• Nenhum resultado encontrado

Kebra Nagast - A Glória Dos Reis(1)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Kebra Nagast - A Glória Dos Reis(1)"

Copied!
147
0
0

Texto

(1)
(2)

KE

NEG

(A Glória dos Reis)

A VERDADEIRA ARCA DA ALIANÇA

“Declare entre as nações, publique e estabeleça um modelo; publique, e não oculte...”

(3)

Uma Tradução Moderna

de

KE

NEG

(A Glória dos Reis)

A história da partida de Deus e Sua Arca da Aliança de Jerusalém para a Etiópia, e o estabelecimento da religião dos hebreus e da linhagem Salomônica dos

(4)

DEDICADO

Á memória do grande profeta, visionário, filósofo e libertador, Vossa Excelência Marcus Mosiah Garvey, herói nacional da Jamaica e campeão eminente da raça negra, pois ele empenhou-se fervorosamente para que a

dignidade de todo homem fosse reconhecida.

(5)

KEBRA NEGAST

(A Glória dos Reis)

Conteúdo Página

Nota do Editor ... 8

Reconhecimentos ... 10

Introdução ... 11

Versões em Língua Inglesa do Kebra Negast ... 17

Capítulos do KEBRA NEGAST Parte 1 O Começo ... 19

1. Sobre a glória dos reis ... 20

2. A grandeza dos reis ... 20

3. O reino de Adão ... 21 4. Sobre a inveja ... 21 5. O reino de Seth ... 21 6. O pecado de Caim ... 22 7. Sobre Noé ... 22 8. O dilúvio ... 22 9. A aliança de Noé ... 23 10. Sobre Zion ... 23

11. Declaração dos patriarcas ... 24

12. Canaan ... 24 13. Abraão ... 24 14. A aliança de Abraão ... 25 15. Isaac e Jacó ... 25 16. Rubens ... 25 17. A glória de Zion ... 26 18. As divisões da terra... 27

(6)

19. A rainha do sul ... 29

20. Tamrim o mercador ... 29

21. O retorno de Tamrin à Etiópia ... 30

22. A rainha da Etiópia se prepara para sua jornada a Jerusalém ... 31

23. A rainha da Etiópia chega a Salomão o rei ... 32

24. A conversa de Salomão com a rainha da Etiópia ... 32

25. Salomão e o trabalhador ... 33

26. As instruções de Salomão à rainha ... ...34

27. A sedução da rainha de Sheba ... 36

28. O juramento de Salomão à rainha da Etiópia ... 36

29. O sinal de Salomão para a rainha da Etiópia ... 38

30. A rainha traz seu filho Bayna-Lehkem ... 38

31. Bayna-Lehkem vai para Jerusalém ... 39

32. Bayna-Lehkem chega à Gaza ... 40

33. Salomão faz Bayna-Lehkem capitão de seu exército ... 41

34. A conversa de Salomão com Bayna-Lehkem ... 42

35. Salomão questiona seu filho Bayna-Lehkem ... 44

36. Salomão envia nobres de Israel para a Etiópia com seu filho ... 45

37. Bayna-Lehkem (Menyelek I) é consagrado rei da Etiópia e nomeado Davi II ... 46

38. Os comandos de Zadok... 47

39. A benção dos reis ... 47

40. Os dez mandamentos ... 48

Parte 3 Zion Africana ... 51

41. Os pastores e oficiais da corte de Davi II na Etiópia ... 52

42. O rei não deve ser ofendido ... 53

43. A conspiração dos filhos dos nobres que foram para a Etiópia ... 54

44. A trama para a remoçao do Tabernáculo de Zion do templo em Jerusalém ... 55

45. A oferenda de Azariah ao rei ... 56

46. Como eles removeram o Tabernáculo de Zion ... 57

47. Como Salomão abençoou seu filho Davi II ... 57

(7)

49. Davi II (Menyelek I) recebe a cobertura do Tabernáculo de Zion ... 59

50. O presente da carruagem de Zion para a Etiópia ... 60

51. Como o povo da Etiópia regozijou ... 61

52. Zadok o pastor descobre que o Tabernáculo de Zion desapareceu ... 63

53. Como Salomão se ergueu para matá-los ... 64

54. Salomão chega ao Egito ... 64

55. O lamento de Salomão pelo Tabernáculo de Zion ... 65

56. O retorno de Salomão a Jerusalém ... 68

57. Os anciãos de Israel mantêm em segredo a partida de Zion ... 70

Parte 4 A Queda de Israel ... 72

58. Como a filha do Faraó seduziu Salomão ... 73

59. O pecado de Salomão ... 74

60. Sobre a profecia de Cristo ... 74

61. O lamento mortal de Salomão ... 75

62. A pérola e o Salvador ... 77

63. A Conversa de Salomão com o anjo ... 79

64. O reino de Rehoboam ... 80

65. Maria a filha de Davi ... 82

66. O rei de Roma ... 82

67. O primeiro julgamento de Adramis, rei de Roma ... 84

68. O reino de Medyam ... 85

69. O rei da Babilônia ... 85

70. Sobre as falsas testemunhas ... 86

71. O rei da Pérsia... 89

72. Sobre o rei de Mohab... 90

73. O rei de Amalek, descendente de Lot ... 91

74. O rei dos filisteus ... 91

75. Como o filho de Sansão matou o filho do rei dos filisteus ... 93

76. A jornada de Abraão ao Egito ... 94

77. O rei da Etiópia retorna a seu país ... 96

78. Como a Rainha Makeda fez seu filho rei da Etiópia ... 97

(8)

80. Como o reino de Bayna-Lehkem (Davi II, Menyelek I) foi estabelecido

na Etiópia ... 99

81. Como os homens de Roma destruíram a fé ... 100

82. A primeira guerra do rei da Etiópia ... 101

83. Como a autoridade de Bayna-Lehkem foi universalmente aceita ... 102

Parte 5 A Semente da Mulher ... 105

84. A profecia sobre Cristo ... 106

85. O murmúrio de Israel ... 108

86. A vara de Moisés e a vara de Aaron ... 109

87. Parábola de dois escravos (O Diabo e Adão) ... 113

88. Como os anjos se rebelaram contra Deus quando Ele criou Adão ... 113

89. Sobre Ele que existe em tudo ... 117

90. A rejeição da palavra ... 117

91. As cornetas do altar ... 119

92. A arca de Noé e a conversa com os fracos ... 119

93. A crença de Abraão ... 120

94. Profecias relativas à chegada de Cristo ... 121

95. A entrada gloriosa de Cristo em Jerusalém ... 124

96. A crucificação ... 125

97. A ressurreição ... 126

98. A ascensão de Cristo e Sua segunda vinda ... 127

99. Os profetas como precursores de Cristo ... 128

100. A carruagem e o conquistador do inimigo ... 129

101. O retorno de Zion ... 131

102. O julgamento de Israel ... 131

103. A carruagem da Etiópia ... 132

104. O rei de Roma e o rei da Etiópia ... 132

Apêndice I: Etiópia (Abissínia) - Uma Breve Sinopse Histórica ... 135

(9)
(10)

Nota do Editor

Este volume contém a tradução em “português” da famosa obra Etíope, Kebra Negast – A Glória dos Reis. Este livro foi colocado na mais alta honra por muitos séculos, e foi e ainda é venerado pelo povo por conter a prova final de sua descendência dos patriarcas hebreus, e da realeza dos reis da linha salomônica com Jesus Cristo, o Filho de Deus. Em outras palavras, este livro prova:

1 .

Que os legítimos reis da Etiópia descenderam de Salomão, Rei de Israel.

2 .

Que o Tabernáculo da Lei de Deus, a Arca da Aliança, foi trazido de Jerusalém a Aksum por Menyelek, primeiro filho de Salomão.

3 .

Que o Deus de Israel transferiu Sua morada na terra de Jerusalém para Aksum, a capital eclesiástica da Etiópia.

Menyelek estava representando a Vontade de Deus ao remover o Tabernáculo de Zion de Jerusalém, como Deus estava satisfeito pelo fato de os judeus não serem dignos de cuidar da Arca aonde Ele se encontrava, e a Arca desejou partir. A Etiópia esticou suas mãos a Deus (Salmo 68:31) e Ele veio a ela com a Arca, para prescindir o Reino de Menyelek, que foi estabelecido de acordo com os mandamentos que Ele deu a Moisés, aos pastores e profetas de Israel.

A linha de reis fundada por Salomão continuou a reinar mesmo depois de os etíopes terem tornado-se cristão sob os ensinamentos de Frumentius e Adesius, e esta linha continuou inquebrável até o décimo século de nossa era. Deus então permitiu que a linha fosse separada do trono, e permitiu também que os reis Zagwe governassem a Etiópia até o Reino de Yekuno Amlak, que restaurou a Dinastia Salomônica em 1270 d.C.

A literatura etíope documenta uma lenda dizendo que Deus, quando criou Adão, colocou em seu corpo uma “pérola” ou uma “semente”, que seria passada de Adão para uma série de homens santos, um após o outro até o tempo no qual ela deveria adentrar o corpo de Maria, e formar uma substância, seu primeiro filho, Jesus, o Cristo. Esta

“pérola” passou pelo corpo de Salomão, um ancestral de Jesus Cristo. Jesus Cristo e Menyelek, o filho de Salomão pela Rainha de Sheba, eram filhos de Salomão, sendo assim parentes consanguíneos. Mas Cristo é Filho de Deus, e portanto, sendo parente de Cristo, Menyelek era divino.

O Kebra Negast afirma que os reis da Etiópia que descendiam de Menyelek eram de origem divina, e que suas palavras e feitos eram de Deus.

(11)

A Arca da Lei que Menyelek removeu do Templo de Jerusalém era uma caixa retangular, feita de madeira dura e coberta com ouro e de grandes dimensões. Era provida com uma cobertura qual descansavam o assento da Misericórdia e as figuras do Querubim. No Kebra Negast nenhuma menção é feita sobre o assento da Misericórdia e o Querubim, mas nós lemos lá que Moisés fez um estojo parecido com a “barriga de uma ovelha” e nele foram colocadas as duas Tábuas da Lei. O estojo feito por Moisés carregava a Palavra escrita em pedra, e mais tarde a mulher carregou a Palavra encarnada. Apesar de a história do oeste silencias sobre o lugar no qual o Tabernáculo das Leis foi finalmente depositado, a tradição etíope afirma que ele sobreviveu a todos os problemas e desastres que caíram sobre os abissínios em suas guerras contra os muçulmanos, e foi preservado em Aksum.

Esta completa e moderna tradução do Kebra Negast deriva principalmente da versão espanhola dessa obra que apareceu em Toledo e, em 1528, e em Barcelona em 1547, tendo sua versão francesa publicada em Paris em 1558. Muitas outras traduções e edições foram feitas em alemão, inglês, italiano e outros idiomas.

Esta edição popular segue o estilo clássico literário da tradução-comentário, com sua elegante fraseologia e sintaxe. Após verificar e correlatar seus aspectos com manuscritos anteriores e outras fontes de referências, o editor orgulhosamente apresenta essa nova edição do Kebra Negast (A Glória dos Reis), tentando estabelecer a verdade sobre as origens da dinastia Salomônica dos Reis e sobre a atual morada da Arca da Aliança.

Seu manuscrito irmão, o Fetha Negast, ou o livro da justiça dos reis, está atualmente sendo traduzido para o espanhol e permanece virtualmente desconhecido ao mundo, justamente com a vasta coleção da literatura etíope escrita em “Geez” o idioma do Império Aksumita, precursor da Etiópia Moderna.

(12)

RECONHECIMENTOS

Eu desejo expressar minha profunda gratidão ao Embaixador de Israel na Jamaica pela extraordinária assistência dispensada a este projeto. A riqueza de materiais de pesquisa que eles me providenciaram provou-se de incalculável ajuda. Eu reconheço especialmente o incansável suporte do Embaixador Sr. Uri Prosor; Diplomata Cultural Sr. Abbie Avidan e a Deputada Chefe da Missão, Sra. Talua Lador-Fresher.

Eu também estou em grande dívida com o Sr. Errol St. B. Smith, consultor especial e principal contribuinte deste trabalho, por ter providenciado raros manuscritos comparativos e documentos históricos; ao Sr. M. Matthews, Diretor do Departamento de Imprensa da Embaixada da Etiópia, Washington DC por seus conselhos e assistência; à Professora Beatriz Susana Bou, do Departamento de Traduções Técnicas, Universidade de Rosário, Argentina, e aos Professores Linda Strebin e June Strebin do Laboratório de Idiomas, Universidade de Carabobo, Venezuela, que, como meus antigos tutores, me deram valiosos ensinamentos sobre as intricadas técnicas de traduções ideológicas.

Entre aqueles que ajudaram na edição e correção dos rascunhos originais e que deram muitas valiosas sugestões estão Sra. Deloris Williams e Srta. Etta McLarty, ambas professoras do Colégio da Igreja, Mandeville; pesquisador-editor Sr. Emerson Dorway, da Faculdade West Indies, e Pastor H. H. Holmes (Conferência Central dos Adventistas do Sétimo Dia, Jamaica). Na revisão do manuscrito e preparação dos rascunhos finais, eu tive a ajuda da Sra. Dorothea Oliphant- Watson, Sr. Christopher Morrison e Sra. Valerie Tibby.

Grandes agradecimentos são devidos às seguintes instituições por providenciarem a pesquisa e materiais para referência: A Sociedade do Mundo Judeu, Sociedade Israelense para Pesquisas Bíblicas, O Museu Britânico, O Arquivo das Índias (Espanha) e a Federação Mundial do Império Etíope.

Finalmente, meus sinceros agradecimentos vão a todos aqueles que ofereceram palavras de encorajamento e suporte, e a minha família que pacientemente e heroicamente me carregou através destes oito anos de trabalho e esforço.

(13)

INTRODUÇÃO

A Etiópia é um fenômeno único na África, pois junto com o Egito, ela é uma das duas nações africanas que podem traçar suas histórias desde a antiguidade; mas enquanto o Egito se torna mais e mais alienado de sua cultura antiga, devido a sucessivas conquistas, a Etiópia reteve suas características originais, e foi hábil na preservação e no aperfeiçoamento de uma cultura nascida do encontro e da fusão gradual de dois povos especiais: os Cushites – que eram parecidos com os indígenas – e as tribos Semíticas, que podem ter emigrado da Arábia.

O Egito dos Faraós acredita que havia recebido algumas de suas divindades da Etiópia. Os gregos consideravam-na o lar original do trigo e da oliveira; e descobertas antropológicas recentes confirmam a antiguidade da presença do homem na Etiópia.

A Etiópia possui uma contínua existência enquanto nação, por não menos do que dois mil anos, e na maior parte deste período, seus contatos com o resto do mundo era limitado e intermitente.

A verdadeira era mística e bíblica da história da Etiópia, começou durante o período Sabaean (por volta de 750-650 a.C.) quando eles emergiram na Etiópia e nas cosas Sabaean do sul da Arábia. Entre eles estavam a religião astral, a realeza sagrada e a linguagem e escritos que foram preservados pela igreja Etíope na forma do Geez (Etíope).

Este estágio Sabaean de seu passado levou a Etiópia a incluir entre suas antigas tradições os episódios bíblicos, sobre a visita da Rainha Sheba a Salomão, como foi relatado no Primeiro Livro dos Reis, cap; 10:1-10. Então, do segundo ao nono século d.C, a mistura dos novos imigrantes com o povo que já estava em solo africano há algum tempo, criou uma nação independente baseada em Aksum, planície da província de Tigre, e que ainda permanece como o centro religioso etíope.

O declínio do Império Aksumita começou no século VII d.C. com a expansão do Cristianismo no mundo civilizado, o que afetou gravemente o comércio destas regiões, pela desvalorização do incenso e da mirra. Ao mesmo tempo, a Igreja Etíope reteve um cristianismo arcaico, que era muito Semítico e pesadamente influenciado pelo Judaísmo que o havia nutrido. Isto, no entanto, era equilibrado pelo fato de que os imperadores etíopes eram considerados os mestres das águas do Rio Nilo, que de acordo com a crença popular, eles podiam destruir até o ponto de secar o Egito.

Durante o século X, sob circunstâncias muito obscuras, a dinastia usurpadora dos reis Zagwe apareceu na Etiópia, e mais tarde, textos eclesiásticos acusaram esta dinastia de não ter o puro traço salomônico, ou seja, não descender da união entre Salomão e a Rainha Sheba. Os Zagwe, que eram príncipes da região Lasta, centro da Etiópia, se

(14)

aproveitaram do eclipse dos soberanos Aksumitas para transferir o assento do império para sua própria região.

A restauração da dinastia salomônica dos reis aconteceu mais tarde, no século XIII, quando um poderoso setor da igreja proclamou os príncipes salomônicos como os legítimos herdeiros da linhagem Aksumita, como foi definido pelas tradições do Kebra Negast (A Glória dos Reis). Os reis Zagwe foram varridos repentinamente, e a dinastia restaurada de Salomão, começando com Yekuno Amlak (que governou de 1270-1285), transferiu o assento do império para o sul, na província de Shoa.

O Kebra Negast ou o livro da Glória dos Reis da Etiópia, existe por não menos do que mil anos, e contém a verdadeira história sobre a origem da linhagem salomônica dos reis da Etiópia. Ele é considerado a mais importante autoridade na história da conversão dos etíopes da adoração ao sol, à lua e às estrelas para aquela do Senhor Deus de Israel.

Foi durante a era das conquistas europeias e a colonização da África, que se renovou o interesse dos acadêmicos pelo começo do legendário país de “Prester Juan”. Fragmentos e relatórios orais de um remoto reino cristão no coração da África, em meio a um mar de nações pagãs, capturaram a imaginação de vários exploradores europeus. Tanto Espanha quanto Portugal esperavam encontrar neste reino um possível aliado contra o Islamismo e o crescente poder dos Ottomans.

Uma das mais antigas coleções de documentos sobre o país do “Negus” (Rei) surgiu através das escrituras de Francisco Alvarez, enviado oficial que Emmanuel, Rei de Portugal, enviou Davi, Rei da Etiópia, sob o Embaixador Don Roderigo de Lima. Nos papéis relacionados a esta missão, Alvarez incluiu um relato do Rei da Etiópia, e uma descrição em português dos hábitos etíopes, que foi impresso em 1533.

Nos primeiros vinte e cinco anos do século XVI, PN Godinho publicou algumas tradições sobre o Rei Salomão e seu filho Menyelek derivadas do Kebra Negast. Mais informações sobre o conteúdo do Kebra Negast foram fornecidas por Baltazar Téllez (1595-1675), autor de A História General da Etiópia Alta (Coimbra, 1660). As fontes dessa obra eram as histórias de Manuel Almeida, Alfonso Méndez e Jerônimo Lobo.

Entre as mais completas e menos conhecidas traduções do Kebra Negast, é o exaustivo trabalho de Enrique Cornélio Agrippa (1486-1535), História de las cosas de Etiópia (Toledo, 1528) – um grande e amplificado relato. Agrippa era um alquimista, expert em ciências mágicas e Cabala, e físico do rei; ele morava nas cortes de Maximilian I e de Charles V; eventualmente ele sofreu o aprisionamento em Grenoble, ordenado por Francis I, no qual ele morreu.

Maiores informações sobre a participação árabe nas narrativas originais do Kebra Negast, foram incluídas pelo Pastor Jesuíta Manuel Almeida (1580-1646) em seu História de Etiópia, obra que não parece ter sido integralmente publicada. Manuel Almeida foi enviado como um missionário para a Etiópia, e teve grandes oportunidades

(15)

para aprender sobre o Kebra Negast em primeira mão, devido ao seu excelente domínio do idioma. Seu manuscrito é um valioso trabalho. Seu irmão, Apollinare também veio ao país como missionário, e foi, juntamente com seus dois companheiros, apedrejado até a morte no Tigre.

Job Ludof, de quem Historia Aethiopica foi publicada em Frankfurt, em 1681, refere-se várias vezes em sua obra a Historia General de Baltazar Téllez, mas é certo de que ele não conhecia o Kebra Negast como um todo.

Não foi até o fim do século XVIII, quando James Bruce de Kinnaird (1730-1794), o famoso explorador britânico, publicou um relato de suas viagens em busca de fontes do Nilo, que algumas informações, assim como o conteúdo fabuloso deste extraordinário livro, vieram ao conhecimento de um seleto círculo de acadêmicos eteólogos.

Quando estava saindo de Gondar, Ras Michael, o poderoso “Wazir” do Rei Takla Haymanor, deu a ele vários valiosos manuscritos etíopes, e entre eles estava uma cópia do Kebra Negast. Quando a terceira edição do seu “Viagens em Busca das Fontes do

Nilo” foi publicada, apareceu uma descrição do conteúdo do manuscrito original. É

claro que estes documentos foram entregues à Livraria Bodleian na Universidade de Oxford.

No ano de 1870, Francis Praetorious, publicou junto com uma tradução latina, o texto etíope dos capítulos 19 ao 32 do Kebra Negast, editados de outro manuscrito de Domingo Lorda; este foi entregue à Biblioteca Palatina. Esta obra de Praetorious tornou conhecida pela primeira vez ao pequeno círculo de acadêmicos do oeste etíope, a forma exara da lenda etíope que transforma o rei da Etiópia em um descendente de Salomão, rei de Israel, por Makeda, a rainha da Etiópia, mais conhecida como Rainha de Sheba.

O começo das penetrações estrangeiras à Etiópia seguiram o devastador ataque muçulmano sobre o reino, em 1541. Eles foram liderados por Ahmed Gran de Harar, fazendo com que o império apelasse pela ajuda de Portugal. Cristóvão da Gama, filho de Vasco da Gama, chegou em Massaua em 1541 com quatrocentos homens, mas foi morto, assim como a maioria de seus soldados durante a batalha contra o inimigo. Subsequentemente, um novo exército, equipado com armas de fogo, foi montado com a cooperação dos portugueses restantes, e em 1543 as forças de Gran foram derrotadas e seu líder, morto.

Os esforços dos portugueses que ajudaram na vitória, e mais tarde dos jesuítas para converter o país ao catolicismo romano levaram a mais conflitos com o reino, até que finalmente, em 1633, os jesuítas foram expulsos. Dois séculos mais tarde, em 1855, Teodoro, um líder militar de muita visão assumiu o título imperial e imediatamente começou a ressuscitar o poder do império e se empenhou para unir e reformar o país.

(16)

Entretanto, como consequência da demora de dois anos da Rainha Victoria, da Grã-Bretanha, em resposta a uma carta que Teodoro havia enviado relativa ao livre uso das águas provenientes das abundantes enxurradas anuais do Nilo Azul, o imperador aprisionou vários diplomatas e oficiais em Magdala. Todos os esforços diplomáticos para assegurar sua soltura falharam, e em julho de 1867 uma força militar sob o comando de Sir Robert Napier foi despachada para a Etiópia para garantir a soltura dos prisioneiros ingleses.

Rei Teodoro e seu exército rumaram para Magdala para encontrar os ingleses, mas em 1868, o forte das montanhas foi capturado pelas forças de Napier, e Teodoro cometeu suicídio para evitar usa captura.

Em agosto de 1868, a grande coleção de manuscritos e documentos etíopes que os ingleses encontraram em Magdala, foi levada e trazida para o Museu Britânico. Entre estes manuscritos estavam duas cópias genuínas do legendário Kebra Negast.

Estes manuscritos foram classificados como Oriental 818, e Oriental 819, respectivamente, e foram inteiramente descritos pelo professor Wright em seu

“Catalogo dos Manuscritos Etíopes”, (Londres, 1877).

Dentro do contexto da fascinante história deste genuíno manuscrito do Kebra Negast (Oriental 819), escrito durante o reino do Imperador Iyasu I (1682-1706 d.C.), seu eventual retorno a Abissínia foi verdadeiramente providencial, e ele surgiu da seguinte maneira: Em 10 de Agosto de 1872, o príncipe Kasa, que foi subsequentemente coroado como Rei João IV, escreveu ao nobre britânico Earl Granville dizendo,: “Existe um livro chamado Kebra Negast que contém a lei de toda a Etiópia, e os nomes dos Shums (Chefes). Eu oro para que você encontre quem possui esse livro, e o envie a mim, pois em meu país, meu povo não obedecerá minhas ordens sem ele”.

Uma cópia desta carta foi enviada ao Museu Britânico e os curadores decidiram atender o pedido do Rei João. O manuscrito foi devolvido a ele no dia 14 de Dezembro de 1872, com as seguintes palavras adicionadas a ele: “Este volume foi devolvido ao Rei da Etiópia por ordem dos curadores do Museu Britânico, 14 de Dezembro, 1872. (Assinado) J. Winter Jones, Diretor”.

No começo do século XX, H. Le Roux, um enviado do presidente da República Francesa a Menyelek II, Rei da Etiópia, veio ao rei para ver este manuscrito (Oriental 819) e obteve sua permissão para traduzi-lo para o francês. Le Roux, tendo feito este pedido ao rei pessoalmente, recebeu a réplica do rei, que ele traduziu assim: “Nós somos um povo que se defende não só através da força das armas, mas também pela autoridade de nossas escrituras; e sobre estas tradições e história vive a força do reino. Eu, como Imperador, e todos os assuntos do reino, concordo que este livro seja traduzido para o idioma francês, trazendo assim, ao conhecimento dos povos do mundo, que nós somos os guardiões da aliança de Deus, através dos tesouros que Ele concedeu

(17)

a nós. Assim será entendido que a ajuda de Deus estará sempre conosco, para nos livrar dos inimigos que nos atacam”.

O rei então deu ordem para que o manuscrito fosse trazido de Addis Ababa, lugar no qual os monges tentaram mantê-lo usando o pretexto de estarem copiando o texto, e em menos de uma semana ele foi posto nas mãos de Le Roux, que mal podia acreditar no que via.

Le Roux, mais tarde comentou: “Eu alcancei o que achei ser impossível. O livro que agora tenho em minhas mãos contém a verdadeira história da Rainha de Sheba e de Salomão, o mesmo que Negus e os pastores consideram a mais autêntica de todas as versões que circulam nas livrarias da Europa e entre os monastérios abissínios. Este é o livro que Rei Teodoro apertou contra seu coração na noite de seu suicídio; o mesmo que os soldados ingleses carregaram para Londres e que o Embaixador devolveu ao Rei João”.

Com a ajuda de um amigo, Le Roux traduziu vários capítulos do Kebra Negast, e em seu devido curso publicou sua tradução, La Reine de Saba (Paris, 1914).

Os catálogos dos manuscritos etíopes em Oxford, Londres e Paris, que foram publicados por Dillman, Wright e Zotenberg, realmente contém uma boa quantidade de informações sobre o conteúdo do Kebra Negast, mas os acadêmicos sentem que é impossível julgar o valor histórico e literário da obra através de meras transcrições ou traduções apenas dos cabeçalhos de alguns capítulos.

Em 1882, sob a proteção do governo bávaro em Munique, Alemanha, Doutor C. Bezold preparou uma edição, em alemão, do texto etíope editado dos melhores manuscritos disponíveis até então e que foi publicado sob a tutela da academia Bavária e intitulado Kebra Negast (Munique, 1909). A maior autoridade para a edição etíope de Doutor Bezold é o famoso manuscrito que foi enviado como um presente para a Academia Francesa, pelo Rei Sahla Dengel da Etiópia, que morreu em 1855. De acordo com Zotenberg, em seu Catalogo dos Manuscritos Etíopes, este manuscrito deve pertencer ao décimo terceiro século, e se isto é verdade, então ele é o mais antigo manuscrito etíope ainda existente.

Nenhum dos manuscritos do Kebra Negast dá qualquer indicação da identidade de seus compiladores, a época na qual foi escrito nem as circunstâncias nas quais ele foi compilado. A maioria dos acadêmicos acredita que, no entanto, ele foi compilado logo depois da restauração da “Linhagem Salomônica dos Reis” quando o trono da Etiópia era ocupado por Yekuno Arnlak, que reinou de 1270 a 1285.

É possível que em seu formato original, o texto etíope tenha sido traduzido da versão árabe, que veio de Coptic. Durante os cento e trinta e três anos do reinado usurpador dos reis Zagwe da Etiópia (1137-1120), ninguém ousou compilar as tradições salomônicas

(18)

do Kebra Negast em nenhum dos idiomas do reino. Assim, pelos três séculos da era Zagwe, ele permaneceu somente na versão árabe.

Durante as perseguições dos cristãos no Egito e na Etiópia pelos muçulmanos, nos séculos X, XI e XII, muitas igrejas, monastérios e suas bibliotecas de manuscritos pereceram. Entretanto, os Reis Salomônicos, que durante o período da dominação Zagwe, se assentaram na província de Shoa, fizeram de tudo para preservas os registros cronológicos e genealógicos de seus ancestrais juntamente com outros documentos históricos que continham os anais de seus predecessores.

Grande parte da narrativa contida no Kebra Negast é baseada em lendas e tradições que são extremamente antigas. Estas lendas e tradições derivam de uma grande variedade de fontes e podem ser traçadas desde os escritos do Antigo Testamento e também de obras sírias como O Livro de Bee, e outros como O Livro de Adão e Eva, Kufale, As Instruções de São Pedro a Seus Discípulos, A Vida de Hanna, a mãe da Virgem Maria, O Livro da Perola e A Ascensão de Isaías. Junto com estes trabalhos, existem seções que são atribuídas a Gregory Thaumaturgus e a Dormitius, Patriarca da Constantinopla.

O propósito dos autores e compiladores e mais tarde dos editores do Kebra Negast permanece um, ou seja, glorificar a Etiópia narrando a história da chegada da “Espiritual e Sagrada Zion” – O Tabernáculo da Lei do Deus de Israel – de sua própria boa vontade de Jerusalém a Etiópia. E tornar claro que o Rei da Etiópia descendeu de Salomão, o filho de Davi, rei de Israel, e através dele, Abraão e os antigos patriarcas.

O Kebra Negast tinha também o coobjetivo de fazer o povo da Etiópia perceber que seu país foi especialmente escolhido por Deus para ser a nova casa da sagrada Zion. Zion existiu primeiramente nos céus em uma forma não material e era a morada de Deus. Quando Salomão terminou de construir o Templo de Deus, Zion foi estabelecida lá, na mais sagrada das sagradas, e através dela, Deus tornou conhecidos seus mandamentos quando visitou o Templo. Ele foi, em todas as épocas considerado como o mais visível emblema do Todo Poderoso Deus e a cópia material da não material Zion.

É esperado que nesta breve introdução da história do Kebra Negast, que o leitor encontre algumas palavras úteis para o papel majestoso que a providência divina reservou para a raça negra, e que a leitura diligente com a mente aberta traga a descoberta de um dos episódios mais enigmáticos e fascinantes da história envolvendo o relacionamento entre Deus e o homem, e evidências de Seu infinito amor por nós serão percebidas.

M. F.

(19)

VERSÕES EM LÍNGUA INGLESA DO KEBRA NEGAST

A existência do Kebra Negast aparentemente era desconhecida na Europa até a metade do século XVI, mas o antigo sumário em língua inglesa sobre o conteúdo do Kebra Negast foi publicado por James Bruce de Kinnaird (1730-0794) em um relato sobre suas viagens em busca das fontes do Rio Nilo. Bruce fez uma cópia para ele mesmo do Kebra Negast, que em seu devido curso foi levada para a Livraria Bodleian, na qual ela é classificada como “Bruce 87” e “Bruce 93”.

Em 1877 o Professor W. Wright, da Universidade de Cambridge, publicou uma completa descrição do manuscrito do Kebra Negast na Coleção Makdala do Museu Britânico. Estas são conhecidas como “leituras variadas” ou comentários acadêmicos supridos pelos manuscritos orientais 818 e 819, que agora estão depositados no Museu Britânico.

No ano de 1907 uma parte da versão francesa do Kebra Negast traduzida para o inglês foi feita pela Sra. J. Van Vorst. Este foi intitulado Magda, Rainha de Sheba (Nova York e Londres). No entanto, como esta versão contém a maioria das lendas e adições que foram incluídas nas considerações árabes, ela não é considerada um trabalho autoritário.

A último tradução a ser conhecida do Kebra Negast foi aquela feita por E. Budge, arqueólogo egípcio que conduziu diversas escavações no Egito e Sudão. A obra de Budge é uma extensiva colação do Oriental 818 e da publicação do Dr. C. Bezold. Tanto o texto de Bezold quanto o Oriental 818, representam o Kebra Negast na forma que os pastores etíopes consideram a mais autoritária. No entanto, o Professor Wright considerou estas fontes “obras apócrifas”, e ele pensou que provavelmente um autor árabe deva ter suprido as partes fundamentais da narrativa, e que os autores etíopes afirmaram que a fonte original de sua obra foi um arquétipo que serviu para dar a autoridade e importância que o trabalho não teria por si só.

É acreditado que as divisões do oeste da igreja ortodoxa etíope possui uma versão resumida do Kebra Negast, talvez feita por eles mesmos a partir de fontes próprias. Apesar dos diversos requerimentos deste editor, a mim não foi permitido o uso dos mesmos.

É importante notar que virtualmente toda e qualquer versão ou tradução inglesa do Kebra Negast, trata das obras de todas as histórias lendárias e obviamente das ficcionais, que são indubitavelmente de fontes árabes, como uma unidade completa. Nenhuma distinção é feita entre os originais em Geez e as adições tardias.

Um cuidadoso estudo do Kebra Negast feito através de compilações e traduções da obra para o inglês, me convenceram que a forma original do Kebra Negast foi aquela que pertenceu à Livraria Patriarcal de Alexandria e também que a versão árabe feita foi

(20)

muito suplementada pelos escribas dos diversos monastérios do Egito. Subsequentemente, estas versões encontram seus caminhos para a Etiópia através do Rio Nilo.

Este editor recebeu uma paráfrase francesa do texto árabe do Kebra Negast, que foi impressa por Amelineau em seu Contes ET Romans (Paris, 1888); e também uma cópia em espanhol impressa por Bezold. A partir deles eu me habilitei a separar todas as adições ficcionais, com o intento de trazer uma completa e autêntica versão inglesa do KEBRA NEGAST.

As extensivas narrativas, tanto as ficcionais quanto as lendárias aparecerão nessa versão moderna e serão intituladas: LENDAS DO KEBRA NEGAST.

(21)

KEBRA NEGAST

(A Glória dos Reis)

PARTE I

O Começo

“E o Templo de Deus foi aberto nos céus, e lá era visto seu templo a Arca

de Seu Testamento...”

(22)

(A GLÓRIA DOS REIS)

1 - SOBRE A GLÓRIA DOS REIS

Esta é a interpretação e a explicação dos patriarcas sobre o esplendor, a grandeza e a dignidade, e como os deu às crianças e Adão, e especialmente sobre o esplendor e a grandeza de Zion, o Tabernáculo da Lei de Deus, do qual Ele mesmo é o criador e construtor, no forte de Sua santidade antes de todas as coisas, anjos e homens. Pois o Pai, o Filho e o Espírito Santo, com a boa companhia, a boa vontade e a cordial concordância, todos juntos tornaram a sagrada Zion o lugar da moradia de sua glória.

Então o Pai, o Filho e o Espírito Santo disseram: “Vamos fazer o homem à nossa imagem e semelhança” e com pronta concordância e boa vontade eram todos da mesma opinião. E o Filho disse: “Eu colocarei o corpo de Adão”, e o Espírito Santo disse: “Eu habitarei o coração dos profetas e dos puros”; e esta comunhão e aliança foi preenchida em Zion, a cidade de sua glória.

E Ele fez Adão à Sua própria imagem e semelhança, para que Ele pudesse remover Satanás por causa de seu orgulho, junto com seu exército e pudesse estabelecer Adão, sua planta, juntamente com os puros, Suas crianças e suas orações. Pois o plano de Deus foi decidido e decretado sobre Seus dizeres: “Eu me tornarei homem, e eu estarei em tudo o que for criado; eu habitarei a carne”. E nos dias que vieram, por Seu bom prazer, nasceu na carne da Segunda Zion o segundo Adão, que era Cristo, nosso Salvador. Esta é nosso glória e nossa fé, nossa esperança e nossa vida, a Segunda Zion.

2 - A GRANDEZA DOS REIS

Vamos considerar e vamos começar a afirmar qual dos Reis da Terra, do primeiro ao último, em respeito à lei e às ordens, à honra e à grandeza, nós devemos glorificar.

Gregório, o trabalhador das maravilhas e milagres, que foi posto em uma caverna por seu amor pelo martírio de Cristo e sofreu por quinze anos disse: “Quando eu estava no buraco, eu refleti sobre este assunto, e sobre a loucura dos Reis da Armênia, e eu disse, em que consiste a grandeza de Deus?”

“É na multidão de soldados, ou no esplendor do mundo, ou na extensão de governar cidades? Estes eram meus pensamentos cada vez que eu rezava, e eu estava agitado para mediar de novo e de novo sobre a grandeza dos reis, e agora eu começarei”.

(23)

3 - O REINO DE ADÃO

E eu vou a Adão e digo, Deus é rei na verdade. E para Ele são as orações, e Ele apontou Adão para ser o Rei de tudo o que Ele criou. E Ele o levou para fora do jardim por causa de sua apostasia através do pecado da serpente e da conspiração do Diabo. E deste triste momento Caim nasceu, e quando Adão viu o rosto de Caim, suado e zangado, aparentando o mal, se entristeceu. E então nasceu Abel, e quando Adão viu que sua aparência era boa e seu rosto risonho ele disse: “Este é meu filho, o herdeiro de meu reino”.

4 - SOBRE A INVEJA

Quando eles já haviam crescido juntos, Satanás tinha a inveja dentro de si e colocou esta inveja dentro do coração de Caim, que tinha inveja de Abel, primeiro por causa das palavras de seu pai, que disse: “Ele que tem boa aparência deve ser o herdeiro de meu reino”; e segundo por causa de sua irmã, que possuía um belo rosto e havia nascido com ele, mas sido entregue a Abel para cumprirem o mandamento de Deus de multiplicarem e encherem a terra. O rosto da irmã que havia nascido com Abel lembrava o de Caim então seu pai trocou as irmãs na hora de dá-las em casamento; e terceiro, porque quando os dois irmãos ofereceram o sacrifício, Deus aceitou a oferenda de Abel e rejeitou a de Caim. Graças a esta inveja, Caim matou Abel. Asso, o primeiro fratricídio foi cometido através da inveja de Satanás pelas crianças de Adão.

Tendo matado seu irmão, Caim caiu em um estado de pânico, e foi rejeitado por seu pai e pelo Senhor. Então Seth nasceu, e Adão o olhou e disse: “Agora Deus mostrou compaixão por mim e me entregou a luz de meu rosto. De tristes lembranças eu me consolarei com ele. O nome dele que deverá herdar minha herança será borrado até sua nona geração”.

5 - O REINO DE SETH

Adão morreu e Seth reinou na pureza. E Seth morreu e Enos reinou, e Enos morreu e Cainan reinou. Então Cainan morreu e Mahalaleel reinou; Mahalaleel morreu e Jared reinou, e Jared morreu e Enoch reinou na pureza, e ele temia a Deus, e Deus o escondeu para que ele não visse a morte. E ele se tornou um rei na carne em sua terra. Depois do desaparecimento de Enoch, Methuselah reinou, depois Lamech reinou; e Lamech morreu e Noé reinou na pureza e ele agradou Deus em todas as suas obras.

(24)

6 - O PECADO DE CAIM

Este amaldiçoado homem chamado Caim, o assassino de seu irmão, multiplicou o mal assim como sua semente, e eles provocaram Deus em Sua ira através de sua fraqueza. Eles não tinham medo de Deus, e eles não acreditavam que Deus os tinha criado, e eles nunca oraram e nunca o veneraram, nem o chamaram e nem prestaram serviços a Ele. Eles comiam, bebiam e dançavam. E tocavam com afinados instrumentos e compunham canções libertinas; eles trabalhavam sem lei, sem medida e sem regras. E a fraqueza das crianças de Caim foi multiplicada, até a extensão de sua sujeira eles introduziram a semente do jumento na égua, e surgiu a mula, na qual Deus não tinha comando; mesmo aqueles que deram suas crianças, que acreditam naqueles que negam Deus, e sua prole se tornou a semente da sujeira Gomorraites, metade deles sendo do bem e a outra metade sendo do mal. Para aqueles que possuem esta fraqueza, seu julgamento está pronto e seus erros duradouros.

7 - SOBRE NOÉ

Noé era um homem puro. Ele temia a Deus e mantinha a pureza e a lei de seus pais com ele (Noé era a décima geração de Adão). E ele mantinha na lembrança e fazia o que era bom. Ele preservou seu corpo da fornicação e advertiu suas crianças para não se misturarem com as crianças de Caim, o arrogante tirano e divisor do reino que andava sob os conselhos do Diabo, que fez o mal florescer. Caim os havia ensinado tudo o que Deus odiava: orgulho, jactância, adulação, calúnia, acusações falsas e blasfêmia. E além de tudo isso, na fraqueza dos impuros, que eram sem lei e contra as regras, o homem lavrou poluição com homem, e mulher trabalhou com mulher pela coisa abominável.

8 - O DILÚVIO

Isso era o mal perante Deus, e os destruiu com as águas do dilúvio que eram mais geladas que o gelo. Ele abriu as portas do céu e as cataratas caíram sobre eles. Ele abriu as fontes que estavam sob a terra e elas apareceram sobre a terra. Os pecadores foram varridos e punidos com o fruto da punição. E com eles pereceram todos os animais e coisas horrorosas, pois todos foram criados pela glorificação de Adão, e por sua glória; alguns para suprirem-no com alimentos, alguns para o seu prazer e outros para a glorificação de seu criador. Então ele devia conhecê-los, assim como Davi disse: “E tu deves ajeitar tudo sob seus pés”. Por seus pecados eles foram criados e por seus pecados eles foram destruídos, com exceção das oito almas, e sete de todos os tipos de animais limpos e coisas rastejantes e dois de todos os tipos de animais impuros e coisas rastejantes.

(25)

9 - A ALIANÇA DE NOÉ

Noé, o puro, morreu e Shem reinou na sabedoria e pureza, pois ele foi abençoado por Noé quando ele disse: “Seja o mestre do teu irmão”. E a Ham ele disse: “Seja o servo de teu irmão”. E ele disse a Japhet: “sejas tu o servo de Shem meu herdeiro e sujeite-se a ele”. E novamente após o dilúvio, o Diabo nosso inimigo não cessou com sua hostilidade contra as crianças de Noé, e provocou Canaan, o filho de Ham, e ele se tornou um violento tirano e usurpador que arrancou o reino das crianças de Shem. Eles haviam dividido o mundo entre eles e Noé os fez jurar pelo nome de Deus que eles nunca invadiriam as fronteiras uns dos outros, e que eles não comeriam o animal que morresse por si mesmo e nem os que foram derrubados por animais selvagens, e que eles não cultivariam a prostituição contra a lei, com receio de que Deus novamente se irritasse e os punisse novamente com o dilúvio.

Noé se humilhou e ofereceu sacrifício, e ele chorou e lamentou-se. E Deus veio conversar com ele, que disse: “Se Tu irás destruir a terra mais uma vez, varra-me junto com aqueles que pereceram”. E Deus disse a ele: “Eu farei uma aliança com você. Você diga à tuas crianças que elas não devem comer o animal que morrer por si mesmo ou que forem derrubados por animais selvagens, e elas não devem cultivar a prostituição contra a lei; E eu, de minha parte não destruirei a terra uma segunda vez, e eu darei às minhas crianças o inverno e o verão, plantio e colheita, outono e primavera”.

10 - SOBRE ZION

“E eu juro por mim mesmo e por Zion, o Tabernáculo de minha Aliança, que eu criei por um assento misericordioso e pela salvação do homem, que mais tarde eu o farei descer até tua semente e eu terei prazer em receber as oferendas de tuas crianças sobre a terra, e o Tabernáculo de minha Aliança estará com eles para sempre. E quando uma nuvem aparecer no céu, eles não deverão temer imaginando a chegada de um dilúvio. Eu farei surgir de minha moradia em Zion, o Arco de minha Aliança, que é o arco-íris, que coroará com cores o Tabernáculo de minha Aliança, e eu colocarei o arco-íris no céu, e colocarei de lado a raiva e enviarei compaixão”.

“E eu não esquecerei minha palavra, que saiu de minha boca, eu não voltarei atrás. Apesar de céu e terra passarem, minha palavra não passará”. E os patriarcas que estavam lá responderam e pediram benção para Gregório: “Olhemos agora, nós entendemos claramente que antes de todas as coisas criadas, mesmo dos anjos, e antes do céu e da terra, e antes dos pilares dos céus e dos abismos dos mares, Ele criou o Tabernáculo da Aliança, que está no céu mas virá por sobre a terra”.

(26)

11 - DECLARAÇÃO DOS PATRIARCAS

E eles responderam dizendo: “O Tabernáculo da Aliança foi a primeira coisa a ser criada por Ele, e não existe mentira em tua palavra; é verdadeira, correta, pura e inalterável. Ele criou Zion antes de tudo, para ser a moradia de sua glória, e o plano de Sua Aliança é aquele que Ele já disse: ‘Eu colocarei a carne de Adão, que é poeira, e Eu aparecerei perante todos aqueles que Eu criei, com minha mão e minha voz’. Se a sagrada Zion não tivesse a carne de Adão, então a palavra de Deus não teria aparecido e nossa salvação não teria acontecido. O testemunho está na similaridade. A sagrada Zion tem que ser considerada a imagem da Mãe dos Redimidos, Maria. Pois na Zion que foi construída estão depositados os dez mandamentos da lei que foram escritos por Suas mãos, e Ele mesmo, o Criador, morou no útero de Maria, e através Dele tudo ganhou vida”.

12 - CANAAN

Foi Canaan quem tomou o reino das crianças de Shem, e ele transgrediu o juramento que havia feito ao seu pai, Noé. Os filhos de Canaan eram sete homens poderosos, então ele tomou sete cidades da terra de Shem e colocou seus filhos para governá-las; duplicando assim sua porção de terra. Mais tarde Deus se vingou dos filhos de Canaan, e fez com que os filhos de Shem herdassem os países.

Estas são nações que eles herdaram: Canaanites, Perizites, Hivites, Hittites, Amorites, Jebusites e Girgasites. Estas são aquelas as quais Canaan arrancou forçosamente da semente de Shem. Pois não foi certo ele invadir o reino e descumprir o juramento, e por causa disto eles pereceram através da transgressão dos mandamentos de Deus, da adoração de ídolos e por terem se curvado a eles.

13 - ABRAÃO

Terah gerou um filho e a ele deu o nome de Abraão, e quando Abraão tinha doze anos seu pai o enviou para vender ídolos. E Abraão disse: “Estes não são deuses que podem nos libertar”, então ele levou os ídolos mesmo sem seu pai o mandar. Então ele dizia aos compradores: “Você deseja comprar deuses que não podem nos libertar, coisas feitas de madeira, pedra e ferro, feitas pelas mãos do artesão?”, e eles se recusavam a comprar de Abraão porque ele havia difamado as imagens de seu pai. E quando ele voltava, ele saía da estrada, jogava as imagens e olhando para elas dizia: “Eu imagino se vocês estão habilitadas a fazer o que eu peço neste momento, e se vocês podem me dar pão para comer e água para beber?”. Nenhuma delas nunca respondia a ele, pois eram apenas pedaços de pedra e madeira. Então ele as amontoava e as maltratava e elas nunca

(27)

diziam uma palavra. Ele batia no rosto de uma, chutava a outra e jogava a terceira até transformá-las em um monte de pedaços e então dizia: “Se vocês não são capazes nem de livrarem a si mesmas como podem ser chamadas de deuses? Aquele que as veneram o fazem em vão, e eu desprezo vocês e vocês não serão meus deuses”. Então ele se virava para o leste, esticava suas mãos e dizia: “Sejas Tu meu Deus, ó Senhor, criador dos céus e da terra, criador do sol e da lua, criador do mar e da terra seca, fazedor da majestade do céu e da terra e daquilo que é visível e daquilo que é invisível; ó fazedor do universo, sejas Tu meu Deus. Eu coloco minha confiança em Ti, e deste dia em diante eu não colocarei minha confiança em ninguém a não ser em Ti”.

Então apareceu a ele uma carruagem de fogo que brilhava, e Abraão com medo caiu com sua face no chão; e Deus disse a ele: “Não temos, fique de pé”. E ele removeu o medo de Abraão.

14 - A ALIANÇA DE ABRAÃO

E Deus conversou com Abraão, e disse a ele: “Não temas, a partir deste dia tu será meu servo, e eu estabelecerei minha aliança contigo e com tua semente depois de ti, e eu multiplicarei tua semente e eu engrandecei teu nome. E eu trarei o Tabernáculo de minha Aliança sobre a terra sete gerações depois da tua e ele deverá rondar com tua semente, e será a salvação de tua raça; e depois eu enviarei minha palavra para a salvação de Adão e seus filhos para sempre”.

“Aqueles que são de tua nação são homens maldosos, e minha divindade que é verdadeira, eles rejeitaram. E por ti, dia após dia, eles não devem seduzir-te, venha para fora desta terra, a terra de teus pais, para a terra que eu mostrarei, e que eu darei a tua semente depois de ti”. E Abraão obedeceu a Deus e se sujeitou a Ele. E Deus disse a ele:

“Teu nome será Abraão”. E deu a ele a saudação da paz e foi para o céu.

15 - ISAAC E JACÓ

Isaac seu filho se tornou rei e não transgrediu os mandamentos de Deus; ele era puro de corpo e alma e morreu com honra. Então seu filho Jacó reinou, e ele também não transgrediu os mandamentos de Deus e suas posses se tornaram numerosas, e suas crianças eram muitas; Deus o abençoou e ele morreu com honra.

(28)

Depois dele, o primeiro filho de Jacó transgrediu os mandamentos de Deus e o reino partiu de suas mãos e de sua semente, porque ele havia violentado a esposa de seu pai e seu pai o amaldiçoou e Deus ficou irritado com ele. Ele se tornou o último dentre seus irmãos, e suas crianças se tornaram leprosas e sarnentas. Apesar de ser o primeiro filho de Jacó, o reino foi tirado dele. Então seu irmão mais jovem reinou e foi chamado de Judas por causa disto; sua semente estava sendo abençoada e seu reino floresceu. Dez gerações mais tarde Jesse reinou. E isto é o que eu digo sobre o reino: a benção do pai estava no filho, então o reino foi abençoado com prosperidade. Sobre o reino de Israel, após a morte de Jesse, Davi reinou na pureza, na integridade e na graciosidade.

17 - A GLÓRIA DE ZION

Sobre Zion, o Tabernáculo da Lei de Deus; no começo, logo quando Deus estabeleceu os céus, Ele ordenou que ele se tornasse a moradia de sua glória na terra e disposto a isso Ele o trouxe à terra e permitiu que Moisés fizesse um retrato dele. E Ele disse: “Faça uma arca ou um tabernáculo de madeira que não possa ser comido pelos vermes e o cubra com ouro puro. Tu deves colocar a palavra de Deus dentro, que é a Aliança que eu escrevi com meus próprios dedos, que ela possa manter minha lei, as duas tábuas da Aliança”.

O sagrado e o espiritual são de diversas cores, e o trabalho é maravilhoso, em jaspe brilhante e pedra iluminada. Elas chamam a atenção dos olhos e mexem com a mente. Foi feito pela mente de Deus e não pela mão do homem. Ele mesmo criou para ser a habitação de Sua glória; é uma coisa espiritual cheia de compaixão; é uma coisa sagrada cheia de luz. É algo de liberdade e a moradia de Deus, do qual a moradia está no céu e seu lugar de movimento é na terra. Vive com homens e anjos; uma cidade de salvação para os homens e a habitação para o Espírito Santo.

Dentro da arca está um vasilhame dourado que contém o manna que veio dos céus; a vara de Aaron que brotou depois que o solo secou pois ninguém o molhou, quebrada em dois lugares, de uma ela se tornou três.

Moisés cobriu a arca com ouro puro e fez varas para carregá-la, e ela foi carregada perante o povo até a terra que eles herdariam. E os profetas apontaram para as crianças de Israel no Tabernáculo do Testemunho e os pastores usavam Ephod, uma vestimenta sagrada para que pudessem ministrar o Tabernáculo do Testemunho; e os altos pastores fizeram oferendas para obter a remissão de seus pecados e dos pecados do povo.

Desta maneira Deus comandou Moisés até o monte Sinai e mostrou a ele a construção e Zion estava majestosa em Israel, e era reconhecida por Deus como a moradia de Sua glória. Ele mesmo veio às montanhas e conversou com os escolhidos. Ele mostrou a eles um caminho para a salvação e os livrou das mãos dos inimigos. Ele falava por

(29)

sobre as nuvens e os comandou para manterem a lei e seus mandamentos, e para andarem sobre os preceitos de Deus.

Esta é a salvação das crianças de Adão, pois desde a chegada do Tabernáculo da Lei de Deus, eles devem ser chamados de Homens da Casa de Deus, assim como Davi disse: “Suas moradas são em Zion. E minha morada é aqui, pois eu a escolhi, e eu abençoarei os pastores e os farei felizes. E a Davi eu darei a semente, e sobre a terra um deverá se tornar o rei, e no céu um de sua semente deverá reinar na carne sobre o trono de Deus. Quanto aos inimigos, eles deverão se reunir sob seu escabelo, e eles devem ser selados com a sela”.

18 - AS DIVISÕES DA TERRA

Da metade de Jerusalém e do norte até as partes do sul estão as porções do imperador de Roma; e da metade de Jerusalém até as partes do norte e o oeste da Índia estão as porções do imperador da Etiópia. Os dois são da semente de Shem, filho de Noé, a semente de Abrão, a semente de Davi, as crianças de Salomão. Pois Deus deu a glória à semente de Shem, graças às bênçãos de seu pai Noé. O imperador de Roma é filho de Salomão, e o imperador da Etiópia é o primeiro e mais velho filho de Salomão.

(30)

PARTE II

Salomão e Sheba

“Eu sou negro, mas belo. Vocês irmãs de Jerusalém, como as tendas de Kedar, como as cortinas de Salomão”.

(31)

19 - A RAINHA DO SUL

Nosso Senhor Jesus Cristo, ao condenar o povo judeu que vivia naquela época, falou: “A rainha do sul deve se erguer no dia do julgamento, e deverá disputar, e condenar, e deverá domar esta geração que não escuta o significado de minha palavra, pois ela veio dos confins da terra para escutar a sabedoria de Salomão”. A rainha do sul de quem Ele falou era a rainha da Etiópia. E esta rainha era muito bela e de uma estatura soberba. Sua compreensão e inteligência, as quais Deus havia dado a ela, eram de um caráter tão grande que ela veio a Jerusalém para escutar a sabedoria de Salomão. Isto foi feito de acordo com a vontade de Deus e por Seu belo prazer. Ademais, ela era extremamente rica, pois Deus havia dado a ela a glória, a riqueza, o ouro, a prata e uma esplêndida aparência, camelos, escravos e homens. E eles carregaram seus negócios e negociaram por ela as terras na Índia e em Aswan.

20 - TAMRIN, O MERCADOR

Havia um certo homem sábio, o líder da caravana mercante, chamado Tamrin, e ele costumava carregar quinhentos e vinte camelos e possuía cerca de setenta e três navios.

Naqueles dias o Rei Salomão queria construir uma Casa de Deus, e ele mandou mensagens para todos os mercadores do leste e do oeste, do norte e do sul, convocando os mercadores para virem e pegarem ouro e prata de suas mãos, assim ele poderia pedir a eles o que fosse necessário para a obra. Alguns homens se reportaram a ele falando sobre este rico mercador etíope, então Salomão enviou uma mensagem dizendo a ele para trazer o que desejasse da Arábia; ouro vermelho e madeira negra que não pudessem ser comidos pelos vermes, e safiras. Este mercador era Tamrin, o mercador da rainha da Etiópia, e ele veio a Salomão o rei, que pegou o que queria dele e deu ao mercado tudo o que ele desejasse em grande abundância. Tamrin era um homem de grande compreensão e percebeu a sabedoria de Salomão, então maravilhado ele observou Salomão para aprender como o rei dava respostas com sua palavra, e entender seu julgamento e a presteza de sua boca, a discrição de seu discurso e seu modo de vida, e também suas ocupações e seu amor, sua administração e suas leis. Àqueles a quem Salomão dava ordens ele o fazia com humildade e graciosidade, e quando eles comeriam falhas, ele os repreendia com gentileza. Pois ele comandava sua casa com sabedoria e temor a Deus, e ele sorria para os tolos e os colocava no caminho certo, e lidava gentilmente com seus servos. Ele abria sua boca em parábolas e suas palavras eram doces como o puro mel. Seu comportamento era admirável e seu aspecto prazeroso. Pois sua sabedoria é amada pelos homens de cultura, e é rejeitada pelos tolos.

Quando o mercador já havia visto todas estas coisas, ele estava admirado e extremamente maravilhado. Aqueles que estava, acostumados a ver Salomão o tinha em

(32)

total afeição, e ele se tornou seu professor; e por causa de sua excelência e sabedoria aqueles que haviam vindo a ele não desejavam deixá-lo.

A doçura de suas palavras era como água para o homem que tem sede, como pão para o homem que tem fome, como a cura para os doentes e vestimenta para o homem nu. Ele era como um pai para os órfãos, e ele julgava com pureza e imparcialidade. Ele tinha a glória e riqueza, as quais havia recebido de Deus em grande abundância, especialmente ouro, prata, pedras preciosas, belas roupas, gado e inumeráveis cabras e ovelhas. Na época de Salomão o rei, o ouro era comum como o bronze e a prata como o chumbo, e o ferro era abundante como a grama dos campos. Deus havia dado a ele a glória, a riqueza e a sabedoria, e a graça em tal abundância que não havia nenhum como ele entre seus predecessores e nem entre aqueles que vinham a ele.

21 - O RETORNO DE TAMRIN À ETIÓPIA

Era sabido que o mercador Tamrin desejava voltar ao seu país, e ele foi a Salomão e perante ele se abaixou, abraçou-o e disse: “Paz esteja com a tua majestade! Me mande de volta e me deixe ir para meu país, e para a minha senhora, pois eu já fiquei muito tempo contemplando a tua glória e tua sabedoria, e a abundância das saborosas carnes que me deste. E agora eu devo voltar à minha senhora. Se ao menos eu pudesse morar contigo, assim como o último de teus servos, pois abençoados são ele que ouvem a tua voz e cumpre com seus mandamentos. Se ao menos eu pudesse morar aqui e nunca deixá-lo, mas tu deves me mandar de volta para minha senhora, pois agora esta é minha carga, pois eu devo dar a ela a sua propriedade, agora sou seu servo”. E Salomão entrou em seu palácio e entregou a ele o que ele quisesse para seu país, a Etiópia, e o mandou em paz. Tamrin se despediu e se foi, cumpriu sua jornada e chegou à sua esposa, e entregou a ela todas as coisas que havia trazido.

Ele contou a ela como havia chegado ao país de Judah e Jerusalém, e como ele havia chegado à presença de Salomão o rei, e tudo o que havia visto e escutado. Ele contou a ela como Salomão administrava a justiça e como ele falava com autoridade e decidia corretamente todos os assuntos que chegavam a ele; como ele dava macias e graciosas respostas, e como não havia nada de falso nele. Mais tarde ele contou como designou os inspetores sobre os setecentos lenhadores que cortavam a madeira e os oitocentos pedreiros que quebravam as pedras, e também como ele mesmo buscou aprender com os mercadores e vendedores sobre o negócio e sobre o país, e como ele recebeu informações e as duplicou e como toda a sua obra foi feita com sabedoria.

A cada manhã Tamrin relatava à rainha sobre a sabedoria de Salomão e como ele ensinava esta sabedoria e como ele dirigia os assuntos do reino baseando-se em um sistema sábio. Pois nenhum homem fraudava o outro, nem roubava a propriedade de seu vizinho, nem havia ladrões naquela época. Em sua sabedoria ele sabia que aqueles que

(33)

haviam cometido erros e sido castigados por ele, por medo não repetiriam os feitos do mal, mas viveriam em um estado de paz e temor ao rei.

Tudo isso foram as coisas que Tamrin contou à rainha, e todas as manhãs ele lembrava das coisas que havia visto com o rei e as descrevia para ela. A rainha ficava calada e maravilhada com as coisas que ouvia do mercador, seu servo, e ela considerou em seu coração que ela iria até Salomão o rei; e ela chorou de prazer por tudo o que Tamrin havia contado. Ela estava ansiosa para ir ao encontro do rei, mas quando ela pensou na longa jornada achou que era muito longe e muito difícil de cumprir. De tempos em tempos ela perguntava a Tamrin coisas sobre Salomão, e Tamrin contava a ela coisas que a deixavam muito desejosa para ouvir sua sabedoria e ver o seu rosto e abraçá-lo e suplicar por sua realeza. E seu coração estava inclinado a ir, pois Deus havia feito seu coração desejá-lo.

22 - A RAINHA DA ETIÓPIA SE PREPARA PARA SUA JORNADA A JERUSALÉM

E ela disse a seus servos: “Vocês que são o meu povo, escutem as minhas palavras pois eu desejo a sabedoria e meu coração busca encontrar a compreensão. E eu sou movida pelo amor da sabedoria, pois a sabedoria é muito melhor do que tesouros de ouro e prata, e a sabedoria é o melhor que já foi criado nesta terra. Com o que, sob os céus, a sabedoria pode ser comparada? É mais doce que o mel e provoca mais regozijo que o vinho, brilha mais que o sol e é mais amada que as pedras preciosas, nutre mais que o óleo e satisfaz mais que as saborosas carnes, e dá mais fama que toneladas de ouro e prata. É uma fonte de alegria para o coração, uma luz brilhante para os olhos e a velocidade para os pés; um distintivo para o peito e um capacete para a cabeça”.

“Ela faz os ouvidos ouvirem e os corações entenderem, é uma professora para aqueles que já aprenderam, e um consolo para aqueles que são discretos e prudentes. Dá a fama para aqueles que a buscam. E um reino não pode se sustentar sem a sabedoria, e a riqueza não pode ser preservada sem a sabedoria; não se pode manter de pé sem a sabedoria. E sem a sabedoria, o que a língua fala não é aceitável. Sabedoria é o melhor de todos os tesouros. Aquele que acumula ouro e prata não pode garanti-los sem a sabedoria, mas o homem que acumula sabedoria nenhum outro pode tirá-la de seu coração. Os tolos são consumidos pela sabedoria. E por causa daqueles fracos que fazem o mal, os puros são agraciadas; e por causa das fraquezas dos tolos, os sábios são amados. Então eu seguirei as pegadas da sabedoria e ela me protegerá para sempre”. Então a rainha terminou os preparativos e começou sua jornada com grande pompa e majestade, e com muitos equipamentos e provisões. Pela vontade de Deus seu coração desejava ir a Jerusalém para que ela pudesse ouvir a sabedoria de Salomão, e assim foi. Setecentos e noventa e sete camelos, incontáveis mulas e asnos, e ela viajou sem pausas, e com seu coração confiante em Deus.

(34)

23 - A RAINHA DA ETIÓPIA CHEGA A SALOMÃO O REI

E ela chegou a Jerusalém trazendo ao rei muitos presentes que ele desejava muito possuir. E ele a pagou com grande honra e regozijo, e deu a ela um quarto em seu palácio bem próximo ao dele. Ele enviava a ela comida tanto pela manhã quanto pela noite. A cada vez que chegavam quinze porções de alimentos, cozidos em óleo e com abundantes molhos e trinta porções de outras coisas como pães, touros, vacas, carneiros e muita bebida como vinho e outros, tudo para alimentar a ela e a seus homens. E todo dia ele cedia a ela onze vestimentas que saltavam aos olhos. E quando ele a visitava ela podia notar sua sabedoria, seu julgamento justo, sua graça e seu esplendor e podia ouvir a eloquência de seu discurso. Ela, maravilhada em seu coração e admirada em sua mente, reconheceu em seu entendimento o homem admirável que ele era. Ela se espantava a cada vez que o ouvia ou via; como ele era perfeito em sua compostura e sábio em sua compreensão, prazeroso e de grande estatura. Ela observava sua voz e o movimento de seus lábios e como ele comandava com dignidade e que seus pedidos eram atendidos silenciosamente e com temor a Deus. Tudo o que ela viu a deixou estarrecida com a abundância de sua sabedoria e não havia falhas em suas palavras e em seus discursos, tudo o que ele falava era perfeito.

Salomão estava trabalhando na construção do Templo de Deus, e ele se ergueu e andou para a direita e para a esquerda, para frente e para trás. E mostrou aos trabalhadores as medidas e o peso, e o espaço coberto pelos materiais, e ele disse aos homens como usar o martelo, a broca e o formão e mostrou aos pedreiros os ângulos, os círculos e a superfície. E tudo foi feito de acordo com suas ordens, e não houve ninguém que se opôs à suas palavras; pois a luz de seu coração era como uma lâmpada na escuridão, e sua sabedoria era abundante como a areia. E do discurso dos animais e pássaros nada era escondido dele, e ele forçava os demônios a obedecerem a sua sabedoria. E ele fez tudo através de suas habilidades as quais Deus havia dado a ele, pois ele não pedia a vitória sobre seus inimigos, nem riquezas e fama, mas ele pediu a Deus sabedoria e compreensão para que ele pudesse governar seu povo, e construir Sua casa, e embelezar a obra de Deus e tudo o que Ele dei foi sabedoria e entendimento.

24 - A CONVERSA DE SALOMÃO COM A RAINHA DA ETIÓPIA

A Rainha Makeda disso ao Rei Salomão: “Abençoado sejas tu, meu Senhor, na sabedoria e na compreensão dadas a ti. Eu apenas queria ser uma das últimas de tuas servas, para que eu pudesse lavar os teus pés, escutar a tua sabedoria, aprender com tua compreensão, servir tua majestade e me alegrar com tua sabedoria. Ó como me alegraram as tuas respostas, e a doçura de tua voz, a graciosidade de teu andar, e a beleza de tuas palavras, e tua prontidão. A doçura de tua voz faz o coração regozijar, e torno os ossos fortes e dá coragem ao coração e boa vontade e graça aos lábios. Eu te olho e vejo que a sabedoria é imensurável e tua compreensão incansável, e que é como

(35)

uma lâmpada na escuridão. Eu agradeço a Ele que me trouxe e mostrou-te a mim e me fez andar sobre a soleira de teu portão, e me fez ouvir a tua voz”.

Rei Salomão respondeu a ela dizendo: “Sabedoria e entendimento nascem em ti. Por mim, eu só as possuo na medida que Deus me deu-as porque eu implorei a Ele. E tu, apesar de não conhecer o Deus de Israel, tens esta sabedoria crescendo em teu coração e que te trouxe para me ver, o vassalo e o escravo de meu Deus, e a construção de Seu santuário que eu estou estabelecendo, no qual eu sirvo e ando ao redor de minha senhora, o Tabernáculo da Lei do Deus de Israel, a santa e sagrada Zion. Eu sou o escravo de meu Deus e não um homem livre; Eu não sirvo de acordo com minhas vontades, mas de acordo com as Dele. Este discurso não sai de mim, mas eu só sou o instrumento usado por Ele. Do pó Ele me fez carne, e da água Ele me fez um homem sólido, e sendo apenas uma gota que secaria, Ele me fez à Sua imagem e semelhança”.

25 - SALOMÃO E O TRABALHADOR

E enquanto Salomão estava falando sabiamente com a rainha, ele viu um trabalhador carregando uma pedra sobre sua cabeça, e uma sacola de couro com água sobre seu pescoço e ombros, e sua comida e sandálias estavam amarradas em seu quadril, e havia pedaços de madeira em suas mãos, suas roupas estavam rasgadas e destruídas, o suor caía em gotas de seu rosto e a água de sua sacola era derramada em seus pés. O trabalhador passou perto de Salomão e quando ele já estava indo o rei disse: “Fique parado!”, e o trabalhador parou. E o rei se virou para a rainha e disse: “Olhe este homem. No que eu sou superior a ele? De que maneira eu sou melhor do que ele? E como devo eu glorificar-me sobre este homem? Pois eu sou um homem, pó e poeira e que amanhã se transformará em vermes e corrupção, mas neste momento eu pareço ser alguém que nunca morrerá. Quem poderia reclamar de Deus se ele tivesse feito este homem como eu e me feito como este homem? Não somos os dois homens? A morte dele é a minha morte; e a vida dele é a minha vida. Este homem é mais forte para o trabalho do que eu, pois Deus deu o poder àqueles que são frágeis”. Então Salomão disse ao trabalhador: “Volte ao trabalho”.

E ele continuou falando com a rainha: “Qual é a nossa utilidade, às crianças do homem, se não exercitarmos a bondade e o amor na terra? Nós todos não somos nada, meras gramas do campo, que secam durante a temporada e pegam fogo? Na terra nos sustentamos com carnes saborosas, e usamos boas roupas e mesmo estando vivos nós fedemos à corrupção, nós nos sustentamos com doces odores e delicadas pomadas, mas mesmo vivos nós estamos mortos no pecado e na transgressão; senso sábios nos tornamos tolos através da desobediência e ações maldosas; sendo honrados nos tornamos desprezíveis através da mágica, feitiçaria e adoração de ídolos”.

Referências

Documentos relacionados

GRONEBERG,SINA MARIE RFV Büren e.V... KERSTING,JEANNA RV

A Tabela de Turno ora acordada, abaixo anexada, e a ser implantada na NOME DA UNIDADE - SIGLA, foi definida em votações realizadas pelos empregados, cuja escolha foi

As matrículas serão efetivadas nas Secretarias Acadêmicas dos Polos das FTEC Faculdades, bem como nos Polos de Apoio Presencial (Espaços Uniftec Parceiros), correspondentes ao

Fazemos incidir uma vibração elíptica sobre uma lâmina λ /4 colocada de tal maneira que suas linhas neutras (situação quando não há variação de intensidade ao introduzir a

Acreditamos que o estágio supervisionado na formação de professores é uma oportunidade de reflexão sobre a prática docente, pois os estudantes têm contato

Ir do metro no Martim Moniz até aos Cais do Sodré e apanhar o comboio para Cascais. Como chegar

Percep ção Agente Base Conhecimento Sensores Ambiente Acção Mundo Plano Utilidade Aprend izagem Acção

Convocando para o enquadramento teórico dois conceitos básicos - comunidades profissionais de aprendizagem e lideranças - bem como a nossa experiência