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Câncer de pulmão é o que mais mata no mundo. O cigarro não é o único vilão

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Academic year: 2021

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Câncer de pulmão é o que mais mata

no mundo. O cigarro não é o único vilão

Poluição ambiental e exposição ao gás radônio respondem por 5 a 15% dos casos.

O aumento nos números de câncer de pulmão – especialmente entre não fumantes – faz cres-cer a preocupação e a reflexão sobre as causas da doença além do tabagismo. Por isso, o Ins-tituto Lado a Lado pela Vida promove neste dia 31 de maio, Dia Mundial de Combate ao Fumo, o I Workshop Lado a Lado Câncer de Pulmão – Um novo olhar para as causas e possibilidades de tratamento.

“Temos estudos internacionais recentes que mostram o aumento do câncer de pulmão entre os não tabagistas”, alerta o médico oncologista titular e coordenador do Serviço de Segunda Opinião em Oncologia do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes Hospital São José - Beneficência Portuguesa de São Paulo. “Nos Estados Unidos, ficava na ordem de 8 a 9% dos casos. Agora chega a 20% de não fumantes com a doença”.

Além das questões que envolvem o fumante passivo e a poluição ambiental, o médico chama atenção para a exposição ao gás radônio (que se origina do decaimento do urânio), que pode estar presente dentro dos ambientes, inclusive em residências de áreas de risco. Dr. Marcelo Cruz avisa que “de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde o radônio é a se-gunda causa para o desenvolvimento de câncer do pulmão, só ficando atrás do cigarro – e é a primeira causa entre não-tabagistas”.

O médico alerta que conhecer esses e outros fatores é fundamental não só para criação de campanhas educacionais, mas para reverter o quadro. Para o Dr. Marcelo Cruz, é essencial entender o tamanho do problema nas diversas áreas do país, já que existem poucos estudos. “O primeiro passo é rastrear onde estão as áreas de risco e ver com autoridades o que fazer. Não queremos somente apontar o problema, mas criar soluções”.

Prevenção

Uma forma de se prevenir, especialmente para os fumantes, é fazer o rastreamento de câncer de pulmão. Essa medida aumenta a chance de cura.

“O rastreamento é feito com tomografia computadorizada de tórax de baixa dose”, esclarece o médico. “Ela é recomendada para tabagistas ou ex-tabagistas a partir dos 50 anos. Uma vez detectada a doença precocemente, é possível conseguir grande chance de cura com cirurgia”.

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Pesquisa: Jornada do Paciente com Câncer de Pulmão

O Instituto Lado a Lado pela Vida divulga uma pesquisa inédita no Brasil, que retrata a Jornada do Paciente com câncer de Pulmão no setor privado e público.

Realizada em 2015, essa pesquisa tem como objetivo identificar qual o percurso que o paciente percorre desde o diagnóstico, até o início do tratamento, com a duração de cada fase.

Essa pesquisa vai ao encontro da missão do Instituto Lado a Lado, que é empoderar o paciente através da informação, para que ele tenha acesso ao melhor tratamento.

Conclusões da pesquisa

 70% dos casos de câncer de pulmão são diagnosticados em estágio avançado, no sistema de saúde público e privado.

Este fato deve-se principalmente à ausência de sintomas nos estágios mais leves da doença.

 Do diagnóstico ao início do tratamento, o paciente do sistema público leva até 12 meses para iniciar o tratamento, seja

cirúrgico ou quimio/radioterapia. No sistema de saúde privado, o paciente leva dois meses e meio para iniciar o tratamento, seja

cirúrgico ou quimio/radioterapia. 

Interrupções no tratamento são muito comuns, principalmente devido aos efeitos colaterais da quimioterapia, que impactam

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Radônio, uma ameaça

Estudos fazem co-relação do gás com pacientes não fumantes com câncer de pulmão. E até câncer de mama

“Precisamos de políticas públicas que façam medição do radônio e monitoramento nas residências”. O alerta é feito por Yula Merola, colaboradora do Projeto de Pesquisa de Câncer e Radiação Natu-ral, que exerceu a função de Coordenadora do Registro de Câncer de Base Populacional de Poços de Caldas de 2009 a 2014. Esse estudo é a única pesquisa populacional sobre o tema no Brasil. Yula explica que a pesquisa comprovou que o radônio é um gás que causa câncer. “Comparamos com outros países. Ele está pre-sente em todas as residências e precisa ser monitorado”, avisa. Segundo Yula, o alerta em Poços de Caldas começou por cau-sa das minas de urânio. Houve uma preocupação da Comissão Nacional de Energia Nuclear em medir os usineiros, para atender uma obrigação legal de medições em minas de urânio.

Mas a população de Poços de Caldas começou a mandar avisos ao Instituto do Câncer (Inca) de que na cidade havia mais registros de câncer do que em outros locais do País. Começaram os estu-dos e junto com as medições feitas nas residências Yula passou a analisar os doentes. “Em Poços orientamos a população a abrir a janela. Há maior concentração de radônio em residências nas cidades frias, porque as janelas ficam fechadas”.

A pesquisadora cita exemplos de outros países que já tomam medi-das preventivas, como os Estados Unidos, onde é simples realizar a medição. “Nos Estados Unidos há kits no supermercado. A pessoa compra, deixa na casa, depois manda para o órgão que faz a me-dição com as recomendações de acordo com a dosagem”.

Outro problema apontado por Yula é o valor de referência máxima de radônio no ambiente. “A Comissão Nacional de Energia Nu-clear considera risco acima de 300 becqueréis por metro cúbico (Bq/m3). Essa taxa de referência é para minas de urânio. Não há um índice para residências”, ressalta. (Nos EUA, a taxa máxima é de 148 Bq/m3; na Europa, de 200 Bq/m3. A Organização Mundial da Saúde propôs a redução dos níveis de exposição para valores inferiores a 100 Bq/m3 – Bq/m3: concentração média anual).

• Devido à forte correlação entre exposição ao Radônio e aumen-to da incidência de câncer de pulmão, o Radônio é classifica-do como um carcinógeno de classe I pela InternationalAgen-cy for ResearchonCancer.

• Ele é um gás radioativo liberado do solo em regiões ricas em mi-nério como urânio – ele resulta da quebra natural do urânio.

• O Brasil tem a quinta maior re-serva natural de urânio do mun-do e é responsável por grande extração de diversos minerais para a construção civil.

• O radônio que sai do solo entra em construções por tubulações, fendas e rachaduras, se acumu-la e atinge concentrações que podem ser danosas à saúde, sendo maior em casas, pavi-mentos térreos e em andares inferiores dos edifícios.

• O radônio é imperceptível: não tem cor, cheiro ou sabor.

• No Brasil, a regulamentação e a legislação atualmente só abrangem os trabalhadores que lidam diretamente com grandes concentrações do gás como na mineração, por exemplo, porém não se verifica maiores infor-mações referente às concentra-ções de Radônio no interior das construções.

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Poluição ambiental e os fatores

de risco para o câncer de pulmão

Pesquisadora explica que em efeitos nocivos, a poluição do ar é quase como fumar. Câncer de pulmão é o único com evidência de estar associado a esta exposição

A poluição do ar não é somente aquela que vem dos carros e das indústrias. A poluição está pre-sente em diversos componentes no ar, no que a pesquisadora científica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Mariana Matera Veras, explica como sendo fração particulada da poluição. “Nós estudamos o tamanho dessa fração, como entra no corpo, como se distribui e o que ela pode conter que está associado a riscos à saúde”.

Segundo Mariana, no corpo a poluição irá afetar o sistema respiratório, cardiovascular, reprodutor etc. “A gama de doenças atribuídas à poluição aumenta muito. Em relação ao câncer, como é em logo prazo, fica difícil conscientizar a pessoa. Sintomas como irritação nos olhos, por exemplo, logo desaparecem”, ressalta Mariana.

O problema está no acúmulo dessa exposição por 20, 30 anos, o que poderá causar um desfecho mais grave. “É difícil convencer as pessoas de que a poluição do ar é quase a mesma coisa que fumar. Pode não ser tão extremo como o cigarro, mas leva ao mesmo desfecho”.

Mariana tem dados de pesquisa em animais apresentando esses riscos com diferentes tipos de câncer associados à poluição. Seu estudo, que foi publicado na Revista Nature, tem levantamen-to de índices de poluição em São Paulo e considera estudos mundiais dos níveis de poluição nas cidades, utilizando o material das agências de controle ambiental, comparado com artigos publicados no mundo sobre poluição de ar. Avalia a poluição do ar e a influência na saúde e no desenvolvimento do câncer.

“O câncer de pulmão é o único tipo de câncer que já tem evidencia suficiente para dizer que está associado a esse tipo de exposição. Os outros há uma possível associação, mas ainda sem comprovação”, avisa.

Entre os piores tipos de poluição encontrada no ambiente urbano, Mariana chama atenção para o material particulado, que é também formado a partir da queima de combustível fóssil. “Aquela fumaça preta que a gente vê sair de caminhão, especialmente quando está mal regulado. Mas o veículo bem regulado também emite partículas que contêm substâncias que provocam câncer”. Para a pesquisadora, a solução para melhorar a qualidade do ar em São Paulo está relacionada à melhora na mobilidade. “Tivemos melhora, mas a cidade cresce a uma velocidade maior”, avalia. “Não podemos pensar uma doença com um único fator causador. O ser humano tem o meio em volta que pode favorecer ou desfavorecer a saúde”.

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Prevenção e reparação no âmbito jurídico

Avaliar a responsabilidade jurídica pela contaminação ambiental, considerando medidas pre-ventivas e reparatórias é o trabalho do advogado João Gabriel Lopes. “Quem paga essa con-ta?” é o questionamento que João Gabriel faz frente ao adoecimento de pessoas decorrente de contaminações ambientais.

Ele explica que do ponto de vista jurídico, do debate com comunidades e empresas são es-tabelecidos princípios que vão nortear a decisões dos tribunais e a interpretação das normas sobre a contaminação ambiental.

“Na comunidade científica é discutida a forma como a contaminação acontece e suas consequ-ências. Mas às vezes fica de fora a questão da responsabilidade de quem provocou a contami-nação”, explica o advogado. “Na parte jurídica, procuramos estabelecer o mérito e a conduta de um agente em função do adoecimento do terceiro”.

João Gabriel afirma que a atuação é feita em duas perspectivas: como prevenir danos futuros e como reparar os danos que já ocorreram. “Do ponto de vista jurídico, avaliando a responsa-bilidade de empresas/agentes poluidores, é preciso pensar preventivamente em estratégias de precaução. Como as empresas, o Estado pode atuar de modo a conter agentes contaminantes. É o que chamamos de obrigações a título preventivo”.

Entre as ações preventivas, destaca as cautelas de proteção no ambiente de trabalho, uso de equipamentos de proteção, equipamentos que podem conter danos ao ambiente como filtros etc. Ele também chama atenção para a importância de estabelecer um sistema de saúde ade-quado para atender o que pode resultar da contaminação

“No escritório atuamos com advocacy, por exemplo, para tratar a questão do amianto, que provoca câncer de pulmão entre outros tumores. Discutimos como fazer para banir o amianto, porque nesse caso não existe medida de contenção”, diz. “De outro lado, cuidamos das me-didas reparatórias, com acompanhamento médico, indenização aos contaminados, criação de fundo coletivo que possa servir para equipar hospitais públicos e entidade que dão assistência. Para isso, usamos instrumentos jurídicos, com ações individuais e coletivas que buscam atuar em defesa da coletividade”.

O advogado explica que com essas frentes de atuação é possível conseguir equilíbrio e melhorar a legislação para banimento de determinado contaminante. “Com a obrigação de fazer, consegui-mos uma postura de órgãos estatais e empresas para delimitarem, visando a prevenção. Teconsegui-mos conseguido também medidas indenizatórias, reparações para quem sofreu contaminação”.

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PALAVRAS DA PRESIDENTE DO INSTITUTO LADO A LADO PELA VIDA

O Instituto Lado a Lado pela Vida tem a missão de ampliar o acesso às novas tecnologias e humanizar a saúde de norte a sul do Brasil através do diálogo, do acolhimento e da promoção do bem-estar físico e emocional. Para isso, percorremos o país propagando a importância da prevenção, do autocuidado e da autoestima, levando para homens, mulheres e crianças essa conscientização de que a saúde é o nosso bem mais valioso e merece atenção especial. Saiba mais sobre o nosso trabalho e faça parte deste desafio e desta nobre missão:

www.ladoaladopelavida.org.br

“O Instituto Lado a Lado pela Vida está preocupado

com o aumento do câncer de pulmão entre não

fu-mantes. Por isso promove esse debate sobre a

do-ença além do tabagismo e reforça a importância da

medicina personalizada como forma de ganho nos

tratamentos dos pacientes ”

MARLENE OLIVEIRA

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Conheça os especialistas participantes do

1º WORKSHOP LADO A LADO PELA VIDA CÂNCER DE PULMÃO

MARCELO CRUZ

Médico oncologista, Titular e Coordenador do Serviço de Segunda Opinião em Oncologia do Centro Oncoló-gico AntonioErmirio de Moraes Hospital São José - Beneficência Portuguesa de São Paulo. Tem experiência na área de Medicina e Pesquisa Clínica, com ênfase em Cancerologia Clínica, atuando principalmente nos seguintes temas: tratamento dos tumores sólidos como câncer de mama e pulmão.

RIAD YOUNES

Diretor Geral do Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, professor Livre Docente da FMUSP e da UNIP e professor honorário do Departamento de Cirurgia da University College of London.

YULA MEROLA

Colaboradora do Projeto de Pesquisa de Câncer e Radiação Natural, Coordenadora do Curso de Farmácia da Faculdade Pitágoras de Poços de Caldas, Empreendedora Cívica da Rede de Ação Política pela Sus-tentabilidade-RAPS. Exerceu a função de Coordenadora do Registro de Câncer de Base Populacional de Poços de Caldas (2009 a 2014). Doutoranda em Fisiopatologia Medica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (UNICAMP), Mestrado em Saúde, Pós Graduação em Princípios e Práticas de Investigação Clínica pela Harvard Medical School. MBA em Gestão Ambiental e Graduação em Farmácia Bioquimica pela UNESP.

MARIANA MATERA VERAS

Pesquisadora Científica (Pq-IV) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Linha de Pesquisa com ênfase nos efeitos da poluição do ar e drogas de abuso sobre a saúde humana. Pesquisadora do Instituto Nacional de Análise Integrada de Risco Ambiental. Experiência didática em Histo-logia, Biologia Celular e Patologia Geral e Toxicológica.

JOSÉ PEREIRA RODRIGUES

Médico pneumologista, médico coordenador do Serviço de Pneumologia do Hospital Beneficência Portugue-sa de São Paulo, médico pneumologista do Hospital São José. Pós-graduando em Onco-pneumologia pela Escola Paulista de Medicina.

JOÃO GABRIEL LOPES

Advogado, coordenador da Unidade São Paulo do Escritório Roberto e Mauro & Advogados. Mestre em Direi-to, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília (UnB).

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Referências

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