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Avaliação de incubadoras de empresas de base tecnológica sob a ótica do conceito de capital social

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(1)

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA

CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

por

Marcelo Henrique Costa Pimenta

AVALIAÇÃO DE INCUBADORAS DE EMPRESAS

DE BASE TECNOLÓGICA SOB A ÓTICA DO

CONCEITO DE CAPITAL SOCIAL

PROFESSORA ORIENTADORA ACADÊMICA

Profa. Dr. Deborah Moraes Zouain

(2)

Agradeço e dedico este trabalho a minha esposa Janaina de Mendonça Fernandes, que com sua paciência, dedicação, amor e competência, soube me ajudar a concluir esta importante etapa da minha vida: atingir o grau de Mestre em Administração Pública. Dedico esta dissertação também a meus pais, Jadyr Antonio Pimenta e Hortência Costa Pimenta. Sem dúvida alguma, são eles os grandes responsáveis por eu ter conseguido chegar aonde cheguei. Sem eles, certamente não conseguiria nada.

Não poderia deixar de mencionar a importância da minha professora orientadora, Doutora Deborah Moraes Zouain, que sempre me apoiou desde o primeiro dia que cheguei na EBAPE - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas e sempre esteve presente nos momentos em que precisei da sua ajuda.

Também tiveram um papel importante nesta conquista, os professores da EBAPE, todos sem exceção contribuíram de alguma forma para a minha formação. Em especial gostaria de agradecer ao Professor Doutor Luis César G. de Araujo e ao Professor Doutor Paulo Emílio Mattos Martins que além de brilhantes professores, sem dúvida foram grandes amigos e fontes de inspiração.

(3)

RESUMO

Este trabalho busca entender como as Incubadoras de Empresas, por meio das relações com os

agentes que fazem parte das suas redes, são capazes de auxiliar o surgimento de novas

empresas. Identificou-se que aquelas Incubadoras de Empresas que se relacionam por meio de

laços fortes com suas Instituições Mantenedoras e onde seus gestores conseguem articular o

Capital Social potencialmente disponível dentro da rede que se constrói a partir dessas

Incubadoras, são capazes de estimular o surgimento de novas empresas e disponibilizar um

volume de Capital Social suficientemente capaz para que essas empresas, durante o período

de Incubação, tenham a possibilidade de acumular seu próprio Capital Social a ponto de

garantir a sua sobrevivência, após a sua saída da Incubadora.

ABSTRACT

This work intends to understand how Business Incubators, by your relationship with the

agents inside your networks, is able to assist the growing of new technological companies. It

was identified that Business Incubators who have a relationship by strong ties with their Main

Institutions and where their managers can articulate the Social Capital potentially available

inside of the network who is build by these Incubators, are able to stimulate the sprouting of

new technological companies and to suply a enough Social Capital volume so that these

companies, during the incubation period, have the possibility to accumulate its own Social

(4)

Figura 2 – Modelo conceitual de uma Incubadora de Empresas ... 23

Figura 3 – Capital Social e a trama de capitais (simbólico, cultural e econômico) ... 52

Figura 4 – Capital Social tratado como um recurso pertencente a um grupo ... 53

Figura 5 – Volume de Capital Social de um indivíduo ou grupo ... 54

Figura 6 – Capital Social, Incubadoras e Redes Sociais ... 67

Figura 7 – Novo modelo conceitual de uma Incubadora de Empresas ... 80

Gráfico 1 - Evolução do número de Incubadoras em Operação no Brasil em 2007 ... 29

Gráfico 2 - Evolução do número de Incubadoras em Operação no Brasil por Região ... 30

Gráfico 3 – Percentual de Incubadoras por município em 2006 ... 31

Gráfico 4 – Incubadoras por tempo de operação em 2006 ... 31

Gráfico 5 – Distribuição das Incubadoras por tipo de classificação em 2005 ... 32

Gráfico 6 – Distribuição das Incubadoras pela natureza jurídica em 2005 ... 32

Gráfico 7 – Custo operacional anual das incubadoras em operação no Brasil ... 33

Gráfico 8 – Relação entre o Capital Social da Incubadora e das Empresas Incubadas ... 59

(5)

Tabela 2 – Coeficientes, Indicadores, Variáveis e Prazos para avaliação de ... 36

(6)

1.1 Introdução ... 01

1.2 Definição do Problema ... 04

1.3 Objetivo Final e Intermediário ... 05

1.4 Suposição ... 05

1.5 Delimitação do Estudo ... 06

1.6 Relevância do Estudo ... 07

2.REFERENCIAL TEÓRICO ... 09

2.1 Incubadoras de Empresas ... 09

2.1.1 Empreendedorismo e Inovação Tecnológica ... 09

2.1.2 Incubadoras de Empresas ... 20

2.1.3 Cenários Internacional e Nacional ... 26

2.1.4 Critérios para avaliação de Incubadoras de Empresas ... 35

2.1.5 Políticas Públicas e Incubadoras de Empresas ... 41

2.2 Capital Social ... 51

2.2.1 O Conceito de Capital Social ... 51

2.2.2 Capital Social e Incubadoras de Empresas ... 58

2.3 Redes Sociais ... 61

2.3.1 O Conceito de Redes ... 61

2.3.2 Capital Social e Redes Sociais ... 64

2.3.3 Capital Social, Redes Sociais e Incubadoras de Empresas ... 66

3.METODOLOGIA ... 71

3.1 Tipo de Pesquisa ... 71

3.2 Universo e Amostra ... 72

3.3 Seleção do Sujeito ... 74

3.4 Coleta de Dados ... 74

3.5 Tratamento dos Dados ... 75

(7)

4.2 Gestor da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do INMETRO ... 92

4.3 Gestor da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica Gênesis PUC-RIO ... 101

4.3.1 Empresa graduada na Incubadora de Empresas Tecnológica Gênesis PUC – RJ ... 110

4.4 Gestor da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da COPPE / UFRJ ... 112

4.4.1 Empresa graduada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da COPPE / UFRJ ... 121

4.5 Gestor da FINEP ... 124

4.6 Gestor do SEBRAE / RJ ... 131

5.CONCLUSÃO ... 137

(8)

1. O PROBLEMA

Este capítulo se inicia com uma breve introdução ao objeto de estudo deste trabalho. Em suas

seções subseqüentes serão abordas a definição do problema de pesquisa a ser respondido, o

objetivo final e intermediário, a delimitação do estudo em questão e por fim a relevância desta

pesquisa nos âmbitos acadêmico e social.

1.1Introdução

O cenário mundial vem se transformando década após década. A globalização e a necessidade

da busca pelo desenvolvimento econômico vêm forçando cada vez mais os países a buscarem

um caminho do crescimento por meio da construção de conhecimentos avançados e na

produção de alto valor agregado (FINEP, 2006). Neste sentido, MEDEIROS [apud RAUPP; E

BEUREN, 2006:2], NBIA (2007), SEBRAE (2007), ANPROTEC (2002), MCT (2005),

apontam as Incubadoras de Empresas, dentre diversos mecanismos, aquele com uma grande

capacidade de atuação no suporte ao surgimento e desenvolvimento de novos negócios cujos

diferenciais competitivos são marcados pelo conhecimento e a Inovação Tecnológica.

Os avanços tecnológicos vêm produzindo grandes mudanças na organização social. O homem

após a Revolução Industrial evoluiu da sociedade agrícola para a sociedade industrial e

posteriormente, com o surgimento dos primeiros computadores na década de 40, observou a

transformação da sociedade industrial em uma sociedade da informação e do conhecimento. O

fator decisivo para o desenvolvimento econômico de um país está cada vez mais atrelado à

(9)

capacidade de converter conhecimento em valor econômico sob a forma de algum novo

produto, processo ou serviço.

“[...] A influencia na economia é igualmente notável. A exportação de produtos inovadores rende muito mais divisas a um país do que commodities agrícolas ou minerais. O eixo da competitividade mundial está se voltando para o lado do conhecimento e da inovação[...]” (FINEP, 2006:15).

Em uma análise voltada para o empreendedorismo, não há como negar que o Brasil é um dos

países mais empreendedores do mundo, ocupando a 10ª posição no número de

empreendimentos iniciais TEA, porém, ao mesmo tempo, registra a 34ª posição no ranking da

renda per capita anual (GEM, 2007). Como entender esta situação paradoxal? A explicação é

simples, no Brasil a atividade empreendedora está fortemente associada à necessidade e a

sobrevivência dos empreendedores, ao passo que em países com renda per capita bem mais

alta, há uma forte presença dos empreendedores por oportunidade, ou seja, aqueles que por

meio do conhecimento, conseguem inovar tecnologicamente e com isso passam a explorar

novas oportunidades, obtendo assim maiores rendimentos. A proporção entre os

empreendedores por oportunidade e por necessidade acaba impactando diretamente a

economia de um país (GEM, 2007).

No Brasil e no mundo a geração de conhecimento encontra na universidade e nos centros de

pesquisa os seus principais berços. Segundo a FINEP (2006), o Brasil tem aumentado seus

investimentos desde 1990 neste sentido, triplicando o número de cientistas nas instituições de

pesquisa, multiplicando o total de novos doutores formados anualmente no país. Hoje, o

Brasil dispõe de quase 3 mil cursos reconhecidos de pós-graduação que em 2004 formaram 27

mil mestres e 8 mil doutores, fazendo com que a produção acadêmica brasileira respondesse

por 1,5% de todos os artigos científicos publicados em revistas internacionais indexadas ou

(10)

Porém, todo o esforço realizado nestes últimos anos parece não ter surtido o efeito desejado.

A Pintec – Pesquisa Nacional de Inovação Tecnológica, em 2003 registrou entre os anos de

2000 e 2003, uma queda no número de empresas brasileiras que faziam pesquisa e

desenvolvimento de forma contínua. Os principais motivos para que estes resultados ficassem

abaixo da expectativa foram atribuídos ao fato de cerca de 80% dos pesquisadores brasileiros

ainda estarem trabalhando em instituições de pesquisa, ao contrário de outros países com

sistemas de inovação mais amadurecidos, como por exemplo, na Coréia, onde 80% dos

cientistas são absorvidos diretamente pelo setor produtivo (FINEP, 2006).

Além de deter a maior parte dos pesquisadores, as universidades e centros de pesquisa

também ocuparam um lugar de destaque no ranking de instituições com registros de patentes

depositados entre 2000 e 2003 no INPI - Instituto Nacional de Propriedade Intelectual. Dos 20

primeiros colocados, oito estavam vinculados ao setor público e cinco eram universidades.

Comparativamente, nos Estados Unidos, 5% das patentes concedidas e depositadas pertencem

à universidade (FINEP, 2006).

Portanto, a busca por mecanismos capazes de canalizar o potencial empreendedor brasileiro,

juntamente com o conhecimento científico produzido nas universidades, e com isso

incentivarem o surgimento de novos negócios voltados para a Inovação Tecnológica, passam

a ser de grande relevância para o desenvolvimento econômico e social no Brasil. As

Incubadoras de Empresas surgem neste contexto como um dos principais mecanismos

voltados para a transferência do conhecimento desenvolvido dentro das universidades e

(11)

O movimento de Incubadoras de Empresas no Brasil vem crescendo nas últimas décadas,

mostrando que a articulação universidade-governo-empresa vem se tornando um modelo

eficaz na geração de novos negócios baseados em Inovação Tecnológica. Pesquisas do

Ministério da Ciência e Tecnológica, MCT (2005), apontam que as empresas que passam pelo

processo de incubação apresentam taxas de mortalidade inferiores a 20%. Neste sentido, as

Incubadoras passam a exercer um papel estratégico para a política de desenvolvimento

econômico do país.

1.2Definição do problema

Neste trabalho pretende-se responder a seguinte pergunta: Como as Incubadoras de Empresas,

por meio das relações com os diversos agentes que fazem parte das suas redes de apoio e

parceria, são capazes de auxiliar o surgimento de novas empresas, cujo diferencial

(12)

1.3Objetivo final e intermediário

O objetivo final deste trabalho é:

• Identificar e analisar como as relações existentes nas redes formadas pelas

Incubadoras de Empresas são capazes de auxiliar o surgimento de novas empresas

cujo diferencial é a Inovação Tecnológica.

Os objetivos intermediários deste estudo são:

• Investigar os principais conceitos no campo teórico das teorias de Empreendedorismo

e Inovação Tecnológica, Capital Social e Redes Sociais;

• Examinar os conceitos e tipos existentes de Incubadoras de Empresas;

• Identificar os principais agentes existentes nas redes das Incubadoras de Empresas;

• Identificar de que forma as Incubadoras de Empresas se relacionam com os diversos

agentes que compõe a sua rede de apoio e parcerias.

1.4Suposição

Seguindo a abordagem utilizada por Bourdieu (1998), supõe-se neste trabalho que as

Incubadoras de Empresas, inseridas em redes bem estruturadas, conseguem acumular Capital

Social em volume suficientemente capaz a ponto de torná-lo potencialmente disponível para

(13)

Incubadoras, têm a possibilidade de acumular o seu próprio volume de Capital Social em

proporção que lhe garantam a sobrevivência após a saída da Incubadora.

1.5Delimitação do Estudo

Com o propósito de viabilizar este trabalho, no limite do prazo determinado, além de

compatibilizá-lo com os recursos disponíveis para sua execução, este estudo estará delimitado

à investigação de quatro Incubadoras de Empresas no estado do Rio de Janeiro e a análise das

suas respectivas redes e relacionamentos.

Também serão abordados neste trabalho os conceitos de Empreendedorismo, Inovação

Tecnológica, Capital Social e Redes Sociais, além de uma abordagem conceitual a cerca das

Incubadoras de Empresas, porém, tendo sempre como foco de reflexão as relações existentes

(14)

1.6Relevância do Estudo

Desde a pré-história, passando pela filosofia, a matemática, a sociedade industrial, as eras

pós-guerra, a física quântica, a genética, a criação do primeiro computador e o

desenvolvimento da informática, todos esses períodos e momentos históricos demonstram o

quanto o conhecimento está presente na vida do ser humano.

No mundo empresarial não seria diferente. Em um cenário altamente competitivo, onde a

globalização e a transformação da tecnologia em comodities fazem parte do mundo dos

negócios, o nascimento de empresas cujo diferencial competitivo está baseado na Inovação

Tecnológica se torna um fator preponderante para o desenvolvimento econômico de um país

(FINEP, 2006).

As Incubadoras de Empresas, em sua grande maioria instaladas próximas à universidades e

centros de pesquisa, vêm atuando como mecanismos de apoio extremamente eficazes na

transferência do conhecimento desenvolvido dentro da academia para a sociedade, sob a

forma de novas empresas, cujo diferencial competitivo é a Inovação Tecnológica (SEBRAE,

2007).

As empresas que passam pelo processo de incubação, segundo dados do MCT (2007), vêm

registrando taxas de mortalidade bem inferiores, se comparadas com as taxas daquelas que

nascem fora deste ambiente. Estes números indicam que o ambiente da Incubadora de

Empresas vem sendo capaz de agregar vantagem competitiva a essas empresas, corroborando

(15)

procuram unir talento, tecnologia, capital e conhecimento e com isso encorajar o

desenvolvimento de novas empresas.

O desenvolvimento econômico mundial vem sendo atrelado cada vez à capacidade dos países

em inovarem tecnologicamente. Sendo assim, no âmbito social, estudos que investiguem os

diversos mecanismos capazes de estimular o empreendedorismo, principalmente aquele

originado por algum tipo de oportunidade, passam a ser de grande relevância para a

sociedade, tendo como retorno direto à geração de emprego, renda e conseqüentemente uma

melhora na qualidade de vida. No âmbito acadêmico, a identificação dos fatores que levam ao

entendimento do funcionamento das Incubadoras de Empresas e a forma como se dão os

relacionamentos dentro das redes formadas pelos diversos seus agentes de apoio, passam a ser

de grande relevância para uma melhor articulação entre universidade-governo-empresa,

potencializando cada vez mais os resultados alcançados por todas as partes.

Assim, neste capítulo foi feita uma breve introdução sobre como o objeto de estudo a ser

abordado neste trabalho. Também foram apresentadas a definição do problema a ser

respondido, os objetivos final e intermediários a serem alcançados, a suposição levantada, a

delimitação do estudo e por fim, a relevância desta pesquisa nos âmbitos acadêmico e social.

O próximo capítulo apresenta todo referencial teórico que norteia esta pesquisa, apresentado

os conceitos de Empreendedorismo e Inovação Tecnológica, Incubadoras de Empresas,

(16)

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Incubadoras de Empresas

Por uma opção didática, decidiu-se abordar primeiramente os conceitos de

Empreendedorismo e Inovação Tecnológica, para posteriormente apresentar o conceito de

Incubadora de Empresas. Logo em seguida serão apresentados o Cenário das Incubadoras no

Brasil e no Mundo, os principais Critérios para Avaliação do Desempenho das Incubadoras e

por fim, as principais Políticas Públicas ligadas à Incubadoras no Brasil.

2.1.1 Empreendedorismo e Inovação Tecnológica

Muitos autores abordam o conceito do Empreendedor das mais variadas formas. A TABELA

1 descreve um pequeno resumo dessas abordagens, apresentando como esses autores definem

o conceito de empreendedorismo.

Como podem ser observadas, as abordagens da TABELA 1 se apresentam bastante genéricas.

Algumas fazem referência à personalidade do empreendedor, a um tipo de comportamento ou

até mesmo a alguma característica psicológica. Já outras abordagens, trabalham questões

hierárquicas como autoridade, controle e poder. Há ainda aquelas onde é dada ênfase a

(17)

TABELA 1

DATA AUTOR CARACTERÍSTICAS

1848 Mill Tolerância ao risco

1917 Weber Origem da autoridade formal 1934 Schumpeter Inovação, iniciativa

1954 Sutton Busca de responsabilidade 1959 Hartman Busca de autoridade formal

1961 McClelland Corredor de risco e necessidade de realização

1963 Davids Ambição, desejo de independência, responsabilidade e autoconfiança 1964 Pickle Relacionamento humano, habilidade de comunicação, conhecimento

técnico

1971 Palmer Avaliador de riscos

1971 Hornaday e Aboud Necessidade de realização, autonomia, agressão, poder, reconhecimento, inovação, independência

1973 Winter Necessidade de poder 1974 Borland Controle interno

1974 Liles Necessidade de realização 1977 Gasse Orientado por valores pessoais

1978 Timmons Autoconfiança, orientado por metas, corredor de riscos moderados, centro de controle, criatividade, inovação

1980 Sexton Enérgico, ambicioso, revés positivo

1981 Welsh e White Necessidade de controle, visador de responsabilidade, auto confiança, corredor de riscos moderados

1982 Dunkelberg e Cooper Orientado ao crescimento, profissionalização e independência

Tabela 1 – Diferentes abordagens sobre empreendedores

Fonte: BOULTON, W.R.; CARLAND, J. & HOY, F. Differentiating entrepreneurs from small business owners: a conceptualization. Academy Management Reviews, v. 9, No 2, 1984, p. 356 – 359.

Além das abordagens dos autores descritas na TABELA 1, há ainda quem defenda a idéia de

que o empreendedorismo é uma livre tradução do termo em inglês “entrepreneurship”:

“É uma livre tradução que se faz da palavra entrepreneurship. Designa uma área de grande abrangência e trata de outros temas, além da criação de empresas: geração do auto-emprego (trabalhador autônomo); empreendedorismo comunitário (como as comunidades empreendem); intra-empreendedorismo (o empregado empreendedor); políticas públicas (políticas governamentais para o setor)” DOLABELA (1999:29).

Como se vê, o conceito de empreendedorismo se mostra bem abrangente, dando margem a

sua utilização sob as mais variadas formas. Se forem levados em consideração os aspectos

apontados por Dolabela, poder-se-ia especular o exemplo hipotético de uma pessoa que monta

um pequeno negócio na porta da sua casa para vender cachorro quente e conceituá-la como

(18)

autores levantados na TABELA 1 e ao mesmo tempo, acaba deixando a desejar a muitos

outros. Portanto, ao se utilizar o conceito de empreendedorismo, torna-se necessário definir

que tipo de abordagem será adotada.

Schumpeter (1985) entende empreendedorismo como a ação de um agente econômico capaz

de trazer novos produtos para o mercado, por meio de combinações mais eficientes dos

fatores de produção, ou ainda por meio da aplicação prática de alguma invenção ou inovação

tecnológica.

Em outra passagem, Schumpeter (1985) tece seus comentários a respeito de inovação, criação

de novos mercados e a ação do empreendedor. Em suas idéias, o empreendedor seria o

responsável pelo início da mudança econômica. Por outro lado, os consumidores, caso

necessário, seriam educados por este empreendedor a desejar novas coisas, ou melhor, coisas

que diferem de alguma forma daquelas que têm o hábito de consumir. Podem-se entender

coisas neste contexto, como novos produtos ou serviços que encapsulem novas tecnologias ou

ainda que busquem novas oportunidades ou mercados.

Como se pode ver cabe ao empreendedor a busca por novas oportunidades, com a inserção de

novos produtos ou serviços, utilizando novas tecnologias que o permitam explorar outros

segmentos de mercados. Ou seja, a Inovação Tecnológica funcionaria como uma mola

propulsora do desenvolvimento econômico.

A inserção de um novo produto ou serviço requer do empreendedor, segundo Schumpeter

(1985), um esforço para educar o consumidor a desejar sua Inovação Tecnológica. Esta

(19)

a tempo suficientemente capaz de que outros concorrentes, considerados não inovadores o

copiem.

Schumpeter (1985) associa este fenômeno ao que ele chamou de Ciclos Econômicos,

relacionando os períodos de prosperidade ao empreendedor inovador. Ou seja, o

empreendedor, logo após inserir um novo produto ou serviço, acaba sendo imitado por um

enxame de concorrentes que investem recursos para produzir ou imitar sua inovação. À

medida que tais Inovações Tecnológicas são absorvidas pelo mercado e seu consumo se

generaliza, a taxa de crescimento tende a diminuir e o mercado passa pelo que ele chamou de

um processo recessivo.

Neste estudo, empreendedorismo será conceituado como a atividade exercida por um

empreendedor, que por meio de seu conhecimento, é capaz de desenvolver uma Inovação

Tecnológica, constituindo formalmente uma empresa, seguindo toda a legislação vigente.

Há de se fazer uma diferenciação entre Inovação Tecnológica, Invenção e Descoberta

Científica. Estes três conceitos muitas vezes são utilizados de maneira equivocada:

(20)

Portanto, neste estudo, o conceito de Inovação Tecnológica será utilizado como a conversão

de conhecimento em valor econômico sob a forma de algum novo produto, processo ou

serviço, que leve a exploração de oportunidades com o surgimento de novos negócios.

Quanto à sua tipologia, uma Inovação Tecnológica pode ser classificada em Inovação de

Produto, de Processo, Organizacional ou de Marketing. Inovação de Produto consiste na

criação de um produto original ou no aperfeiçoamento de um produto existente por meio da

qual as empresas conseguem atender a necessidades não-satisfeitas dos consumidores.

Inovação de Produto diz respeito a fazer coisas novas da maneira antiga, ao contrário do

conceito de Inovação de Processo que significa fazer coisas antigas de maneira nova de forma

que a produtividade aumente, os custos caiam e o mercado seja ampliado. Uma Inovação de

Marketing é a implementação de um novo método de marketing, com mudanças significativas

na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua

promoção ou na fixação de preços. Por fim, uma Inovação Organizacional é a implementação

de novos métodos nas práticas de negócio da empresa, na organização do seu local de

trabalho ou em suas relações externas (FINEP, 2006).

Para KUPFER apud FINEP (2006), uma Inovação Tecnológica depende de três dimensões

que podem existir em graus e intensidades diferentes:

A primeira é a oportunidade tecnológica, ou melhor, o grau de liberdade em que

uma Inovação Tecnológica possui para ser criada, como por exemplo: é relativamente

mais simples construir um software do que criar um novo princípio ativo que envolva

milhões de dólares na indústria farmacêutica.

A segunda dimensão é a cumulativa. Algumas Inovações Tecnológicas dependem

(21)

empreendedor o domínio e o cumprimento de todos os passos das inovações

anteriores, como por exemplo: a indústria petrolífera, de semicondutores ou

farmacêutica.

Por último, o grau de apropriabilidade da inovação. Esta dimensão diz respeito a

quanto se é possível reter do ganho econômico que uma determinada Inovação

Tecnológica irá proporcionar à sociedade. Do ponto de vista estritamente econômico,

o grau adequado de apropriabilidade não seria nem muito baixo e insuficiente que o

empreendedor não consiga ressarcir o investimento em inovação realizado e nem

muito alto a ponto de que os cidadãos não consigam ter acesso a essa determinada

inovação.

Voltando ao exemplo anterior do empreendedor que monta um pequeno negócio na porta da

sua casa para vender cachorro quente. Não há nenhum impeditivo ou algo desmoralizante

com a atividade que ele desenvolve, conforme comentado anteriormente ele também pode ser

considerado um empreendedor, afinal, observou uma oportunidade de ganhar o seu sustento

vendendo alimentos nos arredores do seu lar, assumiu riscos e investiu suas economias

montando seu próprio negócio.

O que se levanta aqui não é se este sujeito é ou não um empreendedor, mas sim o grau de

Inovação Tecnológica, a apropriabilidade da sua Inovação e o impacto da sua atividade

empreendedora no desenvolvimento econômico do país. Extrapolando este mesmo exemplo,

poder-se-ia supor que nosso vendedor de cachorro quente, detentor de um talento nato, tivesse

desenvolvido algum tipo de Inovação Tecnológica no produto que estava vendendo, chegando

ao ponto de criar uma grande rede de franquias de alimentos a nível internacional,

(22)

divisas para o país. Mas infelizmente isso não é o caso na grande maioria das vezes. O fator

principal que transforma os brasileiros em empreendedores hoje ainda é a necessidade, ou

seja, uma grande parcela dos empreendedores precisa desenvolver alguma atividade

empreendedora por necessidade, envolvendo pouco ou nenhum grau de Inovação, o que

conseqüentemente acaba gerando um impacto muito menor na economia do país,

principalmente na balança comercial de exportação.

Este fato fica bem claro na análise realizada pelo GEM – Global Entrepreneurship Monitor,

que atualmente é administrado por uma holding - Global Entrepreneurship Research

Association (GERA) e está fortemente ligado à suas duas instituições fundadoras, a London

Business School e a Babson College, Boston, sendo apoiada no Brasil por instituições como:

Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) como entidade executora, a

Pontifícia Universidade Católica do Paraná, a Secretaria do Estado da Ciência e Tecnologia

do Paraná, o SEBRAE Nacional, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), por

meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL).

Pode-se observar no relatório do GEM que o Brasil em 2006 ocupava a 10ª posição do

ranking de empreendedores iniciais (TEA), ou seja, aqueles empreendedores com menos de 3

anos e meio em atividade, o que corresponde a 14,3 milhões de empreendedores, ou ainda

12,1% da população (GEM, 2007).

Do ponto de vista quantitativo, a posição do Brasil em relação ao número de empreendedores

iniciais é invejável. Levando-se ainda em consideração que em 2006 os Estados Unidos

ocupavam a 15ª posição e a Alemanha ocupava a 37ª. O problema se apresenta quando se faz

(23)

São considerados neste relatório dois tipos de empreendedores:

Empreendedores por oportunidade, ou seja, aqueles que detectaram alguma

oportunidade por meio de algum tipo de Inovação Tecnológica;

Empreendedores por necessidade, como no exemplo hipotético citado anteriormente

do empreendedor que sobrevive com a venda de cachorro quente, aqueles que

empreendem pela necessidade de sobreviverem.

Em países com renda per capita média anual acima de US$ 20 mil, a cada 9 empreendedores

por oportunidade 1 empreende por necessidade. Neste quesito, no Brasil, o número de

empreendedores por oportunidade nos últimos dois anos se estabilizou em 6%, fazendo com

que o país ocupa-se o 20º lugar. O número de empreendedores por necessidade se manteve

com pouca variação, entre 5,3% e 5,6% no mesmo período, ou seja, nos últimos dois anos,

pode-se dizer que no Brasil, a cada pessoa que empreende por oportunidade uma empreende

por necessidade.

E é neste ponto que, segundo GEM (2007), os países com renda per capita média anual mais

altas se diferenciam daqueles com renda per capita anual média mais baixas. Nesses

primeiros, a proporção entre empreendedores por oportunidade em relação aos por

necessidade é muito maior, sendo em média de 8,9% contra 3,3%.

Como se vê, a renda per capita média anual de um país não está relacionada à taxa de

empreendedores iniciais (TEA), mas sim ao tipo de empreendedorismo que se desenvolve.

(24)

empreendedores iniciais (TEA) e que possuem a 4ª maior renda per capita anual do mundo e

onde a razão entre empreendedores por oportunidade e os empreendedores por necessidade é

muito maior do que nos países com renda per capita anual menor, como no caso do Brasil que

ocupa a 10ª posição no ranking de empreendedores iniciais (TEA) e amarga a 34ª colocação

no ranking de renda per capita anual do mundo em um total de 42 países pesquisados.

O ponto principal da discussão então passa a ser em como melhorar a relação entre

empreendedores por oportunidade e por necessidade, estimulando principalmente o

surgimento do primeiro tipo de empreendedores. A resposta passa pela criação de

mecanismos que estimulem o nascimento de novos negócios baseados no conhecimento e na

Inovação Tecnológica, o que conseqüentemente acabará influenciando positivamente a renda

per capita anual do país.

No Brasil e no mundo, tem-se como berço da Inovação Tecnológica o conhecimento

desenvolvido e acumulado dentro das universidades e centros de pesquisa. O desafio é saber

como proceder para que este conhecimento seja convertido em Inovação Tecnológica,

transformando-se em novas oportunidades, sem correr o risco de permanecer ou até mesmo

para os mais pessimistas, se congelar sob a forma de uma invenção ou descoberta científica

que nunca chegará à sociedade.

Segundo DOLABELA (1999), deve-se incorporar ao setor produtivo os centros de pesquisa,

(25)

“Este conceito de empreendedorismo incorpora os centros de pesquisa, universidades e escolas ao chamado setor produtivo, como se na universidade não houvesse produção. Tenta ser amplo e, em congruência com a nova era, diminuir a distância que entre nós ainda separa os principais fundamentos econômicos: de um lado, as unidades de geração de conhecimento, com sua cultura e valores; de outro, a comunidade como um todo – organizada em empresas, ONGs, poderes constituídos, mercado, que teriam a responsabilidade de apurar o valor intrínseco do conhecimento gerado e transformá-lo em recursos financeiros. Tanto as unidades de geração de conhecimento como a comunidade empresarial devem estar voltadas para um mesmo objetivo: gerar riquezas e desenvolvimento econômico, tendo evidentemente como beneficiários o ser humano – ou seja, todos os membros da comunidade (DOLABELA, 1999).

Há uma preocupação clara de DOLABELA (1999) com a busca pela convergência entre as unidades de geração de conhecimento, no caso universidades e centros de pesquisa, e a comunidade empresarial, com o objetivo de gerar novas riquezas e desenvolvimento econômico para a sociedade.

É dentro deste cenário competitivo que a criação de mecanismos ou ferramentas capazes de

estimular e dar suporte ao empreendedorismo e à Inovação Tecnológica, principalmente

aquele empreendedor em sua fase inicial ou “start-up”, se tornam de grande relevância para o

desenvolvimento econômico de um país.

Dentre vários mecanismos e modelos de estímulo ao empreendedorismo e à Inovação

Tecnológica, as Incubadoras de Empresas, segundo MCT (2005), se mostram cruciais dentro

do contexto onde o conhecimento, a eficiência e a rapidez no processo de Inovação se tornam

decisivos para a competitividade das economias, permitindo ao empreendedor desenvolver

novos produtos e processos em tempo hábil para suprir as demandas do mercado, como pode

(26)

Empreendedores

Sociedade / Mercado Universidade /

Academia

Incubadoras de Empresas

Figura 1 – Contexto onde as Incubadoras de Empresas estão inseridas.

Neste sentido, são as empresas de base tecnológica, mais especificamente às micro e pequenas

empresas, que acabam representando a maior partes dos negócios voltados para a Inovação

Tecnológica, transformando conhecimento em produtos, processos ou serviços que possam

ser oferecidos ao mercado (MCT, 2005). Segundo Baêta (1999), essas empresas se

diferenciam de outras empresas pelo fato de seus potenciais de competitividade serem a

informação e o conhecimento tecnocientífico. Sua competitividade está relacionada ao

processo de aprendizagem tecnológica desenvolvido e na capacidade de se relacionarem e

trocarem informações e conhecimentos.

Estatísticas vêm comprovando que o índice de mortalidade das empresas que passam pelo

processo de incubação é reduzido a 20% contra 70% nas empresas nascidas fora do ambiente

da incubadora. Este número é ainda mais expressivo nas Micro e Pequenas Empresas – MPE,

onde 80% das empresas nascidas fora da Incubadora morrem antes de completar seu primeiro

(27)

Desta forma, torna-se importante entender o conceito de uma Incubadora, seus objetivos e seu

funcionamento.

2.1.2 Incubadoras de Empresas

Uma Incubadora de Empresas em sua concepção original é conceituada como um espaço

estruturado no qual se disponibiliza às unidades de negócios (empresas) nela instaladas, uma

série de instrumentos e políticas que tem como objetivo o desenvolvimento de novos negócios

(Raupp; Beuren: 2006).

Seguindo ainda nesta linha:

“A incubadora – no seu sentido original – é um arranjo interinstitucional com instalações e infra-estrutura apropriadas, estruturado para estimular e facilitar a vinculação empresa-universidade (e outras instituições acadêmicas); o fortalecimento das empresas e o aumento de seu entrosamento; e o aumento da vinculação do setor produtivo com diversas instituições de apoio (além das instituições de pesquisa, prefeituras, agências de fomento e financiamento – governamentais e privadas [...]” (Medeiros, 1998:6-7 apud Raupp; Beuren: 2006:2).

A NBIA – National Business Incubation Association, entidade que representa o movimento

de Incubadoras de Empresas nos Estados Unidos, define Incubadora de Empresas como um

serviço de suporte para acelerar o desenvolvimento de novos negócios, suprindo os

empreendedores com uma gama de serviços e recursos. Estes recursos e serviços são

desenvolvidos ou estão sob responsabilidade do corpo gerencial da incubadora por meio de

sua rede de contatos. O objetivo principal de uma incubadora, segundo a NBIA, é produzir

novos negócios que sejam viáveis financeiramente e de forma a se tornarem autônomos, tendo

como conseqüência a comercialização de novas tecnologias capazes de fortalecer as

(28)

O SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas define Incubadora

de Empresas como:

“Uma incubadora de empresas é um mecanismo que estimula a criação e o desenvolvimento de micro e pequenas empresas (industriais, de prestação de serviços, de base tecnológica ou de manufaturas leves), oferecendo suporte técnico, gerencial e formação complementar ao empreendedor. A incubadora também facilita e agiliza o processo de inovação tecnológica nas micro e pequenas empresas. Em geral, as incubadoras dispõem de um espaço físico especialmente construído ou adaptado para alojar temporariamente micro e pequenas empresas e oferece uma série de serviços, tais como cursos de capacitação gerencial, assessorias, consultorias, orientação na elaboração de projetos a instituições de fomento, serviços administrativos, acesso a informações etc” (SEBRAE: 2007).

O Glossário dinâmico de termos na área de Tecnópolis, Parques Tecnológicos e Incubadoras

de Empresas conceitua Incubadora de Empresas como:

“Incubadora de empresas: - (a) Agente nuclear do processo de geração e consolidação de micro e pequenas empresas; (b) mecanismo que estimula a criação e o desenvolvimento de micro e pequenas empresas industriais ou de prestação de serviços, empresas de base tecnológica ou de manufaturas leves, por meio da formação complementar do empreendedor em seus aspectos técnicos e gerenciais; (c) agente facilitador do processo de empresariamento e inovação tecnológica para micro e pequenas empresas“ (ANPROTEC: 2002).

Ainda segundo o mesmo Glossário da Anprotec (ANPROTEC, 2002), uma Incubadora de

Empresas deve oferecer:

• Espaço físico construído ou adaptado para alojar temporariamente micro e pequenas

empresas industriais ou de prestação de serviços;

• Ambiente flexível e encorajador;

• Assessoria para a gestão técnica e empresarial;

• Infra-estrutura e serviços compartilhados: salas de reunião, telefone, fax, acesso à

Internet, suporte em informática;

• Acesso a mecanismos de financiamento;

• Acesso a mercados e redes de relações;

(29)

Além dos conceitos descritos acima, as variáveis ambientais também são importantes para

uma Incubadora de Empresas:

“[...] prioridades econômicas da região e do governo local (Estado e Município), a vocação econômica da região, com detalhes sobre a indústria e os serviços disponíveis na região. Também devem ser considerados o nível tecnológico empregado na produção e a taxa de criação e de mortalidade de empresas. O mercado deve ser considerado em termos do macroambiente, das ameaças e oportunidades, do potencial para a criação de empresas e para o crescimento de empresas já existentes, do nível de renda da população local e sua capacidade de absorver produtos, além da possibilidade de produzir em escala, tendo em vista mercados maiores e distantes da região na qual a incubadora será instalada” MCT (2001).

Nesta pesquisa, Incubadora de Empresas será conceituada como um ambiente vinculado a

uma instituição mantenedora, gerido por um corpo gerencial, inserido em uma rede

estruturada de relações interinstitucionais formada por instituições de apoio privadas ou

governamentais, capaz de oferecer uma infra-estrutura física e de serviços voltados à

capacitação complementar gerencial dos empreendedores, cujo objetivo principal é, em um

determinado período de tempo, estimular, acompanhar e dar sustentabilidade ao surgimento

de novos negócios que introduzam inovações tecnológicas no mercado e que consigam

promover o desenvolvimento econômico local e regional. A FIGURA 2 apresenta o modelo

conceitual da Incubadora de Empresas a ser adotado neste trabalho. Cabe destacar que trata-se

de um modelo meramente ilustrativo, isto é, não há nenhuma informação relacionada ao

tamanho, centralidade e tipos de ligações apresentadas.

É importante ressaltar ainda que a estrutura da rede em que a Incubadora de Empresas está

inserida é fundamental para o seu funcionamento, ou seja, suas relações com a instituição

mantenedora, instituições de apoio e as empresas incubadas e graduadas será crucial para que

(30)

Figura 2 – Modelo conceitual de uma Incubadora de Empresas.

Além dos aspectos conceituais, torna-se importante mencionar os diversos tipos ou

classificações existentes para as Incubadoras de Empresas, ou melhor, para cada setor da

economia ou tipo de produto ou serviço desenvolvido pelas empresas a serem incubadas

existe um determinado tipo de Incubadora.

Atualmente, segundo a ANPROTEC (2006), as Incubadoras de Empresas podem ser

classificadas em:

Incubadoras de Base Tecnológica: Abrigam empresas que possuem produtos,

serviços ou processos gerados a partir de pesquisas aplicadas e onde a tecnologia

(31)

Incubadoras de Empresas de Setores Tradicionais: Abrigam empresas ligadas aos

setores tradicionais da economia e que buscam agregar algum tipo de valor a seus

produtos, serviços e processos, incrementando seu nível tecnológico;

Incubadoras de Empresas Mistas: Abrigam empresas de ambos os tipos acima

descritos.

Além dessas três classificações, existem outras quatro classificações de Incubadoras que

também devem ser citados:

• Incubadoras Culturais;

• Incubadoras Sociais;

• Incubadoras Agroindustriais;

• Incubadoras Sociais.

Outro aspecto relevante e que deve ser levado em consideração é a natureza jurídica das

Incubadoras de Empresas. Quanto a este aspecto, segundo a ANPROTEC (2006), as

Incubadoras podem ser:

• Privadas e sem fins lucrativos;

• Privadas e com fins lucrativos;

• Pública Federal;

• Pública Estadual;

• Pública Municipal;

• Outras não mencionadas.

(32)

Empresas Emergentes ou (Start-ups): Organizações em fase de estruturação em

busca de nichos de mercado específicos, podendo estar ou não inseridas em uma

Incubadora de Empresas;

Empresas Incubadas: Organizações que desenvolvem produtos ou serviços

inovadores que após passarem por um processo de seleção, estão inseridas em uma

Incubadora de Empresas e conseqüentemente, recebendo apoio técnico, gerencial e

financeiro da rede de instituições constituída especialmente para criar e acelerar o

desenvolvimento de pequenos negócios. Também podem ser chamadas de Empresas

Residentes.

Empresas Graduadas: Organizações que passaram pelo processo de incubação e que

alcançaram o desenvolvimento suficiente para sair da Incubadora. Também podem ser

chamadas de empresas liberadas.

Empresas Associadas: Empresas que utilizam a infra-estrutura e os serviços

oferecidos pela Incubadora de Empresas sem ocuparem um espaço físico, mantendo

algum tipo de vinculo formal, podendo ser uma empresa recém-criada ou já existente.

Vale ainda destacar a existência de mais dois tipos de empresas ligadas às Incubadoras

(ANPROTEC, 2002):

Spin-off - Empresa oriunda de um laboratório e resultante de pesquisa acadêmica ou

industrial;

Spin-out - Empresa impulsionada por outra já estabelecida no mercado para atuar na

mesma área de negócio, mas com produto ou serviço diferente daquele que a empresa

(33)

Como se vê, existem diversas classificações e naturezas relacionadas às Incubadoras de

Empresas. Além disso, existem vários tipos de empresas ligadas a essas Incubadoras. O

surgimento dessas Incubadoras como instrumentos de apoio ao nascimento de novos negócios

não é algo muito recente. No Brasil e no mundo, como será visto a seguir, este movimento já

vem se consolidando há algum tempo.

2.1.3 Cenários Internacional e Nacional

No mundo, em particular na Europa e Estados Unidos, as Incubadoras de Empresas têm sua

ação vista também como um mecanismo que objetiva apoiar o sucesso das pequenas empresas

emergentes e garantir estágios locais de desenvolvimento, principalmente pela criação de

empregos, pela diversificação econômica, pela reabilitação de prédios e também,

especialmente nos EUA, pela manutenção de uma imagem desenvolvimentista. (BAÊTA,

1999).

Segundo Baêta (1999), tanto na Europa como nos Estados Unidos, observa-se um certo grau

de comprometimento dos governos locais e das comunidades com as Incubadoras, tendo

como principal objetivo a geração de empregos. Nos Estados Unidos, o principal ponto de

partida para a criação de Incubadoras foi o interesse da renovação de áreas urbanas

deterioradas, mediante a criação de novas empresas. Governos locais, estaduais e instituições

não-governamentais participaram dessas iniciativas, articulando agentes públicos e privados.

O primeiro modelo semelhante às Incubadoras de Empresas que se conhece nos dias de hoje

surgiu em 1959 em Nova Iorque (EUA), exatamente quando uma das fábricas da Massey

(34)

região. Joseph Mancuso comprou a área e resolveu sublocar o espaço para pequenas empresas

iniciantes. Além da infra-estrutura física, Mancuso incorporou um conjunto de serviços que

poderiam ser compartilhados pelas empresas instaladas, como secretaria, contabilidade,

vendas, marketing, reduzindo com isso os custos operacionais das empresas, aumentando a

sua competitividade. Como curiosidade, uma das primeiras empresas instaladas na área foi

um aviário, o que acabou dando ao prédio o nome de “Incubadora” (REDE INCUBAR,

2007).

Ainda nos Estados Unidos, já na década de 70, na região do Vale do Silício, as Incubadoras

de Empresas surgiram como um meio de incentivar universitários recém-graduados a

disseminar suas Inovações Tecnológicas e a estimular seus espíritos empreendedores. O

mecanismo criado foi traduzido como uma oportunidade para que esses jovens iniciassem

suas empresas, por meio de parcerias, junto a uma estrutura física que oferecia

assessoramento gerencial, jurídico, de comunicação, administrativo e tecnológico para

amadurecerem seus negócios nascentes. A esta altura o nome de Incubadora de Empresas já

havia se consolidado (REDE INCUBAR, 2007).

Observando os exemplos e os resultados obtidos com a experiência americana, Baêta (1999)

pode-se ver que o desenvolvimento tecnológico e a competitividade está associada à

articulação entre governo, universidade e a iniciativa privada:

“[...] o desenvolvimento tecnológico e a postura inovadora são a chave para tornar a economia competitiva e que, para tanto, torna-se fundamental estabelecer relações entre governo, universidade e industria” (BAÊTA, 1999).

Na Europa, observaram-se duas expectativas diferentes relacionadas diretamente com o local

(35)

apoio ao surgimento de novos negócios e a segunda foi uma preocupação voltada para o

fortalecimento da presença das universidades na suas regiões (BAÊTA, 1999).

As experiências inglesas, por exemplo, se assemelham em muito as norte-americanas, onde a

recuperação de áreas e a geração de empregos foram os fatores motivadores para a

implantação de Incubadoras de Empresas. Na França, o modelo adotado foi o de tecnopóles,

assumindo um caráter de empreendimento para o desenvolvimento tecnológico regional,

envolvendo autoridades locais e centros de pesquisa (BAÊTA, 1999).

Já no Brasil, as primeiras Incubadoras surgiram na década de 80, por meio da iniciativa do

então presidente do CNPq, Professor Lynaldo Cavalcanti, onde foram criadas cinco fundações

tecnológicas: em Campina Grande (PB), Manaus (AM), São Carlos (SP), Porto Alegre (RS) e

Florianópolis (SC). A primeira Incubadora de Empresas brasileira e a mais antiga da América

Latina foi a ParqTec – Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos, que iniciou suas

atividades em dezembro de 1984 com quatro empresas incubadas. Na mesma década, outras

quatro Incubadoras foram constituídas no país, nas cidades de São Carlos (SP), Campina

Grande (PB), Florianópolis (SC) e Rio de Janeiro (RJ) (REDE INCUBAR, 2007).

As Incubadoras brasileiras se consolidaram como mecanismos de incentivo a atividades e

produção tecnológica a partir da realização do Seminário Internacional de Parques

tecnológicos em 1987, no Rio de Janeiro. Surgia então a ANPROTEC – Associação Nacional

de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas, associação que

passou a congregar não só as Incubadoras de Empresas, mas todo empreendimento que

utilizasse o processo de incubação para gerar Inovação Tecnológica no Brasil (REDE

(36)

Assim como em outros países, as Incubadoras de Empresas brasileiras, em sua maioria,

localizam-se em universidades e institutos de pesquisa, facilitando o acesso das empresas aos

laboratórios e recursos humanos destas instituições.

No Brasil, é crescente o surgimento de novas Incubadoras, como pode ser visualizado no

GRÁFICO 1 (ANPROTEC, 2007). Em 20 anos, o número de incubadoras de empresas

brasileiras saltou de 2 para 377. Só nos últimos 5 anos houve um crescimento de 82% no

número de incubadoras, representando um salto de 207 para 377 Incubadoras de Empresas em

operação.

Evolução do Movimento Brasileiro de Incubadoras

2 4 7 10 12 13 19 27 38

60 74 100 135 150 183 207 283 339 359 377 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Anos N ú m er o de In cu b ado ra s

Gráfico 1 - Evolução do número de Incubadoras em Operação no Brasil em 2007 (ANPROTEC, 2007).

O crescimento por cada região, de 1999 a 2006, pode ser observado no GRÁFIXO 2

(ANPROTEC, 2007). Chama a atenção que, sem exceção, nos últimos 8 anos, houve um

aumento em todas as regiões, sendo que as regiões Sul e Sudeste mantiveram-se as detentoras

(37)

por 70% do número Incubadoras em operação, ou seja, das 359 incubadoras em operação, 254

se localizavam nas regiões Sul e Sudeste.

Incubadoras em Operação por Região

2 13 1 25 55 3 15 1 50 62 4 21 1 60 64 6 23 7 84 63 8 24 8 86 71 9 37 22 123 92 14 56 26 123 120 14 63 28 127 127 0 20 40 60 80 100 120 140

Norte Nordeste Centro Oeste Sul Sudeste

Gráfico 2 - Evolução do número de Incubadoras em Operação no Brasil

por Região em 2006 (ANPROTEC, 2007).

Quanto à distribuição das Incubadoras de Empresas por município, de acordo com a faixa do

número de habitantes, pode-se observar no GRÁFICO 3 (ANPROTEC, 2007) que a maioria

das Incubadoras está localizada em municípios com mais de 300 mil habitantes, o que

representa 48,72% das Incubadoras em 2006. Chama atenção também o fato de 32,18% das

Incubadoras estarem localizadas em municípios com menos de 100 mil habitantes, ficando a

(38)

Percentual de Incubadoras por município de acordo com a faixa da população

32,18

11,56

7,5

23,12 25,6

0 5 10 15 20 25 30 35 40

< 100 mil hab > 100 mil hab > 200 mil hab > 300 mil hab > 1 milhão hab

Gráfico 3 – Percentual de Incubadoras por município em 2006 (ANPROTEC, 2007).

O tempo de existência das Incubadoras de Empresas brasileiras em 2006 pode ser visto no

GRÁFICO 4 (ANPROTEC, 2007). Como era de se esperar, em concordância com a evolução

do número de Incubadoras de Empresas nos últimos 5 anos, 58,22% das Incubadoras ainda

não completaram 5 anos de existência. Já as mais antigas, ou seja, com mais de 15 anos em

operação, representam apenas 2,79% das Incubadoras de Empresas em 2006.

Incubadoras por tempo de operação

10 28

112 209

> 15 anos 10 a 15 anos 5 a 10 anos < 5 anos

Gráfico 4 – Incubadoras por tempo de operação em 2006 (ANPROTEC, 2007).

Quanto à sua classificação, as Incubadora de Empresas em operação no Brasil apresentam a

(39)

Incubadoras em Operção: Foco de Atuação em 2005 (%) 40 18 23 3 4 5 7

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 BASE TECNOLÓGICA TRADICIONAL MISTA CULTURAL SOCIAL AGROINDUSTRIAL SERVIÇOS

Gráfico 5 – Distribuição das Incubadoras por tipo de classificação em 2005 (ANPROTEC, 2006).

Como pode se ver, as Incubadoras de Base Tecnológica, as de Setores Tradicionais e as

Mistas, representam respectivamente 40%, 18% e 23% das Incubadoras em operação no

Brasil, totalizando 81% das Incubadoras Brasileiras. As outras Incubadoras juntas

representam 19% (ANPROTEC, 2006).

Em relação à natureza jurídica, as Incubadoras de Empresas brasileiras apresentam a

distribuição que pode ser visualizada no GRÁFICO 6 (ANPROTEC, 2006). Como pode ser

visto, a maior parte das Incubadoras em Operação hoje no Brasil são de natureza privada e

sem fins lucrativos.

Incubadoras em Operação: Natureza Jurídica (%)

66 3 11 7 11 3

0 10 20 30 40 50 60 70 80 Privada - sem fins lucrativos

Privada - com fins lucrativos Pública Federal Pública Estadual Pública Municipal Outras

(40)

Quanto ao custo operacional, o GRÁFICO 7 apresenta que em 2005, das 185 Incubadoras

pesquisadas em um universo de 339 existentes, 82% tinham seu custo operacional inferior a

R$ 300 mil, ou seja, um custo operacional médio inferior a R$ 25 mil mensais (ANPROTEC,

2006).

Incubadoras em Operação: Cuto operacional anual (%)

17

41 22

18 1

0 10 20 30 40 50

Acima de R$ 300.000,00 De R$ 100.000,00 a R$ 300.000,00 De R$ 50.000,00 a R$ 100.000,00 Até R$ 50.000,00 Nenhum

Gráfico 7 – Custo operacional anual das incubadoras em operação no Brasil (ANPROTEC, 2006).

Sintetizando os dados apresentados anteriormente, pode-se dizer que o movimento de

Incubadoras no Brasil é recente e ao mesmo tempo crescente, sendo formado em sua maioria

por Incubadoras jovens, ou seja, com menos de 5 anos de existência. Essas Incubadoras por

sua vez estão localizadas em 70% dos casos nas regiões Sul e Sudeste, sendo que 48,72%

delas em municípios com mais de 300 mil habitantes. Quanto à sua classificação, a maioria

das Incubadoras de Empresas brasileiras é de Base Tecnológica, o que representa 40% do

total e de natureza privada sem fins lucrativos, o que representa 66% do total. Por fim, 82%

das Incubadoras possuem um custo operacional médio inferior a R$ 25 mil mensais. Estas

estatísticas consolidam um perfil razoavelmente bem definido das Incubadoras de Empresas

(41)

Segundo a ANPROTEC (2006), o movimento das Incubadoras de Empresas no Brasil em

2005 envolveu 5.618 empresas, incluindo empresas incubadas, graduas e associadas, que

juntas geraram 28.449 empregos diretos. Estes números dão uma média de 83 empregos

diretos gerados por cada Incubadora e 5 empregos diretos gerados por cada empresa.

Apesar da resistência de algumas empresas em divulgar informações a respeito do

faturamento, o que certamente causa distorções nos números levantados na pesquisa realizada

em 2006, a ANPROTEC (2006) menciona que as empresas incubadas que responderam as

pesquisas faturaram juntas R$ 320 milhões e as graduadas R$ 1,5 bilhões. Vale ressaltar que

as empresas que responderam as pesquisas sobre faturamento representaram uma amostra de

1.184 empresas (incubadas e graduadas) em um universo de 3.625 empresas (incubadas e

graduadas).

Como foi observado no perfil das Incubadoras de Empresas brasileiras, a maior parte delas é

de natureza jurídica privada e sem fins lucrativos. Este fato não as isenta de serem avaliadas,

principalmente porque a maioria dessas Incubadoras não consegue gerar receita suficiente

para seu auto-sustento, levando-as a depender de recursos externos, oriundos de convênios,

parcerias e de órgãos públicos (DORNELAS, 2005).

Desta forma, é importante que esses agentes externos consigam avaliar e acompanhar os

resultados alcançados pelas Incubadoras e se os recursos disponibilizados estão sendo bem

empregados. Do ponto de vista da Incubadora de Empresas, pode-se considerar que a

reciprocidade é a mesma, ou seja, Incubadoras bem geridas e que consigam apresentar

(42)

2.1.4 Critérios para Avaliação de Incubadoras de Empresas

Partindo do pressuposto de que a maior parte das Incubadoras de Empresas são instituições

sem fins lucrativos, a utilização dos indicadores financeiros tradicionais tais como: valor

presente líquido, taxa interna de retorno, fluxo de caixa descontado, entre outros, não se

enquadram na melhor maneira de avaliar seus desempenhos. Portanto, se for considerado

somente o ponto de vista financeiro, os indicadores tradicionais apontariam a maioria destas

Incubadoras de Empresas como empreendimentos inviáveis (DORNELAS, 2002).

Torna-se necessário então recorrer à utilização de indicadores que permitam uma avaliação

mais abrangente, não se detendo somente a indicadores financeiros, mas também ao impacto

das Incubadoras de Empresas no desenvolvimento regional:

“O impacto de uma incubadora de empresas em uma comunidade é evidente, pois graças às empresas incubadas há geração de empregos, aumento da arrecadação de impostos, aumento da venda dos produtos da região para outras regiões ou países etc” (Duff apud Dornelas, 2002).

Segundo DORNELAS (2002), não existe um padrão para a avaliação de Incubadoras.

SHERMAM & CAPPEL apud DORNELAS (2002) adotam três principais motivos para a

ausência de um padrão de avaliação:

• A complexidade e diversidade de Incubadoras e empresas incubadas existentes;

• A localização geográfica de cada Incubadora e suas peculiaridades regionais;

• Foco excessivo nos processos de incubação e não nos resultados e impactos causados

pelas Incubadoras.

Várias pesquisas vêm sendo desenvolvidas com o propósito de tentar criar parâmetros que

permitam avaliar as Incubadoras de Empresas. Estes parâmetros podem ser classificados,

(43)

pertinência), indicadores e variáveis. É importante ressaltar que a utilização desses parâmetros

está relacionada ao fator temporal, ou seja, aos prazos necessários para que as medições

resultem em valores confiáveis, podendo ser a curto (até um ano), médio (de um a três anos)

ou longo (acima de três anos) prazos.

Os parâmetros organizados em: coeficientes, indicadores, variáveis e prazos, levantados por

MORAIS apud DORNELAS (2002), podem ser visualizados na TABELA 2. Os coeficientes

voltados à Eficiência dizem respeito à gestão dos recursos, com foco nos processos internos.

Os coeficientes voltados à Eficácia estão relacionados ao grau em que são alcançados os

objetivos das Incubadoras. Os coeficientes voltados ao Impacto dizem respeito ao efeito

causado na população-alvo ou região. Por último, os coeficientes voltados à Pertinência,

estando ligados à solução proposta em relação aos problemas que devem ser resolvidos.

TABELA 2

COEFICIENTES INDICADORES VARIÁVEIS PRAZO

Eficiência

Auto-sustentação

Receita própria / Receita total

Médio e Longo

Gastos totais / Receita total Gastos operacionais / Receita total Gastos totais / Receita própria Gastos operacionais / Receita própria

Inovação

Investimentos na capacitação de RH

Curto e Médio

Controle de qualidade de RH Controle de qualidade dos clientes Controle de qualidade dos processos Gastos com aquisição de equipamentos e material permanente

Gastos realizados com obras e instalações Gastos com Marketing, promoção e divulgação Gastos com treinamentos

Gastos com pesquisas de mercado Gastos com consultorias

Gastos com participações em feiras e eventos

Eficácia empreendimento Sucesso do

Número de pessoas treinadas

Curto e Médio

Número de empresas treinadas Número de funcionários das empresas incubadas

Número de empresas incubadas

(44)

Taxa de mortalidade de empresas incubadas

Médio e Longo

Número de empresas graduadas

Número de produtos gerados pelas empresas incubadas

Satisfação dos clientes

Número de empresas incubadas satisfeitas com os serviços

Curto e Médio

Número de empresas graduadas satisfeitas com os serviços

Número de empresas associadas satisfeitas com os serviços

Número de empreendedores satisfeitos com os serviços

Grau de utilização

Equipamentos disponíveis / recursos efetivamente utilizados

Curto

Número de vagas disponíveis / número de vagas utilizadas

Ociosidade dos serviços prestados

Impacto Sócio-econômico

Receita total das empresas incubadas

Curto e Médio

Total de impostos gerados pelas empresas incubadas

Número de empregos gerados pelas empresas incubadas

Horas de treinamento/funcionário Horas de treinamento/empresa Receita/empresa

Receita/funcionário

Número de produtos gerados pelas empresas incubadas

Médio e Longo

Número de empresas graduadas Faturamento das empresas graduadas Número de funcionários das empresas graduadas

Pertinência

Indicadores analisados qualitativamente

Variáveis analisadas qualitativamente

Curto, Médio e Longo

Tabela 2 – Coeficientes, Indicadores, Variáveis e Prazos para avaliação de Incubadoras de Empresas MORAIS apud DORNELAS (2002).

Além dos indicadores e coeficientes propostos por MORAIS apud DORNELAS (2002),

outros indicadores passaram a ser utilizados para analisar o desempenho das Incubadoras. O

PNI – Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas, um programa do Ministério

da Ciência e Tecnologia ligado à Septe – Secretaria de Política Tecnológica Empresarial e a

Coordenação de Sistemas Locais de Inovação, desenvolveu um trabalho voltado para a

criação de um conjunto de indicadores, tornando-se uma boa referência sobre o assunto no

(45)

PNI – Programa Nacional de Incubadoras

Indicadores de Desempenho de Incubadoras

Indicadores ligados à fase de Pré-Incubação

• Número total de projetos em pré-incubação.

• Número de projetos incubados resultantes da incubação / número de projetos

pré-incubados.

• Número de pedidos de registro no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial

oriundos dos projetos em pré-incubação.

• Número de projetos pré-incubados que foram direto para o mercado / número projetos

pré-incubados.

• Número de alunos envolvidos em projetos pré-incubados / número de alunos

matriculados em programas de empreendedorismo.

Indicadores ligados à fase de Incubação

• Número de selecionados para incubação / número de candidatos por ano.

• Número total de empresas residentes e não-residentes por ano / total do faturamento

anual / total do número de empregados.

• Taxa de mortalidade no processo de incubação.

• Número de módulos ocupados / número de módulos disponíveis.

• Número de empresas graduadas por ano.

• Número de produtos / serviços gerados pelas empresas incubadas por ano.

• Tempo médio de incubação.

(46)

• Perfil de gastos diretos e indiretos da incubadora por ano (consultoria; pessoal;

serviços de terceiros).

• Taxa de crescimento anual do faturamento das empresas incubadas.

• Número de pedidos de registro / patentes no INPI por ano pelas empresas incubadas.

• Certificação ou estrutura de gestão pela qualidade (ISO, PNQ, etc.) da incubadora.

• Número de empresas graduadas que permanecem no mercado / número de empresas

graduadas.

Indicadores ligados à fase de Pós-Incubação

• Número total de empresas graduadas em pós-incubação por ano / total do faturamento

anual / total do número de empregados no ano.

• Número de produtos / serviços gerados pelas empresas graduadas em pós-incubação

por ano.

• Taxa de crescimento anual do faturamento das empresas graduadas em pós-incubação.

• Número de pedidos de registros / patentes no INPI por ano pelas empresas graduadas

em pós-Incubação.

• Número de empresas graduadas em pós-incubação com vínculo formal com

departamentos de instituições de pesquisa.

• Número de empresas graduadas em pós-incubação que se instalaram em parques

tecnológicos.

O SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas, com o propósito de

acompanhar o desenvolvimento das Incubadoras de Empresas do Rio de Janeiro, também

desenvolveu um grupo de indicadores baseados na gestão por projetos. Tais indicadores

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recursos junto às instituições de apoio. Estes indicadores, por sua vez, são consolidados aos

indicadores do SEBRAE Nacional (REDETEC, 2007).

Indicadores de desempenho para Incubadoras desenvolvido pelo SEBRAE

• Número de novas empresas incubadas no ano

• Número de empresas graduadas

• Satisfação da Incubadora com o Sebrae

• Número de postos de trabalhos gerados pelas empresas incubadas

• Número de empregos gerados pelas empresas graduadas

• Receita Bruta total das empresas incubadas

• Taxa de mortalidade das empresas desdobrado em:

o Taxa de mortalidade de empresas incubadas

o Taxa de mortalidade de empresas graduadas

• Número de empresas beneficiadas pelo Sebrae

Como pôde ser observado, as Incubadoras de Empresas necessitam de um conjunto de

indicadores que permitam uma avaliação não somente financeira, mas também voltada para

mensuração da eficiência de seus processos internos, sua eficácia no cumprimento de seus

objetivos e principalmente do seu impacto no desenvolvimento local e nacional.

Como foi mencionado anteriormente, o fato da maior parte das Incubadoras de Empresas

brasileiras serem de natureza jurídica privada e sem fins lucrativos e conseqüentemente não

serem auto-suficientes financeiramente, acaba aumentando a relevância da ação do governo

na implementação de políticas públicas que sejam capazes de dar suporte a estas Incubadoras.

Imagem

Figura 2 – Modelo conceitual de uma Incubadora de Empresas.
Gráfico 1 - Evolução do número de Incubadoras em Operação no Brasil em 2007 (ANPROTEC, 2007)
Gráfico 2 - Evolução do número de Incubadoras em Operação no Brasil   por Região em 2006 (ANPROTEC, 2007)
Gráfico 3 – Percentual de Incubadoras por município em 2006 (ANPROTEC, 2007).
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