Anticorpos líticos detectados em líquido pericárdico de chagásicos crônicos.

R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p ic a l 1 7 : 1 2 7 - 1 3 1 , J u l - S e t , 1 9 8 4

ANTICORPOS LÍTICOS DETECTADOS EM

LÍQUIDO PERICÁRDICO DE CHAGÁSICOS CRÔNICOS

Ed iso n Re is Lop e s, M aria Eiiz a b e t h So a r e s Pereira, Cé sa r M ora es, An t on ia n a U rsin e Kret t li e Z ig m a n Bre n e r

A p e s q u i s a d e a n t i c o r p o s lí t i c o s ( A L ) a t r a v é s d o te s te d e li s e m e d i a d a p o r

c o m p l e m e n t o ( L M C o ) f o i p o s i t i v a e m 1 1 l í q u i d o s p e r i c á r d i c o s o b t i d o s d e p a c i e n t e s

c h a g á s i c o s f a l e c i d o s s u b i t a m e n t e o u p o r c a u s a s n ã o r e l a c i o n a d a s à d o e n ç a d e C h a g a s e q u e e s t ã o i n c l u í d o s e m u m e s t u d o d a f o r m a i n d e t e r m i n a d a d e s s a d o e n ç a . E m t o d o s e s s e s

p a c i e n t e s a s o r o l o g i a c o n v e n c i o n a l p a r a d o e n ç a d e C h a g a s a p r e s e n to u r e s u l t a d o s p o s i t i v o s e o q u a d r o a n á t o m o - p a t o l ó g i c o m o s t r o u l e s õ e s c a r a c t e r í s t i c a s o u c o m p a t í v e i s c o m a c a r d ite c h a g á s i c a c r ô n ic a . E m 1 2 l í q u i d o s p e r i c á r d i c o s d e i n d i v í d u o s q u e

f a l e c e r a m p o r d i f e r e n t e s c a u s a s e n o s q u a i s a s o r o l o g i a p a r a d o e n ç a d e C h a g a s f o i n e g a t iv a , a L M C o t a m b é m f o i n e g a tiv a . A p r e s e n ç a d e A L n o l í q u i d o p e r i c á r d i c o c o n s t i t u i f o r t e e v i d ê n c i a d a p r e s e n ç a d e in fe c ç ã o a t i v a p o r T . cru z i n o s c h a g á s i c o s n e c r o p s i a d o s e a b r e p e r s p e c t i v a s p a r a o e s t u d o e o m e l h o r c o n h e c i m e n t o d a p a t o l o g i a d a d o e n ç a d e C h a g a s .

P a la v ra s ch av es: D o e n ç a de C h ag as. L íq u id o p e ric árd ic o . A n tic o rp o lítico. S o ro ­ logia anti-7! c r u z i .

A n tic o rp o s lítico s (A L ) d e te c ta d o s p elo te ste de lise m e d ia d a p o r co m p lem en to (L M C o ) u san d o -se trip o m a stig o tas vivos d o T r y p a n o s o m a c r u z i sã o en c o n tra d o s n o so ro d a q u ase to ta lid a d e de ch ag ásico s crô n ic o s co m in fec çã o a tiv a 5 . E sse s an tic o rp o s são d ife ren tes d a q u e le s en v o lv id o s n o d ia g n ó stic o p ela so ro lo g ia co n v e n cio n a l (A S C ), d ep e n d em d a p re se n ç a d o p a ra s ita e e s tã o asso c ia d o s à re sis tê n c ia d o h o s­ p ed eiro c o n tra o T. c r u z i. N o p re se n te tra b a lh o a s sin alam o s a p re se n ç a d e A L no líq u id o p eric árd ic o de p a c ie n te s c h a g ásico s crô n ic o s falecid o s p o r di­ feren tes c a u sa s. E s s e a c h a d o po d e re p re se n ta r um rec u rso ad icio n a l p a ra a d e m o n stra ç ã o d a in fecção c h a g á s ic a ativ a em m a te ria l de n ecro p sias.

M A T E R I A L E M É T O D O S

A m o s t r a s d e l í q u i d o p e r i c á r d i c o . O m a te ria l foi

o b tid o de 2 3 in d iv íd u o s n e c ro p siad o s n o D e p a rta

-T ra b a lh o d o D e p a rta m e n to d e P a to lo g ia , M e d ic in a L eg al e D e o n to lo g ia M é d ic a d a F a c u id a d e de M e d ic in a d o T riâ n g u lo M in e iro , U b e ra b a ; d o C e n tro de P e s q u is a s R e n é R a ch o u , F I O C R U Z , B elo H o riz o n te e d o D e p a rta m e n to d e P a ra - sito lo g ia d a U n iv e rsid a d e F e d e ra l d e M in a s G e ra is. R e a liz a d o c o m a u x ílio fin an c eiro d o C N P q ( P I D E ) , F I N E P e W H O S p e c ia l P ro g ra m m e fo r R e se a rc h a n d T ra in in g in T ro p ic a l D ise a se s .

E n d e re ç o p a ra c o rre sp o n d ê n c ia : E d is o n R eis L o p es - F a c u l­ d a d e d e M e d ic in a d o T riâ n g u lo M in e iro , U b e ra b a - M G . R e c e b id o p a ra p u b lic a ç ã o em 4 /5 /8 4 .

m en to d e P ato lo g ia, M e d ic in a L egal e D eo n to lo g ia M é d ic a d a F a c u ld a d e de M e d ic in a d o T riân g u lo M in e iro (U b e ra b a , M in a s G e ra is). O n ze era m ch a­ g ásico s crô n ic o s n o s q u ais o d iag n ó stic o d a d o e n ç a de C h a g as foi feito b a s e a d o nos ac h ad o s m orfológicos m a cro e m ic ro scó p ic o s d o coração-* 9; os o u tro s doze, q u e se rv ira m d e co n tro le, p erte n cia m a indivíduos n ão ch a g ásico s falecid o s p o r v ária s cau sas.

D o s o n ze ch a g á sico s, d o is tiv e ram m o rte vio­ le n ta e q u a tro fale ce ra m su b itam en te dev id o à tri- p an o sso m ía se. N e n h u m d o s seis p ac ie n tes a p re sen ta ­ va, an te s d o ó b ito , ao que se pô d e ap u ra r, m an ifesta­ çõ es clín icas d a d o e n ç a de C h a g as. T rê s fale ceram por in su ficiên cia c a rd ía c a em co n seq ü ê n c ia d a d o en ç a e do is p o r c a u sa s n ã o rela cio n a d as à endem ia.

R e a ç õ e s s o r o l ó g i c a s . F o ra m rea liza d as as

seg u in tes re a ç õ e s de so ro lo g ia co n v en cio n al (S C ) p a ra o d ia g n ó stic o d a d o e n ç a de C h ag as: rea ção de im u- n o flu o re sc ên cia in d ire ta , re a ç ã o de fix ação do com ­ p le m en to , re a ç ã o d e h em ag lu tin aç ão in d ireta, to d as feitas co m fo rm as d e cu ltiv o do p a ra s ita o u suas fra çõ es. P a r a esses te ste s foi e m p re g ad a m etodologia j á e x p o s ta em tra b a lh o a n te rio r (L o p e s e cols 1978)*. A re ç ã o de E L IS A , ta m b ém u tiliza d a foi re a liz a d a de a c o rd o com a té c n ic a o rig in a l1®.

T e s te d e li s e m e d i a d a p o r c o m p l e m e n t o . A

L o p e s E R , P e r e ir a M E S , M o r a e s C , K r e t t l i A U, B r e n e r Z . A n ti c o r p o s litic o s d e te c ta d o s e m lí q u id o p e r ic á r d i c o d e c h a g á s ic o s crô n ico s . R e v is ta d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic a l 17: 1 2 7 -1 3 1 , J u l- S e t, 1 9 8 4

trip o m astig o tas fo ram o b tid a s de ca m u n d o n g o s ir­ rad iad o s (6 5 0 r), in fectad o s co m a c e p a Y d o T. c r u z i e sang rad o s d o seio o rb ita l n o 7 ° d ia de in fecção . O sangue co leta d o e ra d esfib rin a d o co m o au x ílio de p éro las de vidro, d ilu íd o c o m m eio de cu ltiv o (T C 199 d a D ifco ) e cen trifu g ad o a lOOg p o r 10 m in; o so b ren a d an te , c o n te n d o o s trip o m a stig o tas, e ra c e n ­ trifugado a l.OOOg p o r 15 m in a 4 °C . A s form as san g ü ín eas assim o b tid a s era m la v ad a s d u as v ezes em T C 1 99 co n ten d o 5 % de so ro b o v in o fetal (T C -S B F ) e d ilu íd as p a ra 8 x lO ^ /m l co m o m e sm o m eio. A líq u o ­ ta s de lO O yl de líq u id o p e ric á rd ic o d ilu íd o (1 :2 a 1:8) eram in c u b ad a s co m lO O yl d a s u s p e n s ã o d e p a ra s ita s p o r 30 m in a 3 7 °C ; ap ó s esse p erío d o o m a te ria l era d ividido em q u a tro alíq u o ta s de 5 0 y l e m itu b o s co n ­ ten d o volum es iguais d e so ro h u m a n o n ã o diluído, u sa d o co m o fonte de co m p lem e n to (tu b o te ste ), ou soro in ativ ad o d o m e sm o d o a d o r (tu b o co n tro le). A m istu ra e ra in c u b a d a p o r 6 0 m in a 3 7 °C a p ó s o que o nú m ero de p a ra s ita s m ó v eis e ra d e te rm in a d o em um h em o citô m etro e a p e rc en ta g em d e lise calc u lad a . T u b o s co n ten d o so ro h u m a n o n o rm al (co n tro le n e­ gativo) o u so ro de ind iv íd u o s ch a g ásico s (co n tro le p o sitivo) era m u tilizad o s em c a d a teste. T o d o s os

te ste s fo ram re a liz a d o s co m os líq u id o s p eric árd ic o s co d ificad o s. O cá lc u lo d a % d e lise d o s trip o m a s­ tig o tas e ra feito p e la seguinte fórm ula:

N ? parasitas nos tubos controles - N ? parasitas nos Cubos testes

% lis e ---X 1 0 0 N p parasitas nos tubos controles

E m d o is d o s 23 c a so s ex a m in a d o s h o u v e de início d ificu ld ad es p a ra a re a liz a ç ã o d o teste. A p ó s c o rre ç ã o d o p H to m o u -se p o ssív el a d e te c ç ã o d o A L . N ã o fo ram in clu íd o s n o p re se n te estu d o d o is ca so s, um deles cujo óbito deco rreu de envenenam ento barbitúrico, cu jo s líq u id o s p e ric á rd ic o s lisav a m sis te m a tic a m e n te as fo rm a s sa n g ü ín ea s, in d e p en d e n tem en te d a ad içã o d o c o m p lem en to à reação .

R E S U L T A D O S

O te ste de L M C o re a liz a d o n o líq u id o p e ric á r­ d ic o re su lto u p o sitiv o em to d o s os 11 c a so s n o s q u ais a so ro lo g ia c o n v e n cio n al p a r a d o e n ç a de C h a g a s h av ia sido p o sitiv a n o m esm o m a teria l (T a b e la 1). A s p erc en ta g en s de lise n a s d iferen tes d ilu içõ es fo ram sen siv elm en te se m elh an te s às e n c o n tra d a s n o rm a l­ m en te com so ro s d e p a c ie n te s ch ag ásico s n ã o trata d o s.

T a b e l a 1 - D a d o s g e r a i s d e o n z e c h a g á s i c o s n e c r o p s i a d o s

C a s o s P r o t o c o l o s S e x o I d a d e

( a n o s )

S o r o l o g i a d o l í q u i d o p e r i c á r d i c o

L M C o S C

% L i s e 1 :4 1 :8 1 :1 6

A n a t o m i a P a t o l ó g i c a

C a u s a

M ç r t i s

1 1 7 /8 3 M 73 80 63 — R e ativ a C. C h. C r.. O . C. C . C h . C r..

2 1 5 /8 3 M 35 58 41 — R e a tiv a C . C h . C r.. C . C h. C r. (M .S .)

3 3 4 /3 2 F -- 61 7 4

--

C a rc in o m a to se

4 3 9 /8 3 F 25 100 99 99 R e a tiv a C . C h. C r.. O . C . C . C h . C r.. 5 1 2 4 /8 3 M 61 9 0 76 37 R e a tiv a E n fise m a p u lm o n a r. C o r

p u lm o n ale. M io c a rd ite focal

C o r p u lm o n ale

6 1 0 7 /8 3 M 43 99 92 93 R e a tiv a C . C h. C r.. C . C h . C r. (M .S .) 7 G .J .B M 45 97 91 9 9 R e a tiv a C . C h. C r.. C . C h . C r. (M .S .) 8 J .J .M M 43 87 97 97 R e ativ a C . C h. C r. C . C h . C r. (M .S .) 9 3 2 /8 3 M 47 94 98 92 R e a tiv a P . T . F o c o s de infiltrad o s

de m o n o n u c lea re s e de fi- b ro se n o m io c árd io

P . T . (M .V .)

10 1 1 9 /8 3 F 46 9 0 89 84 R e a tiv a C . C h . C r.. O . C . C . C h . C r. 11 1 6 /8 3 M 47 7 0 52 R e a tiv a P . T. C . C h . C r. P . T . (M .V .)

M = M ascu lin o ; F = F e m in in o ; L M C o = T e s te d e L is e M e d ia d a p o r C o m p le m en to ; S C = S o ro lo g ia C o n v e n c io n a l co n fo rm e esp ecificad o n o M a te ria l e M é to d o s; C . C h . C r. = C a rd ite C h a g á s ic a C rô n ica ; O . C . = Ó rg ã o s C a rd ía c o s ; M . S. = M o rte súbita; P . T . = P o litra u m atism o ; M . V. = M o rte V io len ta

L o p e s E R , P e r e ir a M E S , M o r a e s C, K r e tt li A U, B r e n e r Z . A n tic o r p o s lític o s d e te c ta d o s e m lí q u id o p e r ic á r d ic o d e ch a g á s ic o s cr ô n ic o s. R e v is t a d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic a l 17 : 1 2 7 -1 3 1 , J u l- S e t, 1 9 8 4

O s re su lta d o s d a so ro lo g ia co n v e n cio n al e d a L M C o sã o co m p atív eis c o m o s a c h a d o s an á to m o -p ato ló g ic o s q u e, em su a q u a s e to ta lid a d e , m o stra m a e x istê n cia de lesõ es c a ra c te rís tic a s o u alta m e n te su g estiv as de car- d ite ch a g á s ic a c rô n ic a , a p e s a r d e n ã o se te r o b se rv a d o p a ra s ita s em n en h u m d o s c o rte s h isto ló g ico s ex am i­ n ad o s.

N a T a b e la 2 e s tã o e x p o sto s os resu ltad o s o b tid o s co m o te ste de L M C o n o s líq u id o s p eri­

cá rd ic o s o b tid o s de 12 p a c ie n te s n o s q u ais a S C p a ra d o e n ç a d e C h a g as foi negativa. N e s s e g rupo pelo m en o s d u as re a ç õ e s so ro ló g icas c o n tra o T. c r u z i

fo rn e ce ra m re su lta d o s n eg a tiv o s sendo que em 6 p a c ie n te s a d o e n ç a d e C h a g as foi ex c lu íd a p ela n eg ativ id ad e d e trê s d as q u a tro rea çõ es u tilizad as. E m to d o s esses líq u id o s p eric árd ic o s o resu ltad o da L M C o foi negativo. E m n en h u m d o s 12 c a so s foram o b se rv a d a s le sõ es co m p atív eis ou sugestivas de car- d ite ch ag ásica.

T a b e l a 2 - D a d o s g e r a i s d e d o z e n ã o - c h a g á s i c o s n e c r o p s i a d o s

S o r o l o g i a d o l í q u i d o

I d a d e p e r i c á r d i c o C a u s a

C a s o s P r o t o c o l o s S e x o ( a n o s ) L M C o S C A n a t o m i a P a t o l ó g i c a M o r t i s

% L i s e

1 :4 1 :8 1 : 1 6

1 34 3 3 M 56 0 0 0 N e g a tiv a P erito n ite pós-gastrectom ia P erito n ite 2 2 2 8 3 F 55 5 0 0 N e g a tiv a H ip e rte n s ã o a rterial.

H e m o rra g ia cereb ral.

A . V. C .

3 3 4 3 4 M 45 5 0 0 N e g a tiv a A rterio sc lero se. In fa rto cereb ral.

A . V. C.

4 1 8 /8 3 F 2 0 0 0 N eg a tiv a B ro n co p n e u m o n ite h em o r­ rág ica

B roncopneum onite

5 3 4 3 0 M 67 0 0 0 N e g a tiv a H ip e rte n s ã o arte rial. B ro n co p n e u m o n ite

B roncopneum onite

6 1083 F 6 4 11 5 0 N eg a tiv a T . C . E . T . C . E . (M .V .) 7 3 4 2 9 M 58 19 0 0 N e g a tiv a H ip e rte n sã o arterial.

H e m o rra g ia cereb ral.

A . V. C .

8 3431 M 47 0 0 0 N e g a tiv a C a rd io p a tia isq u êm ica C . I. 9 1 1 1 /8 3 M 40 0 0 0 N e g a tiv a H ip e rte n sã o arterial. C . H . C . H . 10 3 1 /8 3 M 48 0 0 0 N e g a tiv a P n eu m o n ite b ila te ra l P n eu m o n ite 11 2 5 /8 3 M 35 0 0 0 N e g a tiv a T . C . E . T . C . E . (M .V .) 12 G . S. M 54 0 0 0 N e g a tiv a A n e u rism a aó rtico ro to H em orragia interna

M = M a sc u lin o ; F = F e m in in o ; L M C o = T e s te d e L ise M e d ia d a p o r C o m p le m en to ; S C = S o ro lo g ia C o n v e n c io n a l conform e e sp e cific a d o n o M a te ria l e M é to d o s; C . C h . C r. = C a rd ite C h a g á s ic a C rô n ic a ; O . C . = Ó rg ã o s C a rd ía c o s ; M . S. = M o rte sú b ita; P. T . = P o litra u m a tism o ; M . V. = M o rte V io len ta; A . V. C . = A c id e n te V a sc u la r C e reb ra l.

D IS C U S S Ã O

E stu d o s re c e n te s d e m o n stra ra m a p re se n ç a , em p a c ie n te s c h a g á s ic o s5 o u em an im ais cro n ic am e n te in fec tad o s p elo T. c r u z i 4 , de an tico rp o s q u e d iferem

fu n cio n a lm e n te en tre si: a) an tico rp o s resp o n sá v eis p e la p o sitiv id a d e d a s re a ç õ e s so ro ló g icas co n v e n ­ cio n ais u s a d a s no d ia g n ó stic o d a d o e n ç a de C h a g as (A S C ); b) an tico rp o s p re se n te s n o s so ro s de p a c ie n tes crô n ic o s co m in fec çã o ativ a, asso c ia d o s a resistên c ia d o h o sp e d eiro ao T. c r u z i . A p e n a s e s sa seg u n d a

L o p e s E R , P er eir a M E S , M o r a e s C , K r e tt li A U, B r e n e r Z. A n tic o r p o s lític o s d e te c ta d o s e m lí q u id o p e r ic á r d ic o d e ch a g á s ic o s c rô n ic o s. R e v is ta d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d i c in a T r o p ic a l 17 : 1 2 7 -1 3 1 , J u l- S e t, 1 9 8 4

c e rta p erc en ta g em de p a c ie n tes c h a g ásico s tra ta d o s 5 n o s q u ais a so ro lo g ia co n v e n cio n al é p o sitiv a m a s a L M C o é p ersisten tem e n te negativa.

C o n s id e ra n d o ser o A L um m a rc a d o r b a s ta n te confiável de in fecçã o ativ a p elo T. c r u z i , p ro cu ram o s

d eterm in a r su a p re s e n ç a n o líq u id o p e ric á rd ic o de p ac ie n tes c h a g ásico s co m d iferen te s tip o s de óbito. N o sso s resu ltad o s d e m o n stra m que em to d o s os 11 ch ag ásico s e s tu d a d o s a p e s q u isa d e A L foi po sitiv a. P o r o u tro la d o n o s 12 c a so s de n ã o -c h ag ásico s a L M C o foi n eg ativ a. E s s e s d ad o s co n firm a m ac h a d o s an terio res, o b se rv a d o s in v i v o , com re la ç ã o à p re se n ç a

de A L em ch ag ásico s crô n ico s e à esp ec ificid a d e do m éto d o 4, 5, b em co m o ab rem n o v as p ersp e ctiv as p a ra o estu d o e m e lh o r co n h e cim en to d a p a to lo g ia da trip a n o sso m ía se cru zi. É fato b em co n h e cid o q u e a p ara sito se te cid u a l n a fo rm a c rô n ic a d a d o e n ç a de C h a g as é e s ca ssa. M e sm o n o s ó rg ão s em q u e p are ce h av e r m a io r p a ra sitis m o co m o n o c o ra ç ã o ^ e nas a d re n a is 1 a p e s q u is a d ire ta de p a ra s ita s , e x tre m a ­ m ente tra b a lh o sa , co m m u ita fre q ü ên c ia é n eg ativ a. A p o sitiv id ad e d a L M C o no líq u id o p e ric á rd ic o - e ev e n tu alm en te em o u tro s h u m o res o rg â n ic o s - de ch ag ásico s n ec ro p siad o s p o d e rá p o rta n to se co n stitu ir em forte ev id ên cia d a p re se n ç a de in fecção c h a g á s ic a ativ a m esm o n ã o se e n c o n tra n d o p a ra s ita s n o s co rtes h istológicos ex a m in a d o s.

E n tre os 11 ch ag ásico s e x a m in a d o s, trê s c a so s eram d e in d iv íd u o s falecid o s de m o d o vio len to , ten d o sido em v id a a ssin to m á tic o s. N e le s, o s a c h a d o s m or- fológicos ca rd ía c o s fo ram se m elh an te s ao s o b se rv a d o s nos trip a n o sso m ó tico s falecid o s n a c h a m a d a fo rm a in d e te rm in a d a d a d o en ç a^ . A in d a q u e a c a su ístic a seja p eq u en a e ex ija p a ra c o n c lu sõ e s d efin itiv as u m estu d o de m a io r n ú m ero de caso s, o d a d o sugere q u e n a fo rm a in d e term in a d a d a en d em ia, a in fecção , p e lo m e n o s n estes c a so s, e s ta v a em ativ id ad e. A p re se n ç a de A L e d e fo co s flogísticos co m e x s u d a to c e lu la r co n ferem su b stra to a n o s s a afirm ativ a. D e m o d o sim ila r nos q u atro c h a g ásico s co m m o rte s ú b ita - e n o s q u a is a su b itan e id a d e d o ó b ito foi a trib u íd a à trip a n o s­ som íase - os a c h a d o s ta m b ém su g e rem in fecção trip a n o sso m ó tica ativ a.

S U M M A R Y

L y t i c a n t i b o d i e s ( L A ) i n v e s t i g a t e d b y c o m

-p l e m e n t - m e d i a t e d l y s is ( C o M L ) te s t w e r e -p r e s e n t in

1 1 p e r i c a r d i a l f l u i d s c o l l e c t e d f r o m c h a g a s i c p a t i e n t s w h o d i e d s u d d e n l y o r f r o m c a u s e s n o t r e l a t e d to th e

d is e a s e a n d w e re i n c l u d e d in a s t u d y o f t h e in d e

-t e r m i n a -t e f o r m o f C h a g a s ’ d i s e a s e . I n a l i p a -t i e n -t s

d i a g n o s t i c c o n v e n t i o n a l s e r o l o g y p e r f o r m e d w ith th e p e r i c a r d i a l f l u i d w a s p o s i t i v e a n d h e a r t l e s i o n s w e re c h a r a c t e r i s t i c o r s t r o n g l y s u g g e s tiv e o f C h a g a s ’

d i s e a s e m y o c a r d i o p a t h y . I n 1 2 p e r i c a r d i a l f l u i d s f r o m n o n - c h a g a s i c p a t i e n t s w h o d i e d f r o m d i f f e r e n t

r e a s o n s , t h e C o M L t e s t w a s n e g a tiv e . T h e p r e s e n c e o f L A in th e p e r i c a r d i a l f l u i d is a s t r o n g e v id e n c e o f

a c t i v e T . cru zi i n f e c t i o n in t h e c h a g a s i c p a t i e n t s s u b m i t t e d to n e c r o p s y a n d o p e n s p e r s p e c t i v e s f o r

f u r t h e r s t u d i e s a n d b e t t e r u n d e r s t a n d i n g o f th e

p a t h o l o g y o f C h a g a s ’ d is e a s e .

K e y w ords: C h a g a s ’ d ise ase . P e ric a rd ia l fluid. L y tic an tib o d ie s. A n ti - T . c r u z i serology.

R E F E R Ê N C I A S B I B L IO G R Á F IC A S

1. A lm e id a H O , T e ix e ira V P A , O liv e ira A C F . F le b ite com p a ra s itis m o em su p ra -re n a is de c h a g á sic o s c rô n i­ co s. A rq u iv o B ra sile iro de C a rd io lo g ia 36: 3 4 1 -3 4 4 ,

19 8 1 .

2. A n d ra d e Z , R a m a lh o L M O . M io c a rd ite c h a g á sic a (e s­ tu d o m o rfo ló g ico de 38 c aso s c o m p ro v a d o s p e lo e n ­ co n tro de p a ra s ita s n a s re a ç õ e s h isto ló g ic as). G a z e ta M é d ic a d a B a h ia 66: 5 5 -6 7 , 1966.

3. B ogliolo L. M io c á rd io , e n d o c á rd io , p e ric á rd io . In: Bo- gliolo L (e d ). P a to lo g ia . G u a n a b a ra K o o g a n , R io de J a n e iro , 1 9 8 1 .

4 . K re ttli A U , B re n e r Z . R e sista n c e a g a in st T r y p a n o -s o m a c r u z i a sso c ia te d to a n ti-liv in g try p o m a stig o te a n tib o d ies. T h e J o u rn a l o f Im m u n o lo g y 128: 2 0 0 9 - 2 0 1 2 , 1 9 8 2 .

5. K re ttli A U , C a n ç a d o J R , B re n e r Z . E ffe c t o f sp ecific c h e m o th e ra p y o n th e leveis o f ly tic a n tib o d ie s in C h a g a s ’ d ise ase. T ra n s a c tio n s o f th e R o y a l S o c ie ty o f T ro p ic a l M e d icin e a n d H y g ie n e 76: 3 3 4 -3 4 0 , 1 9 8 2 .

6. K re ttli A U , W e iss -C a rrin g to n P, N u s se n z w e ig R S . M e m b ra n e -b o u n d a n tib o d ie s o f b lo o d stre a m T r y p a n o -s o m a c r u z i in m ice: stra in d iffere n ce s in su s ce p tib ility to c o m p le m e n t-m e d ia te d lysis. C lin ic a i a n d E x p e rim e n ta l Im m u n o lo g y 37: 4 1 6 -4 2 3 , 1 9 7 9 .

7. L o p e s E R , C h a p a d e iro E , A n d ra d e Z A , A lm e id a H O , R o c h a A . A n a to m ia p a to ló g ic a d o s c o ra ç õ e s d e c h a ­ g á sico s a ssin to m á tic o s fa lecid o s d e m o d o v io len to . M e m ó ria s d o In s titu to O sw a ld o C ru z 76: 1 8 9 -1 9 7 , 1 9 8 1 .

eva-L o p e s E R , P e r e ir a M E S , M o r a e s C , K r e t t l i A U , B r e n e r Z . A n tic o r p o s lític o s d e te c ta d o s em lí q u id o p e r ic á r d ic o d e c h a g á s ic o s c r ô n ic o s . R e v is ta d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic a l 17 : 1 2 7 -1 3 1 , J u l- S e t, 1 9 8 4

lu a tio n o f th ree sero lo g ic al te s ts o n p e ric a rd ia l fluid. T ra n s a c tio n s o f th e R o y a l S o c iety o f T ro p ic a l M e d icin e an d H y g ie n e 72: 2 4 4 -2 4 6 , 1978.

9. M ig n o n e C . A lg u n s a sp e c to s d a a n a to m ia p a to ló g ic a d a c a rd ite c h a g á s ic a c rô n ic a. T e s e de D o c ê n c ia . F a c u id a d e

de M e d ic in a d a U n iv e rsid ad e de S ã o P a u lo , S ão P au lo , 19 5 8 .