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Orientações ao paciente portador de epilepsia submetido ao vídeo-EEG: comparação dos níveis de ansiedade com o uso de diferentes estratégias.

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Academic year: 2017

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1E n f e rmeira, M estre em Enf ermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, São Paulo SP, Brasil (USP); 2E n f e rm e i r a , P ro fa L i v re-Docente do Depart ament o de Enf ermagem M édico-Cirúrgica da EE-USP; 3Dout ora em Neurof isiologia pela Faculdade de M edicina de Ribeirão Pret o, USP.

Recebido 22 M arço 2005, recebido na f orma f inal 13 Junho 2005. Aceit o 5 Agost o 2005.

Enf. Carla M.M. Ferrari - Rua Palestina 483/184 - 04362-030 São Paulo SP - Brasil. E-mail: c-maluf@uol.com.br

ORIENTAÇÕES AO PACIENTE PORTADOR DE

EPILEPSIA SUBMETIDO AO VÍDEO-EEG

Comparação dos níveis de ansiedade

com o uso de dif erent es est rat égias

Carla Maria Maluf Ferrari

1

, Regina Marcia Cardoso de Sousa

2

, Eliana Garzon

3

RESUM O - Objetivo: Comparar os níveis de ansiedade de dois grupos de pacient es submet idos ao vídeo-EEG que t iveram dif erent es est rat égias de orient ação para o exame; o cont rol e t eve apenas orient ações verbais e o experiment al também recebeu um manual de orient ações. Método: Cada grupo f oi aleat oria-ment e compost o por 30 pacient es. Para avaliar as est rat égias de orient ação, a ansiedade dos grupos f oi comparada por meio da aplicação do Invent ário de Ansiedade Traço-Est ado, sendo o est ado de ansiedade avaliado pré e pós-exame. Resultados: O grupo experiment al apresent ou perf il de ansi edade superior, porém, est ado de ansiedade inf erior, ant es do exame, em relação ao cont role. A ansiedade do grupo ex-periment al f oi mais baixa, pré-exame do que seu perf il, ent ret ant o, o mesmo não ocorreu com o contro l e . Pós-exame, ambos os grupos apresent aram ansiedade baixa e menor que seu perf i l . Conclusão: A est ratégia de orient ação com o manual benef iciou os pacient es, reduzindo a ansiedade ant es do exame.

PALAVRAS-CHAVE: ansiedade, pacient e epilépt ico, vídeo-EEG, enf ermagem, manual de orient ação.

Orientations to epileptic patient undergoing a video-EEG monitoring: comparison of anxiety levels using different strategies

ABSTRACT - Objective: To ident if y and compare t he anxiet y level bet w een t w o groups of epilept ic pat ients u n d e rgoing a video-EEG monitoring using diff e rent pat ient s guidelines strat egies. Method: The random sample w as composed by two groups of 30 patient s each one. The control group only had verbal orient ations and t he experiment al group, beyond t he same orient at ions received a w rit t en guide (a booklet ) w it h all t he pro c e d u res t oo. The anxiet y w as assessed using St at e-Trait Anxiet y Invent ory w it h t he STAI-S being ap-plied f or bot h groups bef ore and af t er examinat ion as described above. Results: Demonst rat ed t hat , be-f o re video-EEG, t he anxiet y-t rait score obe-f t he experiment al group w as higher and t he anxiet y-stat e w as lo-w er t han t he cont rol group. Af t er video-EEG, t he majorit y of bot h groups demonst rat ed lolo-w anxiet y-st at e score and low er t han t heir anxiet y-t rait score. Conclusion: The st rat egy used w it h t he w rit t en guide as-sociat ed t o verbal orient at ions helps t o reduce t he anxiet y level bef ore t he video-EEG.

KEY WORDS: anxiet y, epilepsy, nursing, video-EEG monit oring.

O exam e de vídeo-elet rencef alograf ia (vídeo-EEG), realizado em pacientes port a d o res de epilep-sia epilépt icos, é indicado sobret udo com o obje-t ivo de documenobje-t ar caracobje-t erísobje-t icas clínicas das cri-ses, localizar o início e a propagação das descarg a s , c o rrelacionando-as com as manif est ações clínicas, registrar anormalidades elet rencefalográficas inter-críticas e, assim, classificar corretament e os difere n-tes tipos de crises epilépt icas, possibilitando o diag-nóstico, a programação terapêut ica clínica ou cirúr-gica e o pro g n ó s t i c o1. Na unidade de vídeo-EEG, o

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po-derá ser acionado pelo paciente ou acompanhante, pela equipe de enf erm agem ou pelo médico do s e t o r. A eficácia do método depende da habilidade e possibilidade de manut enção do re g i s t ro, cont i-n uam ei-n t e, at é a ob t ei-n ção de dad os q ue sejam considerados suf icient es para análise e diagnóst ico dos eventos2, logo, é imprescindível a colaboração

do pacient e e f amiliares durant e o exame. A indicação e a possibilidade de realização do vídeo-EEG é, com f reqüência, um agent e t ensor e causador de ansiedade ao paciente portador de epi-lepsia, à medida que o exame re p resenta ao mesmo t empo uma ameaça de estabelecer um pro g n ó s t i c o desfavorável e uma esperança de mudança no curso do t rat ament o da epilepsia e de cont role de suas crises. Alt os níveis de ansiedade são uma condição que produz sofrimento e prejuízo sócio-ocupacional para o indivíduo. Nesses níveis, a ansiedade tem sido relacionada com a diminuição da capacidade das pessoas apre e n d e rem e resolverem problemas. En-sinar indivíduos muit o ansiosos result a em dif icul-dade no aprendizado e incapaciicul-dade de aplicar a inf ormação recebida3. Por out ro lado, a ansiedade

associada a procediment os médicos pode ser at ri-buída a vários fatores, ent re eles: a f alta de familia-ridade com o procedimento, apreensão em re l a ç ã o ao diagnóst ico e pro g n ó s t i c o4.

Em r azão da compl exidade e da i mport â n c i a do víd eo-EEG aos pacient es e seus f amiliares e a necessidade de adequada orient ação a f im de que possam colaborar durante os procediment os, deci-diu-se elaborar um manual ilustrado, cont endo i n-f o rmações sobre o pre p a ro e os procediment os do exame. Acredit a-se que, dest a f orma, t ant o o pa-cient e como os acompanhant es ret êm melhor as orient ações, que são realizadas verbalment e, dis-ponibilizando cont inuamente de um material para consult a de pacientes e familiares, com a finalidade de auxiliar na redução do estado de ansiedade a c o-plada principalment e ao medo e à desinform a ç ã o . C e rtament e, o manual não deve subst it uir a inf or-mação verbal e individualizada, realizada pelo pro-f issional especializad o deve, p orém, prover uma i n f o rmação básica, acessível, cont inuada, de form a a permitir a confirmação de inf ormações essenciais e dar supo rt e às dú vi das persist ent es. O uso do manual de orient ação ao pacient e na unidade de víd eo - EEG p arece i ncr em ent ar a q ual idad e do at endiment o ao pacient e port ador de epilep sia, porém, é necessário avaliar sua f unção como ins-t rumenins-t o para combains-t er a f alins-t a de inf ormação e minimizar o estado de ansiedade do paciente f re n-t e ao exame.

Nessa perspect iva, r ealizouse a análise com -parativa da ansiedade de dois grupos de pacientes p o rt a d o res de epilepsia submet idos ao vídeo-EEG, sendo o prim eiro grupo, o cont role q ue re c e b e u apenas orient ações verbais sobre a realização desse exame e o segundo grupo, o experimental, re c e-beu orient ações verbais e por meio do M anual de Orient ação de vídeo-EEG.

MÉTODO

Trat a-se de est udo experiment al que apresent a como variável indepen dent e, a orien t ação para o exam e de vídeo-EEG e, dependent e, o nível de ansiedade, mensu-rado pelo Invent ário de Ansiedade Traço-Est ado (IDAT E )5. O est udo f oi realizado em duas unidades de vídeo-EEG; uma, localizada em um hospi t al geral privado de médio port e e out ra, pert encent e a um hospit al-escola, da rede pública. As unidades estão localizadas na cidade de São Paulo e possuem tecnologia avançada para re a-lização do vídeo-EEG invasivo e não-invasivo.

A casu íst i ca f oi co mp ost a p or 60 pacient es q ue se submet eram ao exame de vídeo - EEG, no período com-p reendido de janeiro de 2001 a janeiro de 2003. Os cri-t érios de inclusão dos p arcri-t i cipan cri-t es do escri-t ud o f oram: a p resent ar d iagn óst i co de ep ilepsi a e possuir 1og r a u completo, conf orme crit ério est abelecido para validação da aut o-aplicação do IDATE, na população brasileira5.

Os pacient es selecionados que consent iram na par-t icipação do espar-t udo f oram divididos aleapar-t oriamenpar-t e em dois grupos compost os por 30 pacient es. Ambos os gru-pos receberam do enf erm e i ro da unidade as orient ações verbais que precedem a int ernação. O grupo experimen-t al recebeu experimen-t ambém o M anual de Orienexperimen-t ação de Vídeo-EEG, que lhe foi ent regue ant es da int ernação, durant e a consulta médica ou via correio. Esse inst rument o é um manual ilust rado de orient açõ es ao pacient e que será submet ido ao vídeo-EEG. Cont ém inf or mações sobre o exam e d esd e a in t ern ação at é a alt a, p ro c e d i m e n t o s que geralment e são realizados durant e o vídeo - EEG e at ividades do acompanhant e.

Durant e a int ernação, as condut as f oram similare s para os dois grupos de est udo, assim como as orient a-ções sobre o IDATE.

Um formulário especialment e preparado para re g i s-t ro dos dados clínicos e pessoais f oi aplicado em s-t odos o s p art i cipant es dest e est u do . Nesse imp resso, f o ram anot ad os os dad os que p ermit iram t raçar o perf i l dos pacient es quant o à: idade, sexo, situação conjugal, esco-laridade, ocupação, localização do f oco epilépt ico, tipo de crise, tempo da doença, terapia medicamentosa, além de f reqüência e f at ores predisponent es das crises.

O Invent ário de traço de Ansiedade f oi re s p o n d i d o , ant es da internação na unidade. O Invent ário de e s t a d o

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já est ava sendo med icado e ap ós a equ ipe médica t er i n f o rmado os primeiros resul t ados do exame, e a pro-vável condut a a ser seguida.

Ansiedade como t r a ç ode personalidade re f e re-se às d i f e renças individuais em reagir às sit uações perc e b i d a s como ameaçadoras e à tendência para ver o mundo co-mo perigoso6. Ansiedade como e s t a d ore f e re-se às re a-ções emocionais desagradáveis, caract erizadas por sen-t imensen-t os subj esen-t ivos de apreensão, nervosism o e pre o-cupação, intensif icando a at ividade do sist ema nerv o s o aut ônomo, causado por uma t ensão específ ica6,7.

Na aplicação do IDATE, os valores at ribuídos às res-post as seguiram o est abelecido pelos aut ores do inven-t ári o, inven-t aninven-t o na escal a de inven-t raço, com o esinven-t ado de ansi e-dade. Após a at ribuição dos pont os, f oi realizada a so-mat ória e aplicada a cat egori zação prop ost a por Cha-v e s8, em que: b aixa ansied ade inclui escores 20 <40, média ansiedade, 40 <60 e alt a ansiedade, ≥60 ≤80.

Os d ados dest e est udo f oram subm et id os a pro v a s est at íst icas, conf orme segue: a similaridade dos gru p o s , experiment al e cont role, foi verificada pela prova de as-sociação qui-quadrado (x2); a prova “ U“ de M ann-Whit-ney f oi f ei t a para comparação dos esco res d os g ru p o s independent es, considerando-se um grupo experiment al e o out ro cont role; a prova de Wilcoxon foi empre g a d a na comparação dos escores dos grupos não independ e n-t es, com base na ponn-t uação do IDATE, no mesmo gru p o , nas diferent es avaliações (traço, est ado pré e pós-vídeo-E pós-vídeo-E G )9. Todas as provas est at íst icas ut ilizadas foram feitas admit indo um erro de primeira espécie de 5% .

RESULTADOS

As características demográficas dos part i c i p a n t e s do estudo, apresent adas na Tabela 1, most ram que a m ai or i a do s p aci en t es era do sexo f em i ni n o, 70,0% no grupo experiment al e 56,7% no grupo cont role. A idade dos pacient es do grupo experi-ment al variou entre 15 e 64 anos, a média f oi 33,6 anos. No grupo cont role, a variação da idade f oi 16 a 58 anos e a média, 35,3 anos. Em relação à si-t uação conjugal, houve dissi-t ribuição eqüisi-t asi-t iva de casados e solt eiros em ambos os grupos. Indivíduos que cursaram o 2º g rau ou o nível superior com-pl et o f oram m ais f reqüent es no grup o cont ro l e que no experiment al.

Quant o ao t ipo de ocupação, observou-se que 33,3% do grupo experiment al e 40,0% do grupo c o n t role d esenvolviam prof issões liberais, sendo t am b ém expressi vo o p ercen t ual de est u dant es nos dois grupos, 20% e 30% , respect ivament e.

Nos dados da Tabela 2, not a-se que a maioria dos ent revist ados dos grupos experiment al e con-t role apresencon-t aram epilepsia de lobo con-t emporal di-reit o ou esquerdo. Ainda a mesma t abela most ra que 63,4% d os pacient es do grupo experiment al e 83,3% do grupo cont role apresent avam, em ge-ral, crises associadas. As crises eram bast ant e f re-qüent es nos part ici pant es dos doi s grupos: m ais de uma vez por semana em 83,3% do grupo expe-riment al (70,0% + 13,3% ) e 73,3% do grupo

conTabela 1. Distribuição dos pacientes do grupo experimental e controle, segundo variáveis demo -gráficas.

Experiment al Cont role Sign (p<0,05)

(N=30) (N=30)

Sexo

Feminino 21 (70,0% ) 17 (56,7% ) 0,421

M asculino 9 (30,0% ) 13 (43,3% )

Idade

≥15<31 14 (46,7% ) 12 (40,0% )

≥31<46 11 (36,7% ) 9 (30,0% ) 0,473*

≥46<60 4 (13,3% ) 9 (30,0% )

Acima de 60 1 (3,3% ) -

-Sit uação Conjugal

Casado 15 (50,0% ) 16 (53,3% )

Solt eiro 14 (46,7% ) 14 (46,7% ) 1,000*

Viúvo 01 (3,3% ) -

-Escolaridade

1º Grau complet o 11 (36,7% ) 7 (23,3% )

2º Grau complet o 8 (26,7% ) 9 (30,0% ) 0,520

Superior complet o 11 (36,6% ) 14 (46,7% )

* Cat egorias com colchet e no corpo da t abela f oram reunidas para at ender as exigências de aplicação do t est e χ2.

}

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t role (50,0% + 23,3% ). Ref erent e à f at ores pre s-disponentes das crises epilépt icas, const atou-se q u e 56,6% dos pacient es do grupo experiment al e 63, 4% do grupo cont role não relat avam ou não iden-t ificavam um f aiden-tor, em especial. Eniden-t re aqueles que apont aram algum fat or desencadeante de suas cri-ses, destacaram-se os relacionados ao sono no gru-p o exgru-perim ent al e os gru-probl em as em oci onai s no grupo cont role.

Nos dois grupos, t odos os pacient es ut ilizavam mais de um medicament o em seu t rat ament o e a carbamazepina f oi a medicação que pre v a l e c e u , ut ilizada por 29,3% dos part icipant es de ambos os grupos.

O tempo de doença f oi bast ante longo nos dois

g rupos. A média foi 21,7 anos para o grupo expe-riment al e 21,3 anos para o cont role.

A análise comparativa dos grupos experiment al e controle, pelo teste qui quadrado, indicou que não houve diferença significativa entre os mesmos quan-t o as variáveis: idade, sexo, siquan-tuação conjugal, esco-laridade, ocupação, localização do f oco epilépt ico, tipo de crise, tempo de doença, freqüência das crises e fatores predisponentes das crises epilépticas.

Considerando a pont uação numérica obtida no I D ATE, os pacient es f oram c cat egorizados nos três níveis de ansiedade, conforme descrito no mét odo. O Gráf ico 1 apresent a os result ados relaciona-dos ao t raço de ansiedade relaciona-dos part icipant es no es-tudo. A maioria dos pacientes dos dois grupos a p

re-Tabela 2. Distribuição dos pacientes do grupo experimental e controle, segundo variáveis clínicas.

Experiment al Cont role Sign (p<0,05)

(N=30) (N=30)

Localização do f oco epilépt ico

Lobo t emporal direit o 14 (46,7% ) 10 (33,4% )

Lobo t emporal esquerdo 10 (33,4% ) 9 (30,0% ) 0,334

Out ras 6 (19,9% ) 11 (36,6% )

Tipo de Crise

Associadas 19 (63,4% ) 25 (83,3% )

Crise parcial complexa 8 (26,6% ) 2 (6,7% )

Crise parcial simples 2 (6,7% ) - - 0,144*

Generalizadas 1 (3,3% ) 3 (10,0% )

Freqüencia das crises

M enos de 1 vez/semana 5 (16,7% ) 8 (26,7% )

De 1 a 7 vezes/semana 21 (70,0% ) 15 (50,0% ) 0,285 M ais de 7 vezes/semana 04 (13,3% ) 7 (23,3% )

Fat ores predisponent es das crises

Diversos ou não ident if icados 17 (56,6% ) 19 (63,4% )

Relacionado ao sono 6 (20,0% ) 2 (6,7% )

Problemas emocionais (nervoso) 2 (6,7% ) 6 (20,0% ) 0,792*

Out ros 5 (16,7% ) 3 (9,9% )

* Cat egorias com colchet e no corpo da t abela f oram reunidas para at ender as exigências de aplicação do t est e χ2.

G r á f i c o 1. Distribuição dos pacientes dos grupos experimental e controle, segundo sua categorização quanto ao traço de ansiedade.

G r á f i c o 2. Distribuição dos pacientes dos grupos experimental e controle, segundo sua categorização quanto ao estado de ansiedade pré-vídeo-EEG.

}

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sent ou traço de baixa ou média ansiedade, ent re-tanto, a baixa predominou no grupo controle e m é-dia no experiment al.

No Gráf ico 2, not a-se que a maioria (63,3% ), dos pacient es do grupo experiment al apre s e n t o u

est ado de baixa ansiedade no período pré-vídeo-EEG. No grupo cont role, o est ado de média ansie-dade f oi o mais freqüent e, re p resent ado por 6 0 , 0 % dos pacient es. Verif icou-se, t ambém, nesse gru p o , 16,7% dos pacient es com est ado de alt a ansiedade no período pré-vídeo-EEG.

No Gráf ico 3, pode-se observar que o est ado de ansiedade, após o exam e, m ant eve-se baixo, na maioria dos part icipant es, nesta f ase de avalia-ção poucos apresent aram indicaavalia-ção de nível médio de ansiedade e nenhum pacient e alcançou pon-t uação condizenpon-t e com alpon-t a ansiedade.

Nas comparações por meio da aplicação do t es-t e de M ann-Whies-t ney, (Tabela 3), verif icou-se dif e-rença significat iva ent re grupos em relação a traço e estado pré-vídeo EEG: o grupo experimental m o s-t rava s-t raço mais acens-t uado de ansiedade, porém est ava m eno s ansio so p ré-exam e. O est ado d e ansiedade dos grupos f oi similar pós-vídeo-EEG.

Tendo em vist a a cat egorização do pacient e quant o à ansiedade, os participant es do grupo ex-perimental e controle foram distribuídos nas Ta b e l a s 4 e 5, considerando-se t rês sit uações observ a d a s : est ado de ansiedade menos acent uado que o t raço nas avaliações pré ou pós-exame (est ado<t raço); maior ansiedade pré ou pós-exame em relação ao p e rfil do paciente (estado>traço); igual categoria na avaliação estado de ansiedade e traço (estado=traço). Na Tabela 4, observa-se que a m aioria 86,7% do grupo experim ent al ap resent ou na avaliação p ré-exame est ad o de an siedade m eno r que seu t raço enquant o no grupo cont role a maioria dos p a rt icipant es (53,4% ) d emonst rou est ado de an-siedade maior que seu perf il.

Nos dados da Tabela 5, verifica-se que, em am-bos os grupos, a maioria dos pacient es estava após o exame de vídeo-EEG, menos ansiosa em re l a ç ã o à sua condição habit ual. Po rém, ainda nesse mo-ment o, f oram observados nos dois grupos, indiví-duos mais ansiosos que seu perfil, 10,0% no gru p o experiment al e 20,1% no grupo cont role.

No present e relat ório, at é ent ão, as provas es-t aes-t íses-ticas f oram realizadas enes-t re os dois grupos de

Tabela 3. Comparação dos resultados do IDATE dos grupos experimental e controle, por meio da aplicação do teste de Mann-Whitney.

Idat e Experiment al Cont role Sign (p<0,05)

M édia Desvio- padrão M édia Desvio- padrão

Traço 49,9 10,6 38,9 9,2 <0,001

Est ado Pré-vídeo-EEG 38,6 6,6 43,4 11,5 0,013

Est ado pós-vídeo-EEG 31,2 6,0 33,3 6,5 0,136

Gráfico 3. Distribuição dos pacientes dos grupos experimental e controle, segundo sua categorização quanto ao estado de ansiedade pós-vídeo-EEG.

Ta b e l a 4. Distribuição dos participantes dos grupos experimen tal e controle, segundo a comparação de sua categoria de esta -do pré-vídeo-EEG e traço de ansiedade.

Experiment al Cont role

Est ado PRÉ-VÍDEO-EEG Nº % Nº %

Est ado < Traço 26 86,7 11 36,6 Est ado > Traço 3 10,0 16 53,4

Est ado = Traço 1 3,3 3 10,0

Tot al 30 100 30 100

Ta b e l a 5. Distribuição dos participantes dos grupos experi -mental e controle, segundo a comparação de sua categoria de estado pós-vídeo-EEG e traço de ansiedade.

Experiment al Cont role

Est ado Pós-Vídeo-EEG No % No %

Est ado < Traço 27 90,0 22 73,3 Est ado > Traço 3 10,0 6 20,1

Est ado = Traço - - 2 6,6

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est udo; n o ent ant o, n os próxim os result ados, as com par ações serão r eal izadas t end o em vi st a o c o m p o rtamento de cada grupo nas diferent es ava-liações: t raço, est ado de ansiedade pré-vídeo-EEG e est ado de ansiedade pós-vídeo-EEG.

Na Tabela 6, not a-se que o grupo experimental a p r esent ou pont u ação m édi a na avali ação p ré-exame menor que a média de escore de seu perf i l . No grupo cont role, o valor médio no t est e de an-siedade pré-exame superou a média de seu t raço.

Pelo r esult ado do t est e d e W ilcoxon pode-se concluir que no grupo experimental houve difere n-ça est at ist icament e signif icant e (p < 0,001) ent re o t raço e est ado de ansiedade pré-vídeo-EEG, re-sult ado não observado no grupo cont role.

A Tabela 7 most ra que ambos os grupos apre-sentaram média do estado de ansiedade pós-vídeo-EEG inf erior ao seu perfil e que, em ambos os gru-pos, houve dif erença est at íst ica signif icant e ent re o t raço e est ado de ansiedade pós-vídeo-EEG.

DISCUSSÃO

A análise comparat iva das característ icas demo-gráficas e clínicas dos participant es do grupo expriment al e cont role in dicou que não houve dif e-rença signif icat iva ent re os grupos quant o a essas variáveis, af ast ando a possibilid ade de at uare m como f at ores int ervenient es nos result ados re l a t i-vos à ansiedade.

O exame de vídeo-EEG re p resent a uma situação de t ensão e geradora de ansiedade ao pacient e, vist o que se t rat a de procediment o desconhecido,

com final incógnito e podendo re p resentar mudan-ças no curso do t rat ament o da epilepsia.

No período pré-vídeo-EEG, a maioria dos par-t icipanpar-tes do grupo experimenpar-tal apresenpar-tava nível baixo de ansiedade e encontrava-se menos ansioso do que seu perfil. Por outro lado, no grupo contro-l e predom inou, nessa f ase do exame, est ado de média ansiedade, e a maioria dos participantes e s t a-va mais ansiosa que seu habit ual.

P rovavelmente, as orientações do manual acre s-cidas às verbais, cont ribuíram para a d im inuição n o est ad o d e ansi edade dos p aci ent es an t es do exame de vídeo-EEG. Est udos co m f am iliares de crianças most ram que inf ormações f ornecidas aos pais por meio de um manual contribuem para a re-dução de sua ansiedade e servem para que eles a u-xiliem nas orientações e pre p a ro dos pacientes pa-ra um det erminado procediment o10-13.

Alguns autores avaliaram a importância de o r i e n-t ações a pacienn-t es com síndrome do pânico an-través de um manual. Observaram que o uso desse instru-ment o, cont endo inf ormações sobre psico-educa-ção contribuiu de f orma significat iva e benéf ica n o t rat ament o, na r edução da ansiedade e n os at a-ques de pânico14,15.

G rey e col.4verif icaram, também, a redução do

nível de ansiedade durant e exame de re s s o n â n c i a m ag nét i ca, ap ós o em pr ego d as est r at égi as d e orientação para o procediment o. Ent re essas estra-t égias incluem um manual conestra-t endo inform a ç õ e s s o b re a finalidade e procediment os realizados

duTabela 6. Comparação do traço de ansiedade e estado de ansiedade prévídeoEEG dos grupos ex -perimental e controle, por meio da aplicação do teste Wilcoxon.

Grupo Traço de Ansiedade Est ado de Ansiedade Sign (p<0,05) Pré-Vídeo-EEG

M édia Desvio- Padrão M édia Desvio- Padrão

Experiment al 49,9 10,6 38,6 6,6 < 0,001

Cont role 38,9 9,2 43,4 11,5 0,061

Ta b e l a 7. Comparação do traço de ansiedade e estado de ansiedade pós-vídeo-EEG dos gru p o s experimental e controle, pela aplicação do teste de Wilcoxon.

Grupo Traço de Ansiedade Est ado de Ansiedade Sign (p<0,05) Pós-Vídeo-EEG

M édia Desvio- Padrão M édia Desvio- Padrão

Experiment al 49,9 10,6 31,2 6,0 < 0,005

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rante o exame, favorecendo, também, a relação p a-ciente e equipe. Outros aut ore s1 6avaliaram a

acei-t ação de um manual de pergunacei-tas e resposacei-tas des-t inado a paciendes-t es em esdes-t ágio inicial de câncer de próst at a e a seus f amiliares, concluíram que o ma-nual f oi considerado inst rument o de grande valia para veicular in f ormações e inst rument o de con-sult a para esclarecer dúvidas.

D i f e rente do que foi observado no período pré-exame, a avaliação pós-vídeo-EEG mostrou estado similar de ansiedade no grupo experimental e con-t role, não havendo, porcon-t ancon-t o, indicação de bene-f ícios adicionais para amenizar a ansiedade com o uso do manual, nessa f ase do exame.

Ainda quanto ao estado de ansiedade pós-vídeo-EEG, vale ressalt ar que a maioria dos part i c i p a n t e s dos dois grupos apresentou baixo nível de ansiedade na avaliação dessa f ase de int ernação e, em con-seqüência, mostrou um estado emocional de menor ou igual ansiedade que seu perfil (Tabela 5).

Deve-se considerar que o est ado de ansiedade é g erado por um t en sor, que é percebi do com o uma ameaça desconhecida, potencialmente nociva e perig osa7. Nesse sent ido, val e lem brar que no

p eríod o p ós-vídeo -EEG, o pacient e est ari a m ais t ranqüilo, pois já conhecia o exame e o result ado. Deve-se considerar que o est ado de ansiedade é gerado por um t ensor, que é percebido por uma am eaça desconheci da, pot encialm ent e n ociva e p e r i g o s a7. Nesse momento, o pacient e

encontrava-se mais t ranqüilo, pois já conhecia o exame e o re-sult ado.

Para os prof issionais da área da saúde, orient ar é inerent e a muit as at ividades realizadas. A orien-t ação verb al conorien-t i nua sendo f u ndamenorien-t al, mas, f rente a situações onde são fornecidas muitas infor-mações, o manual auxilia como instrumento de con-t inuidade dessas oriencon-t ações e pode servir como s u p o rte para int egração das expect at ivas médicas e psicossociais do paciente e família1 3. As orientações

p recisam ser dirigidas t ant o aos pacient es quant o a seus f amiliares e acompanhant es, uma vez que a ansiedade f amiliar é uma respost a ao est resse; al-guns t êm a capacidade de cont rolar est a re s p o s t a , mant er a calma e enf rent ar com maior f acilidade sit uações crít icas, porém, a alt a ansiedade é f re-qüent e e resulta em def iciência no aprendizado e incapacidade de resolução de problemas dos pare n-t es de indivíduos com doenças graves e crônicas3.

Para f in alizar, vale ressalt ar que os re s u l t a d o s deste est udo apontaram para benefícios no uso d o m an ual de ori ent ação ao p aci ent e po rt ado r d e ep il epsia, q u e é su bm et id o ao exam e d e vídeo-EEG, a medida que, no período imediat o que ant e-cedeu ao exame, o grupo experiment al encont ra-va-se menos ansioso que o seu habit ual e do que o grupo cont role. Dois aspect os relevant es devem, porém, ser ponderados na aplicação dos re s u l t a d o s o b s e rvados: o manual deve ser desenvolvido e ava-liado quanto a adequação e compreensão do con-t eúdo para seus usuários, além disso a p ouca es-colaridade da m aio ria da popu lação brasil eira1 7

i n viabi l i za o uso d esse t i po de recu rso i nd i scri -minadament e.

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