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Formação de pesquisadores: a experiência no mestrado em saúde colectiva da Universidade de Antioquia, Colômbia.

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Academic year: 2017

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FORMAÇÃO DE PESQUI SADORES: A EXPERI ÊNCI A NO MESTRADO EM SAÚDE COLECTI VA

DA UNI VERSI DADE DE ANTI OQUI A, COLÔMBI A

María Mercedes Arias V1 María Vict oria López L2 Diva Est ela Jaram illo V3

É falsa a idéia de que, o ensino da investigação se dá exclusivam ente nas m atérias de m etodologia ou que só se apr ende a fazer pesquisa com a pr át ica inv est igat iv a. Acr edit am os que as duas est r at égias são pert inent es e necessárias, razão pela qual consideram os que os cursos de pós- graduação fundam ent ados na investigação devem incidir pedagogicam ente sobre am bas. O obj etivo deste artigo é socializar com a com unidade acadêm ica a concepção, a pretensão, o contexto, a form a com o vem sendo desenvolvido o Sem inário de Linha de Pesquisa, no Mest rado em Saúde Colet iva da Universidade de Ant ioquia, Colôm bia. O present e docum ent o enfat iza especialm ent e o desenvolvim ent o e os result ados dest a experiência na form ação de pesquisadores, apr esent ando o sur gim ent o, a est r ut ur a do cur r ículo em ger al e a r elação com os gr upos de pesquisa, as t ransform ações nos alunos e o papel do professor.

DESCRI TORES: educação superior; saúde pública

TEACHI NG RESEARCH: THE EXPERI ENCE I N THE COLLECTI VE HEALTH MASTER

PROGRAM.AT THE UNI VERSI TY OF ANTI OQUI A, COLOMBI A

The idea that one learns to do research only by taking m ethodological courses is false, as it is false the idea t hat one lear ns how t o do r esear ch only t hr ough inv est igat iv e pr act ice. We consider bot h st r at egies per t inent and necessar y and t hat is t he r eason w e believe gr aduat ed cour ses based on invest igat ion m ust cont em plat e bot h. This st udy aim s t o shar e w it h t he academ ic com m unit y t he concept , t he int ent ion, t he context, and how the Sem inar on Lines of Research in the Collective Health Master’s Program at the University of Ant ioquia, Colom bia has been developed. This st udy em phasizes t he developm ent and t he result s of such experience in t he educat ion of researchers, describes it s onset , t he curriculum st ruct ure and t he relat ionship wit h t he research groups, t he t ransform at ion of st udent s and t he professor’s role.

DESCRI PTORS: educat ion, higher; public healt h

FORMACI ÓN DE I NVESTI GADORES: LA EXPERI ENCI A DE LA MAESTRÍ A EN SALUD

COLECTI VA DE LA UNI VERSI DAD DE ANTI OQUI A, COLOMBI A

Una falsa disyuntiva se centra en si se aprende a investigar con cursos de investigación o, si se aprende h acien do in v est igación . Cr eem os qu e am bas est r at egias son per t in en t es y n ecesar ias, r azón por la cu al consideram os que, la pos-graduación fundam entada en la investigación debe incidir pedagógicam ente en am bas. El objetivo de este artículo es com partir con la com unidad académ ica la concepción, la intención, el contexto y la form a com o se viene desarrollando el Sem inario de Línea de I nvestigación, en la Maestría en Salud Colectiva de la Universidad de Antioquia, Colom bia. Este artículo enfatiza el desarrollo y los resultados de esta experiencia en la form ación de invest igadores, present ando el surgim ient o, la est ruct ura del plan de est udios en general, su relación con los grupos de investigación, los cam bios observados en los alum nos y el rol de profesor.

DESCRI PTORES: educación superior; salud pública

1 Enferm eira, Doutor em Ciências, Saúde Publica, Docente, Mestre em Saúde Coletiva, e- m ail: m ariam av@tone.udea.edu.co; 2 Socióloga, Mestre em

Medicina Social, Docent e, e- m ail: m vlopez@cat ios.udea.edu.co; 3 Enferm eira, Mest re em Saúde Pública, Docent e, e- m ail: divaj ara@cat ios.udea.edu.co.

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APRESENTAÇÃO

A

for m ação de pesquisador es é o obj et ivo prim ordial dos sistem as de pós- graduação, por tanto, os pr ogr am as de m est r ado e dout or ado t êm com o e i x o a i n v e st i g a çã o . Pa r a a l ca n ça r u m d o m ín i o crescent e da m et odologia cient ífica na form ação de p e sq u i sa d o r e s sã o n e ce ssá r i a s a a q u i si çã o e a aplicação dos conhecim entos derivados da pesquisa( 1). A i n v e st i g a çã o ci e n t íf i ca é i m p o r t a n t e n a transform ação da prática profissional, pois as lacunas d e con h ecim en t o se con v er t em em d esaf ios q u e t ornam priorit árias as at ividades de pesquisa, de t al form a que respondam ao com prom isso político e ético co m a p r o d u çã o e a p r o p r i a çã o so ci a l d o co n h e ci m e n t o( 2 )

. Ne st e a r t i g o , a p r e se n t a m - se reflexões sobre a experiência dos sem inários de linha d e p esq u i sa d o m est r a d o em sa ú d e co l et i v a d a Fa cu l d a d e d e En f e r m a g e m d a Un i v e r si d a d e d e An t i o q u i a a o l o n g o d o s se u s 1 0 a n o s d e f u n ci o n a m e n t o , e n f a t i za n d o n a f o r m a çã o d e p esq u i sad o r es, n as t r an sf o r m açõ es d a f o r m a d e organização do trabalho acadêm ico e nos seus logros t eóricos, m et odológicos e pedagógicos.

O program a do m est rado em saúde colet iva foi criado em 1992 com o result ado de um processo de discussão acer ca da necessidade de cont ar com p a r a d i g m a s e x p l i ca t i v o s q u e co n f r o n t a sse m a s c o n c e p ç õ e s t r a d i c i o n a i s s o b r e a s a ú d e e abor dassem as su as r elações com as con j u n t u r as sociais e p olít icas. A cr iação d o m est r ad o est av a co n d i ci o n a d a a n ecessi d a d e d e co m p r een d er o s p r o cesso s so ci ai s e eco n ô m i co s q u e af et av am a s a ú d e d a s o c i e d a d e , o s s é r i o s e e v i d e n t e s p r ob lem as em q u e se en con t r av am as con d ições sanit árias na Colôm bia, a ineficiência adm inist rat iva n a pr est ação dos ser v iços e as gr an des f alên cias na cober t ur a em saúde.

A const rução do program a faz part e de um m ovim ent o m ais abrangent e na Am érica Lat ina, com for t e desenvolv im ent o no Brasil, Méx ico e Equador. Em t ais países, diversos aut ores t êm se pronunciado sobre os alcances do conceit o de saúde colet iva que se entende com o prática social, política, acadêm ica e investigativa e que se constitui em “ um m ovim ento a nível de produção de conhecim ent o que reform ula as indagações básicas que possibilit aram a em ergência do paradigm a biologicist a e t ent a definir um obj et o q u e d ê co n t a d a s r e l a çõ e s e n t r e o b i o l ó g i co , o psicológico e o social”( 3).

O CON TEXTO DO MESTRADO EM SAÚDE

COLETI VA

A Un i v er si d ad e d e An t i o q u i a, at r av és d a for m ação em pós- gr aduação pr et ende const it uir - se em u m m eio d e in t er ação en t r e a acad em ia e a sociedade. Busca que seus estudantes ao graduarem -se estej am em condições de interpretar os problem as de saúde- doença dos colet iv os hum anos no quadr o das prioridades sociais e que, com at it ude crít ica e novas propostas, participe na construção de iniciativas or ient adas à m elhor ia das condições de v ida e de saúde e ao desenvolvim ent o hum ano.

Ne st e se n t i d o , u m d o s se u s p r o p ó si t o s f u n d a m e n t a i s é co n t r i b u i r à f o r m a çã o d e i n v e st i g a d o r e s co m u m a p r e p a r a çã o só l i d a e m pesquisa, com pr om isso com a sociedade, pr ofundo conhecim ent o dos problem as de saúde e capacidade p ar a ap or t ar em alt er n at iv as d e solu ção n as m ais com plexas sit uações sociais de saúde.

O m est r ado par t e do av an ço em pesqu isa alcançado pela Faculdade de Enferm agem na década de 80 e logra aglutinar pesquisadores e pesquisadoras para conform arem um coletivo acadêm ico preocupado com os problem as e obj et ivos com uns em saúde.

A est rut ura curricular do m est rado se baseia em d ois eix os cen t r ais: a p esq u isa e as ciên cias sociais. Com o afir m ado ant er ior m ent e, a for m ação em p esq u isa est á or ien t ad a p elos sem in ár ios d e m et odologia de pesquisa, pelos sem inários de linha d e p e sq u i sa e p e l a s f e r r a m e n t a s d e p e sq u i sa pr ovenient es da dem ogr afia, da epidem iologia e da estatística. As ciências sociais se com plem entam com sem inár ios de pr om oção da saúde e de gest ão dos se r v i ço s d e sa ú d e . Os d o i s e i x o s a t r a v e ssa m o currículo, do início do curso at é sua culm inação com a conclusão do trabalho de investigação para obter o t ít ulo de Mest re em Saúde Colet iva.

A at ividade invest igat iva se organiza at ravés dos grupos e das linhas de pesquisa. Os grupos se orient am pelos lineam ent os do Sist em a Nacional de Ciência e Tecnologia( 4), ent endidos com o as unidades básicas da at iv idade de pesqu isa e se con solidam com o protagonistas da atividade científica. Nos grupos de pesquisa se est im ula e se apóia priorit ariam ent e os docent es e os est udant es para form ular proj et os e sp e cíf i co s co m o e l e m e n t o s d e b a se p a r a o desenvolvim ent o das linhas( 5).

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a um cam po problem át ico, suficient em ent e am plo e não totalm ente caracterizado. O trabalho desenvolvido a p a r t i r d a s l i n h a s p o d e co n t r i b u i r p a r a o reconhecim ento e a realização de leituras e releituras dos processos sociais em t oda sua com plexidade e a pensar a pesquisa sobre cam pos problem át icos que r equer em apr ox im ações int er disciplinar es e, assim , av an çar n a con st r u ção d e m ar cos ex p licat iv os e com preensivos. De igual m odo, favorece a visibilidade e o alcance das pesquisas e estim ula a socialização e cr iação de r edes de int er câm bio de infor m ação, de consulta, de colaboração e de apoio interinstitucional.

OS SEMI NÁRI OS DE LI NHA, SUA DI NÂMI CA

E RELAÇÃO COM OS GRUPOS DE PESQUI SA

Os se m i n á r i o s d e l i n h a d e p e sq u i sa r ep r esen t a m a co n cr eçã o cu r r i cu l a r d o t r a b a l h o conj unt o de pesquisadores e est udant es em t orno a um cam po problem ático obj eto de estudo dos grupos de pesquisa. Est es sem inár ios fazem par t e do eix o de invest igação do m est rado e t ranscorrem paralelos e ar t i cu l ad o s ao s sem i n ár i o s d e m et o d o l o g i a d e p e sq u i sa . Ne st e s ú l t i m o s, o s e st u d a n t e s se fam iliarizam com os princípios epist em ológicos, com o s e n f o q u e s d e p e sq u i sa e m p ír i co a n a l ít i co e q u a l i t a t i v o e co m o s m é t o d o s, t é cn i ca s e pr ocedim en t os per t in en t es par a cada u m deles. A con cepção dos sem in ár ios de lin h a dá r espost a à int enção de inovar pedagogias at ivas para form ar o est udant e com o um suj eit o indagador( 6), cent ro das p r eocu p ações d os p r og r am as d e p ós g r ad u ação -m est rado e dout orado.

De acordo com os elem ent os ant eriores, os se m i n á r i o s d e l i n h a d e p e sq u i sa sã o u m d o s com ponent es for m at iv os do m est r ado. O est udant e en t r a em co n t a t o co m p a r a d i g m a s d a s ci ên ci a s naturais e sociais e com m étodos que tenham alcances ( e l i m i t a çõ e s) p a r a d a r co n t a d e f e n ô m e n o s so ci a l m e n t e p e r t i n e n t e s. Ta m b é m e st a b e l e ce interlocução com professores de diferentes disciplinas, ex- est udant es e aut ores reconhecidos nas t em át icas t r at adas, funcionár ios e colegas. A idéia é que se est abeleça um a discussão t eórica am pla, at ravés da qual surj am novos problem as pert inent es de serem explorados e que, dada sua com plexidade, requeiram cont ar com a par t icipação de difer ent es disciplinas, u t i l i za çã o d e d i v e r sa s a b o r d a g e n s t e ó r i ca s e m et odológicas e o em prego da criat ividade de t odos

par a logr ar nov as leit ur as da r ealidade e soluções propiciadoras de t ransform ações sociais. O est udant e r et om a saber es de su a f or m ação básica e agr ega o u t r o s p r o v en i en t es d e cam p o s q u e o g r u p o d e pesquisa vem consolidando ao longo do t em po para o est udo de seu problem a de pesquisa.

Ca b e r e ssa l t a r q u e e x i st e u m a r e f l e x ã o p er m an en t e so b r e o s m ét o d o s, su as p r em i ssas, alcan ces e lim it ações e sob r e os p r oced im en t os, inst rum ent os e m odos de invest igar um problem a e f a ci l i t a r se u e n t e n d i m e n t o , co m a i n t e n çã o d e aprender a t eorizar. O ant erior, por sua vez, im plica “ con st r u ir t eor ia, am p liá- la e en t en d ê- la”( 7 ). Por r e p r e se n t a r u m a f e r r a m e n t a , o s m é t o d o s e o s pr ocedim en t os n ão con st it u em n em u m a v er dade, n em u m fim em si m esm os, e sim u m m eio par a favor ecer a apr eensão da r ealidade.

Os com plexos tem as, problem as e perguntas d e sa ú d e co l e t i v a e st ã o r e v e st i d o s d e g r a n d e im portância e, portanto, estão por cim a dos m étodos e d o s p r o ce d i m e n t o s. Ta i s p r o b l e m a s a l u d e m a p r o cesso s v i t ai s q u e t r an scen d em a p er sp ect i v a unidisciplinar e são inviáveis de serem est udados de m aneira fragm ent ada. I gualm ent e, a visão da saúde colet iv a r econhece dim ensões obj et iv as, subj et iv as e int ersubj et ivas e pret ende, não apenas conhecer e diagnosticar a realidade dos com plexos processos que gravit am ent re o t rinôm io saúde- doença- m ort e, m as t am bém propiciar e criar condições que aport em em sua t ransform ação. Requere, ent ão, a elaboração de p r o p o st a s q u e n ã o se l i m i t e m a d e scr i çã o d o s problem as, ou a aplicação de m arcos t eóricos, e que t rat em de ir m ais além na explicação das m últ iplas form as de concreção dest a realidade.

I NTERAÇÃO COM OS GRUPOS DE PESQUI SA

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pesquisadores e ao público em geral, e adem ais que t en h a sen t i d o p ar a o s at o r es q u e f o r m u l ar am o problem a, buscando re- significar os obj etos de estudo. No desenvolvim ent o dos gr upos sur ge um a div er sidade de pr oblem as. O t r abalho inv est igat iv o sist em át ico e per sist ent e em t or no a eles, com o j á foi dit o, dá or igem às linhas de pesquisa. É nest e cont ex t o que o sem inár io de linha se conv er t e em um laborat ório de const rução t eórica, de int egração, de invest igação e de ação. O ingresso de est udant es d e m est r a d o a o s g r u p o s é u m a f o r t a l eza e su a co l a b o r a çã o t r a n sce n d e o d e se n v o l v i m e n t o d o p r o g r a m a a ca d êm i co . Est a r em co n t a t o co m a s vivências, com os problem as, com atores sociais reais e com os coletivos de pesquisa perm ite ao estudante se l e ci o n a r e co n st r u i r u m p r o j e t o , co m a co m p a n h a m e n t o q u a l i f i ca d o q u e f a v o r e ce o aprendizado de seu papel de pesquisador.

No s d i f er en t es m o m en t o s d o p r o j et o , o s e st u d a n t e s e st ã o a co m p a n h a d o s p o r u m ( a ) orient ador( a) que apóia e avalia o t rabalho realizado p or eles. Por su a v ez, est u d an t es e or ien t ad or es p a r t i ci p a m d e f o r m a a t i v a d o t r a b a l h o q u e se desenvolve continuam ent e no grupo de pesquisa. Em se ssõ e s a m p l i a d a s d e se m i n á r i o , a v a n ço s e d i scu ssõ e s t e ó r i ca s sã o co m p a r t i d o s, sã o f a m i l i a r i za d o s co m p r o b l e m á t i ca s d o s co l e t i v o s est udados e com as ferram ent as m et odológicas, ou sej a, consolida- se a apr endizagem do pr ocesso de inv est igação.

Se por um lado se dev e r econhecer que a p r o b l e m á t i ca d a sa ú d e co l e t i v a e x ce d e a s possibilidades de trabalho desenvolvidas pelos grupos de pesquisa, por out r o, est es espaços acadêm icos buscam convert er os problem as de saúde e doença em seu obj et o de est udo. I gualm ent e, a par t ir do t r abalho de pesquisa sur gem nov os pr oblem as que p e r m i t e m a o s e st u d a n t e s t e r u m a g a m a d e possibilidades par a definir a t em át ica que m ais se aj ust e a suas ex pect at iv as t eór icas, pr ofissionais e p e sso a i s d e n t r o d o s p r o p ó si t o s d o s g r u p o s. Os t r a b a l h o s d e t e se d e m e st r a d o p o d e m se r independentes ou fazer parte de proj etos m ais am plos e at é m esm o de est udos r ealizados conj unt am ent e com pesquisadores de out ros grupos, universidades o u p a ís. Na el a b o r a çã o d o s p r o b l em a s a ser em abor dados pelos est udant es são consider ados t ant o a pert inência do t em a, o enfoque e a coerência com os lineam ent os do m est r ado em saúde colet iv a, as dem andas do cont ex t o social e de saúde; com o as

p o ssi b i l i d a d e s d e a co m p a n h a m e n t o co m o s pr ofessor es( as) - or ient ador es( as) .

O foco das linhas de pesquisa está dirigido à const r ução e desconst r ução dos obj et os de est udo, de t al for m a que ao r edor dele confluam dist int os abordagens, teorias e m étodos para construir m arcos ex plicat iv os de pr oblem as específicos( 8). No âm bit o acadêm ico, as linhas de pesquisa são um instrum ento ch av e p ar a con h ecer a r ealid ad e, p ois n ão b ast a desen v olv er con h ecim en t o desde seu s f r agm en t os com o esferas isoladas; é necessário int egrar saberes e abordagens a nível ant ológico, epist em ológico e da pr áx is.

TRANFORMAÇÕES NO ESTUDANTE

A form ação do estudante constitui um desafio que ex ige m obilização indiv idual e colet iv a em que con v er g em p r ocessos. De u m lad o, ob ser v a- se o t rânsit o de profissional a pesquisador, de out ro, est á a passagem dos obj et ivos da prát ica e do fazer aos in t er esses d o con h ecim en t o e d a t r an sf or m ação. Per cebe- se t am bém a m udança de um a cult ur a de com u n icação- in for m ação or al ou gr áfica par a u m a cu lt u r a d e com u n icação escr it a e d e in t er locu ção acadêm ica que perm ite apropriar- se do conhecim ento e con segu ir dom ín io pr ogr essiv o sobr e u m cam po específico do saber.

As m udanças par a passar de pr ofissional a pesquisador não dev em ser v ist as com o a negação da condição de profissional, m as, ao cont rário, com o a am p liação d e m ar cos d e ex p licação e t r ab alh o pr ofission al. Nest e cam po se pr odu zem m u dan ças ont ológicas e epist em ológicas de grande im port ância dado que se t or nam com plex as as per gunt as e se desenham rotas para a com preensão e transform ação d o s o b j e t o s d e e st u d o . O a n t e r i o r su p õ e u m a m et am or fose na condição de pr ofissionais, pois na m edida em que repensam suas prát icas, aport am ao ca m p o d i sci p l i n a r e se f o r m a m n o ca m p o int er disciplinar.

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em que a realidade se pensa, recria- se e se reconstrói cr iat ivam ent e”( 9).

Neste sentido, além do ensino das etapas do p r o ce sso i n v e st i g a t i v o ( t e m a , p r o b l e m a , m a r co t e ó r i co , m é t o d o s, r e su l t a d o s) , b u sca - se n o s sem inários de linha int egrar t al processo e const ruir pensam ent o m ediant e a elaboração de pergunt as, o desenho de cam inhos em que se tente ler e pensar a realidade, e relacionar, saber e pensar, invest igar e ensinar.

O t r ab alh o im p lica p assar d os p r ob lem as prát icos aos problem as t eóricos, dos argum ent os de o p i n i ã o a o s a r g u m e n t o s a ca d ê m i co s, d o conv encim ent o a r espeit o das idéias à sust ent ação de teorias. Para isso, o estudante renuncia a seu papel prescritivo e passa a um com preensivo, de um a cultura de respost as fát icas, im ediat as e de curt o ou m édio p r azo a u m a cu lt u r a d a p er g u n t a e d e r esp ost as problem at izadoras e de longo alcance.

A form ação do est udant e pret ende conseguir as transform ações através da prática da reflexividade, a aut o- organização e a ét ica.

A r eflex iv idade ent ende- se em t er m os das novas experiências e prát icas de aut o- conhecim ent o e aut o- produção social. Faz part e de um paradigm a em ergente no âm bito da epistem ologia e constitui um a alternativa aos m odelos lineares ou sim ples de análise e int ervenção na sociedade. Com o abordagem , exige r epensar a pr át ica, olhar e ser olhado at r av és dos obj etos de estudo e ser afetado pelos autores teóricos e pela realidade m esm a. Nest e sent ido, “ conhecer é um ato através do qual o m undo entra e é concebido; o saber se configura em um at o de int erioridade e, por sua vez, o m undo interno se abre e se desprende de sua concentração, passa de ser interno e se integra ao t odo ext erior”( 10).

A aut o- organização é part e da especificidade do que é vivo. Os organism os são aut opoiét icos, no se n t i d o d e si st e m a s a u t o - o r g a n i za d o s e , n e ssa m edida, quando um sist em a j á não serve, const rói-se out r o m ais sofist icado e cr iat iv o( 11). O m est r ado prom ove no est udant e sua capacidade de organizar-se e organizar-ser aut ônom o e, por conorganizar-seguint e, apropriar- organizar-se de seu com prom isso com a produção e am pliação do corpo de conhecim ent o na saúde colet iva.

Na f o r m a çã o é t i ca p r e t e n d e - se q u e o est udant e avance na reflexão da com binação ét ica-co n h e ci m e n t o ica-co m a f i n a l i d a d e d e f o r m a r - se integralm ente com o pesquisador. O m estrado favorece o avanço e ret om a t rês níveis: o prim eiro é a m oral

da indignação que leva a sentir sim patia com os que sofr em . O segundo, o nív el r eflex iv o da ét ica, é a est r at égia do adiam en t o do bem pr ópr io par a dar cabim ento ao direito do outro, sej a no nível individual ou coletivo, o que lhe confere um caráter norm ativo. O terceiro nível é o relativism o m oral ou ausência de u m cr it ér io ab solu t o e a ex ist ên cia d e d if er en t es cr it ér ios de j uízo m or al que cada cult ur a v eicula e t r an sm i t e; p o d er á ex i st i r at r av és d a co n st r u ção v acilant e e pr ogr essiv a do diálogo ent r e difer ent es sistem as socioculturais. Para o autor, a única finalidade que se pode adm itir nesta busca de um denom inador com u m d a m or al ser á, p or t an t o, a su p r essão d o sofrim ent o e a busca da felicidade( 12).

As m udanças que pr et endem fav or ecer no e st u d a n t e e x i g e m q u e o p r o f e sso r p o ssu a u m a form ação sólida, t ant o acadêm ica com o invest igat iva, além de capacidades pedagógicas para chegar a ser um a t est em unha do que ensina e do que faz.

Est as est rat égias exigem do aluno superar a crise de insuficiência de sua form ação para responder aos debat es, às exigências da escrit ura dos t ext os e dos ensaios e, em m eio às dem andas acadêm icas e das pr essões de su a in st it u ição par a en f r en t ar as responsabilidades no t rabalho, ent ender e superar a i n co m p r e e n sã o d o s m e m b r o s d e su a f a m íl i a . Pa r a l e l a m e n t e , f a z- se n e ce ssá r i a u m a d o se d e h u m i l d a d e d e m o d o a p e r m i t i r q u e o s co l e g a s desem penhem a função de int er locução acadêm ica que est á na base da form ação.

ALCANCES DO TRABALHO NOS GRUPOS DE

PESQUI SA

Os g r u p o s d e p e sq u i sa p r e t e n d e m e alcançam im port ant es obj et ivos, a saber:

- For t alecer r elações acadêm icas sólidas e est áv eis com pesquisadores de áreas afins;

- Colaborar na const rução de redes de pesquisa que const it uam um a possibilidade de cr escer e apor t ar na const rução de um a cult ura da com unicação; - Cont r ibuir par a o cr escim ent o dos pr ogr am as da unidade acadêm ica;

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u n i v e r si d a d e . Ta l v i n cu l a çã o se r e a l i za so b a concepção de aprender prat icando, o que alcança a criar entre os estudantes o entusiasm o com a pesquisa e a su a v al o r i zação . Na m ed i d a em q u e l as( o s) docen t es da gr adu ação par t icipam n os gr u pos de p esq u isa, p ossib ilit a- se o t r ân sit o d a p esq u isa à docência de graduação e pós- graduação.

GRUPOS DE PESQUI SA, M ESTRADO EM

SAÚDE COLETI VA

Com o j á foi dit o ant eriorm ent e, os grupos e linhas de pesquisa se articulam ao redor de tem áticas am plas. Nest e m om ent o, part icipam do m est rado em saúde colet iva os seguint es quat ro grupos:

“ Polít icas sociais e serviços de saúde”, busca apr ofundar a análise cr ít ica de t eor ias e pr opost as m et od ológ icas q u e ex p liq u em e con t r ib u am p ar a m elhorar as polít icas sociais e os serviços de saúde. Atualm ente conta com as seguintes linhas de pesquisa: condições de vida, serviços de saúde, m ort alidade e dem ogr afia ant r opológica.

“A prática da enferm agem no contexto social”, q u e p r e t e n d e o b t e r co n h e ci m e n t o a ce r ca d o s r efer ent es t eór icos, epist em ológicos e das pr át icas referidas ao cuidado de enferm agem com o obj et o de est udo, de gest ão e de int ervenção sobre a validade e fundam ent os que aport am às diferent es propost as ou m odelos de cuidados de enferm agem . Est e grupo desenv olv e as seguint es linhas de pesquisa: a boa p r át i ca d e en f er m ag em , m o d el o s d e at en ção d e en f er m ag em , sociolog ia d a p r of issão, cu id ad or es inform ais de pacient es e cult ura e cuidado em saúde e enfer m agem .

“ Saúde das m ulher es” que indaga sobr e a dim ensão sociocult ur al dos pr incipais pr oblem as da saú d e d as m u lh er es, p r et en d e con st r u ir t eor ia e

m et odologias de t r abalho e desenv olv er pr opost as que t r ansfor m em as condições de v ida e de saúde desse universo social. Suas linhas de pesquisa são: v iolên cia dom ést ica, au t o- cu idado e pr om oção da saúde das m ulheres e saúde sexual e reprodut iva.

“ Pr om oção da saúde” que busca posicionar a p r o m o çã o d a sa ú d e co m o u m ca m p o d e conhecim ent o e de prát ica social, t ransdisciplinario, m ultisetorial e interinstitucional, para o qual se define um a ênfase qualitativa em seus proj etos de pesquisa co m f i n a l i d a d e ce n t r a l d e o p e r a ci o n a l i za r a s aprendizagens const ruindo m et odologias efet ivas de int er v enção sócio- sanit ár ia.

EM SÍ NTESE

Concluindo, os sem inár ios de linha sur gem com a criação do m est rado em saúde colet iva, est ão concebidos com o alt ernat iva de ensino da pesquisa e f a v o r e ce m a t r a n sf o r m a çã o d o s a sp i r a n t e s q u e p a ssa m d e p r o f i ssi o n a i s a p e sq u i sa d o r e s. Os resultados se observam nos estudantes, no m estrado e n o con h ecim en t o. Os est u dan t es adqu ir em u m a aprendizagem que lhes perm it e posicionarem - se em e v e n t o s n a ci o n a i s e i n t e r n a ci o n a i s, a ce d e r a financiam ent os e publicar sob a orient ação de seus professores e o acom panham ent o dos int egrant es do gr upo.

O m est rado logra eficácia real no sent ido de g ar an t ir t r ab alh os d e t ese con clu íd os, d im in u ir a d e se r çã o e m a n t e r a l t o s ín d i ce s d e e st u d a n t e s g r a d u a d o s. Os l o g r o s n o co n h e ci m e n t o se m at erializam no aum ent o das publicações que fazem v i sív e l o t r a b a l h o d o s g r u p o s, o a u m e n t o d a quant idade e qualidade dos proj et os, a form ação de professores com o pesquisadores e a consolidação da pesquisa.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

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Referências

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