II COLÓQUIO DE PRÁTICAS DOCENTES
Método e Metodologias do Ensino: teoria e prática em sala de aula 09 e 10 de fevereiro de 2017
Unioeste – Câmpus Marechal Cândido Rondon
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EDUCAÇÃO PARA TODOS?
UMA REFLEXAO A PARTIR DE PLATÃO
Eli Schmidtke (UNIOESTE)1 Yaquelini Gomez Maidana (UNIOESTE)2 Nelsi Kistemacher Welter (Orientadora - UNIOESTE)3
Resumo: Platão nasceu no seio de antiga família nobre, em 428-7 a.C. Na juventude,
acalentou o desejo de ingressar na vida pública. O encontro com Sócrates, do qual se tornou discípulo, e o impacto do julgamento e condenação à morte do mestre (399 a.C.) foram decisivos na opção pela Filosofia. Em 387 a.C., fundou a Academia. Tantas propostas e formas para educar já foram e são apresentadas diariamente, mas nenhuma é tão radical quanto a de Platão, mas porque recorrer a esse autor? São aproximadamente 25 séculos de distância, mas a proposta continua a ser copiada, de forma medonha, mas copiada, então porque não recorrer ao original? Platão vê a sociedade como sendo reflexo das ações humanas, e para, ter uma sociedade justa é necessário que o indivíduo seja justo, que traga a justiça consigo. A educação é apresentada como a principal forma desse indivíduo alcançar esse objetivo, justiça. É necessário que a educação seja tratada com o máximo carinho, pois uma educação errada põe a perder toda a sociedade. Para a educação Platão propõe a criação de uma comunidade exclusiva, em princípio a criança ao nascer será encaminhada a um lugar especifico, onde ela será acompanhada por pessoas competentes conforme escrito na página 241: “E não porão à sua frente os chefes de menos valia, mas os que, pela sua experiência e idade, são capazes de ser bons chefes e pedagogos.”
Palavras-chave: Platão. Educação. Reflexão. Considerações iniciais
Nascido no seio de antiga família nobre, em 428-7 a.C., Platão viveu no período que sucede à morte de Péricles (429 a.C.), usufruindo dos benefícios da estabilidade política e do esplendor cultural de Atenas.
Na juventude, acalentou o desejo de ingressar na vida pública. O encontro com Sócrates, do qual se tornou discípulo, e o impacto do julgamento e condenação à morte do mestre (399 a.C.) foram decisivos na opção pela Filosofia. Em 387 a.C., fundou a
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Graduando 4º. Ano filosofia. elischmidtke2000@yahoo.com.br.
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Graduanda 1º.Ano filosofia. Jaque_Maidano@hotmail.com.
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2 Academia e, em várias décadas de exercício do magistério e do ofício de escritor, Platão assegurou lugar de relevo na História da Filosofia e da Literatura. Faleceu em 347 a.C.
Tantas propostas e formas para educar já foram e são apresentadas diariamente, mas nenhuma é tão radical quanto a de Platão, mas porque recorrer a esse autor? São aproximadamente 25 séculos de distância, mas a proposta continua a ser copiada, de forma medonha, mas copiada, então porque não recorrer ao original?
Platão vê a sociedade como sendo reflexo das ações humanas, e para, ter uma sociedade justa é necessário que o indivíduo seja justo, que traga a justiça consigo. A educação é apresentada como a principal forma desse indivíduo alcançar esse objetivo, justiça. É necessário que a educação seja tratada com o máximo carinho, pois uma educação errada põe a perder toda a sociedade.
Para a educação Platão propõe a criação de uma comunidade exclusiva, em princípio a criança ao nascer será encaminhada a um lugar especifico, onde ela será acompanhada por pessoas competentes conforme escrito na página 241: “E não porão à sua frente os chefes de menos valia, mas os que, pela sua experiência e idade, são capazes de ser bons chefes e pedagogos.”
Nessa comunidade de crianças, os preceptores e ou professores devem ser os melhores, pois é nessa faixa etária que existe a possibilidade de ampliação, desenvolvimento, criação de capacidades, ou se não forem atendidas corretamente as necessidades da criança, acontecerá o contrário, tornando o indivíduo acomodado com a situação, onde o mesmo não busca a sua felicidade plena, apenas sobrevive. Em termos de educação, Platão, define que do momento do nascimento até irem para a escola como o mais trabalhoso de todos, podemos ler isso no texto da página 211 “... e à criação, quando ainda são novos, no tempo que medeia entre o nascimento e a educação, e que se me afigura ser o mais trabalhoso de todos? ...” Esse tempo que o autor se refere vai do nascimento até os dois anos, é um período que a criança normalmente executa suas funções fisiológicas como: dormir, alimentar-se e expelir. Onde estaria a dificuldade? A dificuldade não com o corpo, o corpo está em repouso, mas a alma não, está muito ativa, observando, sentindo e criando juízos sobre cada situação vivida. A criança está em pleno desenvolvimento, a alma está se preparando para atividades futuras, muitas decisões são tomadas nesse período, muitas funções são criadas, anuladas, desligadas, desenvolvidas, tudo em silêncio, o adulto não tem como remediar, é no silêncio que a criança se constrói, essa é a dificuldade, esse é o trabalho.
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Educar brincando e brincando, educar
Por isso o autor propõe a retirada da criança para um mundo particular, onde é possível o desenvolvimento pleno daquele ser.
Vivendo nesse sistema as crianças além de terem o atendimento por pessoas altamente capacitadas. Também antecipariam o futuro, pois, essa mesma comunidade que hoje aprende, amanhã será a que ensinará. Eles não somente aprendem o conteúdo disponibilizado pelo sistema, também desenvolvem relações de afeto, de amizade, aprendem a socializar, compartilhar, e acima de tudo aprendem a conviver consigo mesmas.
Quais seriam as matérias, disciplinas, conteúdos, ou como descreve o autor, ciências, e principalmente a idade para que as crianças começassem a educação física, qual o momento certo para que utilizando-se dos recursos corpóreos adentrassem na educação propriamente dita. Não menos importante é a justificativa para a escolhas das ciências.
As ciências utilizadas para o aprendizado por ordem de importância são: 1) Cálculo e aritmética;
2) Geometria; 3) Estereometria; 4) astronomia.
O sistema de estudos é muito semelhante ao que temos hoje, essas ciências deveriam ser apresentadas ao aluno a partir dos dois anos de idade estendendo-se até os vinte anos. Além dessas matérias ainda seria ensinado a equitação com preparação para a guerra. O curioso é que Platão propõem uma comunidade, uma cidade feliz, onde a busca pela felicidade é o objetivo principal, então porque a guerra? Porque o homem não é apenas alma, ou somente corpo, é a junção de ambos, e o corpo tem suas prerrogativas para viver, e a guerra satisfaz tanto a alma quanto ao corpo.
O autor justifica a escolha das chamadas ciências, principalmente porque são responsáveis pelo desenvolvimento da alma, pois os números, assim como as formas geométricas, apesar de existirem, não são físicos, e somente são possíveis de acesso através do pensamento. Você pode representa-los através de signos e formas, mas eles não se encontram a disposição na natureza. O trabalho com números e formas geométricas é puramente intuitivo, necessitam da razão, do entendimento e da inteligência, para serem
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4 manuseados. O trabalho, com essas ciências, desenvolve a alma e propiciam ao aluno maior capacidade intelectual para se lançar no estudo da dialética e da filosofia. O objetivo não é somente ensinar, para que o aluno tenha uma boa profissão, tenha uma vida feliz, mas também, e principalmente para governar, primeiro o governo de sua alma, depois o corpo, e o governo da sociedade, conforme o texto na página 351: “Mas, se um dia tiveres de facto de educar na prática aquelas crianças que educas e instruis em palavras, não consentirás, segundo creio, que sejam como simples quantidades irracionais, se tem de governar cidades e de ser senhores das altas instancias.”
Em Platão o indivíduo é reflexo da sua alma assim como a sociedade é o reflexo do conjunto de indivíduos, assim se uma sociedade não é justa, é porque o indivíduo presente nessa sociedade não é justo, e a justiça só se obtém desenvolvendo a alma adequadamente através da educação, em princípio, mas a sociedade também tem a sua parcela de responsabilidade ao agir sempre com justiça e promovendo o bem comum.
A idade apropriada para começar os estudos é a partir dos dois anos, pois antes disso o sono domina o corpo e conforme escreve, e alerta, o autor na página 356: “... É que a fadiga e o sono são inimigos do estudo.” Como deveria ser o sistema de estudos? Em primeiro lugar respeitando as condições de cada um, a sequência nos estudos dependem unicamente da condição natural de cada um, conforme é superada uma etapa, a criança avança para a etapa seguinte. Os estudos são de forma leve, nunca pela brutalidade, sempre na brincadeira, pois é pela brincadeira que se fixa o conteúdo na alma do indivíduo, enquanto que a brutalidade, o excesso de regras, compromissos, hierarquia, comportamento, disciplina num primeiro momento não causam efeito positivo no indivíduo, mas o excesso acaba por ficar e dilacerar a alma, tornando o indivíduo não autônomo mas autômato. Se educarem as crianças pela brincadeira é possível perceber as tendências naturais de cada uma, referência a isso encontramos no texto da página 352: “... não eduques as crianças no estudo pela violência, mas a brincar, afim de ficares mais habilitado a descobrir as tendências naturais de cada um.”
É possível educar uma criança de outro modo? Haverá problemas? Não. A criança pode ser educada da forma convencional, com regras, disciplina, normas, salinhas, cadeirinhas e tudo mais, sim, mas o autor escreve na página 278 o que acontecerá: “Logo, ó Adimanto, diremos que as almas mais bem dotadas, se se lhes deparar uma educação má, se tornam extremamente perversas?” Apenas vamos salientar a diferença entre a educação chamada de boa e a má, enquanto que sobre perversidade falaremos em outro trabalho, o
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5 quanto uma sociedade sofre onde impera o reino dos perversos, que em Platão são chamados de zangão com ferrão.
Considerações finais
A educação, pelo menos no PPP, de muitas escolas é definida pela busca da formação do homem ideal, pleno, autônomo. Esta tarefa cabe, prioritariamente, a equipe multidisciplinar presente em cada estabelecimento de ensino buscar: a melhor forma de abordagem, os melhores materiais, o melhor aperfeiçoamento. Eventos como este propiciam momentos de reflexão sobre as temáticas abordadas, e esse trabalho tem como objetivo ajudar na reflexão, que seja possível uma escola mais humana e menos regrada. Que quem venha para a escola tenha aptidão para o aprendizado e a escola esteja instrumentalizada para receber e fornecer o melhor para esse aluno.
Referências
PLATÃO. A República. Tradução Maria Helena da Rocha Pereira. 9ª Edição. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993.