samuel Pessôa e Márcio

Holland, discorreram sobre a t axa de câmbio e suas perspect ivas.

Ao longo do seminário, cuj as conf erências est ão reunidas nest a edição do

Cader-nos FGV Proj et os, dados import ant es e considerações variadas sobre o cenário econômico

brasileiro e nossa t axa de câmbio f oram expost os. O minist ro da Fazenda, Guido Mant ega, ressalt ou as dificuldades enf rent adas pela economia brasileira devido à f alt a de um regime

cambial homogêneo ent re os países. A vant agem compet it iva da China sobre os mercados

do mundo é out ro f at or det erminant e para a desest abilização do cenário econômico,

se-gundo os especialist as. Com o\XDQat relado ao dólar, o produt o chinês ganha uma condição

única de compet it ividade.

Além das palest ras prof eridas no seminário, est a edição do Cadernos FGV Proj et os

t raz depoiment os do president e da FGV, Carlos Ivan Simonsen Leal, do senador Eduardo

Suplicy e de Rubens Cysne, diret or da Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação

Get ulio Vargas (EPGE/ FGV).

Ent revist as exclusivas com duas personalidades import ant es para a discussão em profundidade do t ema t ambém fazem part e dest e Caderno. A primeira ent revist a é com

Dennis Snower, president e do Kiel Inst it ut e for t he World Economy (IfW), da Alemanha, que

est eve recent ement e em visit a à FGV no Rio de Janeiro para debat er os rumos da economia

global. A segunda apresent a a visão de Luiz Gonzaga Belluzzo, professor t it ular de economia

da Universidade Est adual de Campinas (Unicamp). Esperamos, assim, que est a edição con-t ribua para o esclarecimencon-t o de quescon-t ões fundamencon-t ais sobre a con-t axa de câmbio no Brasil.

Boa leit ura!

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5(6802

Após o seminário “ Perspect ivas da Taxa

de Câmbio 2010” , a FGV Proj et os

pro-moveu uma palest ra com o prof essor Dennis Snower sobre os rumos da

econo-mia global. Na ocasião, f oi realizada est a

ent revist a exclusiva, na qual Snower

mos-t ra a sua visão sobre o desequilíbrio

cria-do pelo regime cambial da China e qual seria a solução para o problema. Discorre

t ambém sobre a necessidade de um

me-canismo que assegure aos países da zona

euro a manut enção da relação dívida/ PIB

em det erminado nível, e sugere que est e mecanismo sej a uma aut oridadefiscal

in-dependent e. Porfim, expõe a sua opinião

sobre como o Brasil deve reagir para t

or-nar seus produt os mais compet it ivos.

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$IWHU WKH VHPLQDU ´([FKDQJH 5DWH 3HU VSHFWLYHV µ )*9 3URMHWRV KRVWHG D OHFWXUH E\ 3URIHVVRU 'HQQLV 6QRZHU SHU WDLQLQJ WR JOREDO HFRQRP\ 5HFRUGHG RQ WKH RFFDVLRQ WKLV H[FOXVLYH LQWHUYLHZ H[ SUHVVHV 6QRZHUV YLHZV RQ WKH LPEDODQFH FUHDWHG E\ WKH &KLQHVH H[FKDQJH UDWH UH JLPH DQG ZKDW WKH VROXWLRQ WR WKH SURE OHP PLJKW EH +H DOVR H[SRXQGV RQ WKH QHHG IRU D PHFKDQLVP WR HQVXUH WKDW WKH (XUR]RQH FRXQWULHV NHHS WKH GHEWWR*'3 UDWLR DW D FHUWDLQ OHYHO DQG VXJJHVWV WKDW WKLV PHFKDQLVP VKRXOG EH HVWDEOLVKHG WKURXJK DQ LQGHSHQGHQW ÀVFDO DXWKRULW\ 6QRZHU FRQFOXGHV E\ H[SRVLQJ KLV RSLQ LRQV RQ KRZ %UD]LO VKRXOG DFW LQ RUGHU WR PDNH LWV SURGXFWV PRUH FRPSHWLWLYH *UDGXDWHG LQ (FRQRPLFV IURP 2[IRUG

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RQ WKH JOREDO HFRQRP\ DV ZHOO DV RQ WKH

HIIHFWV RI JOREDOL]DWLRQ RQ ODERU PDUNHWV

,,&2 0 ,-7 1

Graduado em economia pela Oxf ord

Universit y, Reino Unido, e dout or em

economia pela Princet on Universit y, EUA.

É president e do Kiel Inst it ut e f or t he

World Economy (If W), Alemanha, prof essor

de economia da Christ ian-Albrecht

s-Universit ät (CAU), Alemanha, membro

do Global Agenda Council on Economic

Imbalances e do conselho do Cent re

f or Economic Policy Research (CEPR),

Reino Unido. Especialist a em economia

pública, t eoria macroeconômica e t eoria

microeconômica, Snower j á publicou livros

sobre economia global e t ambém sobre os

ef eit os da globalização no mercado

de t rabalho.

(10)

)*9 352-(726 2 PXQGR HVWi GLVFXWLQGR D JXHUUD GDV WD[DV GH FkPELR H JRVWDUtDPRV GH WHU VXDV LPSUHVV}HV VREUH HVVD TXHVWmR 'L]HP TXH RV FKLQHVHV HVWmR WUD YDQGR XP QRYR WLSR GH JXHUUD (P YH] GH SURWHFLR QLVPR VXEVtGLRV RX RXWUDV PHGLGDV D JXHUUD HVWi QDV WD[DV GH FkPELR 2 VU DFUHGLWD TXH H[LVWH XPD JXHUUD HP WRUQR GDV WD[DV GH FkPELR"

'HQQLV 6QRZHU - Eu não acho que haj a uma guerra de t axas de câmbio. Poderíamos f alar longament e sobre de-sequilíbrios globais e aj ust es de t axas de câmbio, mas

acho que t odos os lados nessa cont rovérsia sabem que,

se as t axas de câmbio se aj ust arem rapidament e em

qualquer direção, isso criaria grandes problemas para o

mundo. Assim, se o\XDQse valorizasse rapidament e, en-t ão o dólar provavelmenen-t e perderia paren-t e de sua posição

como moeda de reserva, e poderia ent rar em colapso.

Isso t eria ef eit os t erríveis sobre o sist emafinanceiro

glo-bal. Se os países começarem a f azer aj ust es nas t axas de

câmbio, como t em sido propost o nos Est ados Unidos, isso poderia iniciar uma guerra comercial. Acho que ninguém

iria querer isso. E não há nenhuma maneira óbvia de

con-t ornar rapidamencon-t e esse problema, porque a economia

chinesa ainda é muit o impulsionada pelas export ações e

a economia americana é muit o baseada no f at o de que

a América t em a moeda de reserva. A const elação at ual só f unciona se a China comprar muit os t ít ulos da dívida

americana, e mant iver sua moeda f raca. Assim, se

hou-ver qualquer aj ust e, ele levará t empo, t erá de ser muit o

gradual, caso cont rário t erá um processo desordenado

de reequilíbrio, que poderia levar a out ra crisefi nancei-ra. Ent ão, eu não vej o nenhuma maneira simples de sair

da sit uação at ual. Eu acho que t oda essa conversa de

guerras de t axas de câmbio est á mal explicada, porque

t odos os at ores principais que dela podem part icipar

sa-bem que os perigos est ão por t odos os lados.

)*9 352-(726 (YHU\ERG\ LV GLVFXVVLQJ WKH ZDU RQ H[FKDQJH UDWHV DQG ZH ZRXOG OLNH \RX WR FRPPHQW RQ WKH LVVXHV LQYROYHG 7KH\ VD\ WKH &KLQHVH DUH ZDJLQJ D ZDU RI D QHZ NLQG ,QVWHDG RI SURWHFWLRQLVP VXE VLGLHV RU WKH OLNH WKH ZDU LV RQ H[FKDQJH UDWHV 'R \RX EHOLHYH WKDW WKHUH LV D ZDU RQ H[FKDQJH UDWHV ULJKW QRZ"

(11)

)*9 352-(726 $OJXPDV SHVVRDV GL]HP TXH Mi H[LVWH XP GHVHTXLOtEULR FULDGR SRU HVWH UHJLPH TXH RV FKLQH VHV SURPRYHP HP UHODomR j WD[D GH FkPELR (VVH p XP DUJXPHQWR YiOLGR" (VVH GHVHTXLOtEULR p XPD DPHDoD"

'HQQLV 6QRZHU– Bem, o desequilíbrio é um grande pro-blema, mas você não pode resolver esse problema

ape-nas reaj ust ando as t axas de câmbio, pelas razões que

dei. Out ra f orma de colaborar para a solução seria at

ra-vés de aj ust es na economia real. Digamos, por exem-plo, se a China passasse a invest ir bast ant e na criação

de um est ado de bem-est ar social que proporcionasse

mais segurança a seus habit ant es, as pessoas t eriam de

poupar menos, e elas poderiam consumir mais. Isso seria

um grande passo para o reequilíbrio. Os americanos j á est ão dando um passo na direção do reequilíbrio, porque

as f amílias americanas est ão poupando muit o mais do

que ant es. Isso pode levá-los a uma f ase de baixo

cres-ciment o, por um longo período de t empo. E a China vai

precisar repensar seu modelo de cresciment o, porque, apesar de ela comercializar muit o com mercados

emer-gent es, ao examinar t odos os ef eit os diret os e indiret os,

conclui-se que a China ainda t em uma dependência

ra-zoavelment e f ort e do cresciment o de países indust

riali-zados avançados. Se esse cresciment o vai ser menor após a crise, como t em sido at é agora, ent ão, mais cedo ou

mais t arde, esse f at o vai at ingir a China, e ela t erá de

se aj ust ar. E como ela f ará isso? Como ela se moverá de

uma economia muit o baseada na export ação para uma

mais dirigida ao mercado int erno? Ainda é uma quest ão

em abert o.

)*9 352-(726 6RPH SHRSOH VD\ WKHUH LV

DOUHDG\ DQ LPEDODQFH FUHDWHG E\ WKLV UH JLPH WKDW WKH &KLQHVH SXW WRJHWKHU LQ UHOD WLRQ WR WKH H[FKDQJH UDWH ,V WKLV DQ DUJX PHQW" ,V WKLV LPEDODQFH D WKUHDW"

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(12)

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'HQQLV 6QRZHU- O regime cambial t eria de se adapt ar lent ament e, para não provocar um grande dano. E, se

ocorresse t al aj ust e, provavelment e o dólar iria gradual-ment e perder part e da sua condição de moeda de

reser-va. O euro iria ganhar com isso no longo prazo, se f osse

capaz de superar seus problemas at uais e encont rasse

uma maneira de compart ilhar riscos de f orma racional,

mas o mesmo ocorreria com out ras moedas. E, port an-t o, acho que não devemos ver na valorização do\XDQa

panaceia para resolver t odos os problemas de equilíbrio

de longo prazo.

)*9 352-(726 :KLFK PHDQV LQVWHDG RI

IROORZLQJ D ZDU RQ H[FKDQJH UDWHV \RX ZRXOG KDYH WR FKDQJH WKH ZD\ WKH FRXQ WULHV DUH GHYHORSLQJ &KLQD KDV WR FRQVXPH PRUH WKH 86 KDV WR VDYH PRUH $UH WKHUH SROLFLHV WKDW FDQ FRQWULEXWH WR WKLV"

(13)

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'HQQLV 6QRZHU- Sim, acho que sim. A grande deficiência no Trat ado de Maast richt f oi que as regras f oram criadas,

mas não se est abeleceu nenhum mecanismo para obrigar

o seu cumpriment o. Tal como nos acordos de não

pro-lif eração nuclear, que não f uncionam. É necessário um

mecanismo obrigat ório que assegure que os países man-t erão sua relação dívida/ PIB em um deman-t erminado nível.

O Trat ado de Maast richt diz que o máximo é 60%, o que

é razoável, mas esse limit e poderia subir para 90%, sem

maiores danos. Esse é o indicador import ant e, a dívida

em relação ao PIB. OsGHÀFLWVsão menos import ant es. É preciso uma regra que permit a o uso doGHÀFLWpara

es-t imular a economia, quando se eses-t á numa recessão e, ao

mesmo t empo, se aproxime sempre da relação dívida/

PIB de longo prazo.

)*9 352-(726 'XULQJ \RXU VSHHFK DW )*9 ´%UD]LO (XURSH DQG WKH *OREDO (FRQRP\µ \RX VDLG LW FDQ EH KDUPIXO IRU DQ\ FRXQ WU\ WR SXOO RXW RI WKH HXUR RQFH LW KDV HP EDUNHG RQ LW 2Q WKH RWKHU KDQG LQ WKH ORQJ UXQ *HUPDQ\ LV VHHQ ZLWK SURGXFWLYLW\ JDLQV KLJKHU WKDQ RWKHU FRXQWULHV ZKLFK FDQ OHDG WR DQ HYHQ JUHDWHU VKDUH RI *HU PDQ\ LQ WKH H[SRUWV WR WKHVH FRXQWULHV DQG WR WKH UHVW RI WKH ZRUOG 6R KRZ GR \RX VHH WKH HXUR LQ WKH ORQJ UXQ" 'R \RX VHH DQ\ WKUHDW LI ZH GRQ·W PDQDJH WR LQFUHDVH WKH VHW RI FULWHULD WKDW WKH FRXQWULHV KDYH WR PHHW" )RU LQVWDQFH WKH VL]H RI WKH GHÀ FLW 'R \RX KDYH LQ PLQG DQ\ PHFKDQLVP WR HQIRUFH WRWDO H[SHQGLWXUHV DQG WKH TXDO LW\ RI H[SHQGLWXUHV IRU HDFK FRXQWU\ LQ WKH HXUR ]RQH"

'HQQLV 6QRZHU²<HV , WKLQN VR 7KH ELJ GHÀ FLHQF\ LQ WKH 0DDVWULFKW 7UHDW\ ZDV WKDW UXOHV ZHUH FUHDWHG EXW WKHUH ZDV QR HQIRUFHPHQW PHFKDQLVP /LNH ZLWK QXFOHDU QRQSUROLIHUD WLRQ DJUHHPHQWV DQG WKDW GRHVQ·W ZRUN <RX QHHG DQ HQIRUFHPHQW PHFKDQLVP WKDW HQ VXUHV WKDW FRXQWULHV GR NHHS WKHLU GHEWWR *'3 UDWLR DW D FHUWDLQ OHYHO 7KH 0DDVWULFKW 7UHDW\ VWDWHV D PD[LPXP RI QRW XQUHD VRQDEOH EXW LW FRXOG JR XS WR ZLWKRXW D ORW RI KDUP 7KDW LV WKH LPSRUWDQW UDWLR GHEWWR*'3 'HÀFLWV DUH OHVV LPSRUWDQW <RX KDYH WR KDYH D GHÀFLW UXOH WKDW DOORZV \RX WR VWLPXODWH WKH HFRQRP\ ZKHQ \RX DUH LQ D UHFHVVLRQ DQG DW WKH VDPH WLPH DSSURDFK \RXU ORQJUXQ GHEWWR*'3 UDWLR

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)*9 352-(726 4XDO p D VXD SURSRVWD SDUD HVVH PHFDQLVPR"

'HQQLV 6QRZHU- Eu acho que precisamos de uma aut oridadefiscal, uma comissão, como precisamos de um banco cent ral independent e, cuj a t arefa seria dizer ao governo at é

que pont o poderiam ir osGHÀFLWVe osVXSHUDYLWV, em t odas as fases do ciclo econômico. Assim, o governo poderia dizer durant e uma recessão –“ Quero est imular a economia em

t ant o” – e, em seguida, essa comissão diria – “ Vá adiant e” . Depois, durant e um ERRP,

você t eria de fazer o opost o e gerar excedent es para que, ao longo do ciclo, a relação

dívida/ PIB se mant enha const ant e no nível desej ado. E isso resolveria o problema.

)*9 352-(726 4XDQGR VH ROKD SDUD D GLVFXVVmR VREUH D FULVH QD (XURSD Mi VH Yr TXH VH KRXYHU XPD PRHGD FRPXP p SUHFLVR H[LVWLU XP SRGHU SROtWLFR FR PXP 3RU H[HPSOR VH RV (8$ WrP XP SUREOHPD QR $ODEDPD R SDtV GLUHFLRQD VXD DMXGD SDUD R $ODEDPD 4XDQGR D *UpFLD HQWURX HP FULVH D $QJHOD 0HUNHO p TXHP IRL REULJDGD D DMXGDU

'HQQLV 6QRZHU- Se t ivéssemos essa aut o-ridadefiscal no lugar, você não precisaria

que os países se aj udassem uns aos

ou-t ros, porque a auou-t oridadefiscal iria asse-gurar que cada país t ivesse uma polít ica

fiscal responsável.

)*9 352-(726 :KDW LV \RXU SURSRVDO IRU WKLV HQIRUFHPHQW PHFKDQLVP"

'HQQLV 6QRZHU², WKLQN WKDW ZH QHHG D ÀVFDO DXWKRULW\ OLNH ZH QHHG DQ LQGHSHQGHQW FHQWUDO EDQN ZKRVH MRE LW LV WR WHOO WKH JRYHUQPHQW KRZ KLJK LWV GHÀFLWV DQG VXUSOXVHV FDQ EH LQ HYHU\ VWDJH RI WKH F\FOH 6R WKH JRYHUQPHQW FDQ VD\ LQ WKH UHFHVVLRQ ´, ZDQW WR VWLPXODWH WKH HFRQRP\ WKLV PXFKµ DQG WKHQ WKLV FRPPLVVLRQ VD\V ´)LQHµ 7KHQ LQ D ERRP \RX·OO KDYH WR GR WKH RSSRVLWH DQG JHQHUDWH VXUSOXVHV VR WKDW RYHU WKH F\FOH WKH GHEWWR*'3 UDWLR UHPDLQV FRQVWDQW DW WKH GHVLUHG OHYHO $QG WKDW ZRXOG VROYH WKH SUREOHP

)*9 352-(726 ,I \RX ORRN DW WKH GLVFXVVLRQ RYHU WKH FULVHV LQ (X URSH \RX DOUHDG\ VHH WKDW LI \RX KDYH D FRPPRQ FXUUHQF\ \RX KDYH WR KDYH D FRPPRQ SROLWLFDO SRZHU )RU LQVWDQFH LI WKH 86 KDV D SUREOHP LQ $ODEDPD WKH FRXQWU\ JRHV DQG WDUJHWV KHOS WR $ODEDPD :KHQ *UHHFH ZHQW RQ FULVLV $QJHOD 0HUNHO ZDV IRUFHG WR KHOS

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)*9 352-(726 2 VU HVWi VHQGR PXLWR FRUDMRVR DR GL ]HU DRV SDtVHV TXH ´6LP YRFrV WrP GH VH VXEPHWHU D LVWRµ

'HQQLV 6QRZHU- Isso mesmo! Dessa maneira, o governo cont inuaria t endo t odo o poder que t em hoj e. Poderia alocar seus gast os e impost os da maneira que lhe

aprou-ver, com uma exceção – não t eria o poder de f azer uma

polít icafiscal irresponsável, ou sej a, uma polít icafiscal

que, no longo prazo, aument a a dívida. Assim, seria

mui-t o esmui-t ranho que um governo dissesse – “ Quero o direimui-t o de t er uma polít icafiscal irresponsável” .

)*9 352-(726 2 TXH R VU GHÀQH FRPR XPD ´SROtWLFD ÀVFDO LUUHVSRQViYHOµ"

'HQQLV 6QRZHU - Uma “ polít ica fiscal irresponsável” é uma polít icafiscal que leva a um aument o da dívida em

relação ao PIB no longo prazo. A t endência de aumen-t o na dívida/ PIB é que é “ políaumen-t icafiscal irresponsável” ,

porque isso levafinalment e a t axas de j uros mais alt as e

menor cresciment o econômico.

)*9 352-(726 <RX DUH EHLQJ YHU\ EUDYH LQ VD\LQJ WKDW ´2. \RX KDYH WR VXEPLW WR WKLVµ

'HQQLV 6QRZHU²7KDW·V ULJKW 6R WKH JRYHUQ PHQW ZRXOG KDYH HYHU\ SRZHU LW KDV QRZ ,W FRXOG DOORFDWH LWV H[SHQGLWXUHV DQG LWV WD[HV LQ DQ\ ZD\ LW OLNHV H[FHSW LW ZRXOG QRW KDYH WKH SRZHU WR KDYH LUUHVSRQVLEOH ÀVFDO SROLF\ WKDW LV ÀVFDO SROLF\ ZKLFK LQ WKH ORQJ UXQ LQFUHDVHV WKH GHEW 6R LW ZRXOG EH YHU\ RGG IRU D JRYHUQPHQW WR VD\ ´, ZDQW WKH ULJKW WR KDYH LUUHVSRQVLEOH ÀVFDO SROLF\µ

)*9 352-(726 :KDW GRHV ´LUUHVSRQVLEOH

ÀVFDO SROLF\µ PHDQ WR \RX"

'HQQLV 6QRZHU²´,UUHVSRQVLEOH ÀVFDO SROLF\µ LV ÀVFDO SROLF\ WKDW OHDGV WR D ORQJUXQ LQ FUHDVH LQ WKH GHEW UHODWLYH WR *'3 $ WUHQG RI LQFUHDVH LQ GHEWWR*'3 WKDW·V ´LUUHVSRQVL EOH ÀVFDO SROLF\µ EHFDXVH WKDW OHDGV WR KLJK HU LQWHUHVW UDWHV DQG ORZHU HFRQRPLF JURZWK

VH D &KLQD SDVVDVVH D LQYHVWLU EDVWDQWH

QD FULDomR GH XP HVWDGR GH EHPHVWDU VRFLDO

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ULD XP JUDQGH SDVVR SDUD R UHHTXLOtEULR

'HQQLV 6QRZHU

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)*9 352-(726 $ VXD SURSRVWD p EDVWDQWH RXVDGD SDUD XPD DXWRULGDGH ÀVFDO LQGHSHQGHQWH 7HULD GH WHU XPD DXWRULGDGH ÀVFDO HXURSHLD"

'HQQLV 6QRZHU - Não, não seria europeia. Poderia ser em âmbit o nacional. Cada governo nacional poderia t er

uma comissão independent e. Quando est ava na Turquia,

est e ano, o minist ro das Finanças da Turquia disse que

iria fazê-lo e você verá que, nos próximos meses, a

Tur-quia t erá uma lei que faz isso. E David Cameron, na In-glat erra, disse-me que, caso ele vencesse as eleições na

Grã-Bret anha, t ambém iria fazê-lo. Agora é só cobrá-lo.

)*9 352-(726 <RXU SURSRVDO LV YHU\ EROG IRU D ÀVFDO DXWKRULW\ :RXOG D (XURSHDQ ÀVFDO DXWKRULW\ EH QHFHVVDU\"

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)*9 352-(726 2 VU VXJHULULD D FULDomR GH XPD DXWRULGDGH LQGHSHQGHQWH VREUH D GtYLGD FRPR R %DQFR &HQWUDO" $ OHL EUDVLOHLUD GH UHVSRQVDELOLGDGH ÀVFDO DMXGRX PXL WR PDV R VU SURS}H XP SDVVR DOpP (VVD OHL VHPSUH IRL YLVWD FRPR XPD SROtWLFD UH SUHVVLYD SRUTXH HYLWD RV H[FHVVRV QRV HVWDGRV e XP DSHUIHLoRDPHQWR LQVWLWXFLRQDO"

'HQQLV 6QRZHU- Sim, j á t emos bancos cent rais independent es, e ninguém disse que a democracia est á chegando aofim por isso. Aj udaram a reduzir as t axas de j uros e assim

por diant e. O que proponho reduziria os prêmios de risco. Se a Grécia, por exemplo, t

i-vesse essa comissão, nós t eríamosVSUHDGVmuit o mais baixos nos seusVZDSVde crédit o.

)*9 352-(726 7DO OHL SRGHULD SDVVDU QD $OHPDQKD"

'HQQLV 6QRZHU- Bem, eu a sugeri para a Alemanha, e o minist ro das Finanças não gost ou. Mas é um processo longo. A Alemanha é um país onde as coisas t omam t empo. Mas as discussões em t odos os j ornais est ão cheias desse t ema. É uma grande discussão

na Alemanha.

)*9 352-(726 :RXOG \RX VXJJHVW D FUHDWLRQ RI DQ LQGHSHQGHQW GHEW DXWKRULW\ OLNH WKH &HQWUDO %DQN" 7KH %UD]LOLDQ ODZ IRU ÀVFDO UHVSRQVLELOLW\ KHOSHG D ORW EXW \RX VXJJHVW WDNLQJ D VWHS IXUWKHU :H DOZD\V FRQVLGHUHG WKLV ODZ DQ HQIRUFHPHQW SROLF\ EHFDXVH LW DYRLGV VWDWH·V H[FHVV ,V LW DQ LQVWLWXWLRQDO XSJUDGHU"

'HQQLV 6QRZHU²<HV ZH JRW LQGHSHQGHQW FHQWUDO EDQNV DQG QRERG\ VDLG GHPRFUDF\ LV FRPLQJ WR DQ HQG ,W KHOSHG WR UHGXFH WKH LQWHUHVW UDWHV DQG VR RQ 7KLV ZRXOG UHGXFH ULVN SUHPLD ,I *UHHFH IRU H[DPSOH KDG KDG VXFK D FRPPLVVLRQ ZH ZRXOG KDYH PXFK ORZHU VSUHDGV RQ LWV FUHGLW GHIDXOW VZDSV

)*9 352-(726 &RXOG VXFK D ODZ SDVV LQ *HUPDQ\"

'HQQLV 6QRZHU²:HOO , VXJJHVWHG LW IRU *HUPDQ\ EXW WKH )LQDQFH 0LQLVWHU GLGQ·W OLNH LW %XW LW·V D ORQJ SURFHVV *HUPDQ\ LV D FRXQWU\ ZKHUH WKLQJV WDNH D ZKLOH %XW WKH GLVFXVVLRQV LQ DOO WKH QHZVSDSHUV DUH IXOO RI WKLV ,W·V D ELJ GLVFXVVLRQ LQ *HUPDQ\

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)*9 352-(726 3DUD VH DSOLFDU XPD OHL FRPR HVWD PXLWRV SUREOHPDV WpFQLFRV WHUmR GH VHU UHVROYLGRV"

'HQQLV 6QRZHU- De maneira alguma. Tudo o que eu digo é que a comissão t em de ser independent e do governo. Ele nunca será capaz de est imar com perfeição o ciclo, mas, pelo menos, as est imat ivas serão independent es de influência polít ica. Isso é t udo o que

preciso. Precisamos de alguns especialist as sobre os moviment os dos ciclos de negócios,

como o NBER americano, para dizer onde est amos no ciclo. Ela nunca vai ser perfeit a,

mas ela vai ser independent e da polít ica.

)*9 352-(726 $ FRPLVVmR LUi GHÀQLU DV PHWDV RX D OHL"

'HQQLV 6QRZHU- Não, o governo é quem est abelece as met as. Tant o as met as de dí-vida/ PIB quant o as met as de como deve ser a polít icafiscal ant icíclica. E a comissão,

t udo o que ela faria seria o t rabalho realment e enfadonho de est imar em que posição

no ciclo est á a economia, e, em seguida, definir osGHÀFLWVeVXSHUDYLWVde modo a

ga-rant ir que, ao longo do ciclo, quaisquer que sej am as est imat ivas, a relação dívida/ PIB sej a const ant e.

)*9 352-(726 :LWK D ODZ OLNH WKLV DUH PDQ\ WHFKQLFDOLWLHV DUH JRLQJ WR FRPH XS"

'HQQLV 6QRZHU²1RW DW DOO $OO , VD\ LV WKH FRPPLVVLRQ KDV WR EH LQGHSHQGHQW RI WKH JRYHUQPHQW ,W ZLOO QHYHU EH DEOH WR HVWLPDWH WKH F\FOH SHUIHFWO\ EXW DW OHDVW WKH HVWLPDWHV ZLOO EH LQGHSHQGHQW RI SROLWLFDO LQÁXHQFH 7KDW·V DOO , QHHG :H QHHG VRPH H[SHUWV RQ EXVLQHVV F\FOH PRYHPHQWV OLNH WKH 1%(5 WR WHOO XV ZKHUH DUH ZH LQ WKH F\FOH ,W ZLOO QHYHU EH SHUIHFW EXW LW ZLOO EH LQGHSHQGHQW RI SROLWLFV

)*9 352-(726 :LOO WKH FRPPLVVLRQ VHW WKH WDUJHWV RU WKH ODZ"

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)*9 352-(726 (OD WHUi GH WHU D SDODYUD ÀQDO VREUH RV Q~PHURV TXH VHUmR HVWDEHOH FLGRV H HQWmR VHUi JDUDQWLGD SRU OHL"

'HQQLV 6QRZHU- Corret o! Sim!

)*9 352-(726 e FRPR XP EDQFR FHQWUDO LQGHSHQGHQWH

'HQQLV 6QRZHU- Isso mesmo. Precisament e.

)*9 352-(726 ,W ZLOO KDYH WR KDYH WKH ÀQDO ZRUG RYHU WKH QXPEHUV WKDW DUH VHW" $QG WKHQ LW ZLOO EH JXDUDQWHHG E\ ODZ"

'HQQLV 6QRZHU²&RUUHFW <HV

)*9 352-(726 ,W·V OLNH DQ LQGHSHQGHQW FHQWUDO EDQN"

'HQQLV 6QRZHU²<HV 3UHFLVHO\

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)*9 352-(726 4XDQGR VH WUDWD GH XP EDQFR FHQWUDO H[LVWH D RIHUWD GH PRHGD 0DV VH H[LVWHP OHLV FRPR DV GH VHJXULGDGH VRFLDO SRU H[HPSOR YRFr GLUi ´1mR YRX SDJDU HVVH GyODU GH VHJXULGDGH VRFLDOµ +i DOJXpP EDWHQGR j VXD SRUWD H Ki XPD OHL GH VHJXULGDGH VRFLDO TXH JDUDQWH D HVVD SHVVRD R GLUHLWR GH EDWHU j VXD SRU WD (QWmR HVVD FRPLVVmR WHULD GH WHU R SRGHU GH OLGDU FRP WRGDV DV OHLV TXH JHUDP HVVH SUREOHPD H GH DOWHUDU R RUoDPHQWR ÀVFDO"

'HQQLV 6QRZHU- Não, não. Eu acho que o que acont ece-ria é: o governo t em despesas discricionáece-rias e despesas

não discricionárias. Agora, o governo t erá de assegurar

que gerenciará seus gast os discricionários de f orma a

cumprir essa lei. Vou dizer como nós sent iríamos essa lei na vida real: você est á em umERRP, o país est á indo

muit o bem, as receit asfiscais est ão fluindo para o

go-verno. E, nesse moment o, t odos os minist érios dizem:

“ Temos de const ruir novas est radas, queremos mais ist o

e mais aquilo” . E o minist ro das Finanças responderia:

“ Sint o muit o! Nós não podemos f azer t udo isso, porque essa horrível comissão da dívida me disse que eu preciso

produzir umVXSHUDYLW” . É aí que se sent iria a “ mordida”

dessa lei, durant e oERRP.

)*9 352-(726 3RGHUtDPRV HQWmR FRQFRUGDU TXH HP YH] GR DMXVWH VH GDU DWUDYpV GH WD[DV GH FkPELR HOH RFRUUHULD DWUDYpV GD DGDSWDomR TXH RV SDtVHV IDULDP HP VHXV SURFHVVRV GH GHVHQYROYLPHQWR"

'HQQLV 6QRZHU- Cert o. Corret o. É isso aí. Concordo.

)*9 352-(726 :KHQ LW FRPHV WR FHQWUDO

EDQNLQJ \RX KDYH WKH PRQH\ VXSSO\ %XW LI WKHUH DUH ODZV VXFK DV WKH VRFLDO VHFX ULW\ ODZ DQG IRU LQVWDQFH \RX VD\ ´,·P QRW JRLQJ WR SD\ WKLV RQH GROODU LQ VRFLDO VHFXULW\µ 7KHUH LV VRPHERG\ NQRFNLQJ DW \RXU GRRU DQG WKHUH LV D VRFLDO VHFXULW\ ODZ WKDW JXDUDQWHHV WKLV SHUVRQ WKH ULJKW WR NQRFN RQ WKDW GRRU 6R WKLV FRPPLVVLRQ ZRXOG KDYH WR KDYH WKH SRZHU WR GHDO ZLWK DOO ODZV ZKLFK JHQHUDWH WKDW SUREOHP DQG FKDQJH WKH ÀVFDO EXGJHW"

'HQQLV 6QRZHU ² 1R QR QR QR , WKLQN ZKDW ZRXOG KDSSHQ LV WKDW WKH JRYHUQPHQW KDV GLVFUHWLRQDU\ H[SHQGLWXUHV DQG QRQGLV FUHWLRQDU\ H[SHQGLWXUHV $QG QRZ WKH JRY HUQPHQW ZLOO KDYH WR VHH WKDW LW PDQDJHV LWV GLVFUHWLRQDU\ H[SHQGLWXUHV LQ VXFK D ZD\ DV WR DGKHUH WR WKLV ODZ ,·OO WHOO \RX KRZ WKLV ZRXOG IHHO LQ UHDO OLIH \RX·UH LQ D ERRP WKH FRXQWU\ LV GRLQJ UHDOO\ ZHOO WD[ UHYHQXHV DUH VWUHDPLQJ LQ $QG DW WKDW WLPH DOO WKH PLQLVWULHV DUH VD\LQJ ´ZH KDYH WR EXLOG QHZ URDGV ZH ZDQW PRUH WKLV DQG PRUH WKDWµ $QG WKH )LQDQFH 0LQLVWHU ZRXOG DQVZHU ´, DP VRUU\ :H FDQ·W GR DOO RI WKDW EHFDXVH WKLV KRUULEOH GHEW FRPPLVVLRQ KDV WROG PH , QHHG WR SURGXFH D VXUSOXVµ 7KDW LV ZKHUH LW ZRXOG ELWH LQ WKH ERRP

)*9 352-(726 &RXOG ZH DJUHH SHU

KDSV WKDW LQVWHDG RI WKH DGMXVWPHQW EH LQJ WKURXJK H[FKDQJH UDWHV LW ZRXOG EH WKURXJK WKH FRXQWULHV DGMXVWLQJ WKHLU GHYHORSPHQW SURFHVV"

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)*9 352-(726 1R VHPLQiULR ´3HUVSHFWLYDV GD 7D[D GH &kPELR µ IRL GHEDWLGD D TXHVWmR XUJHQWH TXH DIHWD R VHWRU PDQXIDWXUHLUR DTXL QR %UDVLO D GRHQoD KRODQGHVD (VVH VHWRU HVWi SHUGHQGR PHUFDGR H FXO SDQGR ´R JRYHUQRµ SRU QmR ID]HU QDGD H GHL[DU TXH D &KLQD IDoD R TXH TXLVHU FRP VXD WD[D GH FkPELR $ SUHVVmR HVWi DXPHQWDQGR H D SHUJXQWD p R TXH YRFr GLULD SDUD R VHWRU LQGXVWULDO" 2 JRYHUQR HVWi UHDJLQGR 7HP GH GDU DOJXPDV UHVSRVWDV PDV RX VH ID] DOJR HP UHODomR j WD[D GH FkPELR RX QmR VH ID] QDGD 2 TXH HOH GHYHULD ID]HU"

'HQQLV 6QRZHU- Eu acho que, no longo prazo, o Brasil t erá de fazer algo semelhant e à Alemanha, e combinar

os seus recursos de mat érias-primas e bens manufat ura-dos com habilidades e serviços específicos. E empacot ar

ist o para export ação, de forma a criar um nicho para si

mesmo. Os produt os alemães nunca seriam compet it ivos,

se não conseguissem combinar suas export ações com

ser-viços vinculados a t ais bens manufat urados. O Brasil pre-cisa fazer algo semelhant e e, para isso, provavelment e

precisa invest ir muit o na criação de compet ências.

)*9 352-(726 ,VVR p R TXH HVWDPRV ID]HQGR ( YDPRV WHU VDOGRV GH QRYR"

'HQQLV 6QRZHU- Sim, precisament e. O seu modelo.

)*9 352-(726 ,Q WKH VHPLQDU ´([FKDQJH

5DWH 3HUVSHFWLYHV µ WKHUH ZDV D SUHVVLQJ LVVXH UHJDUGLQJ WKH PDQXIDFWXU LQJ VHFWRU KHUH LQ %UD]LO WKH 'XWFK GLV HDVH 7KLV VHFWRU LV ORVLQJ PDUNHW DQG EODPLQJ ´WKH JRYHUQPHQWµ IRU QRW GRLQJ DQ\WKLQJ DQG OHWWLQJ &KLQD GR ZKDWHYHU LW SOHDVHV ZLWK LWV H[FKDQJH UDWH 7KH SUHV VXUH LV PRXQWLQJ DQG WKH TXHVWLRQ LV ZKDW ZRXOG \RX VD\ WR WKH PDQXIDFWXULQJ VHF WRU" 7KH JRYHUQPHQW LV UHDFWLQJ ,W KDV WR JLYH VRPH DQVZHUV EXW HLWKHU LW GRHV VRPHWKLQJ UHJDUGLQJ WKH H[FKDQJH UDWH RU QRW :KDW VKRXOG LW GR"

'HQQLV 6QRZHU², WKLQN LQ WKH ORQJ UXQ , VXV SHFW WKDW %UD]LO ZLOO QHHG WR GR VRPHWKLQJ VLPLODU WR *HUPDQ\ DQG FRPELQH LWV UDZ PDWHULDO UHVRXUFHV DQG PDQXIDFWXUHG JRRGV ZLWK SDUWLFXODU VNLOOV DQG VHUYLFHV $QG SDFN DJH WKDW IRU H[SRUW LQ D ZD\ WKDW LW FUHDWHV D QLFKH IRU LWVHOI *HUPDQ PDQXIDFWXULQJ ZRXOG QHYHU EH FRPSHWLWLYH LI LW ZRXOGQ·W PDQDJH WR FRPELQH LWV H[SRUWV ZLWK VHUYLFHV DWWDFKHG WR WKHVH PDQXIDFWXUHG JRRGV $QG %UD]LO QHHGV WR GR VRPHWKLQJ VLPLODU DQG LQ RUGHU WR GR WKDW %UD]LO SUREDEO\ QHHGV WR LQYHVW D ORW LQ VNLOO FUHDWLRQ

)*9 352-(726 7KDW·V ZKDW ZH·UH GRLQJ

$QG ZLOO ZH KDYH KDYLQJ VXUSOXVHV DJDLQ"

'HQQLV 6QRZHU²<HV SUHFLVHO\ <RXU PRGHO

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/DWLQ $PHULFDQ DQG &DULEEHDQ ,QVWLWXWH IRU (FRQRPLF DQG

6RFLDO 3ODQQLQJ &(3$/,/3(6 DQG D 3K' LQ (FRQRPLFV IURP WKH 6WDWH 8QLYHUVLW\ RI &DPSLQDV 8QLFDPS +H ZDV

6HFUHWDU\ IRU (FRQRPLF 3ROLF\ RI WKH 0LQLVWU\ RI )LQDQFH

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FXUUHQWO\ WKH HGLWRULDO FRQVXOWDQW RI WKH ZHHNO\ PDJD]LQH &DUWD &DSLWDO ,QVWLWXWLRQDO 3UHVLGHQW RI WKH &HOVR )XUWDGR

,QWHUQDWLRQDO &HQWHU IRU 'HYHORSPHQW 3ROLF\ DQG SHUVRQDO

HFRQRPLF FRQVXOWDQW WR WKH 3UHVLGHQW RI %UD]LO /XL]

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5&: -,:#

**5::-Graduado em direit o pela Universidade de São Paulo

(USP), pós-graduado em desenvolviment o econômico

pela Divisão de Planej ament o Econômico e Social da

Comissão Econômica para a América Lat ina e Caribe

(CEPAL/ ILPES) e dout or em economia pela Universidade

Est adual de Campinas (Unicamp). Foi secret ário de Polít ica

Econômica do Minist ério da Fazenda de 1985 a 1987, e

secret ário de Ciência e Tecnologia do Est ado de São Paulo

de 1988 a 1990. At ualment e, é consult or edit orial da

revist a semanal Cart a Capit al, president e inst it ucional

do Cent ro Int ernacional Celso Furt ado de Polít icas para

o Desenvolviment o e consult or pessoal de economia do

president e Luiz Inácio Lula da Silva. Belluzzo t ambém é o

at ual president e da Sociedade Esport iva Palmeiras. Na área

acadêmica, é prof essor de economia da Unicamp.

,41 6&24 -+ 5&: -,:#

(23)

5(6802

Nest a ent revist a, Luiz Gonzaga Belluzzo

revela seu amplo conheciment o em eco-nomia ao abordar, de f orma crít ica, vários

aspect os relacionados à t axa de câmbio.

Para Belluzzo, os benef ícios do real f

or-t e são ilusórios e a uor-t ilização da or-t axa de

câmbio como inst rument o de polít ica in-dust rial de longo prazo só é viável para a

China, que, com sua alt a capacidade

ma-nuf at ureira, produz desequilíbrios cont

i-nuadament e. Ao f alar sobre o f at o de que

as economias se movem cada vez mais em direção ao set or de serviços, Belluzzo

de-f ende a ideia de que não é possível de-f azer

uma separação ent re serviços e indúst ria,

porque um set or est á ligado ao out ro.

En-t re ouEn-t ros aspecEn-t os imporEn-t anEn-t es aborda-dos pelo economist a, est á o cresciment o

da desigualdade de dist ribuição de renda

nos Est ados Unidos e o impact o das

polí-t icas de desvalorização cambial da China

sobre a est abilidade financeira global. Em relação à polít ica cambial no Brasil,

Belluzzo crit ica o regime adot ado desde

a década de 90.

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,Q WKLV LQWHUYLHZ /XL] *RQ]DJD %HOOX]]R UHYHDOV KLV ZLGH NQRZOHGJH RI (FRQRP LFV E\ PDNLQJ FULWLFDO FRQVLGHUDWLRQV RQ VHYHUDO DVSHFWV FRQFHUQLQJ WKH H[ FKDQJH UDWH )RU %HOOX]]R WKH EHQHÀWV RI D VWURQJ %UD]LOLDQ 5HDO DUH LOOXVRU\ DQG WKH XVH RI WKH H[FKDQJH UDWH DV DQ LQVWUXPHQW RI ORQJWHUP LQGXVWULDO SROLF\ LV YLDEOH RQO\ IRU &KLQD ZKLFK ZLWK LWV VWURQJ PDQXIDFWXULQJ FDSDFLW\ FRQWLQX RXVO\ SURGXFHV LPEDODQFHV :KHQ VSHDN LQJ DERXW WKH IDFW WKDW FRQWHPSRUDU\ HFRQRPLHV WHQG WR IXUWKHU PRYH WRZDUGV WKH VHUYLFH VHFWRU %HOOX]]R GHIHQGV WKH YLHZ WKDW WKHUH FDQQRW EH D FOHDU VHSD UDWLRQ EHWZHHQ VHUYLFHV DQG PDQXIDF WXULQJ EHFDXVH WKH WZR VHFWRUV DUH LQ WHUFRQQHFWHG 7KH JURZLQJ LQHTXDOLW\ LQ LQFRPH GLVWULEXWLRQ LQ WKH 8QLWHG 6WDWHV DQG WKH LPSDFW RI WKH &KLQHVH FXUUHQF\ GHYDOXDWLRQ SROLFLHV RQ JOREDO ÀQDQFLDO VWDELOLW\ ZHUH DPRQJ WKH RWKHU LPSRU WDQW LVVXHV DGGUHVVHG E\ WKH HFRQRPLVW 5HJDUGLQJ WKH H[FKDQJH UDWH SROLFLHV RI %UD]LO %HOOX]]R FULWLFL]HV WKH UHJLPH DGRSWHG VLQFH WKH ¶V

(24)

)*9 352-(726 (P VXD RSQLmR H[LVWHP EHQHItFLRV GR UHDO IRUWH SDUD RV EUDVLOHLURV HP XPD SHUVSHFWLYD GH EHPHVWDU VRFLDO DJUHJDGR GH ORQJR SUD]R"

/XL] *RQ]DJD %HOOX]]R- Exist em benef ícios que são ilu-sórios, pois t emos uma especialização ruim da

econo-mia e, mesmo em relação àsFRPPRGLWLHV, o set or est á

muit o preocupado com o câmbio. A remuneração est á

piorando, além do set or t er sido beneficiado pelo f at o da

elast icidade-renda dasFRPPRGLWLHVser menor por cont a da presença da China. A elast icidade-renda menor,

pa-radoxalment e, os beneficia na queda, mas os prej udica

quando a economia est á subindo.

)*9 352-(726 e GHVHMiYHO H H[HTXtYHO QDV FRQGLo}HV EUDVLOHLUDV XVDU R FkPELR FRPR LQVWUXPHQWR GH SROtWLFD LQGXVWULDO GH ORQJR SUD]R"

/XL] *RQ]DJD %HOOX]]R - Isso é verdade para os anos 50, 60 e para a China. Não t em como ignorar o f at o de

que a China usou o câmbio como uma polít ica de longo

prazo e f oi bem-sucedida. Não só por isso, mas pelas condições domést icas de uma of ert a ilimit ada de mão de

obra e por cont a do moviment o que a grande empresa

americana e a j aponesa, t ambém, est ão f azendo. Foi um

moviment o de concorrência que levou a uma concent

ra-ção na capacidade manuf at ureira da China. Quem não negociava com a China ficava em sit uação complicada,

t endo em vist a as dificuldades de se produzir com cust os

salariais europeus ou americanos. O Brasil se beneficiou

muit o pouco disso por cont a da cont ínua valorização do

câmbio. Do pont o de vist a da economia int egrada global é muit o ruim, porque rouba liquidez ao gerarVXSHUDYLWV

comerciais e reservas elevadas, e isso promove, cont

i-nuadament e, a reprodução dos desequilíbrios. Precisa

haver uma coordenação com regras que at endam às

ne-cessidades de liquidez dos países que est ão emGHÀFLWe redist ribuam o pouco poder de compra para os mercados

domést icos. Especialist as sugerem, por exemplo, que a

China ou o Brasil aument em a sua demanda domést ica

para permit ir que os desequilíbrios sej am reabsorvidos.

Agora, como f azer isso arriscando uma crise de balanço de pagament os? É o que acont ece. Isso é uma reit eração

na hist ória recent e. Os países que t ent am sair na f rent e

e crescer de acordo com as suas necessidades encont ram

uma barreira no balanço de pagament os. Vamos t omar o

caso da crise asiát ica, que clarament e não t inha nada a ver com os f undament osfiscais. A Coreia, por exemplo,

t inha excelent es f undament osfiscais. Não t inha dívida

pública alt a nemGHÀFLWe f oi surpreendida por uma crise

de liquidez. Como se resolve isso? É necessário haver

al-guma inst it uição que cuide disso, pois não podemos igno-rar a int egração das economias. Out ro f at or import ant e

é que os americanos consomem demais e não poupam.

Se eles poupassem, não t eriam VXSHUDYLWV comerciais

que impulsionam a economia, via mult iplicação do

crédi-t o, baseada no crescimencrédi-t o das reservas bancárias. Essa abundância de crédit o, port ant o, não seria possível, nem

o cont role do câmbio. Os americanos, no ent ant o, afi

r-mam que os chineses manipulam o câmbio, quando na

realidade nenhum dos dois quer part ir para uma solução

mais racional. Não dá para administ rar uma economia int egrada usando conceit os velhos, pois quando essa t

e-oria de t axaflut uant e f oi f ormulada pensava-se apenas

em balanço de t ransações corrent es, ent ão realment e a

flut uação f uncionava. Agora, por exemplo, o Brasil est á

caminhando para t er umGHÀFLWde cont a-corrent e, o que result a em valorização do real. Com isso, o Brasil adquire

cert as condições e a moeda ent ão ent ra em processo de

(25)

valo-riza est á causando um dano para a indúst ria local, o que

const it ui um grande problema.

)*9 352-(726 7HQGR HP YLVWD TXH DV HFRQRPLDV GH VHQYROYLGDV H PHVPR DV HP GHVHQYROYLPHQWR VH PR YHP FDGD YH] PDLV HP GLUHomR DR VHWRU GH VHUYLoRV WHP IXQGDPHQWR D SUHRFXSDomR GH FHUWRV DQDOLVWDV FRP D GHVLQGXVWULDOL]DomR"

/XL] *RQ]DJD %HOOX]]R- Essa quest ão dos serviços não é a realidade, pois o dinamismo dessa economia é dado pelo set or manuf at ureiro. O set or de serviços é um set or QRQWUDGDEOH1, ent ão é preciso ent ender que é devido às

relações comerciais assimét ricas que se t êm hoj e que a

economia chinesa é a que mais cresce. A menos que se

começasse t ambém a t ransacionar serviços, a massa de t ransações int ernacionais est aria concent rada nasFRP PRGLWLHV e nos produt os manuf at ureiros. Aqui f alamos

da quest ão dos desequilíbrios. Observar isso do pont o de

vist a exclusivament e nacional é um erro, abordar a

ques-t ão a parques-t ir de um ângulo esques-t reiques-t o é pouco inques-t eligenques-t e. Consideremos que o Brasil f aça uma economia de

servi-ços, e ent ão? Cresce a renda, o emprego nesse set or, e

o câmbio valorizado vai crescer a demanda por produt os

import ados. A realidade é que boa part e dos serviços

que se int ernacionalizaram est á ligada à produção ma-nuf at ureira. Logo, vemos que não é possível f azermos

essa separação. É como ocorre hoj e com a export ação

2PIGS é um acrônimo pej orat ivo usado para designar o conj unt o das economias

de Port ugal, It ália, Grécia e Espanha. O acrônimo significa porcos, animal usado em caricat uras para ilust rar a máSHUIRUPDQFHeconômica dos quat ro países.

1Não negociável.

de FRPPRGLWLHV e indúst rias, boa part e das FRPPRGL WLHV t em uma cadeia produt iva mais ou menos longa,

é o que se chamava de indust rialização do campo, que

est á sendo prej udicada pelo desalinhament o cambial. Enquant o não se resolver isso de uma maneira

coordena-da globalment e, não se resolverá o problema. É preciso

olhar o conj unt o. E como o t odo est á f uncionando? Est á

f uncionando mal. A China est á se beneficiando

claramen-t e desse mal f uncionamenclaramen-t o. O que vai aconclaramen-t ecer com os

out ros países? Vão t ambém t omar decisões individuais, vão desvalorizar seu câmbio, colocar t arif as e isso t udo

irá prej udicar o comércio int ernacional.

)*9 352-(726 $ ÁH[LELOL]DomR UHODWLYD GR PHUFDGR GH WUDEDOKR QRV GLYHUVRV VHWRUHV SULPiULR WUDQVIRU PDomR VHUYLoRV GH DOJXPD IRUPD VH UHODFLRQD FRP R LPSDFWR LQGXVWULDO GDV ÁXWXDo}HV FDPELDLV"

/XL] *RQ]DJD %HOOX]]R- Essa é out ra quest ão que t am-bém me preocupa muit o. O que significa aflexibilização

do mercado de t rabalho que f oi f eit a durant e os anos 90? Significa que o mercado de t rabalho ficará maisfluido,

que o cust o do emprego será mais baixo? Todo mundo

se baseia muit o no que acont eceu na Alemanha, mas a

Alemanha f ez isso nos anos 90 em cima de uma

superio-ridade compet it iva, que j á era grande e que provocou esse problema com os PIGS2. Um art igo recent e sobre os

PIGS diz que não bast a uma flexibilização de mercado,

é preciso uma deflação de salários e preços, algo que é

polit icament e inviável. Ent ão, como resolver esse

pro-blema com a Alemanha? Flexibilizar mais o mercado de

t rabalho?O problema é que exist em graus de desenvolvi-ment o dif erent es em uma união monet ária que não t em

uma base fiscal. A quest ão é como se pode reproduzir

na Espanha ou na Grécia em pouco t empo a est rut ura

produt iva e dar a ela o grau de compet it ividade que a

Alemanha t em? Como t ransf ormar esses países europeus perif éricos, at rasados e que ent raram na união

mone-t ária como consumidores, e não como produmone-t ores, sem

um mecanismo de t ransf erência? É preciso que os países

aj am em consonância. O que a Alemanha est á f azendo

é uma insensat ez, pois quer que aqueles países paguem uma dívida que ela mesma f orçou. Os países não podem

(26)

sof rer desvalorização, pois est ão no euro. Para isso, seria preciso rest aurar a peset a, o

escudo. Ou será que Port ugal vai se t ransf ormar rapidament e em uma economia

com-pet it iva? É como t er no Brasil o Piauí e o est ado de São Paulo. Por que f unciona? Porque

t em um espaço monet áriofiscal em comum. Não f az sent ido esse negócio defl

exibi-lização do mercado de t rabalho. O que isso quer dizer? Que seria possível chegar ao cust o unit ário do t rabalho chinês? Nenhum país conseguiria isso em um curt o espaço de

t empo, bast a comparar os cust os unit ários de produção chineses, europeus e

america-nos. Como aj ust ar isso pelos salários? Tal f eit o iria provocar uma crise social e polít ica

de grandes proporções, queflexibilizaria mais o mercado de t rabalho. Recent ement e,

houve uma mudança da divisão int ernacional de t rabalho provocada pelo moviment o de int ernacionalização das economias, sobret udo das grandes empresas americanas,

europeias e j aponesas. Exist em 30 mil empresas j aponesas na China. Como é possível

se reequilibrar? É muit o complicado. O governo americano diz que quer dobrar suas

export ações em cinco anos, no ent ant o dificilment e alcançará t al f eit o. Mesmo com

a queda do salário americano, chegar ao nível da China seria uma revolução e uma grande insensat ez.

)*9 352-(726 &RPR DYDOLDU RV LPSDFWRV VREUH D GLVWULEXLomR GH UHQGD GRV GLIHUHQ WHV UHJLPHV FDPELDLV WHQGR HP YLVWD D LQWHQVLGDGH HP FDSLWDO GR VHWRU SULPiULR H D LQWHQVLGDGH HP WUDEDOKR GR VHWRU GH VHUYLoRV"

/XL] *RQ]DJD %HOOX]]R- Acho que o maior exemplo da quest ão de dist ribuição de renda é os Est ados Unidos, que evoluíram para uma economia de serviços com um alt o

cresciment o de empregos de baixa qualidade e produt ividade. Os Est ados Unidos t êm

uma dist ribuição de renda hoj e parecida com a chinesa em t ermos de desigualdade.

Porém, a desigualdade da China nasce do f at o de que quando a economia cresce o

salário dif erencia; j á na americana, a maior part e da f orça de empregos é criada em at ividades de baixa produt ividade. No meu pont o de vist a, essa quest ão de dist ribuição

de renda t em a ver com as polít icas de emprego, com a est rut ura do gast o, com a

es-t rues-t ura produes-t iva que o país vai adquirindo, e essa economia capies-t alises-t a não gera boa

dist ribuição. É preciso t er mecanismos redist ribut ivos. O Brasil é um exemplo claro.

Dado o avanço da produt ividade da indúst ria at é mesmo no serviço, não é possível criar bons empregos rapidament e. A economia ent ra em recessão, a recuperação cria pouco

emprego, ent ão será preciso haver polít icas dest inadas a reequilibrar a posição das

(27)

)*9 352-(726 $Wp TXH SRQWR p SRVVtYHO LQFRUSRUDU R FkPELR FRPR YDULiYHO GH FRQWUROH DX[LOLDU HP XP UHJLPH EDVHDGR QD HVWDELOLGDGH PRQHWiULD H ORJR GH RULHQWDomR DQWLFtFOLFD"

/XL] *RQ]DJD %HOOX]]R- O problema do câmbio, como eu disse, não é f ácil de resolver porque ele t em duas dimensões: a monet ária e a real. Nem sempre as duas são

com-pat íveis em curt o prazo. A quest ão do câmbio é a est abilidade. É preciso haver est

abi-lidade e um câmbio que garant a um mínimo de igualdade, de condições compet it ivas

com os demais. Não est ou f alando sobre usar o câmbio como inst rument o de promoção, como f oi f eit o por vários países. A China usa o câmbio real como inst rument o de

com-pet it ividade, e nem por isso t em perdas no que diz respeit o à est abilidade monet ária.

Mas a China é um caso part icular, pois os mecanismos de cont role de governança da

economia chinesa são muit o peculiares. Se não exist e uma coordenação int ernacional

eficient e, é necessário usar vários inst rument os além do câmbio, para combinar est abi-lidade monet ária, e o câmbio real como inst rument o de promoção das suas export ações

ou de def esa cont ra import ações predat órias, como as chinesas. Não se pode

concen-t rar apenas em um insconcen-t rumenconcen-t o. Isso a crise j á ensinou e não aprenderam. Para cuidar

de vários problemas dif erent es, é preciso usar o câmbio, a polít icafiscal, t er noção

de que f requent ement e não se pode f azer com que a polít ica cambial f uncione como inst rument o ant icíclico, é necessário f azer com que a polít icafiscal t ambém f uncione

ant iciclicament e. O Brasil est á aprendendo isso. Por exemplo, usar a t axa de j uros

como único inst rument o de polít ica monet ária não dá cert o, evident ement e. Bast a ver

o que acont eceu nos Est ados Unidos e em out ros países que não quiseram usar cont

ro-les quant it at ivos do crédit o, uma exigência maior de capit al para cert as operações de câmbio. Ou sej a, cont rolar quant it at ivament e o crédit o. Essa é a medida óbvia a ser

t omada. No ent ant o, há quem afirme que é preciso usar sempre as t axas de j uros ou,

no caso da est abilidade monet ária, deixar o câmbioflut uar sem nenhum cuidado. Isso

é um desat ino.

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/XL] *RQ]DJD %HOOX]]R- O câmbio se desvalorizaria. O problema dessa afirmação é que ela não leva em cont a que, hoj e, as t ransaçõesfinanceiras são muit o mais impor-t animpor-t es na deimpor-t erminação do câmbio do que as impor-t ransações reais. Além disso, com essa

t endência ao ot imismo que ocorre nos mercados, t eríamos, provavelment e, a chance

de valorização ainda maior, porque é sempre assim. Um art igo do FMI f az uma análise

das reversões dos países superavit ários pelos deficit ários. Quase sempre as reversões

são danosas e t raumát icas. Ent ão, essa solução me parece a de quem quer apagar o f ogo j ogando gasolina.

)*9 352-(726 $ EDL[D SURSHQVmR D SRXSDU GDV IDPtOLDV EUDVLOHLUDV WHP XP SDSHO QD WUDMHWyULD GRV ÁX[RV GH FDSLWDO H FRQVHTXHQWHPHQWH QD HVWDELOLGDGH FDPELDO"

/XL] *RQ]DJD %HOOX]]R- Vamos ent rar em uma discussão que é muit o ant iga. Os eco-nomist as não cost umam concordar sobre o papel da poupança. No caso da China, por

exemplo, a poupança das f amílias t em um impact o muit o baixo sobre a poupança

glo-bal. Os chineses ganham pouco e a maior part e da poupança é realizada pelas

empre-sas. O problema é a f orma como essa poupança é gerada. No f undo, o que acont ece

é que a China t em uma relação produt ividade/ salário que é muit o mais alt a que em

qualquer out ro país no mundo. Um est udo da NBR3most ra clarament e como os

chine-sesfizeram uma rápida graduação t ecnológica. Eles passaram dos bens de menor valor

agregado aos de maior valor agregado, bens de maior int ensidade t ecnológica. Esse é

um processo que envolve maior qualificação da mão de obra e mudanças nas est rut uras

de produção e na organização da produção em grande escala. Ent ão, não adiant a f alar

da poupança no sent ido macroeconômico. A poupança acont ece, as f amílias poupam uma part e da sua renda, mas isso não é decisivo para os ganhos de compet it ividade

chineses. Discut ir isso é perder t empo, pois é a mesma coisa que dizer que a poupança

das f amílias americanas caiu. Para começar, ela nunca f oi alt a, sempre f oi muit o baixa.

Em segundo lugar, o cresciment o do capit alismo americano se baseia crescent ement e

numa t remenda expansão do consumofinanciado a crédit o. Os Est ados Unidos f oram o

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primeiro país que int roduziu o crédit o ao consumo de maneira generalizada. Nos anos

20, quando ocorreu a crise de 29, eles t inham 45%de dívidas das f amílias em relação à

renda disponível. Hoj e, eles t êm 140%em relação à renda disponível. Esse é o modelo

americano de f uncionament o do capit alismo. E é isso exat ament e que deu ensej o a essa f orma que a economia mundial ganha, e os chineses est ão part icipando desse

j ogo. Ou sej a, eles t êm alt a produt ividade e baixos salários que vão crescer, mas numa

rapidez que não será suficient e para alcançar os níveis de cust o americano. Isso é uma

coisa sist êmica, f oi assim que o capit alismo cresceu. Não adiant a colocar um modelo de

geração de poupança e invest iment o que não f unciona. O modelo est á errado e é t olo. O Keynes j á explicou isso eficam insist indo nessa bobagem. A sit uação é a seguint e: a

combinação ent re o gast o americano e a t axa de invest iment o chinês leva ao aument o

da acumulação de lucros pelas empresas, e isso t em como cont rapart ida o VXSHUDYLW

comercial chinês. Ent ão, realment e, os chineses poupam em dólar porque eles poupam

os salários dos chineses. É a relação produt ividade/ salários que import a e a acumula-ção de lucros pelas empresas. A correacumula-ção desse desequilíbrio não passa pelo aument o

da poupança dos americanos. At é agora não aument ou muit o porque os consumidores

americanos, apesar da renda baixa, cont inuam consumindo pouco.

)*9 352-(726 2 ´FRQWiJLR LQÁDFLRQiULRµ GHULYDGR GR SUHoR HP UHDO GRV EHQV LPSRUWDGRV HP XPD WHPSRUDGD GH YDORUL]DomR FDPELDO UHSUHVHQWD XP UXtGR UHOH YDQWH QR TXH VH UHIHUH DR SRGHU DQWLFtFOLFR GH XPD SROtWLFD GH PHWDV GH LQÁDomR"

/XL] *RQ]DJD %HOOX]]R- Claro. Esse problema diz respeit o à volat ilidade, algo que não se pode t er é esse período de valorização-desvalorização-valorização. Um exemplo é o

f at o de se t er t ido uma queda visível de preços de manuf at urados dent ro dos Est ados

Unidos que aj udou a polít ica ant i-inflacionária. Muit os acham que f oi a polít ica mone-t ária que permimone-t iu isso. Houve uma desinflação4violent a nos últ imos anos, por cont a

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/XL] *RQ]DJD %HOOX]]R

4A desinflação é um conceit o econômico que corresponde ao abrandament o da inflação. A t axa de inflação diminui, sem

at ingir um nível zero nem negat ivo. Não deve ser conf undido com a deflação, que corresponde a uma diminuição do nível geral dos preços.

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do baixo cust o dos produt os chineses que invadiram a

indúst ria americana em quase 40%. Isso que f ez com que

ocorresse uma inflação de at ivos combinada com uma

desinflação do mercado de bens e serviços. A quest ão é muit o mais complexa que essa sit uação. Se houvesse a

velocidade de expansão do crédit o sem a China, haveria

inflação de at ivos e inflação de bens e serviços, e a

eco-nomia seria parada por uma elevação da t axa de j uros

para impedir que houvesse uma perda de cont role so-bre a inflação. Só que o regime mudou, pois as relações

mudaram. Há uma expansão do crédit o sem

preceden-t es – isso espreceden-t á ocorrendo desde o início do segundo

pós--guerra –, crédit o de moeda no sent ido mais amplo: M3 e

PIB. A relação ent re os t rês cresceu exponencialment e.

O crédit o cresceu muit o à f rent e dessas variáveis. Por que pode ser assim sem que haj a inflação? Porque há um

arranj o produt ivo efinanceiro muit o peculiar.

)*9 352-(726 4XDO p R LPSDFWR VREUH D HVWDELOLGDGH ÀQDQFHLUD JOREDO GDV SROtWLFDV GH GHVYDORUL]DomR FDP ELDO GD &KLQD"

/XL] *RQ]DJD %HOOX]]R - O peso crescent e da China no comércio int ernacional é muit o desest abilizador. Os

chineses não vão abrir mão dessas polít icas enquant o

não puderem t er um peso maior nas decisões polít icas,

financeiras e monet árias globais. Eles t êm um sist ema

financeiro que é prat icament e público, que é muit o

menos sofist icado que, por exemplo, o do Brasil. Eles

t êm cont role sobre o câmbio e um obj et ivo que é

ma-ximizar o emprego urbano e o moviment o das massas

rurais. Est ão f azendo uma polít ica de t ransf erência de mão de obra do campo para cidade, sempre com muit o

cuidado. Eles sabem que não podem t er uma t axa de

cresciment o muit o baixa. Nem é muit o f ácil se apoiar

no mercado int erno. Essa t ransição é muit o complicada,

pois uma boa part e da capacidade produt iva deles f oi

const ruída para export ação. O modelo era claro: usar

a export ação como inst rument o de acumulação de re-servas, o sist ema público administ ra as poupanças das

empresas e das f amílias, e ao mesmo t empo t em uma

capacidade de financiar invest iment os privados e

pú-blicos, o que obviament e não f unciona. A maior part e

do crédit o vai para as grandes empresas int ernacionais. As out ras empresas f uncionam prat icament e com

capi-t al próprio e pouco crédicapi-t o. Essa é a lógica da China.

O propósit o deles é maximizar o emprego de melhor

qualidade e f azer uma t ransf ormação produt iva social e

indust rial que leve à condição de um país desenvolvido. A pressão pode levá-los a criar uma zona monet ária na

Ásia. É dif ícil conseguir essa mudança na polít ica cambial

chinesa, e é claro que ela é perniciosa para o conj unt o.

Mas, para resolver essa quest ão, não adiant a insist ir na

ideia de que eles vão abandonar seu regime. Só f arão se houver concessão do out ro lado e, hoj e em dia, a relação

de f orças é complicada. Por exemplo: os Est ados Unidos

não podem, unilat eralment e, subir a t axa de j uros para

recompor a sit uação, esse inst rument o eles não t êm.

Pelo cont rário, t êm que mant er a t axa de j uros baixa durant e muit o t empo. Ficar rest rit o a essa discussão das

polít icas cambiais nacionais leva sempre a um beco sem

saída. Enquant o as economias est avam crescendo e os

Est ados Unidos est avam f uncionando como país residual,

t odo mundo podia desvalorizar o câmbio para t er ganho de compet it ividade, prot eger seu aparat o produt ivo, sua

indúst ria. Agora, isso só pode ser usado por alguns países

em últ ima inst ância, cont udo será usado de uma maneira

que irá agravar a est abilidade. O câmbio, ent ão, será

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