rev bras ortop.2016;51(3):329–332
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
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Artigo
original
Luxac¸ão
do
quadril
na
paralisia
cerebral:
a
evoluc¸ão
do
lado
contralateral
após
cirurgia
reconstrutiva
夽
João
Caetano
Munhoz
Abdo
∗e
Edilson
Forlin
HospitalPequenoPríncipe,Curitiba,PR,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem7dejunhode2015
Aceitoem10dejulhode2015
On-lineem17dedezembrode2015
Palavras-chave:
Luxac¸ãodoquadril/etiologia
Luxac¸ãodoquadril/patologia
Luxac¸ãodoquadril/cirurgia
Paralisiacerebral
Resultadodotratamento
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Avaliar a evoluc¸ão doquadril contralateral após a reconstruc¸ãounilateral de
luxac¸ãode quadrilem pacientesclassificadoscomoGMFCS IV-Veidentificar possíveis
fatoresprognósticosdaevoluc¸ão.
Métodos:Estudoretrospectivode17pacientesportadoresdeparalisiacerebralespástica,
classificadospelaescalaGMFCS(GrossMotorFunctionalClassificationSystem)emgraus
IVeV,submetidosacirurgiadereconstruc¸ãounilateraldeluxac¸ãodequadril(liberac¸ãode
adutores,osteotomiavarizantefemoraleacetabuloplastia).Oseguimentopós-operatório
mínimofoide30meses.Foramavaliadosparâmetrosclínicos(sexo,idadenaocasiãodo
procedimentocirúrgico,tempodeseguimentoapósacirurgiaeamplitudedeabduc¸ão),de
tratamento(afeituraounãodeencurtamentofemoral,aplicac¸ãodetoxinabotulínicaese
houveprocedimentosmuscularesprévios)eradiográficos(índicedeextrusãodeReimers
[IR],ânguloacetabular[AC]econtinuidadedoarcodeShenton[AS]).
Resultados: Dos17pacientesavaliados,oitodeslocaram(grupoI)enovenão(grupoII).O
grupoIcontavacomtrêspacientesdosexomasculinoecincodofeminino;grupoII
apre-sentouumpacientedosexomasculinoeoitodofeminino.Amédiadeidadenomomento
dacirurgiadospacientesdogrupoIfoide62meseseotempodeseguimentomédiofoide
62meses.NogrupoIIforamde98e83meses,respectivamente.Houvetendênciados
pacien-tesoperadoscommaioridadenãoevoluíremcomluxac¸ãocontralateral.Dosnovepacientes
queapresentavamacombinac¸ãodeIR<30%eAC<25◦,apenasumapresentouluxac¸ãono
seguimento.Asubluxac¸ãocontralateralocorrenosdoisprimeirosanosdepós-operatório.
Conclusão:Quadris que apresentam um IR<30◦ e AC<25◦ não tendem a evoluir para
subluxac¸ãoepodemsermantidosemobservac¸ão.Medidasclínicaseradiográficasisoladas
nopré-operatórionãoforamúteisparaindicaraevoluc¸ãonaturaldoquadrilnãooperado.
Operíodocríticoparasubluxac¸ãosãoosdoisprimeirosanosdopós-operatório.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora
Ltda.Todososdireitosreservados.
夽
TrabalhodesenvolvidonoDepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,HospitalPequenoPríncipe,Curitiba,PR,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:joaocaetanoabdo@icloud.com(J.C.M.Abdo).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2015.07.006
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rev bras ortop.2016;51(3):329–332Hip
dislocation
in
cerebral
palsy:
evolution
of
the
contralateral
side
after
reconstructive
surgery
Keywords:
Hipdislocation/etiology
Hipdislocation/pathology
Hipdislocation/surgery
Cerebralpalsy
Treatmentoutcome
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective:Toevaluatetheprogressionofthecontralateralhipafterunilateralreconstruction
ofhipdislocationinpatientsclassifiedasGMFCSIV–V;andtoidentifypotentialprognostic
factorsfortheirevolution.
Methods:Thiswasaretrospectivestudyon17patientswithspasticcerebralpalsy,whowere
classifiedontheGMFCSscale(GrossMotorFunctionalClassificationSystem)asdegreesIV
andV,andwhounderwentunilateralreconstructionsurgerytotreathipdislocation
(adduc-torrelease,femoralvarusosteotomyandacetabuloplasty).Theminimumpostoperative
follow-upwas30months.Theclinicalparametersevaluatedweresex,ageattimeofsurgery,
lengthoffollow-upaftersurgeryandrangeofabduction.Thetreatmentparameterswere
use/nonuseoffemoralshortening,applicationofbotulinumtoxinandanypreviousmuscle
releases.TheradiographicparameterswereReimer’sextrusionindex(REI),acetabularangle
(AA)andthecontinuityofShenton’sline.
Results: Amongthe17patientsevaluated,eightpresenteddislocation(groupI)andnine
didnot(groupII).GroupIcomprisedthreemalesandfivefemales;groupIIcomprisedone
maleandeightfemales.ThemeanageatthetimeofsurgeryamongthegroupIpatients
was62 monthsandthemeanfollow-upwas62months.IngroupII,thesewere98and
83months,respectively.Therewasatrendinwhichpatientsofgreateragedidnotevolve
withcontralateraldislocation.AmongtheninepatientswiththecombinationofREI<30%
andAA<25◦,onlyonepresenteddislocationduringthefollow-up.Contralateralsubluxation
occurredwithinthefirsttwoyearsafterthesurgery.
Conclusion: HipspresentingREI<30◦andAA<25◦donottendtoevolvetosubluxationand
canbekeptunderobservation.Preoperativeclinicalandradiographicmeasurementsalone
arenotusefulforindicatingthenaturalevolutionofnon-operatedhips.Thecriticalperiod
forsubluxationisthefirsttwoyearsaftersurgery.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora
Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Aluxac¸ãoousubluxac¸ão empacientes nãodeambuladores
portadoresdeparalisiacerebralespásticapodelevaràdor,
difi-culdadesparafazerahigieneperineal,úlcerasdepressão,
fra-turasdemembrosinferioreseperdadeequilíbriopara
sentar--se,principalmenteemcasosunilateraisouassimétricos.1,2
Recomenda-seaprevenc¸ãoeotratamento precoceparaos
quadris emrisco.2,3 Noscasosde subluxac¸ão/luxac¸ão
esta-belecidaestáindicadaacirurgiadereconstruc¸ão,geralmente
comaosteotomiavarizantefemoral,associadaounãoa
ace-tabuloplastiaeliberac¸ãodepartesmoles.4-6
Nasluxac¸õesunilateraisexistecontrovérsiaarespeitoda
condutanoquadril contralateral.Algunsestudosindicama
reconstruc¸ãobilateralpeloriscodeevoluc¸ãoparasubluxac¸ão
e pela assimetria que pode resultar da reconstruc¸ão
unilateral.7 Por outro lado, a cirurgia em quadris normais
aumentaotempocirúrgicoeosangramentoepodelevara
complicac¸ões.8
O objetivodeste estudo éavaliar aevoluc¸ão doquadril
contralateralapósprocedimentoreconstrutivounilateralcom
osteotomiavarizantedefêmurproximaleosteotomiadeilíaco
tipoDega(associadaounão aliberac¸ãodepartesmoles) e
ospossíveis fatoresassociadoscomaevoluc¸ãoounãopara
subluxac¸ão.
Material
e
métodos
Foi feito um estudo retrospectivo baseado na análise de
prontuários de pacientes portadores de paralisia cerebral
espástica,nãodeambuladoresefuncionalmenteclassificados
pelaescalaGMFCS(GrossMotorFunctionalClassification
Sys-tem) emgraus IVeV. Os pacientes foramsubmetidos em
nossohospitalacirurgiadereconstruc¸ãounilateraldequadril
devidoaluxac¸ãoousubluxac¸ão,demarc¸ode1999aabrilde
2009.Otrabalhofoiaprovadopelocomitêdeéticaempesquisa
donossodepartamento.
Para a inclusão no trabalho, o paciente necessitava
ter sido submetido a cirurgia de reconstruc¸ão unilateral
de quadril (osteotomia varizante de fêmur, osteotomia de
ilíaco tipo Dega associada ou não a liberac¸ão de partes
moles),apresentarumseguimentopós-operatóriomínimode
30mesesedocumentac¸ãoclínicaeradiográficaparapermitir
aanáliseemtrêstempos:nomomentodacirurgia(prée
pós--operatóriosimediatos),emtornodedoisanosapósacirurgia
enaúltimaconsultaregistradadopaciente.
Os parâmetrosclínicosavaliadosforam:sexo,feituraou
não de procedimentos cirúrgicos ou aplicac¸ão de toxina
botulínica prévia, idade naocasião doprocedimento
cirúr-gico, tempode seguimento após acirurgia eamplitude de
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procedimentofoiverificadosehaviasidofeitoencurtamento
femoralassociadoaosteotomiavarizante.Aavaliac¸ão
radi-ográfica foi feita na incidência anteroposterior de pelve e
constou de porcentagem de migrac¸ão da cabec¸a femoral
(índicedeextrusãode Reimers[IR]), ânguloacetabular[AC]
econtinuidadedoarcodeShenton[AS]).
Paraavaliac¸ãodosfatoresassociadosospacientesforam
divididosemdoisgrupos,osqueapresentaramprogressãoda
porcentagemdeextrusãodacabec¸afemoralouíndicede
Rei-mers(IR)doquadrilcontralateral(grupoI)eooutropelosque
nãodemonstraram tal progressão(grupoII). Considerou-se
progressãoumIRacimade40%naúltimaconsulta.
Análiseestatísticafoifeitacomtestesquedependeramdo
tipodevariávelestudada.
Resultados
Dezessetepacientesapresentavamcritériosparainclusãono
estudo.Oitoevoluíramcomsubluxac¸ãodoquadril
contralate-ral(GrupoI),enquantonovenão(GrupoII).
OgrupoIcontavacomtrêspacientesdosexomasculinoe
cincodofeminino;ogrupoIIapresentouumpacientedosexo
masculinoeoitodofeminino(diferenc¸anãosignificativa).
Amédiadeidadenomomentodacirurgiadospacientes
incluídosnogrupoIfoide62meses(28a110)eotempode
seguimentomédiofoide62(31a125).OgrupoIIapresentava
médiadeidadenomomentocirúrgicode98meses(64a159)
etempomédiodeseguimentode83(32a150).Diferenc¸asnão
significativas.
Emrelac¸ãoàsintervenc¸õesfeitaspreviamenteao
proce-dimentoreconstrutivo, trêsdospacientesdogrupoIedois
dogrupoIIjáhaviamsidosubmetidosaaplicac¸ãodetoxina
botulínicaemmusculaturaadutorae/ouflexora.Cirurgiade
liberac¸ãodepartesmolespréviafoifeitaemdoispacientes
dogrupo I(25%)eemquatrodogrupoII(44%).O
encurta-mentofemoralduranteoprocedimentoreconstrutivofoifeito
emcincopacientesdogrupoI(63%)eemsetedogrupoII(78%).
Diferenc¸asnãosignificativas.
OgrupoIapresentou50%(4/8)dasradiografiascom
“que-bra”doarcodeShentonnopós-operatórioimediato.Jáogrupo
IIapresentou 33%(diferenc¸anãosignificativa).Na segunda
avaliac¸ão(doisanosdepós-operatório)oarcodeShentonera
descontínuoem100%(8/8)dospacientesdogrupoIe22%(2/9)
dogrupoII.Diferenc¸asignificativa.
Aabduc¸ãomédiadogrupoIfoide28◦ nopré-operatório
imediato,36◦ naavaliac¸ãodedoisanosdepós-operatórioe
24◦ naúltimaconsulta.JánogrupoIIosvalores
apresenta-dosforam27◦,36◦e34◦respectivamente.Nãohouvediferenc¸a
estatísticaentreosgrupos.
Oângulo acetabular médiono grupo I foi de 23◦, 26◦ e
29◦ nostrêstemposemordemcronológica.OgrupoII
apre-sentou18◦, 15◦ e17◦.Diferenc¸asnãosignificativas.OIRno
pós-operatórioimediato,nosdoisanosdepós-operatórioena
últimaconsultaforam,respectivamente,34%,68%e84%no
grupoIe20%,17%e13%nogrupoII.Diferenc¸asignificativa
nasduasúltimasavaliac¸ões.CombinandoosdadosdoIReAC,
observamosquedosnovequadrisqueapresentavam,no
pós--operatórioimediato, medidasdoIR<30eAC<25,somente
umevoluiuparasubluxac¸ãocontralateral(p<0,05).
Discussão
Asubluxac¸ãoouluxac¸ãodoquadrildepacientesportadoresde
paralisiacerebralnãodeambuladoresespásticospode
acarre-tardor,dificuldadedeposicionamentoehigieneeinterferirna
evoluc¸ãodeescolioseecontraturasemmembrosinferiores.9
Poressarazão,quandodiagnosticadaempacientes
esqueleti-camenteimaturos,estáindicadaareconstruc¸ãocirúrgica.Na
nossainstituic¸ãofazemosaliberac¸ãodamusculaturaadutora
e,geralmente,domúsculoiliopsoas,aosteotomiavarizante
femoraleaacetabuloplastiatipoDega.4-6Quandounilateral,
alguns autoresrecomendamqueseja feitoo procedimento
de partesmoles eosteotomiavarizante noquadril
contra-lateral.Essaindicac¸ãoseriajustificadapeloriscoacentuado
dedesenvolvimentodesubluxac¸ãoepelapossívelassimetria
resultante de procedimento unilateral, que causariam
difi-culdadesdeposicionamentoealterac¸ãonoalinhamentoda
coluna.7
Oriscodecomprometimentodoladocontralateral
apre-senta índices entre 4 e 75%. Noonan et al.7 estudaram
35 pacientes,33nãodeambuladores,submetidos acirurgia
unilateral.Desses,26(74,3%)evoluíramparasubluxac¸ão.Eles
recomendam que o procedimento deva ser feito
bilateral-mente,especialmentesealgumgraudedisplasiaacetabular
estápresente.CarreGage,10emboraacreditemqueo
proce-dimentoósseobilateraléjustificado,encontraramsomente
20%deprogressãoparasubluxac¸ão.Parketal.8desenvolveram
um modelo de análise de decisão com dados da
litera-turaeconcluíramqueoprocedimentobilateralésuperiorà
observac¸ão.
Nonossoestudo,cercade metadedospacientes
desen-volveusubluxac¸ãocontralateral.Entendemosqueesseíndice
não torna obrigatório o procedimento profilático em todos
ospacientes,poiséumprocedimentodegrandeportecom
algunsriscos.Nossoobjetivonesteestudofoitambém
identi-ficarfatoresqueestariamassociadosàocorrênciaounãoda
subluxac¸ãocontralateral.Comoéreconhecidoquealuxac¸ão
do quadril está associada aos pacientes com mais grave
comprometimento,apenasincluímospacientesnão
deambu-ladores(GMFCSIVouV).11,12
Acirurgiaempacientesmaisjovenspoderiaserassociada
amaiorriscoparaevoluc¸ãodesubluxac¸ãocontralateral.9,12
Apesar de não ter havido relac¸ão significativa,houve
ten-dênciaparasubluxac¸ãocontralateraldequadrilempacientes
operadoscommenosdeoitoanos(62;±25meses).
Isoladamente, nenhuma das medidas, tanto clínicas
quanto radiológicas, no pré e pós- operatórios imediatos
foi capaz de presumir a evoluc¸ão do quadril
contralate-ral em nossoestudo. Nossoencontromaissignificativo foi
quequadrisqueapresentaramIR<30%associadoaAC<25◦,
estatisticamente,têmpoucaprobabilidadededeslocar
futu-ramente.DecertaformaissocorroboraoachadodeNoonan
et al., que quadris com alterac¸ões displásicas apresentam
maiorriscoparasubluxac¸ão.7
Umfatorimportanteéqueosquadrisqueevoluíramcom
subluxac¸ãoapresentaram-nadentrodosprimeirosdoisanos
doprocedimento.Portanto,recomendamosquequandofeita
acirurgiaunilateraloquadrilcontralateralsejamonitorado
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rev bras ortop.2016;51(3):329–332Nossoestudoapresentaalgumaslimitac¸ões.Alémdo
dese-nhoretrospectivo,nossoperíododeseguimentofoiemmédia
de73mesesenemtodosapresentavammaturidade
esque-léticana últimaavaliac¸ão.A diversidadede cirurgiões que
fizeramosprocedimentosaolongode10anospode
influen-ciarosnossosresultados.Aamostrapequenadepacientes
tambémdiminuiacapacidadedecomprovac¸ãoestatísticados
diversosfatoresestudados.
Conclusão
Oestudosugerequeacirurgiaprofiláticanoquadril
contra-lateralnãosejustificaemtodosospacientes,especialmente
naquelesmaioresdeoitoanosequeapresentamumIR<30%e
AC<25◦.Asubluxac¸ãocontralateralocorrenosdoisprimeiros
anospós-operatórioserecomenda-seorientarospaissobre
essapossibilidade, bemcomo umseguimentoatentonesse
tempo.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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