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Representações discursivas de Lula nas capas das revistas Época e Veja

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM DOUTORADO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM

LUCÉLIO DANTAS DE AQUINO

REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DE LULA NAS CAPAS DAS REVISTAS ÉPOCA E VEJA

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Lucélio Dantas de Aquino

REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DE LULA NAS CAPAS DAS REVISTAS ÉPOCA E VEJA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Estudos da Linguagem, área de concentração em Linguística Aplicada.

Orientador: Prof. Dr. Luís Álvaro Sgadari Passeggi

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Seção de Informação e Referência

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede Aquino, Lucélio Dantas de.

Representações discursivas de Lula nas capas das revistas Época e Veja / Lucélio Dantas de Aquino. – Natal, RN, 2015.

230 f.

Orientador: Luís Álvaro Sgadari Passeggi.

Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem.

1. Linguística do texto - Tese. 2. Análise Textual dos Discursos - Tese. 3. Representações discursivas - Tese. 4. Lula – Tese. 5. Gênero de discurso capa de revista – Tese. I. Passeggi, Luís Álvaro Sgadari. II. Título.

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Lucélio Dantas de Aquino

REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DE LULA NAS CAPAS DAS REVISTAS ÉPOCA E VEJA

Esta tese foi julgada adequada para a obtenção do grau de Doutor em Estudos da Linguagem, área de concentração em Linguística Aplicada, e aprovada em sua fase final pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.

Natal, 05 de agosto de 2015.

Banca Examinadora:

_________________________________________________ Prof. Dr. Luís Álvaro Sgadari Passeggi

Orientador e presidente

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

_________________________________________________ Profa. Dra. Maria Eliete de Queiroz

Membro externo

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)

_________________________________________________ Prof. Dr. Gilton Sampaio de Souza

Membro externo

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)

_________________________________________________ Profa. Dra. Maria das Graças Soares Rodrigues

Membro interno

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

_________________________________________________ Profa. Dra. Marise Adriana Mamede Galvão

Membro interno

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DEDICATÓRIA

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por toda a força que me concedeu nesta longa jornada.

A minha família, meu porto seguro e maior incentivadora de minha formação pessoal e profissional.

Ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem do Departamento de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a todos os meus mestres, especialmente aqueles que colaboraram diretamente para a construção deste trabalho.

Ao meu orientador, Luís Álvaro Sgadari Passeggi, pelo olhar teórico sempre crítico e visionário, bem como pelo seu apoio aos meus interesses de pesquisa.

Aos examinadores da qualificação e da defesa que dedicaram seu tempo à leitura desta pesquisa e que, decididamente, cooperaram para a realização de um trabalho mais coerente e coeso.

Aos meus amigos/irmãos Alexandro Gomes e Adriana Jales por todos os momentos em que estiveram ao meu lado, torcendo por mim e contribuindo com discussões linguísticas e extralinguísticas enriquecedoras.

À professora Medianeira Souza que tão sabiamente me conduziu pelo caminho da Multimodalidade Discursiva, permitindo com que os conhecimentos obtidos por suas orientações refletissem no meu trabalho de doutoramento.

Aos presentes que Deus me deu em forma de amigos e que muito acrescentaram na fase final do meu trabalho: Alex Nascimento, Luzia e Mário Sérgio. Obrigado por compartilharem comigo noites de tensões e de alegrias.

À família Rodrigues que me acolheu como um dos seus, especialmente a Dulcinéia, Mayara, Maxwell e Jane Fonseca. Obrigado por tudo.

Aos meus colegas de doutorado da turma 2011.1, especialmente às amigas Anahy Zamblano, Rosângela Bernardino e Elis Betânia Costa.

Aos meus colegas do Instituto Metrópole Digital pelo incentivo e camaradagem e, em especial, a minha chefinha Apuena Gomes por me incentivar e torcer pelo meu sucesso.

Ao Programa REUNI pelo ano de concessão de bolsa para atuar junto ao componente curricular Práticas de Leitura e Escrita na Escola de Ciências e Tecnologia.

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AULA DE PORTUGUÊS

A linguagem na ponta da língua, tão fácil de falar e de entender.

A linguagem na superfície estrelada de letras, sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, e vai desmatando o amazonas de minha ignorância. Figuras de gramática, esquipáticas, atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora, em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

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RESUMO

Esta tese se propõe a analisar as representações discursivas de Lula nas capas das revistas Época e Veja, considerando os elementos verbovisuais que constituem o gênero de discurso capa de revista.Nesse sentido, buscamos descrever e interpretar as representações discursivas (Rds), tomando como fundamentação teórica a Análise Textual dos Discursos – ATD, elaborada por Jean-Michel Adam (2011a), concentrando nossa atenção no nível semântico do texto, isto é, na dimensão que nos permite compreender as Rds vigentes em um texto. Para a discussão sobre as Rds e suas categorias de análise – referenciação, predicação, modificação, relação e localização espacial e temporal –, partimos dos estudos de Grize sobre as operações lógico-discursivas (1990, 1996), até chegarmos aos estudos que discutem questões linguísticas, textuais e discursivas em enunciados concretos, tais como Castilho (2010), Rodrigues; Passeggi; Silva Neto (2010), Neves (2011), Rodrigues et al. (2012), Passeggi (2001; 2012), Queiroz (2013), entre outros. Além desses, amparamo-nos na Multimodalidade Discursiva para darmos conta da verbovisualidade presente na capa de revista (KRESS; van LEEUWEN, 2006; DIONISIO, 2011; DIONISIO; VASCONCELOS, 2013). Através de uma pesquisa de abordagem qualitativa com apoio quantitativo, de tipo documental, realizamos com base no método dedutivo-indutivo a descrição e interpretação do corpus (SEVERINO, 2007; CHIZZOTTI, 2010; OLIVEIRA, M., 2013), a fim de reconstruirmos as Rds de Lula. O corpus é constituído por quarenta e uma capas de revistas, sendo dezessete da revista Época e vinte e quatro da revista Veja. As capas datam da candidatura em que Lula foi eleito o Presidente do Brasil, no ano de 2002, ao último ano de mandato após a reeleição em 2006, no ano de 2010, ou seja, um período de nove anos. Com base na análise realizada podemos afirmar que as revistas Época e Veja constroem diversas Rds de Lula, tais como: candidato; candidato eleito; presidente; presidente eleito; presidente reeleito; governante e membro de partido político; político; petista/sigla do PT; aliado de governos internacionais; cúmplice e participante em escândalos de corrupção; amigo, irmão, primo, sobrinho, pai, parente e homem; além de outras que se desdobram a partir destas por intermédio dos modificadores dos referentes e processos, pelos próprios processos e conexões e analogias realizadas sobre o objeto de discurso Lula. Não obstante, a reconstrução dessas Rds se deram pela descrição e interpretação das escolhas linguístico-textuais e discursivas que as revistas fazem para produzir as proposições-enunciados, bem como pelas escolhas das imagens e demais recursos visuais, todas elas operando co(n)textualmente articuladas para produzir efeitos de sentido desejados pelas revistas. Em conclusão, as Rds verificadas exigem uma reflexão, descrição e interpretação acerca da referenciação, da predicação, da relação e da localização espaciotemporal que só foram possíveis pela análise textual-discursiva do arranjo verbovisual que compõe o texto do gênero de discurso capa de revista.

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RESUMEN

Esta investigación se propone a analizar las representaciones discursivas de Lula en las portadas de las revistas Época y Veja, considerando los elementos verbo-visuales que constituyen el género de discurso portada de revista. En ese sentido, buscamos describir e interpretar las representaciones discursivas (Rds), tomando como fundamentación teórica el Análisis Textual de los Discursos – ATD, teoría elaborada por Jean-Michel Adam (2011a), concentrando nuestra atención en el nivel semántico del texto, o sea, en la dimensión que nos permite comprender las Rds en un texto. Para la discusión sobre las Rds y sus categorías de análisis – referenciación, predicación, cambio, relación y localización espacial y temporal –, partimos de los estudios de Grize sobre las operaciones lógico-discursivas (1990, 1996), hasta los estudios que discuten cuestiones lingüísticas, textuales y discursivas en enunciados concretos, tales como Castilho (2010), Rodrigues; Passeggi; Silva Neto (2010), Neves (2011), Rodrigues et al. (2012), Passeggi (2001; 2012), Queiroz (2013), entre otros. Además, nos amparamos en la Multimodalidad Discursiva en lo que se refiere a la verbo-visualidad presente en la portada de revista (KRESS; van LEEUWEN, 2006; DIONISIO, 2011; DIONISIO; VASCONCELOS, 2013). A partir de una investigación de abordaje cualitativo bajo un apoyo cuantitativo, de tipo documental, realizamos con base en el método deductivo-inductivo la descripción e interpretación del corpus (SEVERINO, 2007; CHIZZOTTI, 2010; OLIVEIRA, M., 2013), con el fin de reconstruir las Rds de Lula. El corpus está formado por cuarenta y una portadas de revistas, diecisiete de la revista Época y veinticuatro de la revista Veja. Las portadas son del período de la candidatura en la que Lula fue electo Presidente de Brasil, en el año de 2002, hasta el último año de mandato tras la reelección en 2006, en 2010, o sea, un período de nueve años. Con base en el análisis realizado podemos afirmar que las revistas Época y Veja construyen diversas Rds de Lula, tales como: candidato; candidato electo; presidente; presidente electo; presidente reelecto; gobernante y miembro de partido político; político; petista/sigla del PT; aliado de gobiernos internacionales; cómplice y participante en escándalos de corrupción; amigo, hermano, primo, sobrino, padre, familiar y hombre; además de otras que se desarrollan a partir de estas por intermedio de los modificadores de los referentes y procesos, por los propios procesos y conexiones y analogías realizadas sobre el objeto de discurso Lula. No obstante, la reconstrucción de esas Rds ocurren a partir de la descripción e interpretación de las elecciones lingüístico-textuales y discursivas que las revistas realizan para producir las proposiciones-enunciados, así como por las elecciones de las imágenes y demás recursos visuales, todas ellas operando co(n)textualmente articuladas para producir los efectos de sentido que quieren las revistas. A modo de conclusión, las Rds verificadas exigen una reflexión, descripción e interpretación sobre la referenciación, la predicación, la relación y la localización espaciotemporal que solamente son posibles por el análisis textual-discursivo de la relación verbo-visual que compone el texto del género de discurso portada de revista.

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ABSTRACT

This doctoral dissertation proposes to analyze the discursive representations of Lula, as they appear on the covers of the magazines, Época and Veja, targeting the verbo-visual elements that comprise the genre, magazine covers. In this way, we seek to describe and interpret the discursive representations (Drs), using a theoretical framework based on the Textual Discourse Analysis – TDA, developed by Jean-Michel Adam (2011a), focusing on the semantic level of the text, that is, on the dimension that allows for the comprehension of Drs present in a text. For a discussion about the Drs and their categories of analysis – referencing, predication, modification, relation and spatial localization and time – we use as a starting point, the study by Brize about the logical-discursive operations (1990, 1996), and continue through the studies that discuss linguistic, textual, and discursive operations in concrete utterances, such as Castilho (2010), Rodrigues; Passeggi; Silva Neto (2010), Neves (2011), Rodrigues et al. (2012), Passeggi (2001; 2012), Queiroz (2013), among others. In addition, we rely on Multimodal Discourse for the verbo-visual aspects present on magazine covers (KRESS; van LEEUWEN, 2006; DIONISIO, 2011; DIONISIO; VASCONCELOS, 2013). Using a research approach that is qualitative with quantitative support, and which is documental, and based on deductive-inductive methods, we describe and interpret a corpus (SEVERINO, 2007; CHIZZOTTI, 2010; OLIVEIRA, M., 2013), aiming to reconstruct Lula’s Drs. The corpus is comprised of forty one magazine covers – sixteen from Época and twenty four from Veja. The covers date from the election period in which the candidate, Lula, was elected President of Brazil in 2002, the last mandate after his re-election in 2006, and in the year 2010 – a period of 9 years. Based on the analysis carried out, we can affirm that the magazines, Época and Veja, construct diverse Drs by Lula, such as: candidate; elected candidate; governing member and member of a political party; re-elected president; politics; workers party acronym PT; international governments as allies; accomplices and participants in scandals of corruption; friend, brother, cousin, nephew, father, parent and man; among others that unfold throughout these by the mediation of the modifiers of the referents and processes, and by the very processes and connections, and analogies made on the object of discourse, Lula. Nonetheless, the reconstruction of these is derived from the description and interpretation of the textual-linguistic and discursive choices that the magazines make to produce the proposition-utterances, as well as by the choices of images and other visual resources, all operating as co(n)textually articulated to produce the magazine’s desired effect. In conclusion, the Drs verified demand the reflection, description and interpretation of the referencing, prediction, the relationship and spatial-temporal localization, which was only possible through the textual-discursive analysis of the verbo-visual arrangements that comprise texts in the genre – magazine cover.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Esquema 1 – O lugar da Linguística do Texto na Análise dos Discursos ... 33

Esquema 2 – Níveis da Análise Textual dos Discursos ... 37

Esquema 3 – Nivel da Análise do Discurso: o lugar do(s) gêneros(s) ... 40

Esquema 4 – As três dimensões da proposição-enunciado ... 57

Esquema 5 – A esquematização na situação de interlocução (GRIZE, 1996, p. 68) . 61 Esquema 6 – Os papeis temáticos numa perspectiva semântica ... 67

Figura 1 – Interdiscurso na capa de revista ... 91

Figura 2 – A estrutura composicional do gênero de discurso capa da revista ... 94

Figuras 3 e 4 – Capas de revistas sem imagens e chamadas secundárias ... 96

Figura 5 – Capa de revista sem chamada principal ... 96

Figura 6 – Diálogo entre a recategorização e a imagem principal na construção da referenciação ... 105

Figura 7 –O sentido do modificador “desanimado” pela imagem principal ... 106

Figura 8 –Recategorização de Lula como “sombra” pela imagem principal ... 107

Figura 9 –Capa de Época com a categorização de Lula como “Presidente” ... 108

Figura 10 –Capa de Época com a categorização de Lula como “Lula da Silva” ... 109

Figura 12 – A contribuição da imagem principal para a predicação de futuro “serão” ...... 116

Figuras 13 e 14 – Predicação e sentido nas capas da revista Época ... 118

Figura 15 – Conexão por meio da imagem e texto ... 123

Figuras 16 e 17 – Conexão verbovisual e mecanismos de foricidade no texto das capas de Época ... 124

Figuras 18 e 19 – Referenciações de Lula construídas apenas pela imagem principal ... 129

Figura 20 – Capa de Veja em que a imagem principal é categorizada pela nominalização “Lula” ... 131

Figura 21 – Capa de Veja em que a imagem principal é categorizada pela nominalização “Presidente” ... 133

(12)

Figura 23 – Arranjo verbovisual como construtor da Rd de Lula ... 140 Figuras 24 e 25 – A contribuição da imagem para a Rd de Lula como presidente

que não quer deixar a presidência ... 150 Figura 26 – Contribuição da imagem principal para a Rd de Lula como

danificado por fatores externos ... 152 Figura 27 – Contribuição da imagem principal para a Rd de Lula como

danificado por fatores externos ... 155 Figura 28 – Contribuição visual para a construção da metáfora Lula-de-mel ... 162 Figura 29 – Verbovisualidade na construção da metáfora de Lula em analogia

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Os três grupos da representação discursiva (Rd) ... 63

Quadro 2 – Exemplo de constituição básica da predicação ... 69

Quadro 3 – Exemplo de aspectualização e elemento ... 71

Quadro 4 – Exemplos de comparação e metáfora ... 74

Quadro 5 – Advérbios e/ou expressões adverbiais de tempo e lugar ... 75

Quadro 6 – Relações de metodologia entre os trabalhos sobre Rds ... 80

Quadro 7 – Total de capas que compõe o corpus da pesquisa ... 86

Quadro 8 – Código utilizado para a análise das capas de revista ... 86

Quadro 9 – Código utilizado para a análise dos enunciados das capas ... 87

Quadro 10 - Nominalizações do objeto de discurso presentes em capas em que o referente dá-se pela imagem principal ... 100

Quadro 11 – Referenciações do tema Lula nas capas da revista Época ... 101

Quadro 12 – Referenciações de Lula na função de participante sujeito nas proposições-enunciados ... 102

Quadro 13 – Referenciações de Lula na função de participante complemento nas proposições-enunciados ... 103

Quadro 14 – Recategorizações do referente categorizado como Lula ... 104

Quadro 14 – Recategorizações do referente Lula da Silva ... 110

Quadro 15 – Processos utilizados pela revista Época para a construção da Rd de Lula ... 111

Quadro 17 – Conjugação dos processos utilizados pela revista Época para a construção da Rd de Lula ... 112

Quadro 18 – Predicações com processos de ação ... 113

Quadro 19 – Predicações com processos de estado ... 115

Quadro 20 – Processos de ação que materializam estados sobre o referente Lula ... 117

Quadro 21 – Representações discursivas de Lula por meio das predicações... 119

Quadro 22 – Conectivos usados nos textos da revista Época ... 120

Quadro 23 – Conectivos aditivos usados nos textos da revista Época ... 121

Quadro 24 – Conectivos integrantes usados nos textos da revista Época ... 121

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Quadro 26 – Conectivo final usado nos textos da revista Época ... 122

Quadro 27 –Estabelecimento de conexão do elemento fórico “ele” com a imagem principal (referente) ... 125

Quadro 28 –Estabelecimento de conexão por meio do possessivo “sua” ... 125

Quadro 29 – Localizadores espaciais e temporais nas capas da revista Época ... 126

Quadro 30 – Formas de referenciação do objeto de discurso Lula nas capas da revista Veja ... 127

Quadro 31 – Referenciações (categorizações e recategorizações) do tema Lula nas capas da revista Veja ... 130

Quadro 32 – Categorizações do tema tratado pela nominalização “Lula” nas capas de Veja ... 131

Quadro 33 –Categorizações do tema tratado pela nominalização “presidente” nas capas de Veja ... 134

Quadro 34 – Referenciações de Lula na função de participante sujeito nas capas de Veja ... 135

Quadro 35 – Recategorizações do referente Lula nas capas da revista Veja ... 138

Quadro 36 – Processos utilizados pela revista Veja para a construção da Rd de Lula ... 142

Quadro 37 – Conjugação dos processos utilizados pela revista Veja para a construção da Rd de Lula ... 144

Quadro 38 – Predicações em torno do eixo semântico de candidato ... 146

Quadro 39 – Predicações em torno do eixo semântico de presidente ... 148

Quadro 40 – Predicações sobre o referente Lula no eixo semântico de escândalos de corrupção ... 151

Quadro 41 – Conectivos usados nos textos da revista Veja ... 156

Quadro 42 – Conectivos aditivos usados nos textos da revista Veja ... 157

Quadro 43 – Conectivos integrantes usados nos textos da revista Veja ... 159

Quadro 44 – Conectivos adversativos usados nos textos da revista Veja ... 160

Quadro 45 –O elemento fórico “ele” nos textos das capas de Veja ... 165

Quadro 46 – Estabelecimento de conexão por elementos fóricos possessivos nas capas de Veja ... 166

Quadro 47 – Localização espacial nas capas de Veja ... 168

(15)

Quadro 49 – Representações discursivas de Lula nas capas das revistas ....... 172 Quadro 50 – Síntese dos recursos utilizados nas categorias semânticas das Rds de

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADF– Análise do Discurso Francesa

ANPOLL– Associação Nacional de Pós-Graduação em Letras e Linguística ATD– Análise Textual dos Discursos

Ep– Época

EUA– Estados Unidos da América FD– Formação Discursiva

GTLTAC– Grupo de Trabalho Linguística do Texto e Análise da Conversação im(A)– Imagem do locutor

im(B)– Imagem do alocutário im(T) Imagem do tema tratado LT Linguística do Texto N1– Nível 1

N2 Nível 2 N3– Nível 3 N4– Nível 4 N5– Nível 5 N6– Nível 6 N7– Nível 7 N8– Nível 8

PdV– Ponto de Vista PdVs– Pontos de Vista

PT– Partido dos Trabalhadores Rd– Representação discursiva Rds– Representações discursivas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 18

2 DA LINGUÍSTICA DO TEXTO À ANÁLISE TEXTUAL DOS DISCURSOS ... 23

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A LINGUÍSTICA DO TEXTO ... 23

2.1.1 Linguística do Texto no Brasil ... 26

2.2 ANÁLISE TEXTUAL DOS DISCURSOS ... 32

2.2.1 Níveis do texto e do discurso na Análise Textual dos Discursos ... 35

2.2.2 Da linguagem como ação aos gêneros de discurso ... 40

2.2.2.1 Multimodalidade discursiva: parte integrante do gênero ... 43

2.2.3 O gênero de discurso capa de revista ... 47

3 REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA ... 56

3.1 DA PROPOSIÇÃO-ENUNCIADO AO NÍVEL SEMÂNTICO DO TEXTO: A NOÇÃO DE REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA ... 56

3.1.1 Da esquematização aos grupos da Representação discursiva ... 60

3.1.2 Categorias semânticas para análise da Representação discursiva ... 64

3.1.2.1 Referenciação ... 66

3.1.2.2 Predicação ... 69

3.1.2.3 Modificação ... 71

3.1.2.4 Relação ... 72

3.1.2.5 Localização ... 74

4 QUESTÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA PESQUISA ... 77

4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA ... 77

4.2 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ... 80

4.3 APRESENTAÇÃO DO CORPUS ... 84

4.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE ... 86

5 ANÁLISES DAS REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DE LULA NAS CAPAS DE ÉPOCA E VEJA ... 89

5.1 CAPA DE REVISTA: CONSIDERAÇÕES SOBRE O NÍVEL DO DISCURSO ... 89

5.2 CAPA DE REVISTA: CONSIDERAÇÕES SOBRE O NÍVEL DO TEXTO ... 93

5.3 RDS DE LULA NAS CAPAS DA REVISTA ÉPOCA ... 97

(18)

5.3.2 Predicação e seus modificadores ... 111

5.3.3 Relação ... 119

5.3.4 Localização espacial e temporal ... 126

5.4 RDS DE LULA NAS CAPAS DA REVISTA VEJA ... 127

5.4.1 Referenciação e seus modificadores ... 128

5.4.2 Predicação e seus modificadores ... 141

5.4.3 Relação ... 156

5.4.4 Localização espacial e temporal ... 167

5.5 SÍNTESE DA ANÁLISE DAS RDS DE LULA NAS CAPAS DE REVISTA ... 171

6 CONCLUSÃO ... 174

REFERÊNCIAS ... 179

ANEXOS ... 187

ANEXO A: CAPAS DA REVISTA ÉPOCA ... 188

(19)

CAPÍTULO 1

1 INTRODUÇÃO

Desde 2008, com a publicação, em português, da obra A linguística textual: uma introdução à análise textual dos discursos, de Jean-Michel Adam, bem como pela constituição do Grupo de Pesquisa em Análise Textual dos Discursos, do Departamento de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, estudos vêm sendo empreendidos, a fim de descrever, interpretar e analisar práticas discursivas concretas.

Com o objetivo de contribuir teórica e metodologicamente para a consolidação da Análise Textual dos Discursos, as pesquisas realizadas por esse grupo têm descrito dados textuais diversos em suas distintas dimensões: sequencial-composicional, enunciativa, argumentativa e semântica.

A tese Representações discursivas de Lula nas capas das revistas Época e Veja apresenta-se como mais um estudo desenvolvido junto a esse grupo, com o propósito de consolidar uma das abordagens possíveis da Análise Textual dos Discursos (ATD), a saber: o nível semântico do texto. Para tanto, tomamos como objeto de estudo o gênero de discurso1 capa de revista.

Esta pesquisa está concentrada na grande área de Linguística, Letras e Artes e, mais especificamente, na área da Linguística, haja vista pertencermos à linha de pesquisa Análise linguística de textos: teoria e descrição, com a qual se visa à descrição linguística de textos de diferentes gêneros, desenvolvendo questões teóricas, metodológicas e empíricas, com base na Análise Textual dos Discursos.

Nessa ótica, considerando o grande leque de subáreas que a Linguística contempla, dentre as quais estão a Linguística do Texto e a Análise do Discurso, correntes teóricas que fundamentam a formulação da teoria proposta por Jean-Michel Adam, é que desenvolvemos essa pesquisa de doutoramento, orientada pelo Prof. Dr. Luis Álvaro Sgadari Passeggi.

Nesse contexto, nossa pesquisa se justifica por apresentar relevância científica e acadêmica para os estudos realizados no âmbito das pesquisas com o objeto texto, aos quais incorporamos os pressupostos do estudo verbovisual, especificamente, da Multimodalidade

1 Embora as pesquisas linguísticas contemplem nomenclaturas distintas para tratar da categoria gênero, tais como gênero discursivo (BAKHTIN, 2003), gênero de texto (BRONCKART; 2003), gênero textual (MARCUSCHI, 2008; 2011a), entre outras, adotamos, em nossa tese, a nomenclatura utilizada por Adam (2011a), a saber:

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Discursiva. Isto posto, além de considerarmos os fenômenos linguístico-textuais e discursivos inerentes ao estudo do texto, adicionamos a perspectiva visual como forma de descrição e compreensão das representações discursivas do tema tratado no gênero de discurso capa de revista. Desse modo, acreditamos que esta será uma contribuição para a área de pesquisa em textos multimodais que, segundo alguns estudiosos, é um dos novos desafios teóricos da Linguística Textual a serem enfrentados neste século (BENTES; ALVES FILHO; RAMOS, P., 2010; RAMOS, P., 2012).

Outros fatores que justificam nossa pesquisa estão associados ao corpus selecionado para a análise. O primeiro deles diz respeito à escolha das revistas, a partir das quais extraímos os textos, isto é, decidimos por usar as revistas Veja e Época devido ao fato de elas serem por nós estudadas desde a elaboração de nossa dissertação de mestrado, em que analisamos mecanismos verbovisuais de interação no gênero editorial. Além disso, esses dois veículos de informação semanal são os mais vendidos no Brasil, revelando sua importância no contexto do jornalismo de revista brasileiro.

O segundo fator diz respeito à escolha do gênero de discurso capa de revista, uma vez que sempre foi de nosso interesse e curiosidade compreender a construção de sentidos no texto de capas de revista, além de ser ele é um gênero que ainda não foi estudado nas pesquisas em Análise Textual dos Discursos, o que representa o caráter inovador de nossa tese frente aos trabalhos desenvolvidos nesse nicho acadêmico-científico.

O terceiro motivo está associado ao objeto de discurso sobre o qual buscamos compreender as representações discursivas construídas por Veja e Época em suas capas, ou seja, Lula. A escolha desse tema se deu pela entrada emblemática de Lula na presidência em 2002, permanecendo por oito anos (dois mandatos) como presidente da República do Brasil. A figura de Lula foge a tradicionalidade dos presidentes brasileiros anteriores, pois sua origem e história de vida foram marcas que o consagraram como o político que realizou um feito histórico na trajetória política do país. Primeiro, por ele ter sido um ex-operário e retirante nordestino que foi eleito presidente; segundo, pelas expectativas que cercaram o seu governo, devido sua trajetória de vida; e, terceiro, por ser esta a primeira vez que as forças de esquerda tomariam controle da nação. Acresça-se a isso o fato de ele ter sido reeleito em 2006 e fechar o seu governo em 2010 com índice 80% de aprovação pessoal, conforme dados da pesquisa do Ibope encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).

(21)

atual foi representada discursivamente pelo jornalismo de revista, em especial, em um texto

multimodal que podemos chamar de “convite ao leitor” – o gênero de discurso capa de

revista.

Por tais questões, assumimos, aqui, a proposta de desenvolvimento de uma pesquisa que está situada no âmbito geral da Linguística do Texto, tomando referência em Marcuschi (2009 [1983]), Koch (2009), Fávero e Koch (2012), Fávero (2012), entre outras. E, mais especificamente, na Análise Textual dos Discursos, orientada por Adam (2011a) e estudos baseados em suas propostas, tais como Rodrigues, Passeggi e Silva Neto (2010), Passeggi et al. (2010), Ramos, M. (2011), Rodrigues et al. (2012), Oliveira, K. (2013), Queiroz (2013), entre outros. Dentre os estudos mencionados, a representação discursiva é focalizada em diferentes textos verbais: discurso político, carta-testamento, textos de vestibulandos e pré-vestibulandos, cartas pessoais, etc.

Em nosso estudo, ao mesmo tempo em que temos a intenção de contribuir para as pesquisas em Análise Textual dos Discursos, buscamos contemplar uma questão que não tem sido observada nos trabalhos até então realizados, isto é, buscamos apresentar o texto em sua complexidade, considerando os elementos verbais e visuais que constituem textos multimodais. Isto é, além de considerarmos os elementos linguístico-discursivos (palavras e/ou expressões), consideramos as imagens que compõem a capa de revista e, por conseguinte, buscamos compreender a contribuição destas para a (re)construção das representações discursivas de Lula.

Para tanto, respaldamo-nos na teoria da Multimodalidade Discursiva, tomando como princípio geral os postulados de Kress (2003), Kress e van Leeuwen (2006), bem como os estudos de seus contemporâneos brasileiros (DIONISIO, 2011; DIONISIO; VASCONCELOS, 2013), entre outros. Vale ressaltar, portanto, que a Multimodalidade Discursiva toma como pano de fundo a Semiótica Social (van LEEUWEN, 2004; 2006), uma teoria que visa a estudar o texto, considerando os mais variados modos semióticos que acompanham o modo verbal.

À vista disso, nosso intuito é responder as seguintes questões de pesquisa:

 Que representações discursivas de Lula são construídas pelas revistas Época e Veja no gênero de discurso capa de revista?

 Como as imagens contidas nas capas de revista corroboram para a análise e construção das representações discursivas de Lula?

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Com o propósito de responder a essas questões, delineamos como objetivo geral dessa tese analisar as representações discursivas do tema Lula nas capas das revistas Época e Veja, considerando os elementos verbovisuais que constituem o referido gênero de discurso.

De modo mais específico, os objetivos que refletem as três perguntas realizadas anteriormente são: a) descrever e interpretar os recursos verbovisuais que são utilizados pelas revistas Época e Veja para construir as representações discursivas de Lula no gênero de discurso capa de revista; b) compreender o papel das imagens presentes nas capas das revistas Época e Veja e a sua contribuição para a construção das representações discursivas do tema tratado; e c) comparar os recursos verbovisuais utilizados pelas revistas Época e Veja para a construção das representações discursivas de Lula.

Para tal fim, realizamos uma pesquisa de abordagem qualitativa, que por intermédio da técnica descritivo-interpretativista, permite-nos descrever e interpretar o texto das capas de revista, com vistas a reconstruir as representações discursivas de Lula presente nas capas de Época e Veja. Em face disto, utilizamos as seguintes categorias de análise: referenciação e seus modificadores; predicação e seus modificadores; relação; e, localização espacial e temporal.

Diante da caminhada realizada, no CAPÍTULO 1: Introdução, situamos contextualmente o nosso estudo, bem como as questões de pesquisa e os objetivos que delimitam o problema a ser estudado e, por conseguinte, apresentamos resumidamente as demais partes que constituem este fazer acadêmico e científico.

No CAPÍTULO 2: Da Linguística do Texto à Análise Textual dos Discursos, iniciamos a discussão teórica que fundamenta este trabalho. Para tanto, realizamos um breve percurso teórico da Linguística do Texto, começando pelos estudos europeus até chegarmos às primeiras publicações brasileiras que focalizaram esse ramo teórico da Linguística, bem como apresentamos as perspectivas atuais de estudo do texto, oral e escrito, com base na obra Linguística do texto e análise da conversação: panorama das pesquisas no Brasil, de Bentes e Leite (2010). Em seguida, verticalizamos nossa atenção para a Análise Textual dos Discursos, proposta teórico-metodológica de análise de textos concretos, elaborada por Adam (2011a), a partir da qual refletimos sobre os pressupostos gerais dessa corrente. Nesse capítulo também apresentamos o nosso conceito de texto, o que entendemos por gêneros de discurso e os modos de linguagem utilizados na produção destes.

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para a análise da construção e reconstrução das representações discursivas em textos concretos.

No CAPÍTULO 4: Questões teórico-metodológicas da pesquisa, contextualizamos o nosso trabalho no âmbito das produções em Análise Textual dos Discursos, especificamente aquelas que se ocupam do estudo das representações discursivas pautadas em textos concretos, a fim de mapearmos as orientações metodológicas que se tem seguido nas pesquisas sobre essa temática. A partir disso, apresentamos a abordagem de pesquisa, o método, o corpus e os procedimentos de análise elencados para a análise das representações discursivas de Lula nas capas das revistas.

No CAPÍTULO 5: Análise das representações discursivas de Lula nas capas das revistas Época e Veja, realizamos a descrição e interpretação dos elementos textuais que se fazem presentes nas capas de revista para, enfim, compreendermos como são construídas as representações discursivas de Lula. Neste momento, efetivamos a análise tanto a partir dos elementos linguísticos quanto dos visuais, haja vista defendermos a corroboração desses modos de linguagem para a construção das representações discursivas do tema tratado nas capas das revistas Época e Veja. Além disso, realizamos a análise com base em cada uma das revistas, a começar pela revista Época e, por conseguinte, a revista Veja. Da análise de Veja, apresentamos as comparações das representações discursivas, bem como dos recursos verbovisuais, a fim de expormos semelhanças e diferenças entre as formas de construção das representações erigidas por ambos os suportes (revistas).

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CAPÍTULO 2

2 DA LINGUÍSTICA DO TEXTO À ANÁLISE TEXTUAL DOS DISCURSOS

Neste capítulo, apresentamos os pressupostos teóricos gerais que fundamentam este trabalho. Para tanto, partimos da discussão sobre a Linguística do Texto2 – LT e seus fundamentos epistemológicos, os quais sustentam os estudos sobre o texto, desde a década de sessenta, no exterior, e depois disso no Brasil para, então, chegarmos aos postulados de Jean-Michel Adam acerca de uma teoria sobre Análise Textual dos Discursos – ATD. Em seguida, verticalizamos a discussão sobre a linguagem como ação, buscando refletir sobre os gêneros de discurso enquanto instâncias sociointeracionais de materialização do discurso.

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A LINGUÍSTICA DO TEXTO

No século XX, com a consolidação da Linguística enquanto ciência da linguagem (LYONS, 1982), a figura de Ferdinand de Saussure passou a ser centro no estudo dos fenômenos linguísticos, sendo estes observados a partir da descrição e análise da língua – objeto de estudo da Linguística. Com o passar do tempo, o estudo imanente da língua cedeu espaço para a dimensão social, pragmática e discursiva da linguagem, ultrapassando os limites da frase– unidade complexa de análise linguística.

As ideias do mestre genebrino, organizadas por Charles Bally e Albert Sechehaye no Curso de Linguística Geral (SAUSSURE, 2006), obra póstuma publicada no ano de 1916, contribuíram para a formalização teórico-metodológica da ciência linguística. Com o passar do tempo, essas ideias possibilitaram o surgimento de diversas correntes teóricas ou ramificações da Linguística. Vale mencionar que essas correntes constituíram-se em perspectivas ou de concordância com as ideias defendidas por Saussure ou de divergência com algum princípio exposto no Curso.

Por esse motivo, podemos afirmar que, a partir do século XX, a pesquisa linguística se dividiu em dois tipos: a formalista e a funcionalista. Em síntese, a corrente formalista

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enfatizava a forma, entendendo a língua como um sistema, uma estrutura, independente das intenções de uso e da situação de comunicação. A corrente funcionalista, por sua vez, compreende a língua em uma perspectiva sociointeracionista e funcional, isto é, ao mesmo tempo em que se observa a forma, observa-se a função, haja vista estudar a língua em situações reais de comunicação (WILSON, 2010).

Esse segundo tipo de pesquisa linguística, o paradigma funcionalista como é chamado pelos estudiosos da linguagem, fez surgir diversas escolas linguísticas, a saber: a sociolinguística, o funcionalismo, a análise do discurso, a pragmática, a linguística do texto, entre outras. Como se pode notar, os preceitos saussurianos possibilitaram a observação de um mesmo objeto por olhares diferentes. Todavia, algumas dessas correntes, na constituição de seus reais interesses de estudo, foram além dos limites da língua.

A Linguística do Texto (LT), uma dessas vertentes de estudo linguístico, antes de ser percebida como parte do seio funcionalista, seguiu diferentes orientações (estruturalista e gerativista, por exemplo), até consolidar-se como corrente teórica.

Fávero e Koch (2012, p. 15), na obra Linguística textual: introdução, afirmam que a

LT “começou a desenvolver-se na década de 1960, na Europa e, de modo especial, na

Alemanha”. Segundo as autoras, a proposta desse ramo linguístico é tomar, não mais a palavra ou a frase como objeto de estudo, “mas sim o texto, por serem os textos a forma específica de manifestação da linguagem” (Ibid., p. 15).

Muitos são os estudiosos que contribuíram para o desenvolvimento da LT na Europa.

De acordo com Fávero e Koch (2012, p. 15), “destacam-se autores como Heildoph, Hartung,

Isenberg, Thümmel, Hartmann, Harweg, Petöfi, Dressler, Van Dijk Schmidt, Kummer, Wunderlich, entre outros, cujos trabalhos se desenvolvem, sobretudo, em equipes, concentradas em núcleos importantes”.

Fávero (2012) afirma que os principais centros de desenvolvimento da LT foram Münster, Colônia, Berlin Est, Constança e Bielefeld. Nas palavras da autora, houve um verdadeiro “boom” com as produções desses centros. “O impacto foi muito grande e um levantamento bibliográfico feito em 1973 por Dressler e Schmidt documentava quase 500 títulos, além de números especiais, monográficos, de várias revistas” (Ibid., p. 225).

Algo que devemos ressaltar é que a LT não se desenvolveu de forma homogênea. Segundo Marcuschi (2009 [1983], p. 16), essa corrente, tal como a conhecemos,

“desenvolveu-se rapidamente e em várias direções”. Para o autor, o que, afinal, une as

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texto é uma unidade linguística hierarquicamente superior à frase. E uma certeza: a gramática

da frase não dá conta do texto” (MARCUSCHI, 2009 [1983], p. 16).

Nessa perspectiva, sem buscarmos fazer uma exaustiva discussão acerca da LT na Europa, apresentamos os principais momentos que abrangem as preocupações teóricas naquela ocasião. Acerca disso, Bentes (2004, p. 246) afirma que:

Não há consenso entre os autores de que houve uma certa cronologia na passagem de um momento para o outro. Podemos afirmar, no entanto, que houve não só uma gradual ampliação do objeto de análise da Linguística Textual, mas também um progressivo afastamento da influência teórico-metodológica da Linguística Estrutural saussureana [...].

Pelas palavras de Bentes (2004), compreendemos que não houve um período específico de ascensão de proposta teórica de estudo da LT em detrimento de outro, o que se pode constatar é que as fases dessa corrente caracterizam-se muito mais como uma mudança tipológica do que uma mudança de ordem cronológica. Afinal, essas fases refletem os principais momentos na passagem da teoria da frase à teoria do texto.

De acordo com Fávero e Koch (2012, p. 18, grifos das autoras), subsidiadas pelos

postulados de Conte (1977), temos três momentos: “o da análise transfrástica”; “o da

construção das gramáticas textuais”; e “o das construções das teorias do texto”. De forma resumida, Bentes (2004, p. 246-247, grifos da autora) afirma que:

[...] em um primeiro momento, o interesse predominante voltava-se para a análise transfrástica, ou seja, para fenômenos que não conseguiam ser explicados pelas teorias sintáticas e/ou pelas teorias semânticas que ficassem limitadas ao nível da frase; em um segundo momento, com a euforia provocada pelo sucesso da gramática gerativa, postulou-se a descrição da competência linguística do falante, ou seja, a construção de gramáticas textuais; em um terceiro momento, o texto passa a ser estudado dentro de seu contexto de produção e a ser compreendido não como um produto acabado, mas como um processo, resultado de operações comunicativas e processos linguísticos em situações sociocomunicativas; parte-se, assim, para a elaboração de uma teoria do texto.

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como unidade teórica formalmente construída, em oposição ao discurso, unidade funcional, comunicativa e intersubjetivamente construída” (BENTES, 2004, p. 249, grifos da autora). O terceiro momento, situado na virada pragmática3, por sua vez, compreende o texto como uma “unidade de comunicação/interação humana” (KOCH, 2009, p. 13).

Nesse panorama, cabe dizer que a LT passou por diversos momentos, nos quais, orientações teóricas e perspectivas acerca do texto revelaram matizes diversos desse objeto: ora observado em sua microestrutura, ou seja, elementos de coesão; ora considerado com base na ideia de ato de comunicação, focalizando a coerência; ora observado em sua vinculação a contextos reais de uso da língua(gem) – perspectivas sociocomunicativa e interacionista.

Esse foi o entorno que originou estudos em LT pelo mundo e que, de forma particular, aguçou o interesse de brasileiros por estudar o objeto texto. Dito isso, cabe fazermos um breve percurso da história da LT no Brasil, começando pelos primeiros trabalhos publicados, suas acepções teóricas e os resultados de todo um empreendimento linguístico de estudo do texto. Desse modo, para Koch (2009, p. XV-XVI), no introito do livro Introdução à linguística textual: trajetória e grades temas:

[...] a Linguística Textual percorreu um longo caminho até chegar ao momento atual. Aqueles que não acompanharam a sua trajetória estão longe de poder avaliar o que hoje essa disciplina vem se propondo como objeto de investigação e a contribuição que seu estudo vem dando em prol de um melhor conhecimento de como se realiza a produção textual do sentido.

2.1.1 Linguística do Texto no Brasil

No Brasil, após, aproximadamente vinte anos de estudos em LT na Europa, começaram a ser produzidos os primeiros trabalhos em LT. O primeiro trabalho de que se tem notícia é o do Prof. Dr. Ignácio Antônio Neis, da PUCRS, intitulado Por uma gramática textual. Em 1983, são publicadas as duas obras que são referências, até os dias de hoje, em se tratando de LT. São elas: Linguística do texto: o que é e como se faz, de Luiz Antônio Marcuschi e Linguística Textual: introdução, de Leonor Lopes Fávero e Ingedore Grunfeld Villaça Koch (FÁVERO, 2012).

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No texto de Neis (1981), constatou-se que a sua preocupação era baseada em dois aspectos: “a construção de gramáticas do texto e a importância dada por ele à coerência, vista então como propriedade do texto” (FÁVERO, 2012, p. 227). Assim como os linguistas da Europa, Neis sustentou seus posicionamentos de formulação de uma gramática do texto, amparando-se na linguística gerativa, pois, para ele “é na linguística gerativa que se encontra um conjunto de procedimentos metodológicos e de descrições empíricas que servirão de base sólida para se proceder à extensão da gramática frasal para uma gramática textual” (NEIS, 1981 apud FÁVERO, 2012, p. 228).

De acordo com Fávero (2012), seguindo a orientação de linguistas como Isenberg, Neis não faz distinção entre os conceitos de coesão e coerência, chegando a chamá-los, respectivamente, de coerência microestrutural e coerência macroestrutural, haja vista ser a coerência a noção fundamental da gramática textual.

Algo que devemos mencionar é que, embora pouco seja mencionado nos estudos da LT, Fávero (2012, p. 229) afirma que “o trabalho de Neis foi realmente importante e pouco se faz referência a ele”.

A obra de Fávero e Koch – Linguística Textual: introdução– foi publicada em 1983. Nela, as autoras apresentam a LT desde a sua origem, as fases pelas quais a LT passou, bem como conceituam o objeto de estudo desse “novo ramo da linguística” (FÁVERO; KOCH, 2012, p. 15). Para elas, as concepções de texto apresentadas pelos estudiosos da LT são

variadas, o que possibilitou “além de análise transfrástica e gramática do texto, outras

denominações tais como Textologia (Harseg), Teoria de Texto (Schimdt), Translinguística (Barthes), Hipersintaxe (Palek), Teoria da estrutura do texto – Estrutura do mundo (Petöfi) etc.” (FÁVERO; KOCH, 2012, p. 16, grifos das autoras).

Além disso, as autoras buscam diferenciar texto e discurso, a fim de esclarecer confusões criadas pelas diferentes concepções que esses dois termos agregam. Segundo elas:

“As diferentes concepções de texto e discurso acabaram por criar uma confusão entre dois

termos, ora empregados como sinônimos, ora usados para designar entidades diferentes” (FÁVERO; KOCH, 2012, p. 31, grifos das autoras). Em conclusão a essa querela linguística:

(29)

enunciados produzidos pelo locutor (ou por este e seu interlocutor, no caso do diálogo) e o evento de sua enunciação. O discurso é manifestado, linguisticamente, por meio de textos (em sentido estrito). Neste sentido, o texto consiste em qualquer passagem, falada ou escrita, que forma um todo significativo, independente de sua extensão. Trata-se, pois, de uma unidade de sentido, de um contínuo comunicativo contextual que se caracteriza por um conjunto de relações responsáveis pela tessitura do texto – os critérios ou padrões de textualidade, entre os quais merecem destaque especial a coesão e a coerência. (FÁVERO; KOCH, 2012, p. 34, grifos das autoras).

Em sendo assim, para as autoras, o texto deve ser compreendido como uma unidade de sentido, capaz de estabelecer a comunicação entre interlocutores. Para tanto, esse texto é composto por elementos que são responsáveis por sua organização. O discurso, por sua vez, tanto pode ser considerado na perspectiva de texto (discurso político, discurso midiático etc.), isto é, materializado, como na perspectiva de algo mais amplo, ou seja, o entorno discursivo que permite a proliferação de enunciados concretos, os textos.

A continuação do trabalho das autoras consiste em fazer apresentar um panorama, em perspectiva, de momentos significativos da LT e, como elas mesmas afirmam: realizar uma resenha dos trabalhos de alguns autores da Europa, especificamente de linguistas do campo da gramática textual (FÁVERO; KOCH, 2012).

Marcuschi (2009 [1983]), na obra Linguística do Texto: o que é e como se faz?, ao partir das definições de texto, desde a imanência do sistema linguístico até a noção de texto como mapeamento cognitivo, busca definir o que é a Linguística do Texto e os principais aspectos “observáveis na produção, construção e recepção de textos” (MARCUSCHI, 2009 [1983], p. 38).

Para ele, a LT é uma linha investigativa interdisciplinar, o que requer categorias e métodos de diversas naturezas. Dessa forma, o autor propõe que a LT seja vista “como o estudo das operações linguísticas e cognitivas reguladoras e controladoras da produção, construção, funcionamento e recepção de textos orais e escritos” (Ibid., p. 35). Este posicionamento do autor perdura até hoje nos estudos do texto. Desse modo, a LT deve ser concebida além do texto pelo texto, ou seja, devemos tomar o texto como objeto de estudo e considerá-lo a partir de todas as relações que o constituem, quer sejam elas textuais, cognitivas, discursivas e/ou pragmáticas.

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condicionado, haja vista ser uma entidade concreta e situacional, ou seja, a cada situação comunicativa o texto atualiza-se para cumprir funções inerentes ao contexto no qual é produzido, não podendo ser tomado, então, como uma entidade abstrata.

Seguindo a linha dessas publicações, empreende-se no país a divulgação da LT e constitui-se uma grande área de pesquisa, abordando o texto como ponto de partida para a análise textual. Todavia, como afirma Marcuschi (2009 [1983], p. 34, grifos do autor): “embora toda análise textual deva ter como ponto de partida a entidade linguística concreta – o texto –que encontra pela frente, não deve parar aí”.

Nessa perspectiva, atualmente, a LT vem-se tornando, segundo Koch (2009, p. 175),

“um domínio multi- e transdisciplinar, em que se busca compreender e explicar essa entidade

multifacetada que é o texto”4. Para tanto, ao entender esse domínio como inerente à LT,

teorias como a Pragmática, a Análise da Conversação, a Teoria da Argumentação, a Análise do Discurso, entre outras, passaram a dialogar com vistas a alcançar os objetivos que as movem. Todas unificadas pelo mesmo objeto: o texto.

Sob a luz desse campo relacional de teorias e áreas do conhecimento com a LT, recentemente foi publicada a obra Linguística de texto e análise da conversação: panorama das pesquisas no Brasil (BENTES; LEITE, 2010). Organizado por Ana Cristina Bentes e Marli Quadros Leite, o livro é dividido em quatro partes que coadunam os interesses dos pesquisadores e suas filiações teóricas. O compêndio constitui-se de uma organização que visa a celebrar os 25 anos de pesquisa do Grupo de Trabalho Linguística do Texto e Análise da Conversação (GT LTAC) da Associação Nacional de Pós-Graduação em Letras e Linguística (ANPOLL). Além disso, esse livro é posto como uma homenagem a Luiz Antônio Marcuschi, “que era a alma do grupo” (KOCH, 2010, p. 39).

Na primeira parte, Histórico do Grupo de Trabalho Linguística de Texto e Análise da Conversação da Associação Nacional de Pós-Graduação em Letras e Linguística (ANPOLL), dividida em dois capítulos, traça-se o percurso das duas áreas de investigação. Aqui, daremos destaque ao capítulo de Ingedore G. V. Koch – Uma história, dois campos de estudo, um homenageado...–, no qual a estudiosa relata a contribuição de Marcuschi para a construção e consolidação do Grupo de Trabalho (GT) e, desenha o perfil dos membros que o compõem.

Segundo a autora, pelos trabalhos desenvolvidos ao longo do tempo no grupo, na área da LT e da Análise da Conversação (AC), pode-se dizer que:

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Em consequência do grande interesse pela dimensão sociointeracionista da linguagem e dos processos afeitos a ela, surge (ou ressurge) uma série de questões pertinentes para a agenda de estudos da linguagem e, é claro, para a agenda de estudos do GT LTAC, dentre as quais as diversas formas de progressão textual, a dêixis textual, o processamento sociocognitivo do texto, a multimodalidade, os gêneros, inclusive os da mídia eletrônica, a comparação interlingual e intermidiática de gêneros textuais (textologia contrastiva), as questões ligadas ao hipertexto, intertextualidade, entre várias outras. (KOCH, 2010, p. 44-45).

Para ela, estas são apenas algumas questões com as quais o GT LTAC vêm-se

dedicando a estudar, “considerando-se sempre as diferenças de direcionamento teórico e de

seleção de objetos de estudo de cada subgrupo dentro do GT” (KOCH, 2010, p. 45).

Na segunda parte, Estudos sobre conversação, interação e língua falada, os dois capítulos que a compõe destinam-se a tratar de questões relativas à AC, a saber: i) a interação em diversos contextos, concebendo a conversação “como um processo que implica participação conjunta de interlocutores em uma conversação casual” (FÁVERO et al., 2010, p. 92); e, ii) considerando o uso do vocabulário gírio na sociedade contemporânea, no qual, Preti (2010) apresenta um estudo sobre a inclusão e exclusão social, tomando como objeto de estudo a gíria de grupo.

Na terceira parte, Estudos do texto e do discurso: teorias e modelos, concentram-se três capítulos. O primeiro capítulo tem como objetivo apresentar “duas teorias linguísticas que privilegiam a argumentação como objeto de estudo” (BARBISAN et al., 2010, p. 171), a Semiolinguística do Discurso, de Patrick Charaudeau, e a Teoria da Argumentação, de Oswald Ducrot. As autoras reconhecem existir pontos de contato e de distanciamento entre as duas teorias, porém, a partir da análise de um texto jornalístico opinativo – o artigo de opinião

“O gigante de barro”, de autoria de Carlos Heitor Cony –, elas afirmam o seguinte:

Vale, por fim, reforçar que o distanciamento entre as duas teorias, que lançam olhares distintos sobre o discurso, não constitui entrave para relacioná-las, partindo-se do fato de que se ocupam do mesmo objeto e de uma mesma afirmação, a da necessidade de se investigar o emprego da língua a partir da enunciação que aí se produz. Esses elementos parecem suficientes para justificar as reflexões e análises sob as duas perspectivas teóricas [...]. (BARBISAN et al., 2010, p. 223).

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coerência textual, numa perspectiva sociocognitivo-discursiva de par inseparável

texto/discurso” (CAVALCANTE et al., 2010, p. 254).

Seguindo nessa mesma linha de raciocínio, ou seja, do texto e do discurso como dimensões inter-relacionadas, o terceiro capítulo5 dessa parte também discute o texto escrito, tomando por fundamento teórico os postulados de Jean-Michel Adam, linguista francês que formulou a Análise Textual dos Discursos. Sem esgotar todas as questões discutas por Adam (2008), os autores buscam especificar os níveis de análise propostos pelo autor e examinam, com mais detalhes, as unidade textuais: “proposições, períodos, sequências e planos de texto” (PASSEGGI et al., 2010, p. 264).

Verticalizando as discussões na sequência argumentativa, os autores direcionam suas atenções para o nível da enunciação, isto é, a reponsabilidade enunciativa/ponto de vista. Assim sendo, os estudiosos ressaltam que: “Deve ter ficado claro, entretanto, o esforço de síntese e de articulação de sua proposta [Análise Textual dos Discursos], assim como sua

abertura para aprofundamentos e desenvolvimentos” (PASSEGGI et al., 2010, p. 309).

Os três últimos capítulos que integram a obra constituem a quarta parte, Aplicações e desenvolvimentos dos estudos sobre interação e texto. O foco dessa peça é direcionado às questões de ensino de textos, orais e escritos. Gomes-Santos et al. (2010), em seu capítulo versam sobre o ensino a partir da incorporação das teorias do texto. Para tal, focalizam a oralidade, atentando para as práticas de leitura, de escrita e de reflexão gramatical. Com base

no estudo por eles realizado, os autores acreditam “que um dos desafios da LT com relação ao

ensino ainda seja este [a definição de com quais gêneros trabalhar], tendo em vista o que seria pertinente para desenvolver as competências tanto para a produção quanto para a compreensão de textos” (Ibid., p. 349).

Marquesi et al. (2010) discutem no nono capítulo da obra uma temática bastante contemporânea, haja vista tratarem da LT na relação com as TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação). As autoras esboçam no capítulo uma reflexão sobre “como os meios digitais propiciados pelo desenvolvimento das TIC podem, dentro de uma visão de leitura e escrita,

ser pensados no/para o ensino” (MARQUESI et al., 2010, p. 355). Em consequência disso, as

autoras afirmam que essa discussão deve permear a formação docente, posto que o uso das TIC revolucionou as formas de interagir socialmente e, como consequência disso, o professor tem de saber usar as ferramentas tecnológicas disponíveis, com vistas a favorecer a sua

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prática. Assim sendo, faz-se necessário que o processo de ensino seja desenvolvido “de modo a propiciar o aprendizado de forma participativa e significativa por meio de atividades que priorizem uma metodologia centrada na construção do conhecimento pelo aluno” (MARQUESI et al., 2010, p. 384).

Bentes, Ramos e Alves Filho (2010), no último capítulo, tecem algumas propostas para abordar três objetos que eles consideram desafiadores no âmbito da LT e ensino. São eles: as relações entre texto e contexto; a emergência da autoria no curso dos processos de produção textual; e, a natureza multimodal dos textos escritos. Ao buscar uma análise integrada desses três objetos, foi-se realizada uma investigação de uma propaganda institucional, ou seja, um texto multimodal. A partir da análise, percebeu-se que existe a necessidade de, ao considerar os processos de produção, circulação e recepção dos textos, alargar o conceito de texto, incluindo neste o contexto. Diante disso, os autores concluem que os textos:

[...] longe de se restringirem a elementos a partir dos quais o contexto apenas se organiza, constituem-se como um lugar de interação entre a linguagem, a cultura e o mundo social vivenciados pelos sujeitos, sendo a autoria e a multimodalidade elementos constitutivos da arquitetura textual e por meio dos quais é possível perceber este complexo e dinâmico relacionamento. (BENTES; RAMOS; ALVES FILHO, 2010, p. 422).

Tudo isso, portanto, reflete a dimensão que tem tomado os estudos do texto, oral ou escrito. Ora atendo-se ao aspecto textual, ora ao discursivo, ora ao ensino e, até mesmo, coadunando essas perspectivas. Os estudos que aqui apresentamos ressaltam peculiaridades e necessidades de novos empreendimentos de pesquisa sobre o objeto texto, o que buscamos realizar também em nossa tese.

Portanto, na tentativa de traçar o desenho teórico desta pesquisa, dialogamos diretamente com uma das produções apresentadas em Bentes e Leite (2010), a saber, a da Análise Textual dos Discursos, orientação teórica que discutimos na subseção a seguir.

2.2 ANÁLISE TEXTUAL DOS DISCURSOS

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inscreve-se “na perspectiva de um posicionamento teórico e metodológico que, com o objetivo de pensar o texto e o discurso em novas categorias, situa decididamente a linguística textual no

quadro mais amplo da análise de discurso” (ADAM, 2011a, p. 24)6.

Para ele, a LT, desde seu surgimento, desenvolveu-se em separado da Análise de Discurso Francesa (ADF). Em suas palavras, o autor define a LT como “uma teoria da produção co(n)textual de sentido, que deve fundar-se na análise de textos concretos” (ADAM, 2011a, p. 23). No que concerne a Análise de Discurso, o autor coloca-a como sendo um campo mais vasto, de onde surgem e prospectam-se as práticas discursivas. Segundo Brait

(2008, p. 18), “considera-se práticas discursivas, portanto, uma produção verbal, visual ou

verbo-visual, necessariamente inserida em determinada esfera, a qual possibilita e dinamiza sua existência, interferindo diretamente em suas formas de produção, circulação e recepção”. Desse modo, ao elaborar a ATD, Adam (2011a, p. 43) propõe-se a “articular uma linguística textual desvencilhada da gramática do texto e uma análise de discurso emancipada da análise

de discurso francesa (ADF)”. Desta forma, contempla-se o texto na relação discursiva de

produção e os efeitos de sentido provenientes do co(n)texto.

Nessa perspectiva, ao afirmar que o que se pretende com a ATD é a análise co(n)textual do sentido, intenta-se desfazer contradições existentes acerca dessa separação entre texto e discurso. Não é a toa que, em A linguística textual: uma introdução à análise textual dos discursos, de Adam (2011a), a LT aparece como parte do arquétipo definidor da análise de discurso, isto é “como um subdomínio do campo mais vasto da análise das práticas

discursivas” (Ibid., p. 43). Vejamos essa relação no esquema a seguir:

Esquema 1 – O lugar da Linguística do Texto na Análise dos Discursos

Fonte: Esquema 3, Adam (2011a, p. 43).

(35)

De acordo Adam (2011a, p. 44, grifos do autor):

Esse esquema evidencia o jogo complexo das determinações textuais

“ascendentes” (da direita para esquerda) que regem os encadeamentos de proposições no sistema que constitui a unidade TEXTO – objeto da linguística textual – e as regulações “descendentes” (da esquerda para direita) que as situações de interação nos lugares sociais, nas línguas e nos gêneros dados impõem aos enunciados –objeto da análise de discurso. Sob o impacto das necessidades de expressão e interação, os enunciados assumem formas infinitas, mas os gêneros e as línguas intervêm como fatores de regulação.

Com vistas a definir a ATD, Adam observa que a produção do texto está associada a aspectos linguísticos (palavras, proposições, períodos e/ou sequências, plano do texto) em operações de segmentação – descontinuidade (tipografia da escrita, parágrafos, estrofes, seções e subseções, entonações e/ou movimento dos olhos etc.), vinculadas pelas operações de ligação “que consistem na construção de unidades semânticas e de processos de continuidade pelos quais se reconhece um segmento textual” (ADAM, 2011a, p. 64).

Isto posto, é válido ressaltar que o pensamento de Adam pauta-se na intenção de realizar análises de textos amparadas na realidade material, uma vez que, segundo ele, a ADF não se ocupa do texto como tal, mas, sim, das condições de produção do texto, entretanto, o discurso que subjaz a prática discursiva é regulado, textualmente, por instâncias discursivas como os gêneros de discurso e as línguas (ADAM, 2010). Logo, é a união dos dois lados – o esquerdo e o direito – que fomentam a formulação da ATD, “a qual passa a entender os elementos linguísticos do texto integrados aos fenômenos do campo discursivo” (QUEIROZ, 2013, p. 25).

Dessa forma, o pensamento de Adam (2010, p. 10) é de que “a LT deve teorizar as fronteiras peritextuais ao mesmo tempo integradas e situadas na fronteira da unidade texto. A LT deve também teorizar as relações entre cotextos inseridos numa organização (macro)textual agrupando um certo número de textos”, isto é, para se realizar a análise textual, deve-se partir do material linguístico (cotexto), buscando compreender os efeitos de sentido que são emanados pelos enunciados. Além disso, fica evidente nas palavras do autor que o cotexto não deve ser considerado apenas em sua relação mediata, mas, que a análise de um corpus permite, pela relação interdiscursiva entre cotextos, a atribuição de sentidos co(n)textuais.

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Figura 23  – Arranjo verbovisual como construtor da Rd de Lula ............................
Figura 1 – Interdiscurso na capa de revista
Figura 2 – O plano de texto do gênero de discurso capa de revista
Figura 5  – Capa de revista sem chamada principal
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