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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRO-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA MESTRADO EM DIREITO, RELAÇÕES INTERNACIONAIS E

DESENVOLVIMENTO

TESE DE DOUTORADO

SINARA DE FREITAS ELIAS CAMPOS

AS ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS SOBRE AUTOMÓVEIS PARA

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Goiânia 2015

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SINARA DE FREITAS ELIAS CAMPOS

AS ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS SOBRE AUTOMÓVEIS PARA

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento da Pontifícia Universidade Católica de Goiás como requisito para a obtenção do título de Mestre em Direito, sob a orientação da Professora Doutora Glacy Odete Rachid Botelho.

Linha de pesquisa: Relações Sócioeconômicas

Goiânia 2015

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Aos corações que lutam em favor da vida, por um mundo de igualdades e respeito ao próximo, com acessibilidade, sem discriminação, de inclusão e justiça social.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.

À minha mãe Margeri, ao meu pai Manoel, à minha avó Cícera, aos meus irmãos Soraya, Rommel, Ramon e Renan, e aos meus sobrinhos Clarice e Daniel, pelo amor, incentivo e apoio que foram indispensáveis em todos os momentos de minha vida, mesmo estando a muitos quilômetros de distância ou perto, vocês foram e são uma fonte de Deus, onde encontro força, amparo e auxílio para todas as lutas.

Ressalto um agradecimento especial ao meu irmão Rommel de Freitas Elias Campos por suas sugestões que me foram indispensáveis neste trabalho.

Ao conhecido estudioso de inclusão social das pessoas com deficiência, Romeu Kazumi Sassaki, minha gratidão por ter respondido aos meus e-mails sanando minhas indagações sobre o tema.

Agradeço a minha orientadora e professora Dra. Glacy Odete Rachid Botelho que com carinho e compreensão me auxiliou nesta etapa da vida.

Aos meus professores do Mestrado em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento da Pontifícia Universidade Católica de Goiás que me proporcionaram novas descobertas na área do conhecimento acadêmico e à Cristiane, pela presteza e educação com que sempre me atendeu na Secretaria do Mestrado.

Aos colegas do curso pela oportunidade do convívio e pela troca de conhecimentos.

Aos Auditores Fiscais Paulo Martins e Daniel Tünnermann, Chefes do Saort (Seção de Orientação e Análise Tributária) das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Goiânia-GO e de Anápolis-GO, respectivamente, e ao Assessor Tributário da Secretaria de Estado da Fazenda de Goiás, Gener Otaviano Silva, meus agradecimentos por terem me recebido e fornecido informações que instruíram a confecção deste trabalho.

Aos amigos que fizeram parte desses momentos sempre me ajudando e incentivando.

Esta conquista é, também, de vocês! Muito obrigada!

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Somos todos iguais, e ao mesmo tempo diferentes. Somos todos normais, tristes ou contentes. Cadeira de rodas ou a pé, é indiferente, há que ver. Olhos não veem corações, dentro do peito a bater. Ter uma deficiência não é o final, é apenas o início de uma luta desigual. Nunca digas nunca, a vida não foi feita para desistir, mas para lutar... Lutar e prosseguir! Beatriz Torres

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RESUMO

O presente trabalho tem como escopo demonstrar a forma desigual dos administradores públicos e do poder legiferante tratarem as pessoas com deficiência, dentro desse próprio grupo de indivíduos, quando restringem a concessão de isenção tributária sobre veículos automotores para certas categorias de deficiência em detrimento de outras, não cumprindo o papel de promover a inclusão social. Durante o trabalho serão estudadas: as categorias de deficiência física, visual, auditiva, mental, intelectual e com autismo; os impostos incidentes sobre a aquisição, financiamento e propriedade de veículos automotores; e, as normas de isenção dos referidos tributos para pessoas com deficiência. Com efeito, serão analisados os dados coletados em relação à quantidade de requerimentos e isenções dos citados impostos foram concedidos pelo Fisco, na jurisdição do Estado de Goiás. Ademais, será feita abordagem desse tratamento desigual sobre o aspecto das normas constitucionais e os princípios da dignidade da pessoa humana, da igualdade e da isonomia tributária, além de apresentar o posicionamento dos tribunais.

Palavras-chave: Pessoas com deficiência. Tributos federais e estaduais. Isenção

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ABSTRACT

This work has the objective to demonstrate the uneven shape of public officials and legislating power treat persons with disabilities, within that same group of individuals when restrict the granting of tax exemption on motor vehicles to certain categories of disability over others, not fulfilling the role of promoting social inclusion. During the work will be studied: the categories of physical, visual, hearing, mental and intellectual disabilities and autism; the taxes applicable to the acquisition, financing and ownership of motor vehicles; and the exemption rules of these taxes for persons with disabilities. Indeed, the data collected on the amount requirements and exemptions of the aforementioned taxes have been granted by the Treasury will be analyzed, in the jurisdiction of the State of Goiás. Furthermore, will be addressing this unequal treatment on the aspect of constitutional norms and principles of human dignity, equality and tax equality, and present the position of the courts.

Key-words: Persons with disabilities. Federal and State Taxes. Tax Exemption.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Pessoa com deficiência física ... 23

Figura 2: Lema “Nada sobre nós, sem nós” ... 26

Figura 3: Exclusão, Segregação, Integração e Inclusão ... 26

Figura 4: Símbolo internacional de acesso ... 34

Figura 5: Símbolo internacional da pessoa com deficiência auditiva ... 36

Figura 6: Símbolo internacional de pessoa com deficiência visual ... 38

Figura 7: Proposta de símbolo de pessoa com deficiência intelectual ... 43

Figura 8: Linha do tempo compacta ... 52

Figura 9: Linha do tempo tributária – isenção e anistia ... 57

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Normas jurídicas de isenção tributária a pessoas com deficiência

relacionado a veículos automotores ... 29

Tabela 2: Censo Demográfico Brasileiro 2010: pessoas com deficiência visual e

auditiva ... 45

Tabela 3: Censo Demográfico Brasileiro 2010: pessoas com deficiência motora e

mental⁄intelectual ... 45

Tabela 4: Censo Demográfico de Goiás 2010: pessoas com deficiência visual e

auditiva ... 46

Tabela 5: Censo Demográfico de Goiás 2010: pessoas com deficiência motora e

mental⁄intelectual ... 46

Tabela 6: Empregos no Brasil em 2011 por categoria de deficiência e gênero ... 48 Tabela 7: Brasil - Remuneração Média em 31/12/2011, por tipo de deficiência e

gênero ... 48

Tabela 8: Dados obtidos sobre isenção de IPI para pessoas com deficiência na

jurisdição da Receita Federal do Brasil em Goiânia - GO ... 73

Tabela 9: Dados obtidos sobre isenção de IPI para pessoas com deficiência na

jurisdição da Receita Federal do Brasil em Anápolis - GO ... 74

Tabela 10: Somatório dos requerimentos de isenção de IPI para pessoas com

deficiência perante a Receita Federal do Brasil em Goiás, deferidos e indeferidos .. 74

Tabela 11: Dados obtidos sobre isenção de IOF para pessoas com deficiência na

jurisdição da Receita Federal do Brasil em Goiânia - GO ... 76

Tabela 12: Dados obtidos sobre isenção de IOF para pessoas com deficiência na

jurisdição da Receita Federal do Brasil em Anápolis - GO ... 77

Tabela 13: Somatório dos requerimentos de isenção de IOF para pessoas com

deficiência física, em 2014, perante a Receita Federal do Brasil em Goiás, deferidos e indeferidos ... 77

Tabela 14: Relação de Estados que concedem isenção de IPVA por categoria de

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LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE A – Solicitação de dados encaminhada à Delegacia da Receita Federal

do Brasil em Goiânia - GO ... 134

APÊNDICE B - Solicitação de dados encaminhada à Secretária de Estado da

Fazenda de Goiás ... 135

APÊNDICE C - Solicitação de dados encaminhado ao Departamento Estadual de

Trânsito de Goiás ... 136

APÊNDICE D - Solicitação de dados encaminhada à Delegacia da Receita Federal

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO A – Normas jurídicas brasileiras sobre pessoas com deficiência ... 139 ANEXO B - Laudo de avaliação de deficiência física/visual (Anexo IX da Instrução

Normativa RFB nº 1.369/2013) ... 142

ANEXO C - “Categorias e Tipos de Deficiência”, por Romeu Kazumi Sassaki ... 145 ANEXO D - E-mail resposta de Romeu Kazumi Sassaki ... 153 ANEXO E - Laudo de avaliação de deficiência mental severa ou profunda (Anexo X

da Instrução Normativa RFB nº 1.369/2013) ... 154

ANEXO F - Laudo de avaliação autismo (Anexo XI da Instrução Normativa RFB nº

1.369/2013) ... 157

ANEXO G - Nomenclatura Comum do Mercosul de posição 87.03 da TIPI ... 162 ANEXO H - Anexo I da Instrução Normativa RFB nº 1.369/2013 ... 163 ANEXO I - Despacho S/N/2015-GTRE, da Secretaria de Estado da Fazenda de

Goiás (Sefaz – GO) ... 164

ANEXO J - Ofício nº 394/2015/GP/GSG, do Departamento Estadual de Trânsito de

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas ADO - Ação direta de inconstitucionalidade por omissão

ADPF - Ação de arguição de descumprimento de preceito fundamental

CDPD - Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência

CRPD - Comitê das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência

Conade - Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência CF - Constituição Federal

CTN - Código Tributário Nacional

DETRAN - Departamento Estadual de Trânsito FMI - Fundo Monetário Internacional

GO - Goiás

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS - Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e serviços

IOF - Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos e valores mobiliários

IN - Instrução Normativa

IPI - Imposto sobre produtos industrializados

IPVA - Imposto sobre propriedade de veículo automotor

IR - Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza ITBI - Imposto sobre a transmissão de bens imóveis

ITR - Imposto sobre a propriedade territorial rural

LBI - Lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência

MP - Medida Provisória

ONU - Organização das Nações Unidas PGE - Procuradoria Geral do Estado PGR - Procuradoria Geral da República PIB - Produto interno bruto

RAIS - Relatório anual de informações sociais RFB - Receita Federal do Brasil

RPU - Relatório Periódico Universal Sefaz - Secretaria de Estado da Fazenda SRF - Secretaria da Receita Federal STJ - Superior Tribunal de Justiça STF - Supremo Tribunal Federal

TIPI - Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados UPR - Universal Periodic Review

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 15 CAPÍTULO 1 - DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ... 17

1.1 CONCEITO ... 17

1.2 TERMINOLOGIAS JÁ UTILIZADAS COMO REFERÊNCIA À PESSOA

COM DEFICIÊNCIA ... 19

1.3 BREVE HISTÓRICO DO TRATAMENTO SOCIAL DA PESSOA COM

DEFICIÊNCIA ... 21

1.4 A PESSOA COM DEFICIÊNCIA E O ORDENAMENTO JURÍDICO

BRASILEIRO ... 27 1.5 CATEGORIAS DE DEFICIÊNCIA ... 28 1.5.1 Deficiência Física ... 30 1.5.1.1 Definição de deficiência física segundo as normas federais isentivas de IPI e IOF ... 30 1.5.1.2 Definição de deficiência física segundo as normas estaduais isentivas de ICMS e IPVA ... 33 1.5.1.3 Símbolo internacional de acesso ... 34 1.5.2 Deficiência Auditiva ... 35 1.5.2.1 Definição de deficiência auditiva e o benefício fiscal do IPI, IOF, ICMS e IPVA ... 35 1.5.2.2 Símbolo da pessoa com deficiência auditiva segundo a ABNT ... 36 1.5.3 Deficiência Visual ... 36 1.5.3.1 Definição de deficiência visual segundo as normas federais isentivas de IPI

e IOF ... 36 1.5.3.2 Definição de deficiência visual segundo as normas estaduais isentivas de

ICMS e IPVA ... 38 1.5.3.3 Símbolo da pessoa com deficiência visual segundo a ABNT ... 38 1.5.4 Deficiência Mental e Deficiência Intelectual ... 39 1.5.4.1 Definição de deficiência mental segundo as normas federais isentivas de

IPI e IOF ... 40 1.5.4.2 Definição de deficiência mental segundo as normas estaduais isentivas de

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1.5.4.3 Símbolo da pessoa com deficiência intelectual ... 43

1.5.5 Múltiplas Deficiências ... 43

1.5.6 Pessoa com Autismo ... 44

1.5.7 Dados do Censo Demográfico Brasileiro sobre as Pessoas com Deficiência no País e no Estado de Goiás ... 44

1.6 DA SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA .. 47

CAPÍTULO 2 - DOS IMPOSTOS E SUAS ISENÇÕES ... 50

2.1 TRIBUTOS ... 51

2.1.1 Relação Jurídico-Tributária... 51

2.1.2 O Sujeito Passivo de Direito e de Fato ... 53

2.1.3 Isenção Tributária ... 55

2.1.4 Distinção entre Isenção, Imunidade, Não Incidência e Alíquota Zero ... 57

2.1.4.1 Isenção ... 57

2.1.4.2 Imunidade ... 58

2.1.4.3 Não incidência ... 59

2.1.4.4 Alíquota zero ... 60

2.2 A INTERPRETAÇÃO LITERAL DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA ... 60

2.3 IMPOSTOS FEDERAIS ... 65

2.3.1 Imposto sobre Produto Industrializado – IPI ... 66

2.3.1.1 Características ... 66

2.3.1.2 Isenção do imposto sobre produto industrializado para pessoas com deficiência... 68

2.3.1.3 Dados de isenção de IPI obtidos junto às Delegacias da Receita Federal do Brasil em Goiás ... 71

2.3.2 Imposto sobre Operações de Crédito - IOF ... 75

2.3.2.1 Características ... 75

2.3.2.2 Isenção tributária de IOF para pessoas com deficiência ... 75

2.3.2.3 Dados de isenção de IOF obtidos junto às Delegacias da Receita Federal do Brasil em Goiás ... 76

2.4 IMPOSTOS ESTADUAIS ... 77

2.4.1 Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços – ICMS ... 77

2.4.1.1 Características ... 77

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2.4.2 Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA ... 82

2.4.2.1 Características ... 82

2.4.2.2 Isenção tributária de IPVA para pessoas com deficiência ... 83

2.5 CARACTERÍSTICAS DOS VEÍCULOS AUTOMOTORES ISENTOS DE TRIBUTAÇÃO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ... 84

2.5.1 Alienação do Veículo ... 85

2.5.2 Destruição ou Perda do Bem ... 86

2.6 ILÍCITOS PENAIS ... 87

CAPÍTULO 3 - A IGUALDADE DE TRATAMENTO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ... 88

3.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FUNDAMENTAIS ... 89

3.1.1. Noções ... 89

3.1.2 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana ... 91

3.2 DIREITOS FUNDAMENTAIS ... 93

3.2.1 Direito de Igualdade (ou isonomia) ... 96

3.2.2 O Princípio da Igualdade ou Isonomia Tributária ... 102

3.3 A IGUALDADE E A CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ... 103

3.4 DIREITO SOCIAL AO TRANSPORTE ... 108

3.5 POSICIONAMENTO DA PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DE GOIÁS ... 112

3.6 AS AÇÕES JUDICIAIS ... 113

3.6.1 A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 182 ... 113

3.6.2 A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão Parcial nº 30 ... 114

3.6.3 A Ação Civil Pública para Cumprimento de Obrigação de Fazer e de Não Fazer em Face do Estado de Goiás ... 115

3.6.4 Ação Declaratória e Mandado de Segurança ... 117

3.7 A ISENÇÃO DE IPVA EM CADA ESTADO BRASILEIRO ... 119

3.8 DIREITO COMPARADO... 120

CONCLUSÕES ... 122

REFERÊNCIAS ... 124

APÊNDICES ... 133

(16)

INTRODUÇÃO

Analisar as isenções tributárias concedidas às pessoas com deficiência para aquisição, financiamento e propriedade de veículo automotor é essencial para revelar a situação de desigualdade que impera nas normas de isenção dos impostos brasileiros, no tocante à escolha discriminatória de seus beneficiários dentro desse próprio grupo social.

Nessa perspectiva, com o intuito de demonstrar a necessidade de elaboração de políticas públicas e formação legislativa com tratamento igualitário a todas as pessoas com deficiência, a presente dissertação pretende analisar a necessidade da concessão de isenção de impostos, permitindo o acesso a meio de transporte particular, para enfrentar as barreiras que as impedem de participar como membro igual da sociedade e, para melhorar a condição de vida dessas pessoas em todo o país.

Escrever sobre a isenção de impostos sobre automóveis para pessoas com deficiência perpassa pelo exame obrigatório do conceito de pessoa com deficiência; das terminologias já utilizadas para se referir a elas; do histórico de seu tratamento social; da evolução histórica do ordenamento jurídico; das categorias de deficiência; e de suas condições socioeconômicas. Trata-se de um caminho necessário a ser percorrido para uma perfeita compreensão do tema e uma correta identificação de quem são as pessoas com deficiência no contexto das normas isentivas e, por isso, tais itens serão objeto do primeiro capítulo.

No segundo capítulo, trata-se sobre a matéria tributária, passando pelo estudo dos tributos federais e estaduais incidentes sobre a aquisição, sendo eles: o imposto sobre produto industrializado (IPI) e o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e prestações de serviços (ICMS), respectivamente; o tributo federal sobre o financiamento, denominado imposto sobre operações de crédito (IOF) e o tributo estadual sobre a propriedade do bem, denominado do imposto sobre propriedade de veículo automotor (IPVA).

Serão examinadas as isenções fiscais referente aos citados impostos concedidas às pessoas com deficiência e para quais dessas pessoas; serão apresentados os dados obtidos junto a Receita Federal do Brasil em Goiás e a Secretaria de Estado da Fazenda de Goiás relativo à quantidade de benefícios que

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já foram autorizadas; as características dos automóveis isentos da tributação específica e os ilícitos penais praticados por aqueles que se passam por pessoas com deficiência para obtenção da isenção.

Queremos destacar nesta dissertação, que a análise da isenção tributária concedida às pessoas com deficiência relativo a automóveis pressupõe o exame das dos princípios constitucionais e das decisões judiciais proferidas sobre o tema. Com efeito, no terceiro capítulo serão examinados os princípios da dignidade da pessoa humana e da isonomia; a igualdade buscada pela Convenção internacional sobre direitos das pessoas com deficiência; o direito social ao transporte; o posicionamento da Procuradoria Geral do Estado de Goiás frente ao tema; serão apontadas as vias judiciais disponíveis para busca do tratamento igualitário; as ações judiciais propostas; as decisões do Poder Judiciário; e, o direito comparado.

Na presente investigação serão utilizados como métodos para a aquisição dos dados, a abordagem dedutiva, o procedimento histórico e comparativo, tais como: a) pesquisas bibliográficas na literatura e publicações eletrônicas nacionais e internacionais de credibilidade e estatísticas; b) pesquisa de campo junto a Receita Federal do Brasil em Goiás, Secretaria de Estado da Fazenda de Goiás e Departamento Estadual de Trânsito de Goiás; c) análise dedutivo-bibliográfica, utilizando-se de legislação federal e estadual, tratados internacionais, doutrina e jurisprudência existente em nosso sistema jurídico.

No referencial teórico foram utilizados os autores Romeu Kazumi Sassaki, Maria Aparecida Gugel, Flávia Piovesan, Hugo de Brito Machado, Eduardo Sabbag, Leandro Paulsen, José Afonso da Silva, Ari Ferreira de Queiroz, Sacha Calmon Navarro Coelho, Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino, Kildare Gonçalves Carvalho e Lucas Bevilacqua Cabianca.

Trata-se de tema contemporâneo e de alta relevância, tendo em vista a situação de vulnerabilidade e busca de inclusão social que vivem as pessoas com deficiência.

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CAPÍTULO 1 - DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

1.1 CONCEITO

No ano de 2006, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou o texto da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD), com o propósito de promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo dos direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência.

A primeira Convenção do Século XXI da maior entidade do sistema global de proteção aos direitos humanos foi aberta à assinatura de todos os Estados e organizações de integração regional, em 30 de março de 2007, na cidade de Nova York, e entrou em vigor em 3 de maio de 2008 (trinta dias após atingir o número mínimo de ratificações necessárias).

As preocupações do órgão internacional sobre as difíceis situações enfrentadas pelas pessoas com deficiência, de modo global, contam com a participação dos Estados para que sejam tomadas medidas legislativas e administrativas, a fim de superá-las.

Segundo reconheceu a Convenção na letra “e” de seu Preâmbulo, “a deficiência é um conceito em evolução”, e acrescenta que, a deficiência:

[...] resulta da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

Mais a frente, na segunda parte do artigo 1º, a Convenção estabelece quem são as pessoas com deficiência conforme, abaixo, transcrito:

Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.

Em essência, esse instrumento internacional visa promover mudanças de perspectiva da sociedade em relação à percepção da pessoa com deficiência, a qual não deve ser confundida com pessoa incapaz ou com problema de saúde.

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relação ao impedimento de longo prazo de alguma função ou estrutura do corpo, mas também sobre novo aspecto, o da deficiência da sociedade, em razão das diversas barreiras existentes, como a falta de acessibilidade no transporte, na informação, na comunicação, a discriminação, ainda arraigada no comportamento das pessoas. Enfim, por toda situação impeditiva de sua participação em igualdade com as demais pessoas com ou sem deficiência.

Esse critério adotado pela ONU de “modelo de direitos humanos (ou modelo social) vê a pessoa com deficiência como ser humano, utilizando o dado médico apenas para definir suas necessidades” (RAMOS, 2015, p. 222), assegurando a igualdade de uma vida independente, com a possibilidade de estudar, trabalhar, praticar esportes, desenvolver a própria personalidade, participar de forma democrática da vida pública, ao serem propiciadas condições de superação das diversas barreiras e oportunidades para sua plena e efetiva inclusão na sociedade.

Nesse sentido, segundo Flávia Piovesan (2013, p. 296) “de ‘objeto’ de políticas assistencialistas e de tratamentos médicos, as pessoas com deficiência passaram a ser concebidas como verdadeiros sujeitos, titulares de direitos”.

Como titulares de direitos, faz-se importante a existência de normas para os indivíduos serem identificados na tipificação de pessoa com deficiência, de forma a alcançar aqueles apontados pela Convenção Internacional e que precisam da atenção, da proteção e respeito do Estado e da sociedade para efetivação dos direitos humanos de forma isonômica, como, por exemplo, nos casos de concessão de benefícios fiscais e o estabelecimento de políticas públicas.

No Brasil, a Convenção Internacional, juntamente com seu Protocolo Facultativo, receberam status de Emenda Constitucional, ao serem aprovados por nosso Congresso Nacional através do Decreto Legislativo nº 186, em 09 de julho de 2008, seguindo o comando do artigo 5º, parágrafo 3º, da Constituição Federal. A promulgação pelo Presidente da República deu-se por meio do Decreto Federal nº 6.949, de 25 de agosto de 2009.

Assim, a Convenção internacional dos direitos das pessoas com deficiência tornou-se a primeira Convenção internacional tratando sobre direitos humanos no nosso país com equivalência de Emenda Constitucional. E, conforme Antonio José Ferreira (2015, p. 7), Secretário Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, “somos o único país do mundo a ter a Convenção internalizada na Constituição”.

(20)

A meta brasileira, segundo afirmou Maria do Rosário Nunes (2011, p. 15), então Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, é “assegurar que a deficiência seja apenas mais uma característica da diversidade humana”.

Não se pode deixar de mencionar, todos estão sujeitos a adquirir alguma deficiência ao longo da vida e poderão se encontrar atados à legislação até então despreparada e não igualitária no trato com as pessoas com deficiências.

Importante ressaltar que, a pessoa que não se enquadra no conceito de pessoa com deficiência, mas por qualquer motivo, tem dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso, recebe, segundo o artigo 3º, IX, da Lei nº 13.146⁄15, o tratamento jurídico de “pessoa com mobilidade reduzida”, e fazem jus, assim como as pessoas com deficiência, ao atendimento prioritário nas repartições públicas, empresas concessionárias de serviços públicos e as instituições financeiras, garantidos pela Lei nº 10.048, de 08 de novembro de 2000.

1.2 TERMINOLOGIAS JÁ UTILIZADAS COMO REFERÊNCIA À PESSOA COM DEFICIÊNCIA

No decorrer da história, vários termos foram utilizados para se referir à pessoa com deficiência, e abandonados em razão de melhor adequação ao contexto social da época, do esclarecimento a respeito da capacidade e seus direitos e por influência de movimentos mundiais relacionados a essas pessoas.

Conforme citou GUGEL (2006, p. 25) a legislação brasileira empregou diversos termos para se referir a pessoa com deficiência como a palavra “desvalido”, na Constituição de 1934; “excepcional”, na Constituição de 1937 e na Emenda Constitucional nº 1 de 1969; “pessoa deficiente” na Emenda Constitucional nº 1278; “pessoa portadora de defeitos físicos”, na Lei nº 4.613, de 2 de abril de 1965; “inválido”, no Decreto Federal nº 60.50167.

Na atual Constituição Federal, constam “pessoa portadora de deficiência” e “portador de deficiência”, por influência do Movimento Internacional de Pessoas com Deficiência, de 1981.

(21)

deficiência, utilizaram ao longo do tempo, termos como os acima citados, e outros como “aleijado”, “incapacitado” “defeituoso”, “coxo”, “ceguinho”, “leproso”, “mongol”, “deformado”, etc..., podendo reforçar uma situação de exclusão e de discriminação em relação às pessoas com deficiência, indicando a percepção delas como um fardo social e sem valor.

O termo “portador de deficiência” e suas flexões no feminino e no plural, se tornaram bastante populares no Brasil e, são considerados impróprios, como bem salientou Sassaki (2003, p. 165):

As pessoas com deficiência vêm ponderando que elas não portam deficiência; que a deficiência que elas têm não é como coisas que às vezes portamos e às vezes não portamos (por exemplo, um documento de identidade, um guarda-chuva).

Como bem colocou Sassaki (2003, p. 160) “a construção de uma verdadeira sociedade inclusiva passa também pelo cuidado com a linguagem”, representando o respeito, a mudança de hábitos e a ruptura com os preconceitos.

Em outra obra, Sassaki (2003, p. 12 a 16) analisa os termos e significados das palavras já utilizadas para se referir às pessoas com deficiência, afirmando que:

[...] os inválidos” [era a expressão para se referir aos] “indivíduos sem valor”; “incapacitado” [para os] “indivíduos sem capacidade”, “com capacidade residual” ou “indivíduos que não são capazes de fazer alguma coisa por causa da deficiência”, independente de sua idade; “defeituosos” [para] “indivíduos com deformidade (principalmente física); “excepcionais” [referente aos] “indivíduos com deficiência mental”; “pessoas com necessidades especiais”, [para substituir deficiência por] “necessidades especiais, de onde surgiu “portador de necessidades especiais”; [e, atualmente], “pessoa com deficiência”, [em razão de que essas pessoas] “esclareceram que não são ‘portadoras de deficiência.

A respeito da expressão “loucos de todo gênero”, que foi utilizada legalmente por quase 90 (noventa) anos, em razão do artigo 5º, inciso II, do revogado Código Civil (Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916), deixou de ser empregado pelo atual Código Civil (Lei nº 10.406⁄02), para se referir aos absolutamente incapazes.

Luiza Helena Messias Soalheiro (2014, p. 5) afirma que tal referência era impropriamente utilizada pelo Código Civil revogado, “vez ser subjetiva e imprecisa, ao não possibilitar a definição quanto a quais transtornos mentais abrangeriam ‘os loucos de todo o gênero’”.

O Código Civil vigente não repetiu a imprecisa designação de “loucos de todo gênero”, substituindo-a pela referência mais adequada “enfermidade ou deficiência

(22)

mental”, constante do seu artigo 3º, inciso II.

A partir da Convenção internacional ficou decidido pela ONU que o termo adequado para se referir a alguém com deficiência é: “pessoa com deficiência”, atendendo a vontade dos movimentos mundiais, que conforme Sassaki (2003, p. 12-16) tem como princípios básicos para terem chegado à referida expressão, os seguintes fundamentos:

1) Não esconder ou camuflar a deficiência;

2) Não aceitar o consolo da falsa ideia de que todo mundo tem deficiência; 3) Mostrar com dignidade a realidade da deficiência;

4) Valorizar as diferenças e necessidades decorrentes da deficiência; 5) Combater neologismos que tentam diluir as diferenças, tais como “pessoas com capacidades especiais”, “pessoas com eficiências diferentes”, “pessoas com habilidades diferenciadas”, “pessoas deficientes”, “pessoas especiais”, “é desnecessário discutir a questão das deficiências porque todos nós somos imperfeitos”, “não se preocupam, agirem como avestruzes com a cabeça dentro da areia” (i.e. “aceitaremos vocês sem olhar para as suas deficiências”);

6) Defender a igualdade entre as pessoas com deficiência e as demais pessoas em termos de direitos e dignidade, o que exige a equiparação de oportunidades para pessoas com deficiência atendendo às diferenças individuais e necessidades especiais, que não devem ser ignoradas;

7) Identificar nas diferenças todos os direitos que lhes são pertinentes e a partir daí encontrar medidas específicas para o Estado e a sociedade diminuírem ou eliminarem as “restrições de participação” (dificuldades ou incapacidades causadas pelos ambientes humano e físico contra as pessoas com deficiência).

Importante salientar, algumas pessoas acreditam ser o termo “deficiência física” um nome genérico englobando todos os tipos de deficiência, desde a motora à sensitiva, intelectual e mental, o que é equívoco, e essas categorias e tipos serão estudados no item 1.5.

1.3 BREVE HISTÓRICO DO TRATAMENTO SOCIAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Ao longo da história da civilização, as pessoas com deficiência foram tratadas baseando-se em dois extremos: o da eliminação ou o da proteção. As informações citadas por Gugel (2006, p. 25), Rodrigues (1998, p. 11) e Feijó (2012, p. 4), apontam que algumas sociedades antigas, como Esparta, sacrificavam as pessoas com deficiência, em razão das autoridades compostas pelo Conselho de Anciãos daquela cidade militar, os considerar fracos por não servirem como soldados, determinando que fossem lançados no abismo.

(23)

Os romanos abandonavam suas crianças com deficiência e, pelo pátrio poder o filho nascido “monstruoso” (FEIJÓ, 2012, p. 3), poderia ser morto imediatamente, autorizado pela Lei das XII Tábuas (451 A.C.) de Roma, constante da Tábua IV.

De acordo com Gugel (2006, p. 25), Platão, em a República e, Aristóteles, em Política, também trataram sobre as pessoas com deficiência, com o argumento de elas serem escondidas e que não fosse criada nenhuma criança “disforme”.

Em alguns países muçulmanos, nos moldes da Lei de Talião, ocorrem situações que são permitidas mutilações de pessoas como nas penas impostas a criminosos.

A partir da concepção cristã iniciou-se a fase de substituição do extermínio voltada para a caridade, como “sentimento de pena pelas pessoas com deficiência e de dever de gratidão para com Deus, pela perfeição e pela normalidade dos fiéis não deficientes” (FEIJÓ, 2012, p. 4).

A partir do século XVI, segundo Gugel (2012, p. 26), começaram a surgir os hospitais psiquiátricos além dos confinamentos em asilos. A doutrinadora cita que com a Revolução Francesa e os avanços nos estudos filosóficos, médicos e educacionais dos séculos XVII e XVIII, aparecem as ideias de que a deficiência seria tratável e de utilizar as pessoas com deficiência como mão de obra para a produção.

Assim, história da humanidade revela que a ideia concebida sobre pessoa com deficiência era, conforme Ribas (1983, p. 40) definiu, de “gente para quem as únicas condições de vida são a pobreza, a fome, a ignorância, a miséria e a falta de perspectivas”.

A Figura 1, a seguir, de David Werner, retrata a cena da pessoa com ausência de membros superiores, ao redor de restos de lixo e separada da sociedade pelo muro com cacos de vidros e portão, em que ela escreve com o pé direito no muro a frase “It’s not being “normal” that’s important but learning to accept

our being different: to live and Love as fully as we can. And let live!”1, relatando a vontade das pessoas com deficiência de serem respeitadas e incluídas socialmente:

1

Tradução livre: Não é ser ‘normal’ que é importante. Mas, aprender a aceitar nosso jeito diferente: para viver* e amar tanto quanto nós podemos. *E deixar viver!

(24)

Fonte: http://www.dinf.ne.jp/doc/english/global/david/dwe001/dwe00101.html

Muitas mulheres, homens, adultos, tiveram suas vidas confinada

razão de terem sido abandon discriminação por consider

necessidade de maiores cuidados

O surgimento do paradigma da inclusão social se deu a partir dos resultados das grandes guerras ocorridas no século anterior, que deixaram um grande número de pessoas civis e militares de diversas nacionalidades feridas e mutiladas, que se tornaram deficientes, seja de natureza física, sensorial,

múltiplas deficiências.

O professor de Medicina Legal, Helio Gomes (1973, p. 12 sobre psiquiatria forense

no país e guerras mundiais pessoas, que vale ser transcrito:

As revoluções determinam aumento sensível no número de doentes mentais. Depois da Revolução Paulista, cresceu bastante o número de internações no Juqueri. A revolta do tempo de Floriano superlotou os hospícios. A guerra de 1914 também encheu os asilos de doentes mentais. A última, com seus terríveis bombardeiros aéreos,

torpedeamentos, com seus tanques, com os fuzilamentos, com os campos de concentração, com os gases asfixiantes, com os quadros pungentes, com as perseguições aos vencidos, produziu danos terríveis: suicídios, atos de desespero, loucura, doenças n

nervos” é fator poderoso no desarranjar o sistema nervoso da população inimiga, quebrando

imbecis, epiléticos, nevropatas, anormais psíquicos de todas as categorias tipos.

Figura 1: Pessoa com deficiência física

http://www.dinf.ne.jp/doc/english/global/david/dwe001/dwe00101.html

Muitas mulheres, homens, adultos, jovens e crianças confinadas às paredes da própria casa ou de

abandonados por suas famílias, seja pela falta de recursos ou considerá-los incapazes de ter uma vida normal,

necessidade de maiores cuidados de sua deficiência.

O surgimento do paradigma da inclusão social se deu a partir dos resultados das grandes guerras ocorridas no século anterior, que deixaram um grande número tares de diversas nacionalidades feridas e mutiladas, que se tornaram deficientes, seja de natureza física, sensorial, mental ou

professor de Medicina Legal, Helio Gomes (1973, p. 12

psiquiatria forense, retratou as causas sociais, como as revoluções no país e guerras mundiais, como ação assinalada no funcionamento

transcrito:

As revoluções determinam aumento sensível no número de doentes ntais. Depois da Revolução Paulista, cresceu bastante o número de internações no Juqueri. A revolta do tempo de Floriano superlotou os hospícios. A guerra de 1914 também encheu os asilos de doentes mentais. A última, com seus terríveis bombardeiros aéreos,

torpedeamentos, com seus tanques, com os fuzilamentos, com os campos de concentração, com os gases asfixiantes, com os quadros pungentes, com as perseguições aos vencidos, produziu danos terríveis: suicídios, atos de desespero, loucura, doenças nervosas etc. A chamada “guerra de nervos” é fator poderoso no desarranjar o sistema nervoso da população inimiga, quebrando-lhe o moral. Depois das guerras, proliferaram os idiotas, imbecis, epiléticos, nevropatas, anormais psíquicos de todas as categorias tipos.

http://www.dinf.ne.jp/doc/english/global/david/dwe001/dwe00101.html

jovens e crianças com deficiência já ou de instituições em falta de recursos ou normal, pela natureza ou

O surgimento do paradigma da inclusão social se deu a partir dos resultados das grandes guerras ocorridas no século anterior, que deixaram um grande número tares de diversas nacionalidades feridas e mutiladas, que se ou intelectual ou com

professor de Medicina Legal, Helio Gomes (1973, p. 123) em sua doutrina como as revoluções ocorridas no funcionamento mental das

As revoluções determinam aumento sensível no número de doentes ntais. Depois da Revolução Paulista, cresceu bastante o número de internações no Juqueri. A revolta do tempo de Floriano superlotou os hospícios. A guerra de 1914 também encheu os asilos de doentes mentais. A última, com seus terríveis bombardeiros aéreos, com seus torpedeamentos, com seus tanques, com os fuzilamentos, com os campos de concentração, com os gases asfixiantes, com os quadros pungentes, com as perseguições aos vencidos, produziu danos terríveis: suicídios, atos . A chamada “guerra de nervos” é fator poderoso no desarranjar o sistema nervoso da população lhe o moral. Depois das guerras, proliferaram os idiotas, imbecis, epiléticos, nevropatas, anormais psíquicos de todas as categorias e

(25)

Assim, com a universalização dos direitos humanos, a sociedade internacional se une com o objetivo de alterar a ótica de exclusão das pessoas com deficiência, buscando sua integração social e reabilitação. Dessa forma, em 1971, a Organização das Nações Unidas proclamou a Declaração Universal dos Direitos do Deficiente Mental e, em 1975, a Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência.

Em 1978, no Brasil, ainda durante a vigência da Constituição Federal de 1967, foi publicada a Emenda Constitucional nº 12, conhecida como “Emenda Thalles Ramalho2”, que, em artigo único, assegurou direitos às pessoas com deficiência para melhoria de sua condição social e econômica:

Artigo único - É assegurado aos deficientes a melhoria de sua condição social e econômica especialmente mediante:

I - educação especial e gratuita;

II - assistência, reabilitação e reinserção na vida econômica e social do país; III - proibição de discriminação, inclusive quanto à admissão ao trabalho ou ao serviço público e a salários;

IV - possibilidade de acesso a edifícios e logradouros públicos.

Em toda década de 1980, percebe-se forte movimento internacional em prol da luta por direitos das pessoas com deficiência. Em 1980 foi publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a Classificação Internacional dos Impedimentos, Deficiências e Incapacidades. Logo depois, o ano de 1981 foi proclamado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional das Pessoas Deficientes; em 1982, com a Resolução nº 37⁄53, a ONU aprova o decênio de 1982 a 1992, como a Década das Nações Unidas para as pessoas com deficiência, a fim de executar o Programa de Ação Mundial para as Pessoas com Deficiência3.

Os objetivos do Programa, conforme consta no Capítulo I – A.1, da Resolução ONU nº 37⁄52 foram assim estabelecidos:

2

Thales Bezerra de Albuquerque Ramalho (nascido em João Pessoa em 7 de julho de 1923, faleceu em 15 de agosto de 2004) foi defensor dos direitos das pessoas com deficiência e, como político, foi eleito deputado federal em 1966, reelegendo-se em 1970, 1974 e 1978. Consta que em 1972 ele sofreu um derrame cerebral que o deixou paralisado o lado esquerdo de seu corpo e em 1976, teve um acidente automobilístico, que causaram limitações a sua condição física, já abalada pelo derrame, passando a fazer uso de cadeira de rodas. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u63361.shtml e https://pt.wikipedia.org/wiki/Thales_Ramalho em 24/08/2015.

3

Programa de Ação Mundial para as Pessoas com Deficiência. Disponível em: <http://www.cedipod.org.br/w6pam.htm>. Acesso em 08⁄092015.

(26)

A finalidade do Programa de Ação Mundial referente às Pessoas Deficientes é promover medidas eficazes para a prevenção da deficiência e para a reabilitação e a realização dos objetivos de "igualdade" e "participação plena" das pessoas deficientes na vida social e no desenvolvimento. Isto significa oportunidades iguais às de toda a população e uma participação eqüitativa na melhoria das condições de vida resultante do desenvolvimento social e econômico. Estes princípios devem ser aplicados com o mesmo alcance e a mesma urgência em todos os países, independentemente do seu nível de desenvolvimento.

O próximo passo em prol dos direitos da pessoa com deficiência se deu no âmbito do Direito do Trabalho, quando no ano de 1983, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) adotou a Convenção nº 159, tratando da Reabilitação profissional e do emprego de Pessoas Deficientes, que foi ratificada pelo Brasil através do Decreto Legislativo nº 129, de 22 de maio de 1991.

Tendo como somatório esse contexto internacional, o fim do período de ditadura militar vivido pelo Brasil e a expectativa de criação da Constituição Federal cidadã, os movimentos nacionais das pessoas com deficiência participaram ativamente do processo de elaboração do texto constitucional, buscando a inserção de suas demandas, conforme narrado abaixo por Mario Cleber Martins Lanna Junior (2010, p. 65 e 69):

Uma das principais reivindicações das pessoas com deficiência discutida nos encontros era que o texto constitucional não consolidasse a tutela, e, sim, a autonomia. Nesse sentido, os argumentos do movimento não eram consentâneos ao anteprojeto de Constituição, elaborado pela Comissão Provisória de Estudos Constitucionais, que tinha um capítulo intitulado “Tutelas Especiais”, específico para as pessoas com deficiência e com necessidades de tutelas especiais. O movimento não queria as tutelas especiais, mas, sim, direitos iguais garantidos juntamente com os de todas as pessoas. A separação, na visão do movimento, era discriminatória. Desde o início da década de 1980, a principal demanda do movimento era a igualdade de direitos, e, nesse sentido, reivindicavam que os dispositivos constitucionais voltados para as pessoas com deficiência deveriam integrar os capítulos dirigidos a todos os cidadãos. O movimento vislumbrava, portanto, que o tema deficiência fosse transversal no texto constitucional. [...] O principal êxito dessa luta foi o fato de o movimento ter conseguido superar a lógica da segregação presente na proposta do capítulo “Tutelas Especiais” e incorporar, mais do que direitos ao longo de todo o texto constitucional, ao menos pelo viés legal, o princípio da inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.

Mundialmente ficou conhecido o lema “Nada sobre nós, sem nós”, da expressão em inglês “Nothing about us without us”, deixando claro que as pessoas com deficiência são peritas em assuntos de deficiência, cabendo a elas opinarem a respeito das mudanças nas ações políticas e em matérias legislativas voltadas para o tema.

(27)

A ilustração abaixo de WERNER, bem retrata o envolvimento das pessoas com deficiência para serem ouvidas na construção de seus direitos, onde, à esquerda, a mulher amputada e usando muletas e, à direita, o cego, seguram a faixa com o lema, e abaixo da faixa três crianças com deficiência: a cadeirante, a surda e outra menor (certamente referindo-se à deficiência intelectual) acompanhada pela mãe.

Figura 2: Lema “Nada sobre nós, sem nós”

Fonte: http://www.dinf.ne.jp/doc/english/global/david/dwe001/dwe00101.html

Na figura 3, é possível observar a sociedade onde homens e mulheres sem deficiência, pessoas com deficiência e pessoas com mobilidade reduzida (obesos e idosos) estão representados por símbolos, cujos dois últimos grupos citados estiveram ao redor do círculo social, segregados do convívio, integrados e, enfim, sem barreira alguma, ou seja, incluídos, conforme se vê:

Figura 3: Exclusão, Segregação, Integração e Inclusão

(28)

Essas fases foram bem apontadas por Flávia Piovesan (2015, p. 483) nesse sentido:

a) uma fase de intolerância em relação às pessoas com deficiência, em que a deficiência simbolizava impureza, pecado ou, mesmo, castigo divino; b) uma fase marcada pela invisibilidade das pessoas com deficiência; c) uma terceira fase orientada por uma ótica assistencialista, pautada na perspectiva médica e biológica de que a deficiência era uma “doença a ser curada”, sendo o foco centrado no indivíduo “portador de enfermidade”; e, d) finalmente uma quarta fase orientada pelo paradigma dos direitos humanos, em que emergem os direitos à inclusão social, com ênfase na relação da pessoa com deficiência e do meio em que ela se insere, bem como na necessidade de eliminar obstáculos e barreiras superáveis, sejam elas culturais, físicas ou sociais, que impeçam o pleno exercício dos direitos humanos.

De todo o exposto, verifica-se ser a história do tratamento social da pessoa com deficiência demarcada por quatro fases bastante distintas: a da exclusão, a de segregação, a de integração e a da inclusão social.

1.4 A PESSOA COM DEFICIÊNCIA E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Ao ser elaborada a Constituição Federal de 1988, além de ser assegurada de forma genérica os direitos de todas as pessoas, foram incorporados direitos reivindicados a partir da “participação democrática de associações ‘de⁄para’ deficientes”, conforme disse Piovesan (2015, p. 477), garantindo o direito ao trabalho, à previdência, à assistência social, à educação e à acessibilidade, sem privilegiar nenhuma modalidade de deficiência, tendo como objetivo sua inclusão social.

Algumas normas constitucionais fazem referência específica às pessoas com deficiência, que, à época, eram denominadas “pessoa portadora de deficiência” ou “portador de deficiência”, cujos termos podem ser considerados ao se fazer referência a uma norma jurídica ou a seu âmbito de aplicação e, se encontram nos seguintes comandos da Lei Maior: art. 7º, XXXI; art. 23, II; art. 24, XIV; art. 37, VIII; art. 40, §4º, I; art. 201, §1º; art. 203, IV e V; art. 208, III; art. 227, §1º, II; art. 227, § 2º; e, art. 244.

O ordenamento jurídico brasileiro relacionado aos direitos das pessoas com deficiência tem aumentado substancialmente desde 1988, conforme é possível verificar na relação de normas constante do ANEXO A deste trabalho, bem como, tiveram crescimento as políticas públicas, demonstrando os esforços dos Poderes

(29)

Legislativo e Executivo em cumprirem os comandos de nossa Constituição Federal e da Convenção internacional.

Recentemente, foi instituída a Lei nº 13.146, de 06 de julho deste ano (2015), denominada Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), também conhecida como “Estatuto da Pessoa com Deficiência”, tendo como parâmetro normativo, em sua elaboração, a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo.

As normas jurídicas constantes dos itens e capítulos seguintes referem-se às relacionadas a concessão de isenção de 04 (quatro) tributos incidentes sobre a aquisição, financiamento e propriedade de veículo automotor destinado às pessoas com deficiência, sendo eles: o imposto sobre produto industrializado (IPI); o imposto sobre operações de crédito (IOF); o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias, prestações de serviços (ICMS); e, o imposto sobre propriedade de veículo automotor (IPVA).

1.5 CATEGORIAS DE DEFICIÊNCIA

Segundo a CDPD, em seu artigo 1º, as pessoas com deficiência são aquelas com impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. A definição dessas categorias para o âmbito jurídico é importante para se identificar quais são aqueles que poderão, por exemplo, ter atendimento prioritário, receber benefício assistencial, ter autorizada isenção tributária, preencher vagas de emprego em empresas privadas com mais de cem funcionários, concorrer a cargos e empregos em concursos públicos e vestibulares e participar de paraolimpíadas.

O legislador federal e o Poder Executivo apontaram e definiram com critérios médicos e não sociais cada categoria por tipos de deficiência para abranger o conceito de pessoa com deficiência.

Relacionamos, na tabela abaixo, as normas jurídicas referentes à concessão de isenção dos impostos destinados à aquisição, financiamento e propriedade de veículo automotor e as categorias de deficiência, cujos tipos serão tratados nos itens seguintes:

(30)

Tabela 1: Normas jurídicas de isenção tributária a pessoas com deficiência

relacionado a veículos automotores

Norma jurídica Isenção tributária Categoria de Deficiência Lei federal nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995, modificada pela Lei nº 10.690⁄03 e Portaria Interministerial nº 02, de 21 de novembro de 2003

Imposto sobre produto industrializado (IPI)

- Física, pessoa condutora de veículo ou não;

- Visual, pessoa condutora de veículo ou não;

- Mental severa ou profunda, pessoa condutora de veículo ou não;

- pessoa com autismo, condutora de veículo ou não.

Lei federal nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991

Imposto sobre operações de crédito (IOF)

- Física, pessoa condutora de veículo.

Convênio ICMS nº 38, de 30 de março de 2012

Imposto sobre operações relativas a circulação de mercadorias e prestações de serviços (ICMS)

- Física, pessoa condutora de veículo ou não;

- Visual, pessoa condutora de veículo ou não;

- Mental severa ou profunda, pessoa condutora de veículo ou não;

- pessoa com autismo, condutora de veículo ou não.

Lei do Estado de Goiás nº 11.651, de 26 de dezembro de 1991

Imposto sobre propriedade de veículo automotor (IPVA)

- Física, pessoa condutora de veículo.

Fonte: Poder Legislativo federal e do Estado de Goiás e Confaz

Vale constar que toda pessoa com deficiência é beneficiária de processo de reabilitação, qualquer seja sua natureza, agente causal ou grau de severidade, permitindo sua integração e para alcançar ótimo nível físico, mental ou social funcional, conforme se vê no artigo 17, do Decreto nº 3.298⁄99:

Art. 17. É beneficiária do processo de reabilitação a pessoa que apresenta deficiência, qualquer que seja sua natureza, agente causal ou grau de severidade.

§ 1o Considera-se reabilitação o processo de duração limitada e com objetivo definido, destinado a permitir que a pessoa com deficiência alcance o nível físico, mental ou social funcional ótimo, proporcionando-lhe os meios de modificar sua própria vida, podendo compreender medidas visando a compensar a perda de uma função ou uma limitação funcional e facilitar ajustes ou reajustes sociais.

§ 2o Para efeito do disposto neste artigo, toda pessoa que apresente redução funcional devidamente diagnosticada por equipe multiprofissional terá direito a beneficiar-se dos processos de reabilitação necessários para corrigir ou modificar seu estado físico, mental ou sensorial, quando este constitua obstáculo para sua integração educativa, laboral e social.

(31)

Resta, ainda, esclarecer que as doenças, em si, por mais graves que se apresentem (como exemplos: AIDS, câncer, Parkinson e Hanseníase), não foram incluídas no conceito de deficiência, mas suas seqüelas poderão estar abarcadas na tipificação de uma categoria de deficiência, seja em razão de uma perda de força muscular que o impeça movimentar algum membro, ou relacionada à visão, audição, deficiência intelectual, mental ou múltiplas deficiências. As deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções, não foram relacionadas nas normas de isenção dos tributos de IPI, IOF, ICMS e IPVA.

1.5.1 Deficiência Física

1.5.1.1 Definição de deficiência física segundo as normas federais isentivas de IPI e IOF

A norma legal da isenção do imposto sobre produto industrializado (IPI) concedido a pessoas com deficiência física para aquisição de veículos automotores encontra-se prevista na Lei federal nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995, e em seu artigo 1º, §1º, definiu quem são consideradas pessoas com deficiência física:

Art. 1o Ficam isentos do Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI os automóveis de passageiros de fabricação nacional, equipados com motor de cilindrada não superior a dois mil centímetros cúbicos, de no mínimo quatro portas inclusive a de acesso ao bagageiro, movidos a combustíveis de origem renovável ou sistema reversível de combustão, quando adquiridos por: (Redação dada pela Lei nº 10.690, de 16.6.2003). (Vide art 5º da Lei nº 10.690, de 16.6.2003)

[...]

IV – pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autistas, diretamente ou por intermédio de seu representante legal; (Redação dada pela Lei nº 10.690, de 16.6.2003)

[...]

§ 1o Para a concessão do benefício previsto no art. 1o é considerada também pessoa portadora de deficiência física aquela que apresenta alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções. (Incluído pela Lei nº 10.690, de 16.6.2003).

Assim, para fins de isenção de IPI o comprometimento da função física deve se apresentar sob alguma das situações:

(32)

a) paraplegia: Perda transitória ou definitiva da capacidade de realizar movimentos devido à ausência de força muscular de ambos os membros inferiores. A causa mais frequente é a lesão medular por traumatismos (Dicionário Médico site Boa Saúde);

b) paraparesia: fraqueza que afeta os membros inferiores (STEDMAN, 2003, p. 1168);

c) monoplegia: paralisia de um membro (STEDMAN, 2003, p. 1003);

d) monoparesia: paralisia que afeta um único membro ou parte de um membro (STEDMAN, 2003, p. 1003);

e) tetraplegia: perda total das funções motoras dos membros inferiores e superiores (GUGEL, 2006, p. 34);

f) tetraparesia: perda parcial das funções motoras dos membros inferiores e superiores (GUGEL, 2006, p. 34);

g) triplegia: 1. Paralisia de três membros, com ambas as extremidades de um lado e um de outro lado. 2. Paralisia de um membro superior e inferior e da face (STEDMAN, 2003, p. 1675).

h) triparesia: perda parcial das funções motoras em três membros (GUGEL, 2006, p. 34);

i) hemiplegia: paralisia de um lado do corpo (STEDMAN, 2003, p. 710);

j) hemiparesia: fraqueza que afeta um lado do corpo (STEDMAN, 2003, p. 710);

k) amputação: perda total ou parcial de um determinado membro ou segmento de membro (GUGEL, 2006, p. 34);

l) paralisia cerebral: lesão de uma ou mais áreas do sistema nervoso central, tendo como consequências alterações psicomotoras, podendo ou não causar deficiência mental.

O Secretário da Receita Federal do Brasil expediu as Instruções Normativas (IN) RFB nº 988, de 22 de dezembro de 20094 e RFB nº 1.369, de 26 de junho de

4

Instrução Normativa Receita Federal do Brasil – RFB nº 988, de 22 de dezembro de 2009. Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/legislacao/inrfb988_2009.htm>. Acesso em 20/09/2015.

(33)

20135, disciplinando a “aquisição de automóveis com isenção do imposto sobre produtos industrializados, por pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autistas” resolvendo que para a verificação da condição de pessoa portadora de deficiência física, deve ser observado o disposto no artigo 1º, da Lei nº 8.989, de 1995, e nos artigos 3º e 4º, do Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999.

O Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, trata da regulamentação da Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, a qual “dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção e dá outras providências”. Em seu artigo 4º, o Decreto apresenta definição semelhante à da Lei nº 8.989⁄95, a respeito da deficiência física e, também, assim a considera, nos casos de ostomia e nanismo.

No Dicionário Médico Stedman (2003, p. 1145) consta a definição de ostomia como: “[...] aberto artificial para o canal urinário ou gastrointestinal, ou para a traquéia [...] permanente [...] criada entre dois órgãos ocos ou sobre uma víscera oca e a pele, externamente, como na traqueostomia”.

Ao tratar do nanismo, Gugel (2006, p. 35), esclarece que a altura esperada no indivíduo adulto é de 1,45m e que o decreto fez seu oportuno reconhecimento no conceito de deficiência, pois, dessa forma, poderá ser dirigida atenção especial em relação às políticas de acessibilidade, bem como, acrescentou a seguinte justificativa:

[...] as normas técnicas brasileiras (ABNT) ao apontar as dimensões de espaço, de equipamento e mobiliário urbano, com base nos parâmetros antropométricos de uma pessoa em cadeira de rodas, define os limites de alcance manual e visual, para que se procedam as condições adequadas de acessibilidade.

Para ser autorizada pela Receita Federal do Brasil a isenção do tributo de IPI para aquisição de veículo automotor, a deficiência deverá ser comprovada através do “Laudo de Avaliação de Deficiência Física”, cujo formulário modelo é o constante no Anexo IX, da Instrução Normativa RFB nº 1.369⁄2013 (ANEXO B), a ser preenchido por Junta Médica composta de dois médicos da mesma Unidade

5

Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil – RFB nº 1.369, de 26 de junho de 2013 . Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/legislacao/instrucao-normativo-1369-2013.htm>. Acesso em 20/09/2015.

(34)

Emissora do Laudo.

A Lei nº 8.383⁄91, quanto à isenção do imposto sobre operações de crédito (IOF) para pessoas com deficiência física, dispõe, no artigo 72, inciso IV, que a deficiência física será atestada pelo Departamento de Trânsito do Estado onde o requerente reside em caráter permanente, cujo Laudo de Perícia Médica irá especificar: “o tipo de defeito físico, a total incapacidade do requerente para dirigir automóveis convencionais e a habilitação do requerente para dirigir veículo com adaptações especiais”.

1.5.1.2 Definição de deficiência física segundo as normas estaduais isentivas de ICMS e IPVA

As normas de isenção do tributo de ICMS encontram-se previstas no Convênio ICMS nº 38, de 30 de março de 2012, do Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) e foram incorporadas pelo Estado de Goiás, no Anexo IX, do Decreto Estadual nº 4.852, de 29 de dezembro de 1997, que serão estudados no Capítulo 2, item 2.4.1.2, sendo que neste momento, cabe apontar os tipos de deficiência física abrangidos.

De acordo com a segunda cláusula do Convênio e nos moldes do Decreto goiano é considerada pessoa com deficiência física aquela que apresenta:

[...] alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções.

Verifica-se que o Convênio adotou os mesmos tipos de deficiência física apontados pela redação atual Lei nº 8.989⁄95, cujos conceitos médicos foram consignados no item 1.5.1.1 deste Capítulo.

Para comprovação da deficiência física, o Convênio ICMS nº 38⁄12 dispõe na cláusula segunda, §1º: “será feita de acordo com norma estabelecida pelas unidades federadas, podendo ser suprida pelo laudo apresentado à Secretaria da Receita Federal do Brasil para concessão da isenção de IPI” ou, através do preenchimento do Laudo constante no seu Anexo II.

(35)

Em relação à isenção do tributo estadual IPVA, o Código Tributário do Estado de Goiás (Lei nº 11.651, de 26 de dezembro de 1991), em seu artigo 94, inciso IV não tratou sobre os tipos de deficiência física, apenas cita essa categoria, cujo laudo de perícia médica seria fornecido por junta médica designada pelo Departamento de Trânsito do Estado de Goiás – DETRAN-GO.

1.5.1.3 Símbolo internacional de acesso

A partir da Lei nº 7.405, de 12 de novembro de 1985, o Brasil adotou o símbolo internacional de acesso, tornando obrigatória sua colocação em todos os locais e serviços que permitam sua utilização por pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Esse símbolo indica acessibilidade em espaços, edificações, mobiliários e equipamentos urbanos, e está representado na figura 4, abaixo, conforme orientação da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 9050 (2004, p. 18).

Figura 4: Símbolo internacional de acesso

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 9050 (2004, p. 18)

Conforme esclarece a ABNT, a figura consiste em um pictograma branco sobre fundo azul, podendo ser representado em branco e preto, sempre voltada para o lado direito, sendo que nenhuma modificação, estilização ou adição deve ser feita ao símbolo.

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1.5.2 Deficiência Auditiva

1.5.2.1 Definição de deficiência auditiva e o benefício fiscal do IPI, IOF, ICMS e IPVA Desde sua instituição, a Lei nº 8.989, em 24 de fevereiro de 1995, nunca recebeu alteração para incluir a pessoa com deficiência auditiva no rol daqueles beneficiados pela isenção tributária de IPI para aquisição de veículo automotor.

A Lei Federal nº 10.690/03 que deu nova redação ao artigo 1º, inciso IV, da Lei nº 8.989⁄95 trouxe uma nova relação dos beneficiários isentos do imposto: as pessoas com deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autistas.

No mesmo sentido, a Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil - RFB nº 988 de 22.12.2009, que disciplinou em âmbito administrativo a respeito da isenção citada não tratou sobre as pessoas com deficiência auditiva.

Para o Decreto federal nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que disciplinou a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, em seu artigo 4º, inciso II, é considerado pessoa com deficiência auditiva aquele enquadrado na seguinte categoria:

Art. 4º. [...]

II - deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004)

Diante dessa flagrante desigualdade no tratamento das pessoas com deficiência auditiva para concessão de isenção de IPI, a Procuradoria Geral da República ajuizou perante o Supremo Tribunal Federal, a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão Parcial (ADO) nº 30, em 18 de fevereiro do corrente ano (2015), que ainda encontra-se aguardando decisão do relator Ministro Dias Toffoli e a ser estudada no Capítulo 3.

As normas a respeito da isenção de IOF e, também, de ICMS e IPVA, para pessoas com deficiência nos termos do Convênio do CONFAZ e no âmbito do Estado de Goiás, não incluíram aqueles que tem deficiência auditiva.

Vale constar que sobre o tema da deficiência auditiva, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) se posicionou sobre o tipo de surdez que se enquadra nos casos das vagas para pessoas com deficiência para concurso público,

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