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2.1 Incubadoras de Empresas

2.1.3 Cenários Internacional e Nacional

No mundo, em particular na Europa e Estados Unidos, as Incubadoras de Empresas têm sua ação vista também como um mecanismo que objetiva apoiar o sucesso das pequenas empresas emergentes e garantir estágios locais de desenvolvimento, principalmente pela criação de empregos, pela diversificação econômica, pela reabilitação de prédios e também, especialmente nos EUA, pela manutenção de uma imagem desenvolvimentista. (BAÊTA, 1999).

Segundo Baêta (1999), tanto na Europa como nos Estados Unidos, observa-se um certo grau de comprometimento dos governos locais e das comunidades com as Incubadoras, tendo como principal objetivo a geração de empregos. Nos Estados Unidos, o principal ponto de partida para a criação de Incubadoras foi o interesse da renovação de áreas urbanas deterioradas, mediante a criação de novas empresas. Governos locais, estaduais e instituições não-governamentais participaram dessas iniciativas, articulando agentes públicos e privados.

O primeiro modelo semelhante às Incubadoras de Empresas que se conhece nos dias de hoje surgiu em 1959 em Nova Iorque (EUA), exatamente quando uma das fábricas da Massey Ferguson encerrou suas atividades, deixando um significativo número de desempregados na

região. Joseph Mancuso comprou a área e resolveu sublocar o espaço para pequenas empresas iniciantes. Além da infra-estrutura física, Mancuso incorporou um conjunto de serviços que poderiam ser compartilhados pelas empresas instaladas, como secretaria, contabilidade, vendas, marketing, reduzindo com isso os custos operacionais das empresas, aumentando a sua competitividade. Como curiosidade, uma das primeiras empresas instaladas na área foi um aviário, o que acabou dando ao prédio o nome de “Incubadora” (REDE INCUBAR, 2007).

Ainda nos Estados Unidos, já na década de 70, na região do Vale do Silício, as Incubadoras de Empresas surgiram como um meio de incentivar universitários recém-graduados a disseminar suas Inovações Tecnológicas e a estimular seus espíritos empreendedores. O mecanismo criado foi traduzido como uma oportunidade para que esses jovens iniciassem suas empresas, por meio de parcerias, junto a uma estrutura física que oferecia assessoramento gerencial, jurídico, de comunicação, administrativo e tecnológico para amadurecerem seus negócios nascentes. A esta altura o nome de Incubadora de Empresas já havia se consolidado (REDE INCUBAR, 2007).

Observando os exemplos e os resultados obtidos com a experiência americana, Baêta (1999) pode-se ver que o desenvolvimento tecnológico e a competitividade está associada à articulação entre governo, universidade e a iniciativa privada:

“[...] o desenvolvimento tecnológico e a postura inovadora são a chave para tornar a economia competitiva e que, para tanto, torna-se fundamental estabelecer relações entre governo, universidade e industria” (BAÊTA, 1999).

Na Europa, observaram-se duas expectativas diferentes relacionadas diretamente com o local onde as Incubadoras foram instaladas. A primeira foi a geração de empregos, por meio do

apoio ao surgimento de novos negócios e a segunda foi uma preocupação voltada para o fortalecimento da presença das universidades na suas regiões (BAÊTA, 1999).

As experiências inglesas, por exemplo, se assemelham em muito as norte-americanas, onde a recuperação de áreas e a geração de empregos foram os fatores motivadores para a implantação de Incubadoras de Empresas. Na França, o modelo adotado foi o de tecnopóles, assumindo um caráter de empreendimento para o desenvolvimento tecnológico regional, envolvendo autoridades locais e centros de pesquisa (BAÊTA, 1999).

Já no Brasil, as primeiras Incubadoras surgiram na década de 80, por meio da iniciativa do então presidente do CNPq, Professor Lynaldo Cavalcanti, onde foram criadas cinco fundações tecnológicas: em Campina Grande (PB), Manaus (AM), São Carlos (SP), Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC). A primeira Incubadora de Empresas brasileira e a mais antiga da América Latina foi a ParqTec – Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos, que iniciou suas atividades em dezembro de 1984 com quatro empresas incubadas. Na mesma década, outras quatro Incubadoras foram constituídas no país, nas cidades de São Carlos (SP), Campina Grande (PB), Florianópolis (SC) e Rio de Janeiro (RJ) (REDE INCUBAR, 2007).

As Incubadoras brasileiras se consolidaram como mecanismos de incentivo a atividades e produção tecnológica a partir da realização do Seminário Internacional de Parques tecnológicos em 1987, no Rio de Janeiro. Surgia então a ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas, associação que passou a congregar não só as Incubadoras de Empresas, mas todo empreendimento que utilizasse o processo de incubação para gerar Inovação Tecnológica no Brasil (REDE INCUBAR, 2007).

Assim como em outros países, as Incubadoras de Empresas brasileiras, em sua maioria, localizam-se em universidades e institutos de pesquisa, facilitando o acesso das empresas aos laboratórios e recursos humanos destas instituições.

No Brasil, é crescente o surgimento de novas Incubadoras, como pode ser visualizado no GRÁFICO 1 (ANPROTEC, 2007). Em 20 anos, o número de incubadoras de empresas brasileiras saltou de 2 para 377. Só nos últimos 5 anos houve um crescimento de 82% no número de incubadoras, representando um salto de 207 para 377 Incubadoras de Empresas em operação.

Evolução do Movimento Brasileiro de Incubadoras

2 4 7 10 12 13 19 27 38 60 74 100 135 150 183 207 283 339 359 377 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Anos N ú m er o de In cu b ado ra s

Gráfico 1 - Evolução do número de Incubadoras em Operação no Brasil em 2007 (ANPROTEC, 2007).

O crescimento por cada região, de 1999 a 2006, pode ser observado no GRÁFIXO 2 (ANPROTEC, 2007). Chama a atenção que, sem exceção, nos últimos 8 anos, houve um aumento em todas as regiões, sendo que as regiões Sul e Sudeste mantiveram-se as detentoras do maior número de Incubadoras de Empresas. Em 2006, as duas regiões respondiam juntas

por 70% do número Incubadoras em operação, ou seja, das 359 incubadoras em operação, 254 se localizavam nas regiões Sul e Sudeste.

Incubadoras em Operação por Região

2 13 1 25 55 3 15 1 50 62 4 21 1 60 64 6 23 7 84 63 8 24 8 86 71 9 37 22 123 92 14 56 26 123 120 14 63 28 127 127 0 20 40 60 80 100 120 140

Norte Nordeste Centro Oeste Sul Sudeste

Gráfico 2 - Evolução do número de Incubadoras em Operação no Brasil por Região em 2006 (ANPROTEC, 2007).

Quanto à distribuição das Incubadoras de Empresas por município, de acordo com a faixa do número de habitantes, pode-se observar no GRÁFICO 3 (ANPROTEC, 2007) que a maioria das Incubadoras está localizada em municípios com mais de 300 mil habitantes, o que representa 48,72% das Incubadoras em 2006. Chama atenção também o fato de 32,18% das Incubadoras estarem localizadas em municípios com menos de 100 mil habitantes, ficando a faixa entre 100 mil a 300 mil habitantes com 19,06% das Incubadoras de Empresas no país.

Percentual de Incubadoras por município de acordo com a faixa da população 32,18 11,56 7,5 23,12 25,6 0 5 10 15 20 25 30 35 40

< 100 mil hab > 100 mil hab > 200 mil hab > 300 mil hab > 1 milhão hab

Gráfico 3 – Percentual de Incubadoras por município em 2006 (ANPROTEC, 2007).

O tempo de existência das Incubadoras de Empresas brasileiras em 2006 pode ser visto no GRÁFICO 4 (ANPROTEC, 2007). Como era de se esperar, em concordância com a evolução do número de Incubadoras de Empresas nos últimos 5 anos, 58,22% das Incubadoras ainda não completaram 5 anos de existência. Já as mais antigas, ou seja, com mais de 15 anos em operação, representam apenas 2,79% das Incubadoras de Empresas em 2006.

Incubadoras por tempo de operação

10 28 112 209 > 15 anos 10 a 15 anos 5 a 10 anos < 5 anos

Gráfico 4 – Incubadoras por tempo de operação em 2006 (ANPROTEC, 2007).

Quanto à sua classificação, as Incubadora de Empresas em operação no Brasil apresentam a distribuição que pode ser vista no GRÁFICO 5 (ANPROTEC, 2006).

Incubadoras em Operção: Foco de Atuação em 2005 (%) 40 18 23 3 4 5 7 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 BASE TECNOLÓGICA TRADICIONAL MISTA CULTURAL SOCIAL AGROINDUSTRIAL SERVIÇOS

Gráfico 5 – Distribuição das Incubadoras por tipo de classificação em 2005 (ANPROTEC, 2006).

Como pode se ver, as Incubadoras de Base Tecnológica, as de Setores Tradicionais e as Mistas, representam respectivamente 40%, 18% e 23% das Incubadoras em operação no Brasil, totalizando 81% das Incubadoras Brasileiras. As outras Incubadoras juntas representam 19% (ANPROTEC, 2006).

Em relação à natureza jurídica, as Incubadoras de Empresas brasileiras apresentam a distribuição que pode ser visualizada no GRÁFICO 6 (ANPROTEC, 2006). Como pode ser visto, a maior parte das Incubadoras em Operação hoje no Brasil são de natureza privada e sem fins lucrativos.

Incubadoras em Operação: Natureza Jurídica (%)

66 3 11 7 11 3 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Privada - sem fins lucrativos

Privada - com fins lucrativos Pública Federal Pública Estadual Pública Municipal Outras

Quanto ao custo operacional, o GRÁFICO 7 apresenta que em 2005, das 185 Incubadoras pesquisadas em um universo de 339 existentes, 82% tinham seu custo operacional inferior a R$ 300 mil, ou seja, um custo operacional médio inferior a R$ 25 mil mensais (ANPROTEC, 2006).

Incubadoras em Operação: Cuto operacional anual (%)

17 41 22 18 1 0 10 20 30 40 50 Acima de R$ 300.000,00 De R$ 100.000,00 a R$ 300.000,00 De R$ 50.000,00 a R$ 100.000,00 Até R$ 50.000,00 Nenhum

Gráfico 7 – Custo operacional anual das incubadoras em operação no Brasil (ANPROTEC, 2006).

Sintetizando os dados apresentados anteriormente, pode-se dizer que o movimento de Incubadoras no Brasil é recente e ao mesmo tempo crescente, sendo formado em sua maioria por Incubadoras jovens, ou seja, com menos de 5 anos de existência. Essas Incubadoras por sua vez estão localizadas em 70% dos casos nas regiões Sul e Sudeste, sendo que 48,72% delas em municípios com mais de 300 mil habitantes. Quanto à sua classificação, a maioria das Incubadoras de Empresas brasileiras é de Base Tecnológica, o que representa 40% do total e de natureza privada sem fins lucrativos, o que representa 66% do total. Por fim, 82% das Incubadoras possuem um custo operacional médio inferior a R$ 25 mil mensais. Estas estatísticas consolidam um perfil razoavelmente bem definido das Incubadoras de Empresas em operação no Brasil.

Segundo a ANPROTEC (2006), o movimento das Incubadoras de Empresas no Brasil em 2005 envolveu 5.618 empresas, incluindo empresas incubadas, graduas e associadas, que juntas geraram 28.449 empregos diretos. Estes números dão uma média de 83 empregos diretos gerados por cada Incubadora e 5 empregos diretos gerados por cada empresa.

Apesar da resistência de algumas empresas em divulgar informações a respeito do faturamento, o que certamente causa distorções nos números levantados na pesquisa realizada em 2006, a ANPROTEC (2006) menciona que as empresas incubadas que responderam as pesquisas faturaram juntas R$ 320 milhões e as graduadas R$ 1,5 bilhões. Vale ressaltar que as empresas que responderam as pesquisas sobre faturamento representaram uma amostra de 1.184 empresas (incubadas e graduadas) em um universo de 3.625 empresas (incubadas e graduadas).

Como foi observado no perfil das Incubadoras de Empresas brasileiras, a maior parte delas é de natureza jurídica privada e sem fins lucrativos. Este fato não as isenta de serem avaliadas, principalmente porque a maioria dessas Incubadoras não consegue gerar receita suficiente para seu auto-sustento, levando-as a depender de recursos externos, oriundos de convênios, parcerias e de órgãos públicos (DORNELAS, 2005).

Desta forma, é importante que esses agentes externos consigam avaliar e acompanhar os resultados alcançados pelas Incubadoras e se os recursos disponibilizados estão sendo bem empregados. Do ponto de vista da Incubadora de Empresas, pode-se considerar que a reciprocidade é a mesma, ou seja, Incubadoras bem geridas e que consigam apresentar melhores resultados poderiam em tese atrair mais receitas.