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O trabalho em equipes autogerenciadas e sua influência na motivação dos empregados

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Academic year: 2017

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(1)

ESCOLA

BRASILEIRA

DE

ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA

CENTRO

DE

FORMAÇÃO

ACADÊMICA

E PESQUISA

CURSO

DE

MESTRADO

EM

ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA

O

TRABALHO

EM

EQUIPES

AUTOGERENCIADAS

E SUA

INFLUÊNCIA

NA

MOTIVAÇÃO

DOS

EMPREGADOS

DISSERTAÇÃO

APRESENTADA

À ESCOLA

BRASILEIRA

DE

ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA

PARA

A OBTENÇÃO

DO

GRAU

DE

MESTRE

EM

ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA

ALESSANDRA BIANCO

(2)

ESCOLA

BRASILEIRA

DE

ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA

CENTRO

DE

FORMAÇÃO

ACADÊMICA

E PESQUISA

CURSO

DE

MESTRADO

EM

ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA

O TRABALHO

EM

EQUIPES

AUTOGERENCIADAS

E SUA

INFLUÊNCIA

NA

MOTIVAÇÃO

DOS

EMPREGADOS

DISSERTAÇÃO

DE

MESTRADO

APRESENTADA

POR

ALESSANDRA BIANCO

E

APROVADA

EM

aa/o5/o3

PELA

COMISSÃO

EXAMINADORA

Frof^Sylvia

Constant

Vergara

Doutora em Educação

Prof.

Luis

César

Gedçalves

de

Araújo

Doutor em Administração

f/íosé

Robçrfó

Gomes

da

Silva

(3)

Agradeço e dedico esta dissertação à minha família por todo o apoio oferecido durante o curso

e pela inestimável contribuição em todas as etapas de minha formação acadêmica.

Agradeço à Professora Sylvia Constant Vergara pela receptividade e pelo incentivo

demonstrados durante toda a orientação desta dissertação. Agradeço, principalmente, por ter

unido compreensão e firmeza nos momentos mais difíceis.

Agradeço aos Professores José Roberto Gomes da Silva e Luís César Gonçalves de Araújo por

terem aceito o convite para compor a Banca Examinadora e por terem contribuído para o

aprimoramento deste trabalho.

Sou grata aos alunos. professores e pessoal de apoio acadêmico dos Cursos de

Pós-Graduação Lato Sensu da FGV que participaram da pesquisa de campo, preenchendo os

questionários ou facilitando sua aplicação.

Agradeço, também, aos amigos do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica - CEPEL por todo

o incentivo.

Sou grata, enfim, a todos os que de alguma forma contribuíram e apoiaram a realização deste

(4)

Considerado importante por proporcionar maior comprometimento e identificação com

o trabalho, o autogerenciamento tem sido incentivado cm muitas organizações, mesmo que,

inicialmente, em pequena escala. Da mesma forma, o trabalho em equipe desperta cada vez

mais o interesse dos gestores, por proporcionar agilidade e facilitar a interação e a troca de

informações sobre habilidades entre as pessoas.

Neste sentido, a união entre os dois elementos c sua influencia na motivação é o objeto

de análise desta dissertação, que tem como tema o trabalho em equipes autogerenciadas e sua

influência na motivação dos empregados.

O estudo está dividido em sete capítulos. O Capitulo 1 aborda o problema estudado,

bem como as questões que foram respondidas com a investigação, a delimitação, a relevância

do estudo e a metodologia utilizada na pesquisa.

O Capítulo 2 trata da autonomia no trabalho, abordando o momento em que esta foi

perdida, ou seja, explica a questão da fragmentação do trabalho e suas conseqüências para o

trabalhador.

No Capítulo 3 é feita uma análise das primeiras teorias sobre motivação e. em seguida,

é apresentada uma abordagem crítica proposta por alguns autores contemporâneos. Foi

analisado ainda, o papel indireto da organização, na medida em que esta pode utilizar

mecanismos capazes de estimular a motivação de seus empregados.

O Capitulo 4 aborda a importância do trabalho em equipe e da autonomia como fatores

estimuladorcs da motivação. Além disso, explica como funcionam as equipes autogerenciadas

(5)

quanto à implementação de equipes e às formas de gestão que enfatizam a participação e o

autogerenciamento.

O Capítulo d apresenta as fases da pesquisa de campo e analisa seus resultados.

(6)

Nos últimos anos. diversos autores vem afirmando que fatores como a autonomia e a

interação humana estão relacionados a bons níveis de motivação no trabalho. Consideram

ainda, que equipes auiogercnciadas são capazes de reunir esses dois fatores, ou seja, envolvem

autonomia, pois incentivam o autogerenciamento, e envolvem interação, pois pressupõem o

relacionamento entre diferentes pessoas.

Esta pesquisa procura trazer contribuição às Teorias existentes, analisando de que forma

o trabalho em equipes autogerenciadas influencia a motivação dos empregados.

Para tanto, na primeira etapa do estudo foi realizada pesquisa bibliográfica, com o

objetivo de coletar contribuições de diversos autores sobre o tema. Na segunda etapa, foi

realizada pesquisa de campo, a fim de conhecer a experiência c reunir depoimentos de

profissionais de diversas arcas de atuação.

A análise dos resultados da pesquisa de campo, fundamentada nos dados bibliográficos,

indicou que o trabalho em equipes autogerenciadas não apenas intluenciou positivamente a

motivação dos empregados que já tiveram esta experiência, como gerou boa expectativa

naqueles que nunca tiveram a oportunidade de trabalhar cm tais equipes.

Quanto as ru/.V- paia esta influência positiva, destacaram-se o maior poder de decisão

(7)

Ovcr the last \ears. inany authors have been supporting that some factors such as

autonomy and human iiueraction are related with higher leveis of motivation in labor. They

also regard self-managed working groups as capable of merging both factors, given that

autonomy becomes an issuc as the self-management is encouraged and interaction is a direct

consequence of the relationship aniong different people.

The objeclive oi ilus research is 10 olTcr some contribution to the existing theory,

mvestigating the means by which lhe work in self-managed groups affects the motivation of

the employees.

In order to assemble a meaninglul portion of the existing knovvledge about the theme, a

bibliographic research was carricd out m lhe tlrst stage of this study. To get in touch with the

practiec. a tlcld reseaivh was performed 111 the second stage, by gathenng the opinion of a

numbcr of profcssionals in different activity áreas.

From the Ileld research llndings. and foundcd on the bibliographic data. it was observed

that the work within self-managed groups not only positively inlluences the motivation of the

employees that have gone through that. but also generates a good expectation on those that

have not had such oppoimnity tluis lar.

The major reasons for that positive mtluence were found to be the enhancement of the

(8)

Figura 1: Mudanças comporlameniais exigidas pela performance nos anos 1990 e

seguintes 28

Figura 2: Diferenças entre grupo de trabalho e equipe 30

Figura 3: Princípios que conduziram o reprojeto de processos e responsabilidades 34

Figura 4: Principais obstáculos á implantação das equipes autogerenciadas nas

organizações 44

Figura 5: Diferenças dinâmicas entre os estilos de supervisão tradicional e o novo 53

Figura 6: Idade dos sujeitos da pesquisa 64

Figura 7: Sexo dos sujeitos da pesquisa 65

Figura 8: Profissão dos sujeitos da pesquisa 67

Figura 9: Experiência com equipes autogerenciadas 68

Figura 10: Tipo de organização 69

Figura 11: Ramo de atividade da organização 70

Figura 12: Cargo na organização 72

Figura 13: Decisão sobre a forma de executar as tarefas 73

Figura 14: Decisão sobre a distribuição interna de tarefas 74

Figura 15: Decisão sobre a escolha do líder ou responsável 75

Figura 16: Determinação das metas da equipe 76

Figura 17: Decisão sobre quando trabalhar 77

Figura 18: Decisão sobre questões de recrutamento de novos membros 78

(9)

Figura 2 1: Decisão sobre a Io mia de recompensar os membros 81

Figura 22: Menor grau de autonomia 82

Figura 23: Maior grau de autonomia 83

Figura 24: Motivação por trabalhar em uma K.Ui 84

Figura 25: Comparação com formas menos autônomas de trabalho 85

Figura 26: Influência do trabalho em EAG na motivação 87

Figura 27: Fatores que influenciaram positivamente a motivação 88

Figura 2S: Fatores que iiitluenciaram negativamente a motivação 90

Figura 29: Fatores que influenciariam positivamente a motivação 93

(10)

Tabela 1: Idade dos suieiios da pesquisa 64

Tabela 2: Sexo dos sineiios da pesquisa 65

Tabela 3: Profissão dos sujeitos da pesquisa 66

Tabela 4: Experiência eom equipes autogcrenciadas 68

Tabela 5: Tipo de organização 69

Tabela 6: Ramo de ali\ idade da organização 70

Tabela 7: Cargo na organização 71

Tabela 8: Decisão sobre a forma de executar as tarefas 73

Tabela 9: Decisão sobre a distribuição interna de tarefas 74

Tabela 10: Decisão sobre a escolha do líder ou responsável 75

Tabela 1 1: Determinação das metas da equipe 76

Tabela 12: Decisão sobre quando trabalhar 77

Tabela 13: Decisão suhrc questões de recrutamento de novos membros 78

Tabela 14: Decisão si>íue questões de treinamento 79

Tabela 1 5: Avaliação ^\o desempenho dos membros da equipe 80

Tabela 16: Decisão sobre a lorma de recompensar os membros 81

Tabela 17: Menor grau de autonomia 82

Tabela 18: Maior grau de autonomia 83

Tabela 19: Motivação por trabalhar em uma LAG 84

Tabela 20: Comparação eom formas menos autônomas de trabalho 85

(11)

Capítulo 1 1

1 O Problema 1

1.1. Introdução 1

1.2. Questões a Serem Respondidas 3

1.3. De limitação do Lstudo 4

1.4. Relevância do Kstudo 5

2 Metodologia 6

2.1. Tipo de Pesquisa 6

2.2. l inverso e Amostra 7

2.3. Coleta dos Dados 7

2.4. Tratamento dos Dados 8

2.5. Limitações do Método 8

Capítulo 2 10

1 A Perda da Autonomia ao Longo das Fases da Produção 10

2 O Gerenciamento Científico 13

3 Lícitos Negativos do Capitalismo e do Gerenciamento Cientifico Sobre o Trabalhador 15

Capítulo 3 17

1 Incentivos Financeiros e o Aspecto Social 17

2 ( ondicionamento vcrsus Motivação 19

3 O Papel da Organização 22

4 Motivação pelo Trabalho Significativo 23

Capítulo 4 27

1 Trabalho em Lqmpe e os Novos Desafios da Ogamzaçãc \r 27

2 Definição de Lqmpe 29

3 IJenefícios do Trabalho em Lqmpe para o Ser Humano 32

4 A Importância da Autonomia 36

5 Autonomia para Lquipes de Trabalho 39

d Características das Lquipes Autogerenciadas 41

~! (ondições para a Implantação de Lquipes Autogerenciadas 44

8 O Novo Papel da Gerência 48

Capítulo 5 55

1 Desvantagens e Dificuldades do Trabalho em Lquipe 55

2 () Aulogerenciamento e a Adequação Trabalho-Lmpresa-Gente 57

Capítulo b 62

1 Llaboração e Aplicação do Questionário 62

1.1. Llaboraçào e Julgamento da Primeira Versão do Questionário 62

1.2. Realização tio Pré-teste do Questionário 62

1.3. Julgamento da Segunda Versão do Questionário 63

1.4. A Aplicação da Versão Final do Questionário 63

2 Analise dos Resultados 63

2.1. Dados Pessoais e Profissão dos Sujeitos da Pesquisa (Questão 1) 64

2.2. Lxperiêneia com Hquipes Autogerenciadas (Questão 2) 68

2.3. Dados da Organização 69

2.4. Cargo Ocupado (Questão 5) 71

2.5. (irau de Autonomia (Questão d) 72

2.6. Análise tias Respostas Dissertativas 87

Capitulo 7 97

1 ( ouclusões 97

2 Sugestões Para Imã Nova Agenda de Pesquisa 100

(12)

O PROBLEMA E A METODOLOGIA

Este capítulo constará de duas seções. Na primeira, serão apresentados o

problema a ser estudado, o objetivo final, as questões a serem respondidas, a

delimitação

e a

relevância

do

estudo.

Em

seguida,

será

abordada

a

metodologia

utilizada, sendo descritos o tipo de pesquisa, o universo e a amostra, os sujeitos

selecionados,

os

meios

de

coleta

e o tratamento

dos

dados,

além

das

limitações

do

método.

1 O Problema

1.1. Introdução

Após décadas de tradição gerencial científica, caracterizada pelo controle

hierárquico, padronização de tarefas e especialização da mão-de-obra, em que tudo

funcionava em um ambiente ate certo ponto estável e previsível, as organizações estão

diante de um novo desafio: atingir os altos níveis de desempenho impostos por um

ambiente diferente, cada vez mais dinâmico e complexo.

Diante dessa nova realidade, um dos caminhos propostos tem sido a valorização

do trabalho em equipe. Segundo Mohrman (1995, p.94), por exemplo, as organizações

precisam "alinhar grupos e indivíduos que são interdependentes cm termos de tarefa, de

maneira a fomentar o trabalho de equipe na busca de objetivos gerais compartilhados".

A explicação pelo interesse no trabalho em equipe como um dos caminhos para

enfrentar a competitividade, esta na premissa de que a combinação de habilidades de um

grupo de indivíduos pode gerar resultados melhores e de maneira mais rápida, do que o

(13)

equipe vem se destacando ainda mais. E a chamada equipe autodirigida ou

autogerenciada. Alguns dos princípios incorporados por esse tipo de equipe são

descritos por Mohrman ( 1995, p.95):

(...) as equipes e os indivíduos c/ue dela fazem parte são niidti-habilitados

(a equipe tem todas as habilidades para executar a tarefa como um todo):

a coordenação horizontal ocorre dentro da equipe, sendo que algumas

tarefas e decisões administrativas são para ela transferidas. Sempre que

possível, a equipe e consolidada (separada do resto da organização), de

maneira que possa funcionar independentemente.

Desta forma, conforme observam ainda Manz e Sims (1987), essas equipes são

inovações caracterizadas pela tentativa de proporcionar ao grupo de trabalho, um alto

grau de autonomia nas decisões e no controle comportamental, ou seja, a ênfase está no

controle interno e não no externo à equipe.

Segundo eles, existe um debate em tomo deste tema, no qual é questionado se

essas equipes são criadas com o objetivo de aumentar a produtividade ou de,

simplesmente, garantir aos empregados melhor qualidade de vida no trabalho.

Apesar de as organizações evidentemente investirem nessas equipes com

objetivos de garantir produtividade, melhor qualidade e redução de conflitos, esse

debate chama a atenção para o fato de que, independente dos benefícios financeiros ou

de produtividade que proporcionem às organizações, as equipes autogerenciadas podem

interferir positivamente na qualidade de vida no trabalho.

Alguns dos benefícios relacionados ao trabalho em equipe são explicados por

(14)

ile complexidade, e que exigem certo grau de engeidwsidade, os

indivíduos são capazes de lazer um melhor trabalho em grupos bem

articulados, do que jazem sozinhos. Pode ocorrer, também, que fiquem

mais estimulados com o mesmo. Ambos os efeitos são devidos ao

intercâmbio de talento e de recursos que ocorre como um resultado da

cooperação - e também pelo equilíbrio emocional proporcionado pelo

apoio social.

O

autor

acredita

ainda

que

a motivação,

ou

seja,

o

interesse

genuíno

pela

atividade,

e despertada

no

empregado,

quando

este

tem

liberdade

para

decidir

sobre

como realizar a tarefa. Em outras palavras, a autonomia para decidir sobre o quê e como

lazer e capaz de despertar a motivação, mais facilmente do que qualquer recompensa ou

beneficio.

Tendo por base o exposto por r.ohn. acredito ser complexa a relação existente

entre o trabalho em equipes autogerenciadas e a motivação dos empregados. Parece-me

especialmente interessante o lato de que uma nova técnica administrativa, que rompe

com os modelos organizacionais tradicionais, seja. enfim, capaz de despertar nos

empregados a motivação tão abordada por diversos estudos behavioristas.

Diante do exposto, procurarei neste estudo, responder à seguinte questão: De que

maneira o trabalho cm equipes autogerenciadas influencia a motivação dos

empregados' A resposta e. portanto, o objetivo final do estudo.

1.2. Questões a Serem Respondidas

A organização tio trabalho imposta pelo capitalismo contribuiu para a insatisfação

tios trabalhadores? Por que'.'

Como surgiu a preocupação com a motivação e de que forma o assunto foi

inicialmente abordado'.'

(15)

São muitos os motivos que atualmente tornam o trabalho em equipe algo tão

atrativo para as empresas. Dentre esses motivos, destaca-se a necessidade cada vez

maior de garantir agilidade em um ambiente globalizado, no qual as mudanças ocorrem

numa rapidez assustadora.

Dirigentes e estudiosos acreditam que, de uma maneira geral, trabalhando em

equipe as pessoas interagem mais facilmente e acabam por agilizar a troca de

informações, além de encontrar soluções mais criativas e adequadas do que o fariam se

trabalhassem sozinhas.

Além dos benefícios proporcionados às organizações, as equipes mostram-se

ainda, importantes aliadas dos indivíduos, que têm nessa forma de trabalho, um

caminho para o crescimento pessoal e desenvolvimento de habilidades.

É justamente

esse

aspecto

digamos,

motivacional

das

equipes,

que

interessa,

ao

presente estudo, abordar. Dito de outra maneira, o objetivo aqui é o de investigar de que

forma o trabalho em equipe pode contribuir para que seja despertada a motivação do

empregado para o trabalho.

Isto porém, ainda não é tudo. Como dizem Hughey e Mussnug (1998, p.146):

"os membros da equipe precisam ter a oportunidade de resolver problemas reais e tomar

decisões reais cm um ambiente que valorize seu discernimento". Dessa forma,

acredita-se que a autonomia é um ingrediente essencial para que a fórmula do trabalho em

equipe contribua significativamente para o desenvolvimento humano.

Assim sendo, procurar-se-á identificar de que forma o trabalho em equipes

autogcrenciadas. ou seja, equipes que possuem um considerável grau de autonomia,

(16)

autogerenciadas e a motivação dos empregados.

1.4. Relevância do Kstudo

Para melhor enfrentar os desafios que lhes são impostos a todo momento,

toma-se cada vez mais nítida para as organizações, a necessidade de contar com pessoas

criativas, flexíveis e altamente motivadas para desempenhar um bom trabalho.

Entretanto, tais qualidades não são obtidas tão facilmente e nem permanecem

constantes durante todo o tempo. Li necessário criar condições para que se desenvolvam

e para que. uma vez desenvolvidas, tornem-se características predominantes nas pessoas

e no ambiente organizacional.

De acordo com Bresciani (1999, p.2): "o estilo de gestão exerce um papel

dominante na criação das condições para motivação, participação e comprometimento

dos indivíduos com as metas da organização".

Desta forma, considerando a importância do estilo de gestão, é possível perceber

que a implementação do trabalho em equipe favorece o surgimento de um campo de

interações capaz de amplificar o conhecimento e as habilidades dentro das organizações,

contribuindo, ainda, para o desenvolvimento das potencialidades humanas.

Além da troca de habilidades, a interação favorece o contato entre as pessoas e o

sentimento de segurança advindo do apoio social por parte dos demais membros da

equipe.

Bresciani (1999) ressalta ainda, a importância da autonomia para que se

desenvolva nos grupos de trabalho, o principio da auto-organização, por meio do qual o

(17)

capaz de responder, tanto aos interesses das organizações, que buscam tornar-se

criativas e dinâmicas, quanto aos interesses das pessoas, que passam a ter no ambiente

de trabalho, uma fonte de satisfação, importante para o despertar da motivação e para o

desenvolvimento de habilidades que contribuam para o crescimento pessoal.

A relevância tio presente estudo esta em procurar abordar de que forma a

motivação e o trabalho em equipes autogerenciadas estão relacionados. Espera-se que a

resposta a tal problema represente uma maneira de contribuir para a análise da

qualidade de vida no trabalho e para a percepção de sua importância, tanto para as

pessoas, quanto para as organizações.

2 Metodologia

2.1. Tipo de Pesquisa

Segundo taxonomia proposta por Vergara (1998), esta pesquisa c assim

classificada:

Quanto aos fins:

Descritiva, pois visa descrever as influências do trabalho em equipes

autogerenciadas sobre a motivação tios empregados.

Kxplicativa. pois visa esclarecer de que forma a motivação pode ser

incluenciada pelo trabalho em equipes autogerenciadas.

Quanto aos meios:

Bibliográfica, pois ioram consultados livros, jornais e revistas, além de teses e

dissertações.

Telematizada. pois a internei foi utilizada para busca de material disponível em

(18)

autogerenciadas e motivação, na experiência de profissionais matriculados em cursos

lato sensu da Fundação Cjetulio Vargas.

2.2. Universo e Amostra

O universo desta pesquisa são profissionais que. a partir de suas experiências,

puderam contribuir com depoimentos que serviram de subsídios para a elaboração da

resposta ao problema proposto.

Como amostra, foram selecionados profissionais que estavam realizando cursos

lato scn.su na Fundação Cielulio Vargas. Tal se deu. pela facilidade de acesso a ela.

2.3. Coleta dos Dados

Os dados foram coletados por meio de:

Pesquisa bibliográfica, em publicações e trabalhos que abordam temas como

trabalho em equipe, autonomia e motivação.

Pesquisa telematizada. utilizando recursos disponíveis na internei, tornando

possível o acesso a Iwmcpa^cs e web sites cujos conteúdos abordam os mesmos temas.

Pesquisa de campo, por meio de questionários com perguntas fechadas e abertas

aplicados aos profissionais das turmas de cursos lato sensu.

A escolha da aplicação de quesuonarios deve-se a vantagens, tais como:

possibilitam atingir grande número de pessoas;

não há influencia do entre\ istador sobre os entrevistados;

possibilitam o tratamento estatístico dos dados;

(19)

vantagem da rapidez, tendo em vista que os questionários foram aplicados em horário

de aula. porém havendo a preocupação em não prejudicar o andamento delas.

Apôs a elaboração, o questionário Ibi previamente julgado por três especialistas

e depois, submetido a uma aplicação-pilolo. com o objetivo de detectar eventuais ajustes

que foram incorporados, permitindo a formatação final do instrumento.

2.4. Tratamento dos Dados

O tratamento dos dados obtidos nas pesquisas bibliográfica e telematizada

caractcri/.ou-sc pela seleção tio material, leitura e analise do conteúdo. Os dados

coletados nessas pesquisas serviram de embasamento teórico para a análise dos dados

obtidos nos questionários.

Quanto aos questionários, as respostas às perguntas abertas tiveram seu conteúdo

analisado e classificado: quanto às questões fechadas, as respostas sofreram tratamento

estatístico.

Os resultados obtidos com o tratamento dos dados provenientes dos

questionários foram comparados com as informações obtidas nas pesquisas

bibliográfica e telemati/ada.

2.5. Limitações do Método

Uma importante limitação do método utilizado nesta pesquisa está no tratamento

dos dados obtidos, tendo em vista que apesar de todo o embasamento teórico que possa

ser adquirido pelo pesquisador, questões subjetivas como sua capacidade de percepção,

interpretação e estruturação dos dados puderam esbarrar em suas limitações pessoais.

Tais limitações puderam, ainda, ter interferido na análise dos dados obtidos nos

(20)

vista que. apesar de tratar-se de alunos de cursos lato scnsii, nos quais supõe-se que a

maioria já tenha tido alguma experiência profissional que os permita responder ao

questionário, é possível que uma boa parte jamais tenha trabalhado em equipes

autogerenciadas ou sequer lenha ou\ ido falar delas, visto que tal prática ainda não é

amplamente difundida nas organizações.

Além disso, a técnica de questionários apresenta algumas limitações, conforme

apontado por Gil (1987, p. 126):

não oferece a garantia de ijiie a maioria das pessoas devolvam-no

devidamente preenchido, o que pode implicar a significativa diminuição da

represenlutividaile da amostra;

envolve, geralmente, numero relativamente pequeno de perguntas, porque é

sabido (/ue (/i.eslionái ios muito extensos apresentam alta probabilidade de

não serem respondidos:

proporciona resultados bastante críticos em relação à objetividade, pois os

itens podem ter significado diferente para cada sujeito pesquisado.

Neste capítulo foi apresentado o problema estudado, bem como as questões que

foram, posteriormente, respondidas, a delimitação e relevância do estudo. Foi

apresentada ainda, a metodologia científica utilizada na pesquisa. Isto é. foi explicitado

o tipo

de

pesquisa

adotado,

bem

como

o universo

e a

amostra,

aiém

dos

critérios

para

a

seleção dos sujeitos, os meios para a coleta dos dados e o tratamento dado aos mesmos.

Procurou-se, finalmente, expor as possíveis limitações referentes ao método utilizado.

No próximo capítulo será apresentado o referencial teórico que serviu como

(21)

Capítulo

2

A FRAGMENTAÇÃO

DO

TRABALHO

E SUAS

CONSEQÜÊNCIAS

PARA

O TRABALHADOR

Neste capítulo será verificado que o capitalismo provocou modificações na

relação entre o homem e o trabalho, dentre elas a gradativa perda da autonomia

relacionada ao controle tio produto e do processo de produção. Serão, ainda,

apresentadas algumas características do gerenciamento científico e sua influência no

processo de alienação da mào-de-obra.

1 A Perda da Autonomia ao Lon«o das Fases da Produção

De acordo com Fonseca (1()S4. p.27): "a informação histórica acerca de certas

fases da produção permite uma periodização com as seguintes etapas: cooperativismo,

manufatura e fábrica".

As duas primeiras elapas caracterizaram a fase de transição de sociedades

feudais para sociedades capitalistas. Já a terceira etapa - fábrica - foi caracterizada pelo

inicio ila automação, período em que o detentor do capital passou a centralizar a

organização do trabalho.

No cooperativismo. a autonomia era a essência do trabalho artesanal. Nele, o

artesão responsabili/ava-sc por todas as etapas do processo produtivo, tornando-se

qualificado o bastante naquilo que fazia, além de possuir total liberdade para determinar

seu próprio ritmo de trabalho.

Já na manufatura, extensão do processo anterior, ocorre a primeira dissolução do

trabalho artesanal. com a sua decomposição-recomposição pela divisão do trabalho e

parcclizaçào de tarefas (Tclles. 1('S2) . Neste momento, a figura do capitalista torna-se

(22)

trabalhador coletivo (operário), responsável por desempenhar apenas uma pequena

parcela do trabalho.

Segundo Marglin (1978. p.13). até este momento, "a especialização parcelar só

fez desaparecer um dos dois aspectos do controle da produção: o controle sobre o

produto. O controle operário do processo de trabalho ainda se mantinha intacto: o

operário era livre para escolher as horas e a intensidade do seu trabalho. Esta liberdade

só lhe foi retirada pela fábrica" .

Apesar de os historiadores da economia explicarem habitualmente o

desenvolvimento tia fábrica pela superioridade tecnológica das grandes máquinas,

Marglin defende a tese de que "O segredo do êxito da fábrica, a razão da sua adoção, é

que ela tirava dos operários o controle do processo de produção e transfería-o p.ira os

capitalistas. Na ausência de uma tecnologia superior, a disciplina e a vigilância podiam

reduzir os custos" (1978, p. 14). "...a divisão capitalista do trabalho aplicava o princípio

em que desde sempre as potências imperiais basearam a sua dominação: dividir para

reinar" (1978. p.l 1).

De acordo com essa teoria, portanto, a divisão capitalista do trabalho teve sua

origem muito mais influenciada pela necessidade do detentor do capital de preservar sua

hierarquia e autoridade do que por qualquer avanço tecnológico que pudesse aumentar a

eficácia. Ou seja. o receio de que os operários pudessem estabelecer-se por conta

própria e a necessidade de disciplinar o processo de produção teriam sido as principais

razões do advento das fábricas e não a tradicional atribuição que se faz ao maquinismo.

Com o passar do tempo, a imposição da disciplina, a vigilância sobre os operários e o

controle das atividades fizeram com que, aos poucos, o crescimento das fábricas

(23)

A dificuldade da gerência capitalista em lidar com a autonomia e a

descentralização da mão-de-obra também foram destacadas por Braverman (1977,

p.d6):

O controle sem centralização do emprego era. senão impossível, certamente

muito difícil, e assim o rec/msito para ti gerência era a reunião de

trabalhadores sob uni único teto. O primeiro efeito de tal mudança era

impor aos trabalhadores horas regalares de trabalho, em contraste com o

ritmo uuto-imposto que incluía muitas interrupções, meio-expedientes e

feriados....

Desta forma, se a manufatura, por meio da divisão parcelar do trabalho, havia

tirado do trabalhador apenas o controle sobre o produto, a introdução da fábrica foi

além, ao tirar-lhe ainda, o controle sobre o processo de trabalho.

A tese de Marglin, entretanto, não é. em sua integra, unanimidade entre os

estudiosos. Telles (1982. p.57), por exemplo, destaca um trecho da obra de Salm, na

qual o autor não concorda plenamente com o pensamento de Marglin de que a

preocupação com a hierarquia e o controle foram as principais causas da criação das

lábricas e o acusa de subestimar a importância das inovações tecnológicas como forte

atrativo ao aumentar a escala de produção e reduzir custos:

A fábrica, em seus primeiros estágios, de fato, não apresenta

necessariamente uma tecnologia superior á que se encontra na produção a

domicílio, quanto ao maquinismo. E. ao contrário dessa, implica certos

custos, como os de supervisão, de aluguel de espaço, de salários de

menores e outros exigidos pela legislação. Embora não haja o que objetar

iptanto à importância da intensificação do trabalho no regime de fábrica,

para entender como esses custos são cobertos, não há menção no texto de

(24)

inovações tecnológicas e não o contrário. Mas. c o aumento da escala que

dá sentido ao despotismo, pois permite baixar custos que não têm

significado para o produtor independente.

Independente do real motivo pelo qual tenha ocorrido a implantação das

fábricas, é importante perceber que elas tornaram-se um marco significativo na

evolução histórica da gestão úo trabalho, culminando no taylorismo e no fordismo,

pilares da administração científica cujas influências refletiram-se na intensificação da

fragmentação das tarefas e da perda de autonomia pela mão-de-obra.

2 O Gerenciamento Científico

O desenvolvimento das organizações capitalistas marcou não apenas a ruptura

do trabalho artcsanal e autônomo mas, deteniiinou ainda, o surgimento de um modelo

gerencial sob medida aos interesses do capital: o gerenciamento científico.

Tendo como principal objetivo aumentar a produtividade e atingir as metas de

produção e lucro, a idéia central do gerenciamento científico era que as organizações

consistiam sistemas racionais que deveriam operar da forma mais eficiente possível.

(Wood, 1992).

Não por acaso, o modelo de racionalização do trabalho teve como principal

elaborador. um engenheiro, o americano Frcderick Winslow Taylor, que definiu cinco

princípios destinados a "racionalizar" o trabalho nas oficinas do começo do século XX

(Vallc, 1993. p.5 e 6):

a) estudo científico de cada tarefa a ser executada pelo trabalhador;

b) seleção científica do trabalhador mais bem preparado para a execução

da tarefa dentro do padrão predefinido;

(25)

d) incentivo lios trabalhadores mediante elevações .salariais (possíveis

devido rir maior produtividade ohtula), mas unicamente dessa forma;

ei husca de uma constante cooperação entre direção e trabalhadores.

De acordo com Harvey (1993, p. 123). Os Princípios da Administração

Científica, publicados por Taylor em 1911. consistiam

um influente tratado que descrevia como a produtividade do trabalho podia

ser radicalmente aumentada através da decomposição de cada processo de

trabalho em movimentos componentes e da organização de tarefas de

trabalho fragmentadas segundo padrões rigorosos de tempo e estudo do

movimento.

Mais tarde. Henry Ford conseguiu aperfeiçoar tecnologicamente a administração

científica e obteve altos índices de produtividade, ao introduzir a linha de montagem.

Nela, cada homem executava uma pequena tarefa, obedecendo ao ritmo de procução

imposto pela máquina.

Dentre as características do gerenciamento científico, a separação e o

distanciamento entre cérebro e mão, isto é, entre quem planeja e quem executa,

demonstra mais claramente a diferença entre o trabalho autônomo do artesão em sua

oficina e a atividade mecânica do operário na fábrica.

Bravcrman (1977. p. 1 12 e 1 13), por exemplo, explica que o escritório gerencial

era responsável desde a concepção prévia do projeto e a definição de cada função até o

controle e verificação do processo em curso. Como conseqüência:

Os processos físicos são agora executados mais ou menos cegamente, não

apenas pelos trabalhadores, mas com freqüência também por categorias mais

baixas de empregados supervisores. As unidades de produção operam como a

mão. vigiada, corrigida e controlada por um cérebro distante. (...) Assim, ao

estabelecer relações sociais antagônicas, de trabalho alienado, mão e cérebro

(26)

3 Efeitos Negativos do Capitalismo e do Gerenciamento Científico Sobre o

Trabalhador

Os argumentos dos autores nos permitem concluir que. na passagem do

cooperativismo à fábrica, o trabalho foi tornando-se desprovido de sentido para o

trabalhador, á medida em que aumentavam a especialização parcelar e o controle do

processo produtivo, por parte do capitalista. Esse conjunto de fatores tirava do operário

a percepção global de sua atividade, ou seja, tirava-lhe a noção de princípio, meio e

fim.

Para

ele.

o trabalho

perdeu

significado.

não

era

possível

reconhecer

no

produto

linal, o resultado de seu esforço, tão pequena havia sido sua participação no processo de

produção.

Em seu artigo, Marglin (1978, p.10) cita uma crítica feita por Adam Smith à

divisão do trabalho:

Um homem (jiic passa toda li vida a executar um pequeno número de

operações simples, cujos efeitos, possivelmente, são sempre os mesmos, ou

muito aproximadamente os mesmos, não tem oportunidade de desenvolver a

sua inteligência nem de exercer a sua imaginação na procura de

expedientes para evitai- dificuldades que nunca surgem; ele perde portanto,

naturalmente, o hábito de desenvolver ou de exercer essas faculdades e,

regra geral, torna-se tão ignorante e estúpido quanto é possível a uma

criatura humana...

Ainda no que diz respeito ao prejuízo intelectual para o trabalhador, Braverman

(1977) explica que com a destruição do ofício e de seu conteúdo tradicional, ocorre um

rompimento quase completo entre a população trabalhadora e a ciência. Segundo ele, no

passado, esta relação era feita principalmente através do oficial ou do artesão e a

(27)

A atividade intelectual era intensa. O profissional vinculava o conhecimento

técnico e científico a pratica diária de seu oficio e os aprendizes tinham acesso a

publicações que eram fontes de conhecimento complementares ao ensinamento prático.

Ao empregar o conhecimento rudimentar cientifico de Matemática. Desenho etc,

na pratica de seu trabalho, esses profissionais tornavam-se parte importante do público

científico de seu tempo, demonstrando um profundo interesse por ciência e cultura que

ia além daquele relacionado com o oficio (Braverman. ll)77).

O autor cita diversos exemplos de operários c ferrageiros da época do ofício, que

tomaram-se grandes inventores, dentre eles, John Harwood, relojoeiro e consertador de

relógios que inventou o relógio automático. Em seguida, aponta a degradação da

atividade intelectual e criativa do trabalhador, a partir do desenvolvimento do

capitalismo, ao mencionar o resultado de um estt.do das características ocupacionais de

uma amostra aleatória de pessoas a quem se concederam patentes nos Estados Unidos

em ll)53. De acordo com a pesquisa. (>() eram engenheiros, químicos, metalúrgicos e

diretores de pesquisa e desenvolvimento; e a maior parte dos restantes era de executivos

não P&D; poucos eram trabalhadores produtivos. Para o autor, as condições capitalistas

de produção não estimulam o trabalhador e nem lhe permitem compreender o seu

trabalho (1977).

Este capítulo procurou demonstrar o processo de alienação da mão-de-obra, em

função

das

características

do

sistema

de

produção

capitalista.

Entretanto,

se

abordar

a

questão da divisão do trabalho e da perda de autonomia é fundamental para desenvolver

este estudo, também o será abordar a crescente preocupação com a motivação no

(28)

Capítulo

3

A PREOCUPAÇÃO

COM

A MOTIVAÇÃO

Este capítulo mostrará que os efeitos negativos da divisão parcelar do trabalho

trouxeram à tona a preocupação com a motivação do trabalhador. Sendo assim, será

feita aqui uma breve exposição de diferentes abordagens relacionadas ao tema

motivação, procurando enfatizar a abordagem contemporânea proposta por autores

como Bergamini. Kohn e Vergara.

1 Incentivos Financeiros e o Aspecto Social

A preocupação com a motivação, segundo Sievers (1990), está diretamente

relacionada à busca por algo que represente o interesse genuíno pelo trabalho. Algo que

foi perdido no momento em que o trabalhador deixou de controlar todo o processo de

trabalho e passou a fazer parte de uma complexa organização imposta pelos interesses

capitalistas:

a motivação só passou a ser um tópico (...) quando o sentido do próprio

trabalho desapareceu ou então foi perdido: a perda do sentido do trabalho

está diretamente ligada à crescente divisão e fragmentação do trabalho,

princípios que vem sendo observados na estruturação tia forma de

trabalhar na maioria de nossas organizações ocidentais (Sievers. 1990,

p.8).

Os sintomas da fragmentação do trabalho sobre a mão-de-obra, nome sugestivo

que revela a fragmentação entre os que pensam c os que fazem, certamente passaram a

ser percebidos com certa preocupação pelas organizações que, ainda no início do

capitalismo, sentiram a necessidade de estimular os empregados, de maneira a evitar a

(29)

Com este objetivo, a Escola de Administração Científica registrou alguns dos

primeiros estudos envolvendo a preocupação com a motivação no trabalho.

Taylor. um dos ícones desta Escola, desenvolveu o conceito de homo

econômicas, de acordo com o qual. o estímulo financeiro era a principal fonte de

motivação humana. Assim, incentivos salariais atrelados a um método mecanicista de

trabalho, tornaram-se os principais ingredientes da receita capitalista para aumentar

eficiência e reduzir custos operacionais.

Num segundo momento, um grupo de estudiosos começou a desmentir a teoria

dos incentivos financeiros. Não satisfeitos com a visào simplista e mecânica do homem

e de seu papel nas organizações, esses estudiosos, liderados por Elton Mayo, fundaram

a Escola de Relações Humanas, logo após a famosa experiência de Hawthorne, na qual

pesquisadores, inicialmente empenhados cm analisar a influência de fitores físicos do

ambiente na produtividade dos operários de uma fábrica, foram surpreendidos ao

verificar que esses fatores físicos e os incentivos financeiros tinham importância

secundária na motivação. Observou-se que a motivação e o conseqüente aumento de

produtividade no grupo estudado foram despertados por fatores como a satisfação dos

operários em participar do estudo, além do bom relacionamento entre si e com os

supervisores, que adotavam um estilo brando de controle, diferente do controle rígido

exercido pelos demais supervisores dos operários que não participavam do experimento.

Desta forma, em oposição â teoria da Administração Científica, segundo a qual a

motivação dependia de incentivos financeiros, a Escola de Relações Humanas,

reconhece, pela primeira vez, a importância de se fazer parte de um grupo e de ser

(30)

Alem destes fatores, segundo Bton Mayo (1946). mais liberdade, uma vigilância

menos precisa e a possibilidade de variar o ritmo sem ter que ouvir as observações de

um capataz foram fatores importantes para criar maior satisfação no trabalho.

Lopes (ll)S(), p.27) acrescenta que: "As investigações realizadas em Havvthorne

estimularam numerosas pesquisas e publicações, devotadas ao problema das relações

humanas e sociais no trabalho, como meio de motivação das pessoas (...)".

2 Condicionamento versas Motivação

Se. por um lado. as conclusões tia experiência de Hawthorne estimularam

diversos estudos sobre a importância do fator social para a motivação humana, por

outro, as organizações aparentemente ignoraram tal descoberta e provaram que, ao

longo do tempo, estiveram mais interessadas em procurar apenas por recursos capazes

de induzir os trabalhadores a elevados níveis de desempenho.

Entretanto, se não conseguiram sensibilizar as organizações de maneira

definitiva, as conclusões obtidas em Hawthorne parecem ter fornecido as primeiras

pistas aos autores contemporâneos que, a despeito do que pregava Taylor, não vêem

relação estreita entre a oferta de incentivos, sejam eles financeiros, de status ou de

qualquer outro tipo e a motivação do trabalhador.

Autores como Bergamini. Kohn, Vergara e Sievers definem motivação como

algo intrínseco ao ser humano associado aos seus interesses verdadeiros, sendo capaz de

satisfazer suas necessidades individuais. Para esses autores, motivação não é fruto de

estímulos externos; ao contrário, nada nem ninguém é capaz de motivar outra pessoa.

Bergamini, por exemplo, acredita que a confusão entre aquilo que se deve

chamar de "pura reação" (condicionamento) e o que dever ser reconhecido como

(31)

por aqueles que buscam eficácia no dia-a-dia de trabalho dentro das organizações

(1990).

A crítica feita por Bergamini (1990) e compartilhada por Kohn. diz respeito às

organizações que, inspiradas pela teoria behaviorista. passaram a criar uma série de

incentivos e recompensas para controlar as atitudes dos empregados, acreditando ser

este o caminho para a motivação no trabalho. De acordo com Kohn (1995, p.13):

.1 teoria bchaviorisía, derivada do trabalho com animais em laboratórios, é

indiretamente responsável por esses programas, tais como pagamento por

peça para trabalhadores de fábrica, opções para compra de ações para

ídtos executivos, privilégios especiais atribuídos ao Empregado do Mês e

comissões para o pessoal de venda.

Para Bergamini (1990, p.26), tais incentivos, recompensas ou punições

funcionam, na verdade, como wiriáveis extrínsecas às pessoas,, capazes apenas de

"colocá-las em movimento por meio de uma seqüência de hábitos que são o fruto de um

condicionamento imposto pelo poder das forças condicionantes do meio exterior". Ou

seja, essas variáveis conseguem condicionar as pessoas a um determinado

comportamento, mas não são responsáveis por sua motivação.

Já Kohn (1995) alerta para o fato de que as variáveis externas, chamadas por ele

de "suborno", funcionam apenas momentaneamente, pois quando deixam de existir, os

comportamentos por elas provocados também desaparecem.

Para o autor:

caso o objetivo seja excelência, nenhum incentivo artificial pode estar à

altura do poder da motivação intrínseca. As pessoas que fazem um trabalho

excepcional podem ficar contentes em ser pagas e mais contentes ainda em

ser bem pagas, mas não trabalham para receber pagamento. Trabalham

porque amam aquilo que fazem íKohn. 1995. />. 1 iS).

BIBLIOTECA MARIO HENRIQUE S

(32)

A visào contemporânea de motivação nos mostra, portanto, que e inútil procurar

por fórmulas de incentivos capazes de motivar pessoas e de torná-las genuinamente

comprometidas com uma determinada atividade. Isso acontece porque, conforme

explica Vergara (1999. p.42) motivação é "uma força, uma energia que nos impulsiona

na direção de alguma coisa (...) absolutamente intrínseca, isto é. está dentro de nós,

nasce de nossas necessidades interiores".

Desta forma, para compreender o que significa motivação, é preciso estar atento

a uma dimensão mais intrínseca e mais profunda da natureza humana. (Bergamini.

1990).

Além de intrínseca, a motivação surge a partir de carências distintas, ou seja, não

há como esperar que cm uma organização todos motivem-se da mesma forma e visando

ao mesmo objetivo. Como adverte Bergamini (1990, p.33):

(...) toda generalização feita a respeito dos tipos de objetivos motivacionais

mais freqüentemente perseguidos pela maioria dos indivíduos ê ingênua e

inadequada. Cada uma das pessoas que foram interrogadas por meio dessa

sistemática de pesquisa, poderá ter diferentes estados de carências naquele

momento e. consec/iientcniente. elas estabelecerão comportamentos de

husca que possuem orientações especiais para esquemas produtores muito

diferentes entre si.

Essa tendência a generalização e a falta de percepção das carências individuais

estão entre as principais falhas das organizações ao desenvolverem programas na

tentativa de "motivar " seus empregados.

Preocupada com tais falhas, Bergamini (1990, p.31) acredita que: "a grande

preocupação não deve ser a de buscar o que deve ser feito para motivar as pessoas, mas

deve estar particularmente orientada no sentido da busca de estratégias que visam evitar

(33)

3 O Papel da Organização

A preocupação com a utilização inadequada das teorias sobre motivação não é

exclusiva de Bergamim. Sievers. por exemplo, tez aquilo que chamou de "ressalvas

quanto às teorias motivacionais no contexto atual de trabalho em empresas" (1990, p.6).

Dentre essas ressah -vs destaca-se a constatação ..Io autor de que:

dentro do contexto administrativo e tcórico-organizacional. a motivação foi

convertida em um instrumento de invasão, manipulação e controle, através

do qual dirigentes ou acjiteles (pie foram por eles legitimados podem

provocar determinado tipo de comportamento em seus subordinados

(Sievers, 1990, p.6).

Percebe-se aqui. o temor do autor pela possibilidade de que a compreensão da

motivação humana sirva como mais um mecanismo de manipulação a favor dos

interesses organizacionais.

Entretanto, lai u.çaniúi não seria assim tão fácii. uma vez que, conforme explica

Vergara: "as pessoas têm valores diferentes, necessidades diferentes, interesses

diferentes, organização familiar diferente, hackgrouml cultural diferente, formação

profissional diferente, enfim, uma história de vida diferente que condiciona suas

motivações" (1999. p.43).

A questão torna-se ainda mais complexa se se considerar o fato de que o

comportamento das pessoas é o resultado de diferentes motivações. Sendo assim, "o que

motiva uma pessoa pode não motivar outra. E mais: o que nos motiva em determinado

momento pode ori^ mniva: m outro" (Vergara. 19°9. p.52).

Analisando a questão por este prima, percebe-se que seria inútil às organizações,

a tentativa de compreender o mecanismo de motivação humana com o objetivo de

(34)

organizações e um papel indireto, ou seja. cabe a elas a tentativa de estimular,

incentivar, provocar a motivação das pessoas. Para tanto. Vergara (1999) explica que o

primeiro passo do gestor e ter sensibilidade para compreender e aceitar as diferenças.

Outra providencia de igual importância e contribuir para o resgate úo significado

do trabalho. De acordo com Sievers (1990), o trabalho perdeu o sentido para o

trabalhador cm função de seu processo de divisão e fragmentação em cargos e

atividades isoladas. Sem a noção do todo. o trabalhador já não consegue mensurar a

importância de sua atividade para os objetivos de sua organização.

Para o autor, portanto, de nada adianta falar sobre motivação, sem que se atente

para a necessidade de se devolver ao trabalho seu significado. Quando não há esse

cuidado, Sievers acredita que: "Através da motivação, a falta de sentido do trabalho é

substituída ou traduzida p^la seguinte questão: cemo é possível conseguir-se que as

pessoas atuem e produzam sob condições nas quais elas normalmente não estariam

motivadas a trabalhar?" (1990, p. 13)

4 Motivação pelo Trabalho Significativo

Diante da diversidade de motivações, o que parece ser unânime nas opiniões de

diferentes autores é que. para o trabalhador, a motivação para alcançar a auto-realização

é muito mais importante do que a motivação para obter as recompensas financeiras e

materiais, embora esta última lhe garanta a satisfação de uma série de necessidades

importantes, denominadas necessidades primárias.

Essa preocupação com a auto-realização é destacada por Fonseca e Pereira

(1997, p.74): "os empregados querem um trabalho mais significativo, melhor

remunerado, com mais chances de crescimento, de aprendizado pessoal e maior

(35)

Bergammi ( 19l)0). acrescenta que Her/.berg já fazia a distinção entre fatores de

motivação e fatores extrínsecos. chamado de higiênicos. De acordo com sua teoria, os

fatores de motivação devem ser espontaneamente escolhidos e perseguidos pelo

indivíduo. Já os fatores higiênicos, devem ser oferecidos pela empresa e, quando

inexistem, fazem com que as pessoas adotem condutas passivas.

Desta forma, organizações que manipulam o desempenho de seus empregados,

valendo-se de seu poder de controle sobre os fatores higiênicos, recompensas e

punições, podem até conseguir colaboração. Entretanto, tal conquista é de curto prazo,

pois. a longo prazo, o verdadeiro comprometimento do indivíduo para com a atividade

estará ameaçado.

Esse efeito é muito bem descrito novamente por Bergamini (1990, p.30):

como as pessoas não se deixam mai ipular, embora aparentemente

continuem a reagir mostrando grande movimentação, sabe-se que a

Hualidade da energia pessoal investida em tais atividades condicionadas

diminui gradualmente e o empregado produz cada vez menos.

Desta forma, encontrar um significado para o trabalho e sentir-se útil, realizando

uma atividade que realmente importe e que seja reconhecida pelos demais integrantes da

organização ou da sociedade são fatores, concordam os atores, que contribuem para a

auto-realizaçào do indivíduo e para sua motivação de uma maneira muito mais

verdadeira do que qualquer artificio extrínseco a ele.

Para compreender melhor o que caracteriza um trabalho significativo, é preciso

conhecer os elementos que o compõem. Segundo Vergara (1999, p.66), estes elementos

sao:

(36)

oportunidade de proporcionar as pessoas uni papel social nas atividades

da sociedade;

promoção, na pessoa, da sensação de estar contribuindo, de pertencer,

de ser apreciado, o (jue permite desenvolver sua auto-estima;

oportunidade de produzir hens e serviços desejados pela sociedade;

promoção de satisfação.

Já Lévy-Leboyer (1994. p. 126 127) menciona outros três aspectos que,

segundo ele "contribuem para dar um significado ao trabalho":

a variedade das aptidões e das capacidades colocadas cm /ogo no cargo;

a identidade do cargo, ipie dizer, a possibilidade de cada trabalhador

identificar o traballio (pie fez por si mesmo;

valor do cargo, que dizer, sua importância e sua utilidade aos olhos

daquele que o desempenha.

Para o autor, em organizações nas quais esses três fatores encontram-se

desenvolvidos, a produtividade e a qualidade do trabalho se acham igualmente

melhoradas. Segundo ele:

a reorganização das tarefas feita no sentido de um aumento do significado

do trabalho para tupielc que o realiza e as novas formas de organização do

trabalho que permitem aumentar a variedade, a identidade c o valor da

tarefa representam certamente uma fonte potencial que relança as

motivações no trabalho (1994. p. 131-132).

Entretanto, adverte que não se deve encará-las como verdades absolutas ou

como método de eficácia constante. Na verdade, seus efeitos psicológicos e a natureza

da ligação que permitem estabelecer entre o homem e o seu trabalho dependem da

situação como um todo e de alguns parâmetros, tais como as características individuais

particulares aos trabalhadores envolvidos, suas expectativas c experiências anteriores,

(37)

Este capítulo procurou enfatizar a abordagem crítica feita por alguns autores

contemporâneos, segundo os quais, a motivação é algo intrínseco ao indivíduo, que diz

respeito a seus interesses mais genuínos e ao seu projeto de vida. Foi visto ainda que, a

despeito do que propunha a Escola de Administração Científica, os incentivos

financeiros funcionam, na verdade, apenas como variáveis condicionantes do

comportamento sem. no entanto, influenciar a motivação do trabalhador.

Verificou-se ainda que, no que diz respeito à motivação, a organização tem um

papel indireto, limitado à tentativa de despertá-la, estimulando os interesses dos

indivíduos por meio de praticas que tornem o trabalho mais agradável e significativo.

No próximo capítulo, será feito o avanço na analise desse papel, digamos

"facilitador" da organização. Para tanto, será estudada a possível contribuição de

práticas como o incentivo à autonomia e ao trabilho em equipe para o resgate do

significado do trabalho e para a valorização do aspecto social, abordado no início deste

(38)

Capítulo

4

EQUIPE E AUTONOMIA:

COMPONENTES DO TRABALHO SIGNIFICATIVO

1 Trabalho em Equipe e os Novos Desafios da Organização

O fenômeno da globalização e suas conseqüências de ordem econômica, tais

como a competitividade em mercados internacionais, pressão por custos menores e

produtividade maior vêm provocando, nas últimas décadas, uma mudança na forma

como o ser humano era visto dentro das organizações. Segundo Lannes (1999), apesar

de o modelo taylorisla ainda imperar nas organizações, a departamentalização, criando

feudos internos que competem entre si enquanto os objetivos estratégicos da

organização são esquecidos, começa a ceder espaço para as formas descentralizadas de

poder, nas quais o ser humano passa a ser considerado uma fonte de vantagem

competitiva.

Neste contexto, o trabalho em equipe ganha um grande impulso, na medida em

que cresce o número de empresas que o adotam como alternativa para maior dinamismo

e flexibilidade.

Katzenbach e Smilh (1994. p.XIX). por exemplo, acreditam que a melhor

maneira de os administradores lidarem com os desafios que agora têm diante de si é

dando às equipes uma ênfase muito maior do que a dada anteriormente. Para os autores:

Os desafios de performance com que se defrontam grandes empresas em

cada um dos setores - por exemplo, assistência a clientes, modificações

tecnológicas, ameaças competitivas e restrições de caráter ambiental

-exigem um tipo de reação, velocidade, customização on-line e qualidade

(39)

Para que se possa compreender as razões disso, os dois autores sugerem que

sejam examinados padrões comuns de mudanças comportamentais. que freqüentemente

são vistos como necessários para que possam ser enfrentados os desafios do futuro para

muitas empresas, conforme se pode ver na Figura 1:

Figura 1: Mudanças comportamentais exigidas pela performance nos anos 1990 e

seguintes.

De

Responsabilidade individual.

Separar aqueles que pensam e tomam

decisões daqueles que trabalham e fazem

coisas.

Desenvolver a excelência funcional

! através da execução por cada pessoa de

um estreito conjunto de tarefas de forma

cada vez mais eficiente.

Dependência de controle gerencial.

0 pagamento adequado pelo trabalho

realizado.

Para

Apoio mútuo, responsabilidade conjunta

e relacionamentos baseados em confiança

em adição à responsabilidade individual.

Esperar que todos pensem, trabalhem e

façam coisas.

Estimular pessoas a desempenhar

múltiplos papéis e a trabalhar

conjuntamente e de modo intercambiável

visando ao contínuo aprimoramento.

Conseguir que pessoas concordem com

um propósito significativo, para poder

ajudar a formular uma direção e para

aprender.

Aspiração de crescimento pessoal que

seja capaz de expandir e ao mesmo tempo

explorar os talentos de cada pessoa.

(40)

As mudanças descritas na Figura 1 indicam que o caminho a ser trilhado pelas

organizações requer um esforço cada vez maior no sentido de se promover formas de

gestão que favoreçam o desenvolvimento dos recursos humanos e privilegiem a

interação e a troca de habilidades em prol de um objetivo comum. Nesse novo caminho,

não deve haver espaço para o isolamento e para a disputa mibitória da cooperação e dos

benefícios tia criatividade.

As tendências de mudanças mencionadas ratificam, ainda, a tese da chamada

Arquitetura Organizacional, uma das abordagens mais recentes em administração,

segundo a qual o trabalho em equipe constitui um dos principais pilares para a gestão de

empresas no futuro. A proposta defendida por esta abordagem é a de que deve haver

congruência entre o trabalho, as pessoas, a organização formal e a informal. O objetivo

é que a integração entre esses fatores garanta naior agilidade nas respostas aos desafios

impostos pelo ambiente.

2 Definição de Equipe

A definição de equipe muitas vezes se confunde com a definição de grupo de

trabalho. Embora para alguns autores a distinção entre os termos "grupo" e "equipe"

não seja relevante, para outros e fundamental que se estabeleça claramente a diferença

entre eles. Segundo Lanncs (1999. p.2):

na literatura administrativa o termo "equipe" se aplica a um grupo que

possui certas características especiais em termos de afinidade, sentido de

missão e que trabalha de forma cooperativa. Já o "grupo" c empregado

para enfatizai' uma reunião de pessoas que embora trabalhando fisicamente

próximas, não apresentam as características citadas de uma equipe.

Katzenbach e Smith (1994. p.223) procuram estabelecer com maior clareza as

(41)

Figura 2: Diferenças entre grupo de trabalho e equipe

Grupo de Trabalho

Líder forte e claramente enfocado.

Responsabilidade individual.

0 propósito do grupo e igual a missão da

organização como um lodo.

Produtos de trabalho individuais.

Realiza reuniões eficientes.

Mede sua eficácia de forma indireta, ou

seja, por meio de sua influência sobie

outras pessoas (por exemplo.

performance financeira da empresa).

Discute, decide e delega.

Kquipe

Papeis compartilhados de liderança.

Responsabilidade individual e mútua.

1 lá um propósito específico de equipe que

ela mesma realiza.

Produtos de trabalho coletivos.

Estimula reuniões com discussões abertas

e uma atividade dinâmica de resolução de

problemas.

Vlede sua performance de forma direta,

ou seja, através ca avaliação dos seus

produtos de trabalho coletivo.

Discute, decide e executa trabalho real

em coii|unto.

Fonte: Katzenhach e Smiiii. l'J'J-1. p.223.

Como é possível observar na diferenciação elaborada pelos autores, o trabalho

em equipe pressupõe um elevado grau de envolvimento entre os membros e o

compromisso de todos para o sucesso de um propósito comum.

Para um melhor entendimento da complexidade das equipes e de seus benefícios

para as organizações, deve-se analisar também, a definição de equipe elaborada por

Hughcy e Mussnug ( 1WX. p. 142):

F.quipc c um ^rupo de funcionários que trabalha para atingir uma meta

(42)

procedimentos nu priiticcis e ioiiuiiuIo decisões (jiw estimulem iodos os seus

membros a utilizar plenamente seu potencial.

De igual valia c a ilellniçào elaborada por Katzenbach e Smith (1994, p.42):

F.quipc e um pec/ueno numero de pessoas com conhecimentos

eomplemenlares, compromissadas com o propósito, meias de performance e

abordagem comuns, e pelos (piais se mantém mutuamente responsáveis.

Para estes dois últimos autores, a preocupação com o pequeno número de

membros significa que uma equipe de dez pessoas, por exemplo, apresenta maior

probabilidade de trabalhar com sucesso suas diferenças individuais, funcionais e

hierárquicas, do que unia equipe de cinqüenta pessoas.

No que diz respeito aos conhecimentos complcmcntares. os autores acreditam

que "Equipes têm de desenvolver a mistura correta de conhecimentos, isto é, cada um

dos conhecimentos complementares necessários ao desempenho do trabalho da equipe"

(1994, p. 44).

Segundo eles. existem três categorias de requisitos de conhecimento de equipe:

competência técnico ou funcional; capacidade para solucionar problemas e para tomar

decisões e conhecimentos interpessoais.

Os autores acreditam ainda, que as equipes desenvolvam direção, impulso e

compromisso por trabalhar no desenvolvimento de um propósito significativo. Além

disso, elas também precisam desenvolver uma abordagem comum - isto é, a forma

como trabalharão em conjunto visando à realização do seu propósito.

Além disso, propósitos e abordagens comuns, incentivam a responsabilidade

mutua, pela performance da equipe, tanto em lermos individuais como coletivos

(43)

3 Benefícios do Trabalho em Kquipe para o Ser Humano

Conforme concordam inúmeros autores, o trabalho em equipe contribui de forma

significativa para o bom desempenho da organização, sobretudo, num ambiente

competitivo. Entretanto, c preciso compreender que a razão desse benefício para a

organização está intimamente ligada a benefícios ainda maiores, proporcionados ao ser

humano que nela trabalha.

Ao trabalhar em equipe, o ser humano, além de usufruir do convívio social, tem

sua criatividade fortemente estimulada. De acordo com Vergara (1999, p. 152):

(...) ccpiipcs tem tendência maior a assumir riscos, porque a

responsabilidade pelos resultados fica eompartiUiada. A pessoa pode deixar

vir à tona o i/ue está nela interiorizado e a equipe pode obter resultados

inativos.

ICohn (1998, p.2()0<>) rati'ka o po Uo de vista de Vergara ao afirmar que:

.í.v pessoas lieam, de fato, nuas entusiasmadas quando têm um sentimento

de pertencer a uni grupo, vendo-se a si mesmas como parte de uma

comunidade, o que seria difícil de ocorrer se ficassem num ambiente de

trabalho no qual cada um é deixado a agir por sua própria conta.

Um outro benefício relacionado ao trabalho em equipe diz respeito ao

comprometimento. Segundo Vergara (1999. p. 152): "Quando o poder é compartilhado,

o que é o caso do trabalho em equipe, no geral as pessoas sentem-se responsáveis pelo

resultado e engajam-se no processo. Há ai um componente de cumplicidade. As pessoas

sentem-se motivadas."

Para Kat/.enbach . Smith ( 1994. p.52-53). o comprometimento das pessoas está

associado ao estabelecimento de metas de desempenho pela própria equipe. Os autores

explicam que saber claramente como e onde chegar pode contribuir positivamente para

(44)

(...) metas a'e pcriormance são lorcas motivadorus. Elas desafiam as

pessoas que participam da eijuipe a se comprometerem, em equipe, a fazer

uma ilifcreiiça. Drama, urgência e um sadio temor de fracasso se combinam

e passam a mover as ecjuipes '/ue têm seu olho coletivo focalizado em uma

meta atingível.

A questão tio comprometimento e lambem abordada por Byham, Dixon e

Wcllins (1995). Para os autores, criar um senso de propriedade do trabalho é um

princípio básico do conceito de equipes. Segundo eles, sentir-se parte de algo

significativo é difícil quando se faz o mesmo trabalho o tempo todo, e não se consegue

ver como o seu trabalho se enquadra em um conceito maior. Sendo assim, criar a

sensação de propriedade geralmente implica dar às equipes responsabilidade por

produtos inteiros, serviços ou grupos de clientes.

Esta questão, aliás, esta "elacionada à critica que se faz à forma como a

sociedade capitalista fragmentou o trabalho em partes estanques, tornando impossível

ao indivíduo perceber a dimensão real daquilo em que estava envolvido a cada dia que

entrava na fábrica para trabalhar horas a fio.

Conforme explica Vergara ( 1999. 152). o ser humano, para ser feliz no trabalho,

quer e precisa sentir-se responsável pelo que faz e. para sentir-se responsável, precisa de

liberdade para opinar, participar, decidir: "Na sociedade agrícola e na industrial

prevalecia a imposição (chefe e subordinados). A sociedade de informação requer outro

tipo de relação, porque pessoas informadas questionam".

As profundas diferenças entre a estrutura tradicional de organização e o projeto

de equipe foram identificadas por Byham. Dixon e Wellins (1995). Ao realizarem um

estudo com 20 organizações, os autores observaram seis princípios recorrentes, que

conduziram o reprojeto de processos e responsabilidades, conforme se pode observar na

(45)

Figura 3: Princípios que conduziram o reprojeto de processos e

responsabilidades

Estrutura Tradicional Projeto de Equipe

Trabalho projetado cm torno de funções. Trabalho projetado em torno de

processos.

Nenhum senso úc propriedade. As equipes exercem domínio sobre o

: produto, os serviços ou o processo.

Especialização em uma função. i Especialização em várias

funções/Treinamento multifuncional.

Líderes dirigem equipes. Equipes dirigem equipes.

Habilidades e pessoal de apoio externos à Habilidades/pessoal de apoio

equipe. : incorporados à equipe.

j |

Os gerentes tomam todas as decisões Equipes envolvidas em decisões de

organizacionais. âmbito organizacional.

Fonte: Byluun, Di.xou c Wellins. l()95, p.S02

Analisando as di tincòes descritas na figura 3. é possível observar que o projeto

de equipe propõe, acima de tudo. maior descentralização das decisões, forte interação e

comprometimento tios empregados.

Para autores como llughey e Mussnug (1998. p. 146) o conceito de equipes

significa fazer as coisas de uma maneira melhor. Para eles:

Se a estrutura iradiciomil de gestão representasse de fato uma maneira

melhor, c nbvio (pie não teria surgido nenhuma demanda de mudar as

coisas. l:iiti\ttanto. séculos de tentativas de administrar por controle rígido

Imagem

Figura 2: Diferenças entre grupo de trabalho e equipe
Figura 3: Princípios que conduziram o reprojeto de processos e
Figura 4: Principais obstáculos à implantação das equipes autogerenciadas nas
Tabela 2: Sexo dos sujeitos da pesquisa Sexo Feminino Masculino Total f5164115 %44,355,7100
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Referências

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