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A partir do referencial teórico utilizado e da análise dos dados obtidos por meio das entrevistas, podemos concluir que existem diversos fatores, que de forma complementar, auxiliam na resposta ao questionamento desta pesquisa, que busca entender como as Incubadoras de Empresas, por meio das relações com os diversos agentes que fazem parte das suas redes de apoio e parceria, são capazes de auxiliar o surgimento de novas empresas, cujo diferencial competitivo é caracterizado pela Inovação Tecnológica.

A suposição levantada nesta pesquisa é de que as Incubadoras de Empresas, inseridas em redes de apoio bem estruturadas, conseguem acumular Capital Social em volume suficientemente capaz a ponto de torná-lo potencialmente disponível para as empresas incubadas. Para confirmar esta suposição é importante identificar os principais agentes dentro dessas redes, o Capital Social de cada um desses agentes e de que forma esse Capital Social pode ser acumulado pela Incubadora de Empresas e conseqüentemente estar disponível para ser articulado pelas empresas incubadas.

O primeiro agente a ser identificado é a Instituição Mantenedora. As universidades com grande tradição acadêmica voltada para o desenvolvimento de pesquisa científica vêm se destacando como as principais Instituições Mantenedoras das Incubadoras de Empresas. O Capital Social destas universidades tem um peso extremamente importante para o Capital Social potencialmente disponível pelas Incubadoras, principalmente seu Capital Cultural, oriundo do conhecimento acumulado por meio das pesquisas desenvolvidas dentro de seus laboratórios que dará origem às inovações tecnológicas e novos negócios e pelo Capital Simbólico relacionado à credibilidade e a imagem da própria Instituição.

Observou-se, no entanto, que é preciso que a universidade e a Incubadora de Empresas se relacionem por meio de laços fortes e de confiança mútua. São esses laços que vão permitir a articulação desse Capital Social potencialmente disponível pela universidade. Para tal, as Incubadoras de Empresas precisam ser constituídas legitimamente como projetos da própria universidade, seguirem todos os procedimentos que o meio acadêmico dessa universidade exige e serem percebidas como um mecanismo de transferência de conhecimento para a sociedade.

Incubadoras de Empresas que apresentaram relacionamentos por laços fortes com as universidades conseguiram gerar melhores resultados. Nessas Incubadoras, existe uma forte tendência para o surgimento de novas empresas por meio dos spin-offs, com a possibilidade inclusive de participação dos próprios professores das universidades na formação das novas empresas.

Outro agente importante é o conselho da Incubadora. Este conselho possui o seu próprio Capital Social, que é composto pelo Capital Social individual de cada um dos conselheiros, e que, quando bem articulado, estará potencialmente disponível para as empresas incubadas. Uma boa composição dos membros deste conselho, além de melhorar o processo de seleção das futuras empresas incubadas, poderá inserir a Incubadora em novas redes de relacionamento por meio de laços fracos o que conseqüentemente poderá trazer novas oportunidades para as empresas incubadas. Em algumas Incubadoras, com o propósito e estreitar ainda mais os laços fortes com a Instituição Mantenedora, foram constituídos conselhos formados por membros da própria universidade.

Identificou-se neta pesquisa que o agente mais importante na rede das Incubadoras é o gestor das Incubadoras de Empresas. Os gestores, por meio do seu Capital Social e sua capacidade de articulação, são os grandes responsáveis pela articulação e a acumulação do Capital Social da Incubadora de Empresas. Para que isso aconteça, é necessário que este gestor tenha uma boa qualificação, disponibilidade de tempo e uma ótima rede de relacionamentos. O Capital Social desses gestores ficou caracterizado na esfera individual, ou seja, caso o gestor por algum motivo saia da Incubadora, ele carrega consigo todo seu Capital Social, desfalcando o volume de Capital Social potencialmente disponível para as empresas incubadas. Portanto, é importante que a rotatividade desses gestores seja muito baixa.

Entre as atribuições dos gestores das Incubadoras de Empresas, pôde-se destacar: o desenvolvimento de estratégias para a busca da sustentabilidade das Incubadoras, a articulação dos diversos agentes dentro das redes das incubadoras, o acompanhamento do desenvolvimento das empresas incubadas, o estimulo do relacionamento entre as empresas incubadas e principalmente, fazer com que as relações existentes dentro da rede das Incubadoras sejam norteadas por uma conduta ética, garantindo a manutenção dos laços fortes e de confiança entre a Incubadora, sua Instituição Mantenedora e os demais agentes.

Também faz parte do papel dos gestores a criação de laços com as instituições que apóiam a Incubadora, além da articulação do Capital Social dessas instituições. Esses laços se apresentaram de caráter temporário, sendo feitos e desfeitos de acordo com as necessidades da Incubadora, sempre com o propósito de buscar um equilíbrio na matriz de capitais da Incubadora de Empresas.

Tanto os gestores como os conselheiros foram identificados como agentes responsáveis pela criação de laços com o Mercado. O Capital Social potencialmente disponível por esses agentes, quando bem articulado dentro da rede da Incubadora, poderá trazer benefícios para as empresas incubadas, gerando novos negócios e oportunidades. Quanto maior esta rede, maior será o Capital Social disponível para as empresas incubadas. É importante levar em consideração que a relação a existência da Incubadora de Empresas está diretamente relacionada a demanda do Mercado, ou seja, de nada vale existir uma Incubadora se o Mercado não precisa dela.

Identificou-se também que as empresas, por sua vez, devem possuir um Capital Social individual mínimo, capaz de garantir viabilidade inicial de seu negócio. Durante o período de incubação, essas empresas acabam usufruindo do Capital Social potencialmente disponível pelas Incubadoras de Empresas de várias maneiras, por meio do Capital Cultural oriundo da Instituição Mantenedora além daquele induzido pela própria Incubadora, por meio dos cursos e treinamentos ministrados aos empreendedores, o Capital Econômico ligado à infra-estrutura da Incubadora e laboratórios da Instituição Mantenedora e principalmente o Capital Simbólico, associado à credibilidade alcançada pelo uso da grife da Incubadora.

São os laços fortes, quando articulados pelas empresas, que garantem a transferência do Capital Social e a empresa incubada, ou seja, não basta que a empresa se insira em uma rede de Incubadora de Empresas, ela precisa primeiramente estar inserida na rede de uma Incubadora que seja pertinente a seu negócio e segundo, ela precisa articular esse Capital Social potencialmente disponível.

Durante o período de incubação, a medida em que a empresa acumula o Capital Social potencialmente disponível pela Incubadora, ela passa a necessitar cada vez menos dos laços fortes que a ligavam à Incubadora de Empresas e passam a privilegiar seus relacionamentos por meio de laços fracos, buscando ampliar sua carteira de clientes e sua rede de relacionamentos, direcionando seus esforços para o Mercado.

O fato das empresas estarem em um mesmo grupo, no ambiente da Incubadora de Empresas, e de terem a possibilidade de estarem expostas às mesmas experiências durante o período de incubação, contribuiu para a percepção da existência de um habitus empreendedor que pode estimular ainda mais a articulação do Capital Social potencialmente disponível pela Incubadora.

Do ponto de vista das políticas públicas voltadas para as Incubadoras de Empresas, percebeu- se que o PNI ainda não conseguiu um nível de articulação satisfatório entre os diversos agentes governamentais que apóiam as Incubadoras, o que acaba dificultando a transferência do Capital Social individual desses agentes para o âmbito coletivo da rede da Incubadora de Empresas.

Identificou-se também que os principais agentes de fomento perceberam a necessidade de focar seus recursos em estruturas de redes formadas por consórcios apadrinhados por Incubadoras mais eficazes e eficientes. Porém, para que isso seja possível, torna-se necessário estabelecer uma base de informações sobre as Incubadoras de Empresas que seja capaz de gerar indicadores que permitam avaliar o desempenho dessas Incubadoras e em um segundo momento avaliar a eficácia e eficiência do próprio PNI. Estes indicadores ainda são muito

pouco sistematizados e na maioria das vezes estão indisponíveis para consulta, com raríssimas exceções.

Podemos concluir neste trabalho que as Incubadoras de Empresas que se relacionam por meio de laços fortes com suas Instituições Mantenedoras e onde seus gestores conseguem articular o Capital Social potencialmente disponível dentro da rede que se constrói a partir dos laços da Incubadora, são capazes de estimular o surgimento de novas empresas, oriundas principalmente do conhecimento tecnocientífico da Universidade, e disponibilizar um volume de Capital Social suficientemente capaz para que essas empresas, durante o período de Incubação, tenham a possibilidade de acumular seu próprio Capital Social a ponto de garantir a sua sobrevivência, após a sua saída da Incubadora.

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