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2.3 Redes Sociais

2.3.3 Capital Social, Redes Sociais e Incubadoras de Empresas

Como visto, os conceitos de Capital Social e de redes sociais estão intimamente relacionados. A forma como se estruturam os laços dentro das redes sociais determinam como o Capital Social é transferido e acumulado dentro dessas redes.

Laços fortes determinam grupos de indivíduos que se relacionam com mais interação e confiança, permitindo uma melhor transferência de Capital Social. Ao passo que laços fracos permitem o acesso a novas informações, oportunidades e uma maior visibilidade.

As Incubadoras de Empresas, neste trabalho, são consideradas grupos de indivíduos inseridos em uma rede, formada por uma série de agentes individuais (Instituição Mantenedora,

Instituições de Apoio, Empresas), com um determinado volume de Capital Social potencialmente disponível – Figura 6. A forma como este Capital Social é articulado, acumulado ou transferido está ligada à capacidade desses agentes se relacionarem. Tais relacionamentos podem ser feitos por meio de laços fortes ou fracos.

GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 REDE INCUBADORA DE EMPRESAS INSTITUIÇÕES DE APOIO INSTITUIÇÃO MANTENEDORA GESTOR DA INCUBADORA EMPRESAS INCUBADAS MERCADO FORÇA DOS LAÇOS

Figura 6 – Capital Social, Incubadoras e Redes Sociais.

Do ponto de vista das empresas incubadas, pode-se observar que durante o período de incubação (t), as empresas capazes de acumular um determinado Capital Social (CSA) potencialmente disponível pela Incubadora (CSI), por meio das relações sociais, principalmente através dos laços fortes (LF) tendem ao longo deste período (t) a necessitarem cada vez menos desses laços fortes (LF) e a se relacionarem cada vez mais por meio de laços fracos, procurando novas informações, oportunidades e novos mercados. Esta relação entre Capital Social, Redes Sociais e Incubadoras de Empresas pode ser vista hipoteticamente na sobreposição dos GRÁFICOS 8 e 9 no GRÁFICO 10:

Período de permanência na Incubadora (t) Capital Social Acumulado

pela Empresa (CSA) Capital Social da Incubadora

disponível para as Empresas (CSI)

Necessidade de laços fortes (LF)

Gráfico 10 – Relação entre o Capital Social, Redes Sociais e Incubadoras de Empresa

A afirmativa anterior pode ser corroborada por Brian Uzzi em sua pesquisa:

“Uzzi verificou que a sobrevivência de empresas na indústria de vestuário de New York foi maior no caso de firmas que se relacionam utilizando tanto laços fortes quanto laços fracos (ao invés de um ou outro tipo de relacionamento de forma única), pois os primeiros propiciam o desenvolvimento de confiança mútua, ao passo que os últimos garantem uma exposição a novas demandas de mercado e perspectivas trazidas por novos agentes (Uzzi apud Lazzarini, Chaddad, Neves: 2000:12)”.

Cabe ressaltar que o trabalho de Uzzi não foi focado em empresas incubadas, o que acaba ignorando o caráter temporal da permanência das empresas dentro da rede das Incubadoras de Empresas. Ao se levar em consideração este caráter temporal, pode-se observar que a empresa incubada que for capaz de articular o capital social potencialmente disponível, no período de permanência dentro da incubadora, naturalmente passará a privilegiará as relações por meio de laços fracos, já que são essas relações lhe garantirão melhores oportunidades, permitindo- lhes inserir sua Inovação Tecnológica no mercado.

Uma vez fora da Incubadora, as relações por meio de laços fortes dessas empresas tendem a diminuir, já que o Capital Social acumulado pelas empresas graduadas já é suficiente para dar credibilidade, ou sustentabilidade ao novo negócio, o que não ocorreu na pesquisa de Uzzi, onde as empresas permaneceram em uma mesma indústria, ou melhor no mesmo grupo social.

É importante ressaltar que o volume de Capital Social potencialmente disponível à Incubadora de Empresas está relacionado ao Capital Social de cada um dos agentes da sua rede, à sua capacidade em articular este Capital Social potencialmente disponível e a forma como sua rede está estruturada. Essa lógica também se replica ao nível das empresas, onde o volume de Capital Social que uma empresa pode acumular está associado ao volume de Capital Social potencialmente disponível pela Incubadora, da capacidade do empreendedor articular este Capital Social e a forma como a rede da Incubadora onde a empresa está incubada está estruturada.

Desta forma, a qualidade de cada um dos agentes (Instituição Mantenedora, Instituições de Apoio, Empresas) que integram as redes da Incubadora de Empresas é crucial para o volume de Capital Social potencialmente disponível para as empresas incubadas.

Neste sentido, as políticas públicas tem um papel preponderante na articulação dos agentes que integram as redes da Incubadoras de Empresas, já que boa parte desses agentes é composta por universidades, instituições de ciência e tecnologia públicas, agentes de fomento, Prefeituras Municiais, Governos Estaduais, União e Distrito Federal e suas respectivas agencias de fomento à Inovação. Portanto, a implementação dessas políticas podem potencializar a atuação desses agentes, melhorando de forma substancial a estrutura das redes das Incubadoras de Empresas, e principalmente a sinergia entre esses agentes, o que conseqüentemente acarretará no aumentando do volume de Capital Social potencialmente disponível dentro dessas redes.

Espera-se identificar também a existência de um habitus dentro do grupo de empresas incubadas e que esse habitus, ao longo do tempo, interfira na forma como essas empresas articulam o capital social potencialmente disponível pela Incubadora de Empresas. É de se esperar também que este habitus se altere ao longo do tempo de permanência da empresa dentro da Incubadora, influenciado principalmente pela troca de experiências entre os empreendedores durante o processo de incubação.

Após a apresentação dos conceitos de capital social, redes sociais e a relação destes conceitos com as Incubadoras de Empresas, objeto de estudo desta pesquisa, na próxima seção será abordado à metodologia de pesquisa a adotada neste trabalho.