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Temas e utilização do tempo pelos participantes de reuniões de equipe geral em um hospital-dia psiquiátrico.

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Academic year: 2017

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1 Trabalho extraído de Dissertação de Mestrado, Apresentado na World Assem bly for Mental Health / The 26th Congress of the World Federat ion for Mental Health, Vancouver, Canadá, 2001; 2 Médico Psiquiatra, Assistente do Hospital das Clínicas, Doutorando, e- m ail: scherer@eerp.usp.br; 3 Psicanalista, Professor Doutor aposentado. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Brasil; 4 Enferm eira, Professor Doutor da Escola de Enferm agem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro colaborador da OMS para o desenvolvim ento da pesquisa em enferm agem , Brasil

TEMAS E UTI LI ZAÇÃO DO TEMPO PELOS PARTI CI PANTES

DE REUNI ÕES DE EQUI PE

GERAL EM UM HOSPI TAL-DI A PSI QUI ÁTRI CO

1

Edson Ar t hur Scher er2 Mar ia Au x iliador a Cam pos3 Zey n e Alv es Pir es Scher er4

O pr esent e est udo, configur ado com o pesquisa nat ur alíst ica, conduzida pela obser v ação, t ev e com o obj et iv o car act er izar as r euniões de equipe ger al de um hospit al- dia quant o à t em át ica e à par t icipação dos pr ofissionais na ut ilização do t em po. For am com unicados 144 avisos e discut idos 46 assunt os em 21 r euniões obser v adas, com par t icipação m aior da equ ipe f ix a n as discu ssões. Em 1 8 das r eu n iões est u dadas, h ou v e cor r espondência ent r e os t em as discut idos e as sit uações diár ias r egist r adas nas sem anas que ant eceder am as m esm as. Os achados m ost r am que essas r euniões est ão inser idas r egular m ent e no ser viço. As r elações de p od er e as d if er en ças d e ex p er iên cia e con h ecim en t os t écn icos en t r e os d iv er sos p r of ission ais p ar ecer am cont r ibuir par a a m aior ou m enor colocação de av isos e assunt os. Por ser um espaço fav or ecedor de t r ocas, sugere- se a ut ilização dessas reuniões em out ros serviços de saúde que t rabalhem com equipes de assist ência.

DESCRI TORES: equipe de assist ência ao pacient e; assist ência diur na; psiquiat r ia; saúde m ent al

THEMES AND TI ME USE BY PARTI CI PANTS I N GENERAL TEAM MEETI NGS AT A

PSYCHI ATRI C DAY HOSPI TAL

This nat uralist ic st udy was realized t hrough observat ion and aim ed t o charact erize general st aff m eet ings held at a day hospit al regarding t hem e and t he professionals’ part icipat ion in t he use of t im e. We observed 21 m eet ings, during which 144 announcem ent s were m ade and 46 issues were discussed, wit h great er part icipat ion in discussions by fix ed t eam m em ber s. I n 18 of t hese m eet ings, t he discussed t hem es cor r esponded t o daily sit uat ions r egist er ed dur ing t he w eek s pr eceding t he m eet ings. Our findings r ev eal t hat t hese m eet ings ar e insert ed in t he service on a regular basis. Power relat ions and differences in experience and t echnical knowledge bet w een t he differ ent pr ofessionals seem t o cont r ibut e t o t he higher or low er num ber of announcem ent s and issu es p r esen t ed . As t h is sp ace f av or s ex ch an ges, w e su ggest t h ese m eet in gs t o b e u sed in ot h er h ealt h ser v ices w or k ing w it h assist ance t eam s.

DESCRI PTORS: pat ient car e t eam ; day car e; psy chiat r y ; m ent al healt h

TEMAS Y UTI LI ZACI ÓN DEL TI EMPO POR LOS PARTI CI PANTES DE REUNI ONES DEL

EQUI PO GENERAL EN UN HOSPI TAL DÍ A PSI QUI ÁTRI CO

La f in alidad de est e est u dio, con f igu r ado com o u n a in v est igación n at u r alíst ica con du cida m edian t e obser v ación, fue la de car act er izar las r euniones del equipo gener al de un hospit al día r espect o a la t em át ica y la part icipación de los profesionales en la ut ilización del t iem po. Fueron com unicados 144 avisos y discut idos 46 asunt os en 21 r euniones obser v adas, con m ay or par t icipación del equipo fij o en las discusiones. En 18 de las r eu n ion es est u diadas, los t em as discu t idos cor r espon dier on a las sit u acion es diar ias r egist r adas du r an t e l as sem an as an t eced en t es a l as m i sm as. Lo s h al l azg o s m u est r an q u e est as r eu n i o n es est án i n ser t ad as r egular m ent e en el ser vicio. Las r elaciones de poder y las difer encias de ex per iencia y conocim ient os t écnicos ent r e los div er sos pr ofesionales par ecier on cont r ibuir par a la m ay or o m enor colocación de av isos y asunt os. Com o son un espacio que fav or ece cam bios, suger im os la ut ilización de est as r euniones en ot r os ser v icios de salud que t r abaj en con equipos de at ención.

(2)

I NTRODUÇÃO

O

s t r at am ent os psiquiát r icos t êm passado h i st o r i ca m e n t e p o r a b o r d a g e n s d i v e r sa s, d e sd e m íst i co - r e l i g i o sa s, m o r a i s, b i o l ó g i ca s a t é , m a i s recent em ent e, aquelas que buscam oferecer at enção m ais hum anitária aos doentes. Vários são os m odelos en con t r ados n a pr át ica at u al, fr u t os das r efor m as im plem ent adas nas polít icas de saúde m ent al. Ent re as propostas disponíveis, encontra- se a hospitalização parcial, em hospit ais- dia.

O h ospit al- dia ( HD) , obj et o dest e est u do, assiste 16 usuários m aiores de 15 anos em regim e de sem i- int ernação psiquiát rica. O at endim ent o é diário, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 16 horas. São oferecidas at ividades program adas, t ais com o grupos oper at iv os, t er apias sociais, ent r ev ist as e r euniões fam iliares, psicoterapia individual, terapia ocupacional, at iv idades físicas, at iv idades r ecr eat iv as, r eu n iões educativas, reuniões com unitárias, além de atividades desenvolvidas por pessoas voluntárias no serviço (coral e ioga) . Mantém , ainda, atendim ento am bulatorial de pós-alta im ediato, por um período de 3 m eses e grupo sem anal de at endim ent o a longo prazo, volt ado para m elhorar a int egração social de egressos do serviço. Por tratar- se de instituição universitária, além da assist ência, o ser v iço est á t am bém dir ecionado para o ensino e a pesquisa, havendo treinam ento em ser v iço par a pr ofission ais de ár eas r elacion adas à Saúde Ment al que est agiam no local. Configur a- se, assim , a exist ência de dois grupos, um fixo e out ro flut uant e com peculiaridades próprias( 1). O pr im eir o

é con st it u íd o p elos p r of ission ais q u e com p õem a equipe perm anent e de t rabalho, enquant o o segundo é com posto por profissionais j á graduados que passam p el o ser v i ço cu m p r i n d o r eq u i si t os d e p r og r am as específ icos de pós- gr adu ação em Saú de Men t al e event uais est udant es de graduação.

Desde 1974, os dois grupos participam de um a r eunião conhecida com o “ r eunião de equipe ger al” ( REG) , par a t r at ar de assunt os adm inist r at iv os, de relacionam ent o int erpessoal e de condut a j unt o aos p a ci e n t e s. En t r e o s o b j et i v o s esp e cíf i co s d esse encont ro dest acam - se: visualizar e avaliar o t rabalho em equipe, t rabalhar conflit os em ergent es, prom over m aior integração entre o grupo fixo e o de estagiários, est ab elecer t r ocas en t r e os d ois g r u p os, d iscu t ir con du t as com a par t icipação de n ú m er o m aior de profissionais do serviço e fazer a avaliação dos estágios com a presença de todos os profissionais do HD.

A equipe fixa, por sua vez, part icipa, desde 1987, da “ reunião de equipe fixa” ( REF) para reflet ir de form a cont inuada acerca de sua prát ica, discut ir assunt os bur ocr át icos e adm inist r at iv os e t r abalhar con f lit os en t r e set or es. Assim , f or t alece- se com o grupo que m ant ém o serviço.

Em 1992, foi criada a “ reunião com unit ária” ( RC) , abert a aos int egrant es do HD, com o obj et ivo d e f a v o r e ce r a o r g a n i za çã o d a co m u n i d a d e , a p r o x i m a r p a ci e n t e s, e q u i p e f i x a e e st a g i á r i o s, prom over o alívio de tensões entre os grupos e buscar d i m e n sã o m a i s so ci a l e co l e t i v a p a r a q u e st õ e s par t icular es( 2).

Essas t r ês r eu n iões con st it u em o eix o d e sustentação do serviço e delas depende, em m uito, o an d am en t o d a p r o p o st a d e t r ab al h o( 2 ). A REG é

at ividade que se m ant ém há m ais de duas décadas n essa in st it u ição, ofer ecen do espaço par a en sin o-apr endizagem . Par ece configur ar - se com o lugar de t rocas dem ocrát icas ent re os part icipant es. Part indo dessa hipótese, surgiu o interesse de realizar pesquisa t endo a REG com o obj et o de est udo.

Est udar a REG é t ar efa com plex a, pois, há variáveis difíceis de cont rolar com o, por exem plo, os aspect os individuais de cada int egrant e, as sit uações q u e e st ã o se n d o v i v e n ci a d a s p e l o g r u p o , considerando aspect os da inst it uição, da sociedade e da própria interação dos profissionais com a clientela. Assim , o obj etivo deste estudo foi caracterizar a REG q u an t o à t em át ica e à u t ilização d o t em p o p elos part icipant es em um dado período.

MÉTODO

A est r at égia escolhida par a a ex ecução do pr esent e est udo foi a pesquisa nat ur al, ou sej a, a invest igação do fenôm eno dent r o e com r elação ao co n t e x t o n a t u r a l d e o co r r ê n ci a . Ne sse t i p o d e i n v e st i g a çã o o a m b i e n t e p e sq u i sa d o ( e v e n t o , program a, com unidade, relacionam ent o ou int eração de ocorrência natural) não tem curso pré- determ inado e est abelecido por ou para o pesquisador( 3).

Caract erização da sit uação de est udo

(3)

dos t em as a ser em discu t idos n o t em po r est an t e. Havia acordo na equipe de lim itar a três assuntos por reunião, no sent ido de viabilizar as discussões.

I nt egr av am a equipe fix a 11 pr ofissionais: d ois d ocen t es p siq u iat r as, u m m éd ico p siq u iat r a assistente, dois enferm eiros, um assistente social, um t e r a p e u t a o cu p a ci o n a l , u m r e cr e a ci o n i st a , d o i s a u x i l i a r e s d e e n f e r m a g e m e u m a u x i l i a r adm inist rat ivo. Os est agiários eram 8: t rês m édicos r esiden t es, t r ês apr im or an dos ( psicologia, ser v iço so ci a l , t e r a p i a o cu p a ci o n a l ) , u m a l u n o d e p ó s-dout orado em saúde m ent al ( assist ent e social) e um de graduação ( t erapia ocupacional) . Os profissionais de out ros serviços e inst it uições que event ualm ent e estiveram presentes na REG foram identificados com o v isit ant es.

Colet a e análise dos dados

O procedim ento utilizado foi a observação não p ar t icip an t e( 4 ) d e 2 1 r eu n iões r eal izad as em u m

per íodo de 6 m eses. Nest a pesquisa, o obser v ador t om ou cont at o com as REG, m as, não se int egrou a e l a s, p e r m a n e ce u co m o b se r v a d o r, so m e n t e . Presenciou os fatos sem participar deles, não se deixou envolver pelas sit uações, ou sej a, fez m ais o papel de espect ador. A observação foi ordenada e dirigida para o fim determ inado, utilizando, com o instrum ento d e colet a d e d ad os, u m p r ot ocolo sist em at izad o, d ef in id o e t est ad o em f ase p ilot o d o est u d o. Os r egist r os per m it ir am focalizar o cont eúdo ( o que o grupo est ava falando) e o processo da com unicação ( quem falava e quant o)( 3- 5).

Os o b ser v ad o r es f o r am o p r i m ei r o au t o r deste trabalho e um a psicóloga, am bos ex- estagiários d o HD. Seu t r ein am en t o f oi r ealizad o n a f ase d e construção do instrum ento de coleta de dados, sendo obt ido o acor do m ínim o de 80% ent r e os r egist r os feit os. Par a cada REG foi ut ilizado o pr ot ocolo que cont em plav a av isos, assunt os, o int egr ant e ( código individual de duas let r as pr eviam ent e definido) e o t em po de sua fala.

Para o registro de avisos e assuntos foi feita um a cat egorização de t em as( 6) ext raída de m at erial

registrado em atas referentes a 44 REG do ano anterior à coleta de dados e testado na fase piloto. Os tem as r ef er en t es a o s a v i so s e a ssu n t o s f i ca r am assi m def in idos: r o t in a s e f u n cio n a m e n t o d o se r v iço ( R) - a t i v i d a d e s, h o r á r i o s, e x p l i ca çõ e s o u esclar ecim en t os sobr e f u n cion am en t o e ev en t u ais

a l t e r a çõ e s d a r o t i n a ( co m o g r e v e s, f e r i a d o s) ; e st r u t u r a física ( EF) - m anut enção e m odificações na est rut ura física ( inst alações) , prédio ou am bient e; pa cie n t e s ( P) - indicação para t rat am ent o, adesão, e v o l u çã o , m a n e j o e co n d u t a co m o s u su á r i o s; e st a g i á r i o s ( E) - in ício e t ér m in o d os est ág ios, av aliações, r elacionam ent os ent r e os est agiár ios e desses com a equipe fixa e dificuldades específicas d o s m e sm o s; a t i v i d a d e s c i e n t í f i c a s ( AC) -p ar t ici-p ação d os -p r of ission ais d o HD em ev en t os cient íficos ( congressos, sim pósios, j ornadas, cursos) , publicações e r ealização de t r abalhos sobr e o HD; a t ivida de s socia is ( AS) - fest as, confrat ernizações, en con t r os, coq u et éis, p asseios, ap r esen t ações d e shows das pessoas da equipe com ou sem os usuários e co m o u sem a co m u n i d a d e; v i si t a n t e s ( V) -r ecepção e o-r ganização do se-r v iço pa-r a v isit ant es; f r e q ü ê n c i a ( F) - f r e q ü ê n ci a d o s e st a g i á r i o s e m em bros da equipe fixa na reunião e nas at ividades do HD ( falt as, at rasos, férias) ; e qu ipe fix a ( EFx) -ausência t em porária ou perm anent e de m em bros da equipe fixa ( licenças, afast am ent os, aposent ador ias e dem issões) . Essas cat egorias foram ut ilizadas para os regist ros da colet a de dados das 21 REG.

No intuito de estabelecer relação entre o dia-a- dia do serviço e a REG, foi feito o registro, por dois int egrant es da equipe, das sit uações que acont eciam durant e o período com preendido ent re um a reunião e a seguinte. O m aterial assim registrado foi subm etido à an álise d e con t eú d o t em át ico( 6 ), com b ase n as

ca t e g o r i a s d e a v i so s e a ssu n t o s p r e v i a m e n t e definidas.

O p r oj et o d e p esq u isa f oi ap r ov ad o p elo Com it ê de Ét ica em Pesquisa da inst it uição onde o HD está inserido. O consentim ento foi solicitado j unto à equipe no próprio espaço de um a reunião geral do serviço e regist rado em at a.

Para a análise dos achados foram ut ilizados os referenciais do m arco t eórico de psicodinâm ica de indivíduos, grupos e organizações( 5,7- 9).

RESULTADOS

Quant o a avisos e assunt os

(4)

d a s ca t eg o r i a s f r e q ü ê n ci a e r o t i n a s, o s q u a i s p er f izer am 1 0 1 ( 7 0 , 1 % ) d o t ot al. Os est ag iár ios em itiram 18 ( 12,5% ) avisos e os integrantes da equipe fixa 126 ( 87,5% ) .

Tabela 1 - Distribuição dos avisos em REG de um HD, se g u n d o ca t e g o r i a s, i n f o r m a n t e s e a v i so s t r ansfor m ados em assunt os

na Tabela 3 e foram com parados com os dados das Tabelas 1 e 2.

Tabela 3 - Dist r ibuição das cat egor ias* de av isos e

assu n t os das REG de u m HD com par adas com os regist ros das sit uações diárias do serviço

s a i r o g e t a C e p i u q E a x i

F Estagiários

s o d a m r o f s n a r T s o t n u s s A m

e Total

f % F % f % f %

a i c n ê ü q e r

F 70 55,5 10 55,5 0 0 80 55,5

s a n it o

R 20 15,9 1 5,6 2 20 21 14,6

s i a i c o s . v it

A 11 8,8 1 5,6 3 30 12 8,3

s a c if ít n e i c . v it

A 7 5,5 4 22,2 3 30 7 7,6

a c i s íf a r u t u r t s

E 8 6,3 0 0 0 0 8 5,6

s o ir á i g a t s

E 4 3,2 2 11,1 0 0 6 4,2

s e t n e i c a

P 3 2,4 0 0 2 20 3 2,1

s a ti s i

V 3 2,4 0 0 0 0 3 2,1

l a t o

T 126 100 18 100 10 100 144 100

Tabela 2 - Dist ribuição dos Assunt os em REG de um HD, por Cat egorias e de suj eit os proponent es

s a i r o g e t a

C EquipeFixa Estagiários Total

f % F % f %

s a n it o

R 9 25 3 30 12 26,1

s e t n e i c a

P 6 16,7 4 40 10 21,7

s i a i c o S . d i v it

A 8 22,2 0 0 8 17,4

s o ir á i g a t s

E 5 13,9 2 20 7 15,2

s a c if ít n e i C . d i v it

A 5 13,9 0 0 5 10,8

a x i F e p i u q

E 1 2,8 1 10 2 4,4

a c i s í F a r u t u r t s

E 2 5,5 0 0 2 4,4

l a t o

T 36 100 10 100 46 100

Na Tabela 2 são apr esent ados os assunt os que surgiram nas reuniões e sua distribuição segundo cat egor ias e de suj eit os pr oponent es. Obser v a- se, n e ssa Ta b e l a , q u e p r e d o m i n a r a m o s a ssu n t o s r ef er en t es à ad m in ist r ação e à con d u t a j u n t o ao u su ár io, t en do as cat egor ias r o t in a s, p a cie n t e s, a t iv id a d e s so cia is e e st r u t u r a f ísica t ot alizado 32 ( 69,5 % ) dos 46 t em as discut idos. Os assunt os r elacion ados aos pr of ission ais, en sin o e pesqu isa, r e p r e se n t a d o s p e l a s ca t e g o r i a s e s t a g i á r i o s, a t ivida de s cie n t ífica s e e qu ipe fix a som aram 14 ( 3 0 , 5 % ) do t ot al. Os in t egr an t es da equ ipe f ix a propuseram 36 assuntos ( 78,3% ) e os estagiários 10 ( 21,7% ) .

Com par ação dos r egist r os feit os nas r euniões com os regist ros do dia- a- dia do HD

Os regist ros feit os durant e as sem anas que ant ecederam cada um a das REG est ão apresent ados

* Descrição das cat egorias: R rot inas e funcionam ent o do serviço; EF -estrutura física; P - pacientes; E - estagiários; AC - atividades científicas; AS - atividades sociais; V - visitantes; F - freqüência; EFx - equipe fixa

O r egist r o das sit uações diár ias do ser v iço p ar a an ál i se com eçou a p ar t i r d a seg u n d a REG. Obser v ou - se qu e h ou v e cor r espon dên cia, t ot al ou parcial, ent re os assunt os discut idos e as sit uações diárias registradas no serviço, em 18 das 20 sem anas est udadas. A cat egor ia e q u ip e f ix a foi list ada 1 7 vezes nos registros do cotidiano do serviço e apareceu co m o a v i so u m a v ez e a ssu n t o d u a s v ezes n a s r eu n iões. O t em a e st a g iá r io s apar eceu 1 4 v ezes no dia- a- dia e 9 v ezes nas REG. As v isit a s for am cit adas 14 vezes nas anot ações diárias e com o aviso em t rês REG.

Quant o à part icipação

O t em po de duração de cada REG est udada variou de 49 a 67 m inutos e 30 segundos, com tem po m édio de 58 m inutos. A m édia de silêncio por reunião foi de 42 segundos. Em apenas um a reunião o tem po de silêncio foi de 5 m inutos.

Quanto à utilização do tem po, a part icipação verbal dos integrantes da equipe segue a distribuição apresent ada na Figura 1.

G E

R Avisos Assuntos SituaçõesDiárias

2 AC;EF;E;F AC;R;EFx AC;R;EFx;EF;V;P;AS

3 P;R;EF;AS;AC;E;F P;R P;R;EF;AS;AC;E;EFx;V

4 R;EF;AC;E;V;F R;EF;AC R;EF;AC;E;P;EFx

5 R;P;F R;P R;P;EF;AC;EFx;V;E

6 EFx;R;V;F EFx;E;AS EFx;E;AS;R;V;AC;P

7 AS;AC;R AS;AC;P AS;AC;P;R;EFx;E;V

8 AS;F;EF P;R P;R;AS;V

9 R;EF;AC;E;F R R;EF;AC;E;AS;V;P;EFx

0

1 R;EFx;V;F P;E P;E;R;EFx;V;AC

1

1 --- AC AC;R;EF;EFx;AS;P;E;V

2

1 AC;E;AS;F AS;P AC;E;R;V

3

1 AS;R;F AS;P;E AS;P;R;EFx;V

4

1 R;F EF;AS EF;AS;R;EFx;P;V

5

1 R;AS;F E R;P;EFx

6

1 E;EF;R;AS;F E;P E;EF;R;AS;V

7

1 R;F E E;R;EFx;P

8

1 R;AS;E;F R;AS R;AS;E;V;EF;EFx

9

1 R;P;AC;AS;F R R;P;E;V;EF;EFx

0

2 R;AC;F R R;P;AS;EFx

1

(5)

Figura 1 - Participação verbal dos integrantes das REG de um HD, segundo a ocupação do tem po nas reuniões

A par t icipação v er bal dos com ponent es da equipe interdisciplinar do HD, no período do presente est udo, considerando o t em po ocupado na escolha e discu ssão dos t em as, n a Figu r a 1 , m ost r a qu e os docent es foram aqueles que m ais se pronunciaram . Ocuparam 48,5% do tem po total das 21 REG, ou sej a, quase a m et ade do t em po dos encont ros. Os dem ais participantes utilizaram o tem po de 50,5% distribuído da segu in t e m an eir a: n ão docen t es n ív el su per ior 2 8 % ; não docent es nív el m édio 3 , 5 % ; est agiár ios 1 5 % ; v i si t a n t e s 4 % . O t e m p o d e si l ê n ci o correspondeu a 1% .

Os funcionár ios não docent es com funções de nível superior propuseram 20 ( 43,5% ) dos assuntos d i scu t i d o s n a s r e u n i õ e s d o p e r ío d o o b se r v a d o , seguidos pelos docentes com 16 ( 34,8% ) e estagiários com 1 0 ( 2 1 , 7 % ) assunt os. Os assunt os pr opost os p e l o s e st a g i á r i o s f o r a m t o d o s e sco l h i d o s p e l o s m édicos r esident es.

DI SCUSSÃO

A im port ância das reuniões de equipe geral p a r a o H D p o d e se r o b se r v a d a co m d a d o s ap r esen t ad os em lev an t am en t o r et r osp ect iv o, n o período de 10 anos, onde foi registrada a transcrição de at as de 437 REG, o que daria m édia aproxim ada de 43 REG por ano( 10). Port ant o, se considerados os

fer iados, o núm er o é ex pr essiv o. Nos 6 m eses da present e pesquisa foram observadas 21 reuniões, ou

0 10 20 30 40 50 60

Integrantes da Equipe

M

inut

os

Docentes

Não docentes (nível superior) Estagiários

Visitantes

Não docentes (nível médio) Silêncio

sej a, houv e quase um a r eunião par a cada sem ana est udada. Esses dados m ost ram que a equipe do HD valoriza t ais reuniões, o que pode ser indicat ivo de que o espaço que elas oferecem é aproveit ado.

A equivalência ent re as cat egorias de avisos e a ssu n t o s e a p o ssi b i l i d a d e d e u t i l i zá - l a s p a r a cat egor izar as sit uações diár ias das sem anas, que an t eced er am cad a REG, p er m it e con clu ir q u e h á cir culação const ant e de infor m ações no ser v iço, de acor do, apar ent em ent e, com os obj et iv os a que a r e u n i ã o se p r o p õ e . A co r r e sp o n d ê n ci a e n t r e a s situações do dia- a- dia com os assuntos discutidos em 18 das 20 r euniões avaliadas ( Tabela 3) possibilit a infer ir que t ais r esult ados são indicat iv os de que o cont ext o do serviço foi exam inado nesses encont ros. As ca t e g o r i a s d e a v i so s e a ssu n t o s apareceram em m aior freqüência nos regist ros feit os das situações do cotidiano do HD quando com parados à s REG co r r e sp o n d e n t e s ( Ta b e l a 3 ) . I sso é com pr eensív el, t endo em v ist a que nas r euniões o tem po e o núm ero de assuntos é lim itado. No entanto, n ã o se p o d e d e i x a r d e co n si d e r a r o s a ch a d o s r efer ent es às cat egor ias e q u ip e f ix a, e st a g iá r ios e v isit a s. Par a a pequena fr eqüência da cat egor ia visit a s nas reuniões ( Tabelas 1 e 2) , sugere- se que a eq u i p e, h ab i t u ad a com t al r ot i n a, n ão si n t a a necessidade de discut ir esse t em a.

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que a exist ência das reuniões de equipe fixa ( REF) , com freqüência sem anal, facilita aos profissionais fixos deixarem alguns t em as especificam ent e direcionados para discussão nessa reunião. A REF parece facilit ar a não ex posição de t odas as v icissit udes iner ent es ao t rabalh o in t er disciplin ar, com o o da equ ipe em qu est ão, fr en t e aos est agiár ios. Assim , o obj et iv o geral da REG de facilitar a articulação dos estagiários com a equipe fixa, t rat ando de assunt os referent es ao relacionam ento interpessoal de seus com ponentes, não seria cont em plado em sua t ot alidade.

Ao se considerar as vicissit udes do t rabalho em equipe interdisciplinar encontra- se na literatura( 11)

out ros fat ores que podem , t am bém , t er relação com os resultados da presente pesquisa: 1. a necessidade d e m aior clar if icação d e p ap éis e d ist r ib u ição d e f u n çõ e s e n t r e o s i n t e g r a n t e s d a e q u i p e ; 2 . a co m u n i cação i n t er p esso al co m p r o b l em as; 3 . as difer enças hier ár quicas m ar cando as r elações; 4. o fat o de haver t reinam ent o em serviço e 5. o t em po de perm anência de cada int egrant e na inst it uição.

Os est ag iár ios p ar t icip ar am v er b alm en t e, ocupando 15% do t em po dos encont ros ( Figura 1) . Essa t ím ida par t icipação n as REG est u dadas pode refletir sua inexperiência, levando- os a assum ir papel secu n d ár io t an t o n a escolh a d e t em as q u an t o n a discussão dos m esm os. Com o ainda est ão com suas ident idades pr ofissionais em const r ução podem ser f a v o r e ci d a s su a s e x p r e ssõ e s d e i n se g u r a n ça e per secu t or iedade.

No am bient e da com unidade t er apêut ica é favorecida m aior exposição dos aprendizes, de m odo que suas fragilidades ficam m ais evidentes. Os jovens esforçam - se na busca pelo saber e ident ificação com os super v isor es, pr ocur ando nesses um m odelo de profissional que alm ej am ser no fut uro. Acabam , por vezes, se com portando com o filhos que esperam pelas orient ações dos pais, o que leva o grupo a funcionar no nível do suposto básico de dependência(12). Diante

disso, é esperado que os profissionais m ais experientes assum am o papel de facilitadores do desenvolvim ento dos est agiár ios, t ant o lhes ser v indo com o m odelo, com o t endo sobr e eles um olhar m ais cuidadoso e m ai o r co n t i n ên ci a n o i n t u i t o d e p r o p i ci ar - l h es a i n t e g r a çã o e o a p r e n d i za d o . Ca so co n t r á r i o , a frustração, a persecutoriedade, a inveja e o sentim ento de inadequação podem facilit ar par a que os j ovens assum am post ur a onde se alheiem silenciosam ent e na inst it uição, ou at é sej am levados a im plem ent ar ações que venham sabot ar as t arefas do serviço.

Não se pode, port ant o, subest im ar o fat o de que os est agiários do HD vivem um m om ent o m uit o e sp e ci a l d e su a f o r m a çã o p r o f i ssi o n a l . Se u aprendizado ant erior, nas inst it uições universit árias, foi cent r ado na r elação bi- pessoal. O t r abalho em eq u ip e in t er d iscip lin ar n o m od elo d a com u n id ad e t er apêu t ica pr essu põe dim en são plu r al n a r elação terapêutica. A clientela deixa de ser “ m inha” e passa a ser “ nossa”. De form a paralela, as novas Diret rizes Cur r icular es dos cur sos de gr aduação t êm buscado privilegiar a form ação m ais hum anista do profissional, est im ulando- o a assum ir um a post ura m ais crít ica e reflexiva e capacit ando- o para at ender às dem andas l o ca i s e r e g i o n a i s, co m co m p r o m i sso so ci a l d e m udanças( 13).

A busca de coesão do grupo de profissionais de qualquer equipe int er disciplinar e a necessidade de um espaço para a reflexão acerca da prática direta j u n t o ao u su ár io t em sid o con sen so n a lit er at u r a especializada. Par a t ant o, as r euniões sist em át icas dos profissionais que com põem um a equipe surgem co m o r e cu r so p a r a f a ci l i t a r a i n t e g r a çã o d a s diferentes form as de pensar e agir. As discussões são i m p l e m e n t a d a s n o se n t i d o d e r e v e r co n ce i t o s, post u r as, at it u des, con du t as, pr ov er in ov ações n a prát ica, t rabalhar conflit os em ergent es e facilit ar os relacionam ent os int erpessoais ent re os m em bros da equ ipe e desses com os u su ár ios. As r eu n iões de equipe, em qualquer inst it uição, por cont r ast ar em com as decisões hierárquicas vert icalizadas, facilit am a d ist r ib u ição d em ocr át ica d a au t or id ad e p ar a a realização das t arefas( 5,7).

As i n st i t u i çõ e s o u o r g a n i za çõ e s p o d e m f u n ci o n ar seg u n d o o m o d el o d e r eq u i si t o o u d e

par an ogên ese( 7). As de requisit o possuem est rut ura adm inistrativa funcional, ou sej a, existe um casam ento entre autoridade e responsabilidade. As paranogênicas

acab am m old an d o com p or t am en t os q u e lev am à d e sco n f i a n ça , i n v e j a , r i v a l i d a d e , a n si e d a d e e h o st i l i d a d e s, d i f i cu l t a n d o o s r e l a ci o n a m e n t o s i n t e r p e sso a i s, m e sm o q u a n d o h á b o a v o n t a d e indiv idual.

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pr im ár ias específicas, r equer lider ança funcional. A d e ci sã o f u n ci o n a l e n v o l v e a p o ssi b i l i d a d e d e discu ssões e t om adas de decisão em gr u po en t r e líderes de um determ inado nível hierárquico, podendo a au t or idade ser delegada a cada u m dos gr u pos env olv idos, m as a r esponsabilidade cont inua sendo dos líderes que detêm o poder legítim o ( autoridades) . I sso pode f azer com qu e a or gan ização f u n cion al pareça dem ocrática quando, de fato, corresponde aos princípios funcionais da organização social( 5,7).

Con sider an do a cat egor ia pr of ission al dos com ponent es dos dois grupos que int egram a equipe do HD, o fixo e o flutuante, foi possível observar que os m édicos pr ev alecer am na ocupação do t em po e escolha dos t em as que ser iam discut idos nas REG. En t r e o s e st a g i á r i o s, o s m é d i co s r e si d e n t e s pr opuser am 10 ( 21, 7% - Tabela 2) do t ot al de 46 assunt os. Os docent es m édicos for am os que m ais se pronunciaram , chegando a ocupar quase a m etade do t em po dos encont r os ( Figur a 1) e suger indo 16 ( 3 4 , 8 % - Ta b e l a 2 ) d o s t e m a s d i scu t i d o s. A responsabilidade desses com o ensino e pesquisa, as incum bências adm inistrativas estruturais da instituição o n d e o ser v i ço est á i n ser i d o ( u n i v er si d ad e) e a necessár ia pr eocupação com a população at endida p o d e m f a v o r e ce r a h i e r a r q u i za çã o e f i x a çã o d a função de lider ança e conseqüent e poder legít im o. Assim , prest ar assist ência, ensinar, servir de m odelo, a d m i n i st r a r e a i n d a d e se n v o l v e r p e sq u i sa s, co n st i t u e m f u n çõ e s q u e v ê m f a ci l i t a n d o o u p r e ssi o n a n d o o s i n t e g r a n t e s d e sse g r u p o a part iciparem m ais na REG. O que possibilit a inferir, portanto, que, na equipe estudada, existam diferenças de saber e de poder. No que se relaciona ao poder, p a r e ce q u e , co m o n a m a i o r i a d o s se r v i ço s hospitalares universitários, há a hegem onia do m odelo m édico( 14- 15). Os m édicos do HD apar ecem , assim ,

com o o grupo de aut oridade do serviço, ou sej a, o q u e a ssu m e a r e sp o n sa b i l i d a d e e a l i d e r a n ça funcional( 5,7).

O cont at o diário com os problem as gerados pelo adoecer e conseqüent es per das t ende a ger ar com portam entos defensivos na equipe de assistência. A post ur a, m uit as vezes, onipot ent e do pr ofissional m édico pode aparecer com o deslocam ento de tensões sobr e o pessoal aux iliar ou client es. Nesses acaba sen d o f o m en t ad a a d ep en d ên ci a, f aci l i t ad a p el a regressão que a própria doença conduz. Cont udo, a part ir da dependência, podem ser increm ent adas as ex igên cias, f r u st r ações e in gr at idões ou sit u ações

persecutórias tanto entre as pessoas em atendim ento qu an t o en t r e os t écn icos au x iliar es. Ou t r a at it u de possível é a da ident ificação com o problem a que a inst it uição se propõe a resolver, que pode levá- la a adquirir a m esm a est rut ura e o m esm o sent ido. No caso de um serviço de saúde m ental, esse pode atuar segr egando e alienando seus usuár ios, quando sua propost a é a de reint egrar( 9).

Um hospital, com o instituição a qual o cliente pode r ecor r er fr ent e a um a sit uação de doença ou int ercorrência que afet e sua int egridade, t em com o o b j e t i v o p r e cíp u o p r o p o r ci o n a r - l h e co n d i çõ e s fav or áv eis par a a r eabilit ação. No ent ant o, acaba, por vezes, est rut urando- se segundo as conveniências dos profissionais de saúde e adm inistrativos que, não raro, estão em oposição às necessidades dos usuários. As instituições repetem a vida, ou sej a, sua natureza dinâm ica e a presença do conflito lhes são im anentes. O carát er universal da t endência à inst it ucionalização dos grupos hum anos, o progressivo afast am ent o dos obj etivos originais do grupo na m edida em que ocorre seu p r ocesso in st it u cion alizan t e e a con q u ist a ou m anut enção de “ est ados de poder ”, aparecem com o car act er íst icas p r óp r ias a q u alq u er ag r u p am en t o hum ano, ou sej a, os grupos são sem pre instrum entos de busca de poder, inerent e à condição hum ana( 7- 8).

Ou t r a j u st i f i ca t i v a p a r a a s d i f e r e n ça s obser v adas na par t icipação v er bal dos int egr ant es da equipe ( Tabelas 1 e 2, Figura 1) poderia ser o fato d essa ser com p ost a p or p r of ission ais d e d iv er sas f o r m a çõ e s, q u a l i f i ca çõ e s e v i n cu l a çõ e s co m a inst it uição, int eragindo em um serviço universit ário. En t r e os in t eg r an t es d a eq u ip e f ix a h á n ív eis d e f o r m a çã o d i f e r e n t e s, j á e n t r e o s e st a g i á r i o s a diferença está nos m odelos aprendidos. A com posição het erogênea da equipe pode facilit ar a discordância e o ch oq u e d e sab er es. Essas d if er en ças e seu s desm em br am ent os, por sua v ez, são conseqüência da div isão das ciências hum anas que t endem a se refugiar em seus pequenos feudos int elect uais( 14,16).

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f o r m a , f i ca e v i d e n t e q u e a r e ci p r o ci d a d e e n t r e t r ab alh o e in t er ação é essen cial ao t r ab alh o em eq u ip e, sen d o, p or t an t o, a com u n icação en t r e os profissionais sua base de sust ent ação( 14,16).

Nas reuniões observadas no HD, as diferenças de part icipação dos int egrant es da equipe podem ser r eflexo desses e de out r os m ecanism os defensivos, suscit ados pelas r elações de saber e poder. Esses a sp e ct o s m e r e ce r i a m se r a v a l i a d o s m e d i a n t e a inclusão de um a supervisão inst it ucional na rot ina de um serviço com o o estudado. A psicologia institucional pode ser um a terapêutica eficaz quando aplicada nas inst it uições de saúde( 8- 9,14).

Dur ant e o per íodo obser v ado, a equipe do HD não discut iu diret am ent e t em as relacionados com sen t im en t os de f r u st r ação ou desam par o f r en t e à p r át ica com p essoas em sof r im en t o p síq u ico, p or vezes geradora de angúst ias, nem t am pouco houve m e n çã o d e b u sca r su p e r v i sã o e x t e r n a p a r a o s pr of ission ais. I sso n ão dif er e dos ach ados de u m est udo sobre a prát ica de enferm eiros em hospit ais-dia psiquiát r icos no Est ado de São Paulo, onde- se observou a ocorrência de supervisão em apenas t rês ( 20% ) dos 15 serviços pesquisados( 17).

Para o funcionam ento efetivo de um a equipe de saúde, os obj et ivos de seus com ponent es devem se r co m u n s, cl a r o s, co m p r e e n d i d o s, a ce i t o s d e p r e f e r ê n ci a p o r t o d o s e se h o u v e r p r o p ó si t o s indiv iduais dev em ser com pat ív eis com aqueles do grupo( 5,11,15). A m otivação para a realização da tarefa

precisa ser alim ent ada de form a const ant e, o que é encont rado no próprio int ercâm bio com os usuários e com os out ros com ponent es da equipe, onde cada i n t e g r a n t e p o d e se n t i r q u e a sa t i sf a çã o co m a r ealização de sua t ar efa est á na par t icipação e em p o d e r e x t r a i r d e e x p e r i ê n ci a s t e r a p ê u t i ca s com par t ilhadas o enr iquecim ent o da apr endizagem . Os obj et ivos com uns da equipe pareceram est ar em conform idade nas reuniões de equipe geral desse HD, j á os individuais e a m ot ivação dos com ponent es do grupo não foram avaliados.

As reuniões em questão, pelas características do ser v iço e pelos div er sos gr upos de pr ofissionais que com põem as equipes ( fixa e flutuante) , propiciam espaço de ensino- apr endizado const ant e. Pelo que foi possível observar no presente trabalho, as reuniões par ecem est r ut ur ar - se com o espaço de encont r o e possível int egração dos profissionais. A dinâm ica de seu funcionam ent o faz com que a REG sej a inserida no serviço com o parte de sua estrutura, de sua base de su st en t ação, n ecessár ia à pr ópr ia ex ist ên cia e

perm anência do HD em at ividade.

Sabe- se que assist ir pessoas em sofrim ent o em ocional é t ar efa ár dua, dolor osa e m obilizador a d os m ais d iv er sos sen t im en t os n os p r of ission ais. Por t an t o, o clim a d e con f iab ilid ad e q u e p od e ser gerado a partir das reuniões de equipe, que não está im u n e a con flit os, é facilit ado pelo in cr em en t o da criatividade e do prazer dos profissionais e estagiários na execução das tarefas. Se isso ocorre, os usuários, p o r su a v ez, d et ect a m a esp o n t a n ei d a d e a ssi m em anada e podem int roj et ar o m odelo vivenciado e buscar form as m enos rígidas de se relacionar. Sendo assi m , p r o p i ci a- se a co n st r u ção d e esp aço p ar a cont ínuo aprim oram ent o na prát ica de saúde m ent al. O HD , co m o q u al q u er ser v i ço d e saú d e, encont ra- se inserido em um a sociedade e, port ant o, suj eit o a suas ex pect at iv as e ex igências ( cont ex t o m a cr o so ci a l ) . Essa s p o d e m i n t e r f e r i r n o s relacionam ent os ou com port am ent os dos int egrant es da equipe. O funcionam ent o das REG, por sua vez, acaba sendo r eflex o dessas sit uações. Ser á que os assu n t os d iscu t id os n as r eu n iões in d ep en d em d e variáveis externas e se repetiriam ao longo do tem po? Seriam eles diferentes em um outro m om ento? Ficam aqui esses quest ionam ent os.

CONSI DERAÇÕES FI NAI S

Com o est udo r ealizado sobr e as r euniões de equipe geral desse HD, foi possível ident ificá- las co m o p ar t e i n t eg r an t e d o ser v i ço e en t en d ê- l as m elhor ao exam inar seu funcionam ento. Partindo dos result ados apresent ados, sugere- se sua ut ilização na pr át ica em equipe int er disciplinar de saúde m ent al em “ com unidades t erapêut icas”, sej am elas volt adas para o ensino, pesquisa ou assist ência.

Os q u est ion am en t os su scit ad os com est e trabalho em conj unto com os resultados apresentados, servem com o base de estím ulo para pesquisas futuras que t enham r euniões de equipes int er disciplinar es com o obj et o de est udo, sej am elas conduzidas nesse HD ou em qualquer out ra inst it uição de saúde.

AGRADECI MENTOS

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REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

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